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Ordem e desordens socioambientais na bacia inferior do rio Piauí, em Sergipe

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA. ORDEM E DESORDENS SOCIOAMBIENTAIS NA BACIA INFERIOR DO RIO PIAUÍ, EM SERGIPE.. ELDER DOS SANTOS LIMA. Cidade Universitária, Prof. José Aloísio de Campos São Cristóvão, 2012 1.

(2) ORDEM E DESORDENS SOCIOAMBIENTAIS NA BACIA INFERIOR DO RIO PIAUÍ, EM SERGIPE.. ELDER DOS SANTOS LIMA. Dissertação. de. Mestrado. submetida. à. Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Geografia.. Orientadora: Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto.. Cidade Universitária, Prof. José Aloísio de Campos São Cristóvão, 2012 2.

(3) ELDER DOS SANTOS LIMA. ORDEM E DESORDENS SOCIOAMBIENTAIS NA BACIA INFERIOR DO RIO PIAUÍ, EM SERGIPE.. Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Geografia. COMISSÃO EXAMINADORA:. ________________________________________________________________________ Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto (Orientadora) Universidade Federal de Sergipe. _______________________________________________________________________ Dr. Antenor de Oliveira Aguiar Netto (Examinador Externo) Universidade Federal de Sergipe. ________________________________________________________________________ Dr. José Wellington Carvalho Vilar (Examinador Interno) Universidade Federal de Sergipe. 3.

(4) Ando devagar Porque já tive pressa E levo esse sorriso Porque já chorei demais Hoje me sinto mais forte, Mais feliz, quem sabe Só levo a certeza De que muito pouco sei, Ou nada sei Conhecer as manhas E as manhãs O sabor das massas E das maçãs É preciso amor Pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir É preciso a chuva para florir Todo mundo ama um dia, Todo mundo chora Um dia a gente chega E no outro vai embora Cada um de nós compõe a sua história Cada ser em si Carrega o dom de ser capaz E ser feliz. Almir Sater. 4.

(5) AGRADECIMENTOS A Deus pela força e determinação para concluir este trabalho;. Aos meus familiares por cuidarem de mim;. Aos professores das disciplinas do NPGEO pelas orientações, em especial a minha orientadora Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto, Dra. Aracy Losano Fontes, Dr. José Wellington C. Vilar e Dr. Hélio Mário de Araújo;. Ao NPGEO pela oportunidade, confiança e apoio;. Ao secretário Everton do NPGEO pela presteza com que sempre me atendeu;. À funcionária da prefeitura de Santa Luzia do Itanhy Vera Donato pelos materiais cedidos e orientações;. As instituições pesquisadas SRH, CODISE, COHIDRO, DESO pelas contribuições no fornecimento de material;. Às populações dos municípios de Estância, Santa Luzia do Itanhy e Indiaroba;. Aos meus amigos por me acompanharem nas atividades de campo e pelas dicas preciosas, em especial a Daniela e Manoel;. A todos os colegas, que indiretamente contribuíram com informações para elaboração desta dissertação e pela oportunidade de convivência e amizade compartilhada durante essa fase de minha vida;. Por fim, especialmente, a CAPES pela bolsa de estudo e à Universidade Federal de Sergipe, cuja condição pública e gratuita e de elevado nível na qualidade de curso, tornouse a responsável direta pela concretização de meu sonho acadêmico.. 5.

(6) RESUMO A presente Dissertação aborda o universo das bacias hidrográficas como unidade básica de estudos ambientais e tem como área de abrangência os municípios de Estância, Indiaroba e Santa Luzia do Itanhy, integrantes da bacia inferior do rio Piauí, porção costeira ao sul do estado de Sergipe. O objetivo geral foi analisar o processo e formas de uso e ocupação do solo, na busca de revelar ordem e desordens socioambientais. O referencial teóricometodológico foi delimitado a partir do modelo Geossistêmico de Bertrand que permitiu uma análise articulada entre o ambiente natural e as derivações antropogênicas. Portanto, a integração entre os condicionantes geoambientais se constituiu em análise da ordem espacial, enquanto as desordens foram focalizadas pelos aspectos demográficos, domínio da pecuária, conflitos da carcinicultura, indústria e comércio, evidenciando os impactos ambientais das atividades socioeconômicas como responsáveis pelo processo da dinâmica ambiental. A guisa de conclusão, a hidrodinâmica pretérita foi fator decisivo na formação da planície costeira e o padrão comportamental das chuvas apresentou bons excedentes hídricos no final do outono e no inverno e moderada deficiência de verão. Os parâmetros, indicadores de poluição por origem orgânica, foram encontrados em níveis impactantes para águas de abastecimento da população. Na evolução da população urbana e rural, constatou-se um crescimento de 10.52 % frente a 0.9 % de crescimento da população rural. A carcinicultura é uma atividade em expansão nos três municípios e vem reduzindo a qualidade das águas dos rios e lagoas pelo aporte de matéria orgânica lançada, ocasionando a eutrofização das águas. No contexto da bacia há preeminência urbana em Estância, assentada no uso da terra, pela grande concentração e por ser um município de economia industrial, com forte demanda do turismo costeiro. Palavras-chave:. Bacia. hidrográfica.. Geossistema.. Derivações. antropogênicas.. Degradação ambiental.. 6.

(7) ABSTRACT This dissertation addresses the universe ofwatersheds as the basic unit of environmental studies and has the catchment area of the resorttowns, and Santa Luzia Indiaroba Itanhy, members of the lower basin of the river Piauí, serving the southern coastal state of Sergipe. The overall objective was to analyze the process and forms of use and occupation of land in pursuit ofsocio reveal order and disorder. The theoretical and methodological was delimited from the Geossistêmico Bertrand model that allowed an analysis articulated between the naturaland anthropogenic lead. Therefore, the integration of the geoenvironmental conditions was constituted in analysis of spatial order, while the disorders have been targeted by demographics,the field of livestock, conflicts of shrimp farming, industry and trade, highlighting the environmental impacts of socio-economic activities asresponsible for the process dynamics environment. As a conclusion, the hydrodynamics pretérita was the decisive factor in shaping the coastal plain and the behavioral pattern of rainfall shows good surpluswater in late autumn and winter and moderatesummer disabilities. The parameters, indicators of pollution by organic origin, were found at levels impacting water supplyfor the population. In the evolution of urban and rural population, we found an increase of 0.9% compared to 10:52% of rural population growth. Shrimp farming is an expanding activity in the three counties and has reduced the quality of our riversand lakes by input of organic matter released, causing the eutrophication of waters. In the context of the basin's preeminent urban resort, based on land use, the high concentration and for being a city of the industrial economy, with strongdemand for coastal tourism. Keywords: degradation. Watershed.. Geosystem.. Derivations. anthropogenic.. Environmental. 7.

(8) LISTA DE FIGURAS Figura 01- Área de estudo - municípios de Estância, Indiaroba e Santa luzia do Itanhy. 22. Figura 02 - Fluxograma metodológico. 26. Figura 03 - Bacia hidrográfica: um sistema integrado e aberto. 28. Figura 04 - Geossistemas segundo Bertrand. 33. Figura 05 – Coluna estratigráfica composta da Formação Cotinguiba. 46. Figura 06 - Geologia na bacia inferior do rio Piauí. 47. Figura 07 - Depósitos fluviolagunares presentes na lagoa Grande e, ao fundo, depósitos holocênicos litorâneos fixados pela vegetação.. 50. Figura 08 - Esquema da evolução geomorfológica Paleogeográfica Quaternária, por Bittencourt et. al., 1983. 52. Figura 09 - Unidades geomorfológicas na bacia inferior do rio Piauí. 53. Figura 10 - Tabuleiros Costeiros. 54. Figura 11 - Dunas semi-fixadas pela vegetação, Estância. 56. Figura 12 - Faixa praial, Estância.. 56. Figura 13 - Foto Aérea da Planície fluviomarinha, Estância.. 57. Figura 14 - Solos na bacia inferior do rio Piauí. 60. Figura 15 - Percentual dos principais tipos de solos. 61. Figura 16 - Precipitação média mensal (mm). 78. Figura 17 - Precipitação na bacia inferior do rio Piauí. 79. Figura 18 - Precipitação média total em Sergipe (mm) por bacias hidrográficas: período de abril a julho, 2010.. 80. Figura 19 - Precipitação média total em Sergipe (mm) por bacias hidrográficas: período de outubro a janeiro, 2010. 80. Figura 20 - Climatologia da precipitação (mm) em Sergipe- semestre1, 2010. 82. Figura 21 - Climatologia da precipitação (mm) em Sergipe- semestre 2, 2010. 83. Figura 22 - Temperatura media mensal (ºC) da bacia inferior do rio Piauí, 2010. 84. Figura 23 - Hidrografia na bacia inferior do rio Piauí. 86. Figura 24 - Situação da Bacia do Rio Piauí. 90. Figura 25 - Balanço Hídrico do Rio Piauitinga. 91. Figura 26 - Balanço Hídrico do Rio Fundo. 92 8.

(9) Figura 27 - Balanço Hídrico do Rio Guararema. 93. Figura 28 - Balanço Hídrico do Rio Piauí. 99. Figura 29 - Turbidez nos Mananciais de Abastecimento da Bacia do Rio Piauí. 99. Figura 30 - Parâmetros Químicos dos Mananciais de Abastecimento da Bacia do Rio Piauí. 10. Figura 31- Amônia e Nitrato nos Mananciais de Abastecimento da Bacia do Rio Piauí. 10. Figura 32 – Fósforo e Nitrito nos Mananciais de Abastecimento da Bacia do Rio Piauí. 101. Figura 33 - Contaminação nos Mananciais da Bacia do Rio Piauí. 102. Figura 34 - Utilização da terra no município de Estância.. 110. Figura 35 - Cultivos de laranja e coco-de-baía na bacia inferior do rio Piauí. 114. Figura 36 – Fábricas de suco concentrado de laranja, Maratá e TropFruit, em Estância. 115. Figura 37- Uso e ocupação da terra na bacia inferior do rio Piauí, 2011.. 120. Figura 38 - Densidade Demográfica na bacia inferior do rio Piauí. 124. Figura 39 - Evolução da população rural dos municípios na bacia inferior do Rio Piauí (2000-2010).. 126. Figura 40 - População urbana e rural dos municípios na bacia inferior do rio Piauí (2010).. 127. Figura 41 - Pecuária extensiva, município de Santa Luzia do Intanhy-2011. 128. Figura 42 - Forma erosiva provocada pela pecuária extensiva, no município de Santa Luzia do Itany.. 130. Figura 43 - Empreendimentos de carcinicultura na bacia inferior do rio Piauí2007. 133. Figura 44 - Vista da Fábrica da AmBev Águas Claras em Estância. 139. Figura 45 - Vista da Fábrica Crown Embalagens S/A em Estância. 140. 9.

(10) LISTA DE TABELAS. Tabela 01 -Classificação das Águas Doces, Resolução CONAMA 357/2005. 96. Tabela 02 - Limites Permissíveis - Resolução CONAMA N° 357/2005 para cada Classe de Uso da Água. 97. Tabela 03 - Relação das Estações de Amostragem nas Estações de Tratamento de Água, por Bacia e Manancial e, Data de Coleta da Amostra. Tabela 04 - Estações de Monitoramento nas ETAs e Adequação a Classe 2. 97 98. Tabela 05 - Resultado das Análises Físico-Químicas e Bacteriológicas na. Bacia do Rio Piauí. 99. Tabela 06 - Utilização da terra na bacia inferior do rio Piauí (1995). 108. Tabela 07 - Utilização da terra na bacia inferior do rio Piauí (2006). 108. Tabela 08 - Variação do uso da terra na bacia inferior do rio Piauí (1995 – 2006). 108. Tabela 09 - Culturas temporárias em Sergipe e na Bacia inferior do rio Piauí (2010). 111. Tabela 10 - Culturas permanentes em Sergipe e na Bacia inferior do rio Piauí (2010) Tabela 11 - Indicadores sociais e econômicos da bacia inferior do rio Piauí.. 113 122. Tabela 12 - Evolução da população urbana e rural da bacia inferior do rio Piauí (2010).. 123. Tabela 13 - População total e densidade demográfica em Sergipe e da bacia inferior do rio Piauí (2010). Tabela 14 - Efetivo do rebanho em Sergipe, e percentual correspondente -2006. 123 129. 10.

(11) LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Proposta de classificação da paisagem em níveis têmporo-espaciais e a relação de grandeza das unidades de paisagem. 32. Quadro 02 - Sistema Ambiental Urbano Simplificado. 38. Quadro 03 - Síntese das condições litoestratigráficas e formas de relevo. 58. Quadro 04 - Correlação entre a classificação anterior e atual classificação de solos.. 61. Quadro 05 - Classe de solos, unidades geomorfológicas e feições morfológicas.. 70. Quadro 06 - Sistema de abastecimento de água na bacia inferior do rio Piauí. 87. 11.

(12) SUMÁRIO AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE QUADROS. V VI VII VIII X XI. 1-INTRODUÇÃO. 14. 1.2 - OBJETIVOS. 18. 1.3 - JUSTIFICATIVA. 19. 1.3.1 - Área de Estudo 1.4 - PROCEDIMENTOMETODOLÓGICOS 1.4.1- levantamento e tratamento de dados. 21 23 24. 2-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA. 27. 2.1 - BACIAS HIDROGRÁFICAS COMO UNIDADE DE ANÁLISE. 27. 2.2 - GEOSSISTEMAS: LINGUAGEM E APLICABILIDADE. 31. 2.3 - O SISTEMA AMBIENTAL HUMANO-ECONÔMICO. 36. 2.4 - CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE TERRITORIALIDADE. 40. 3 - CONDICIONANTES GEOAMBIENTAIS NA BACIA INFERIOR DO RIO PIAUÍ. 45. 3.1 - GEOLOGIA. 45. 3.2 - EVOLUÇÃO E CONFIGURAÇÃO GEOMORFOLÓGICA. 51. 3.2.1 - Tabuleiros Costeiros. 54. 3.2.2 - Planície Litorânea. 55. 3.3 - PEDOLOGIA. 59. 3.3.1 – Espodossolos. 62. 3.3.2 - Argissolos Vermelho Amarelos Distróficos e Eutróficos. 63. 3.3.3 - Neossolos Flúvicos e neossolos Quartzarênicos. 66. 3.3.4 - Solos Indiscriminados de Mangue e Gleissolos Sálicos. 68 12.

(13) 3.4 - CLIMA E CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS. 70. 3.4.1 - Principais Sistemas Meteorológicos em Sergipe. 72. 3.4.2 - Padrão Comportamental do Tempo e do Clima. 77. 3.5 - HIDROGRAFIA. 84. 3.5.1 - Domínios Hidrogeológicos. 88. 3.5.2 - Balanço Hídrico. 89. 3.5.3 - Qualidade das Águas Superficiais. 94. 4 - O URBANO E O RURAL NO CONTEXTO DAS DESORDENS SOCIOAMBIENTAIS: DERIVAÇÕES ANTROPOGÊNICAS. 103. 4.1- OCUPAÇÃO GEOECOLÓGICA. 105. 4.1.1 Exploração e Degradação. 116. 4.2 - ASPECTOS DEMOGRÁFICOS: A SUPREMACIA URBANA DE ESTÂNCIA. 122. 4.3 - PREDOMÍNIO DA PECUÁRIA NA ECONOMIA. 127. 4.4 - APA DO LITORAL SUL E A CARCINICULTURA. 131. 4.5 - INDÚSTRIA E COMÉRCIO. 137. 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 6 - REFERÊNCIAS. 146 149. 13.

(14) 1 - INTRODUÇÃO. O desenvolvimento da sociedade ao longo de milhares de anos dependeu do uso de recursos obtidos na natureza. Com a recente expansão tecnológica, somada aos hábitos de vida e consumo amplamente difundidos, acarretou em uma demanda acelerada dos recursos naturais. A utilização desses recursos de forma desordenada resulta em graves problemas ambientais. De maneira geral, os ambientes naturais tendem a manter-se em equilíbrio dinâmico, porém com progressivas intervenções humanas tal equilíbrio vem sendo constantemente alterado. A dinâmica de cada ambiente é determinada pelo constante fluxo de energia e matéria que movem os sistemas. A partir de uma visão que se atente para essa realidade sistêmica é possível obter melhores resultados na análise e planejamento das possíveis intervenções. Enquanto unidade geoambiental, as bacias hidrográficas apresentam alterações decorrentes da ocupação e dos diversos usos a que se destinam essas áreas. As novas incorporações agrícolas, o crescimento desordenado da população, a especulação imobiliária, o crescimento do turismo, vêm alterando as paisagens e provocando impactos socioambientais ao meio. E a base municipal mais susceptível de se observar ações e efeitos é o município banhado por suas águas e originador dos impactos sobre a natureza ao redor. Por sua vez é gerador de estudos e interesses e pode ser agente gestor de soluções. Não obstante a relevância das bacias hidrográficas para o equilíbrio ambiental e conseqüentemente para a sociedade, com abrangência ilimitada, tem sido constantemente alvo de ações impactantes de processos de ocupação e de usos em seu meio, de forma diferenciada e conseqüências incontroláveis. Daí a incessante busca de discussão com a sociedade técnico científica, visando à mitigação de impactos. Concebida como referencial geográfico para o planejamento socioambiental, a bacia hidrográfica, como unidade natural ao alcance do Desenvolvimento Sustentável, representa uma estratégia ao ordenamento espacial com monitoramento e gestão para fins de manejo na vertente da conservação. A bacia hidrográfica na porção inferior adjacente aos oceanos pode ser concebida como área de grandes potencialidades naturais e de usos múltiplos, e, devido a sua extensão, comporta diversas espécies ecológicas e múltiplas formas de ocupação do solo, 14.

(15) como reflexo de atividades humanas, em estágios culturalmente e tecnologicamente distintos. O mundo globalmente interligado, nas últimas décadas, enfrenta problemas sistêmicos e interdependentes evidenciando uma crise socioambiental ao acumular alterações sem precedentes nas diversas escalas decorrentes da sinergia entre as atividades socioeconômicas e o desenvolvimento tecnológico. Em maiores magnitudes ocorrem a degradação dos oceanos, mares, bacias hidrográficas, florestas, solos, poluição do ar, os quais repercutem em: processos de redução da biodiversidade, efeito estufa, desertificação, concentração de renda, fome, comprometendo a qualidade de vida de boa parte da população. É nesse contexto que as bacias hidrográficas estão inseridas e são afetadas por problemas socioambientais de diversas ordens. Nesta situação, relações sociedade-natureza justificam a atenção para as relações entre bacias hidrográficas e espaços humanos em sua integração. O estudo da insustentabilidade socioambiental e, conseqüentemente, dos bens sociais disponibilizados à população, contribui para a formatação de programas a partir de nova ética, na qual os seres humanos são identificados como parte do ecossistema global e enquanto coadjuvantes, capazes de desestabilizar funções inerentes à manutenção da qualidade ambiental. Neste contexto, estão a produtividade e habitabilidade da população humana, além da percepção dos recursos naturais na sua dimensão econômica, desta feita voltada à promoção de uma forma sustentada de desenvolvimento. Somente a partir de tal compreensão, uma abordagem metodológica sobre bacias de drenagem se insere nos princípios do Desenvolvimento Sustentável, neste caso extrapolando a idéia técnica e polarizada do termo. Unidades desta natureza devem ser analisadas numa perspectiva múltipla e diversificada, destacando-se sua essencialidade e dependência das necessidades humanas frente aos seus diversos usos. Assim, muitas vezes, estas podem gerar efeitos derramamentos – deseconomias externas - sobre o meio ambiente. (RODRIGUES; CARVALHO, 2005). Por sua vez, a zona costeira constitui uma área que possui atributos singulares, os quais irão qualificá-la, primeiramente, em aspectos econômicos onde os terrenos próximos ao mar terão exponencialmente um valor diferenciado. Em um segundo ponto, essa região –ecologicamente - se configura como um espaço de biodiversidades apresentando ambientes naturais particulares como arrecifes, falésias, estuários, entre outros. Num 15.

(16) terceiro aspecto, em ternos de circulação, o litoral se constitui como uma área estratégica devido fluxos a oceânicos (MORAES, 1999). Compreende-se a zona costeira como região onde o continente encontra o mar e que se subdivide em interface continental, planície costeira e interface marinha e constitui uma área de fronteira sujeita a contínuas alterações morfodinâmicas, sendo modelada por processos de origem continental e marinha. Apresenta grande variabilidade temporal e espacial, comportando-se como um sistema ambiental instável, desde o passado remoto até os dias atuais, em função de uma série de processos continentais e marinhos. Tais processos, determinantes na formação de distintos tipos de costa, englobam movimentos tectônicos ao longo das margens continentais, oscilações do nível do mar e dinâmica erosiva e deposicional associada à ação de ondas, marés, correntes e, também, à ação fluvial e eólica. Suas potencialidades mostram as mudanças e as particularidades que se espacializam no processo de ocupação da atual conjuntura em que se encontra o litoral. Segundo Moraes (1999), em estudos recentes sobre a expansão na ocupação da zona costeira brasileira, pode-se apontar como vetores dessa realidade: a urbanização, a industrialização e a exploração turísticas. No final da década de 50, com o impulso do ritmo de ocupação da costa brasileira, intensificaram-se os problemas relacionados ao uso do solo, conseqüência das instalações de segundas residências, favelas e urbanização da zona costeira. O marco das políticas voltadas ao ambiente litorâneo foi o Programa de Desenvolvimento do Turismo - PRODETUR, na década de 1990. Nesse momento Sergipe passou por uma política de mudanças, representada por uma gestão que visava intensamente o desenvolvimento econômico da região e a superação de uma visão tradicional do Estado. Na busca pela superação das representações negativas, o governo objetivou transformar a imagem de uma região pouco habitada, para uma em que predominassem paisagens bonitas, sol, mar, água de coco, transformando os espaços marítimos em mercadorias turísticas. O turismo, nesse sentido, torna-se o maior efeito da globalização no estado de Sergipe. A atividade turística, aliada a ausência de um planejamento ambiental efetivo é responsável pela intensa reconfiguração dos espaços marítimos, trazendo tanto impactos naturais como sociais. 16.

(17) Os principais impactos ambientais decorrentes da utilização inadequada dos recursos naturais são a poluição hídrica, provinda de estabelecimentos turísticos e de atividades de lazer, o desmatamento da vegetação nativa, em especial a vegetação de dunas e as espécies do manguezal, o desencadeamento dos processos de erosão e assoreamento e a conseqüente diminuição da biodiversidade local (GORAYEB; SILVA & MEIRELES, 2005, p.145).. Além dos impactos ambientais, destacam-se também os impactos sociais como a especulação imobiliária, a expulsão e desterritorialização das comunidades nativas, além do privilégio de alguns espaços em relação a outros na cidade. A paisagem litorânea é naturalmente dinâmica, porém, as maiores alterações neste ambiente são atribuídas às intervenções humanas, que aceleram os processos naturais e degradam a natureza, sem possibilitar a tempo uma recuperação. É mister ressaltar a ampliação das pesquisas no domínio da análise socioambiental para avaliação do potencial da bacia inferior do Rio Piauí, contribuindo com a Geografia local, em seus múltiplos aspectos, via diagnósticos integrados para melhor planejamento ambiental. Com tal, propõe-se analisar a ordem e desordens socioambientais na bacia inferior do rio Piauí através do processo das formas de uso e de ocupação, dos impactos socioambientais, ressaltando as transformações ocorridas nas duas últimas décadas, elegendo os municípios costeiros de Estância, Indiaroba e Santa Luzia do Itanhy como foco e amostra para este estudo. É necessário ressaltar a ausência do município de Itaporanga d‟ Ajuda, ainda que integrante da bacia inferior do rio Piauí, considerado na parcela pouco significativa para o que se propôs a presente pesquisa. Com isso não se encerra as inquietações sobre o ambiente costeiro da bacia, mas o objetivo delimitado para esta dissertação.. 17.

(18) 1.2-OBJETIVOS. A pesquisa tem como objetivo geral analisar o processo das formas de uso e ocupação do solo e os impactos socioambientais existentes na bacia inferior do rio Piauí, nos municípios de Estância, Indiaroba e Santa Luzia do Itanhy, litoral sul de Sergipe. Na busca desse objetivo surge como consequência natural a necessidade de desenvolver algumas metas, a título de objetivos específicos, tais como:  Caracterizar os atributos naturais que compõem o quadro geoambiental dos municípios;  Avaliar as derivações antropogênicas nas formas de uso e de ocupação do solo dos espaços municipais, banhados pela bacia;  Compreender as degradações ambientais nos municípios litorâneos da bacia inferior do rio Piauí;. 18.

(19) 1.3-JUSTIFICATIVA. Este trabalho se justifica no campo da Geografia, pelo despertar de preocupações e estudos abordando municípios litorâneos em associação a bacias hidrográficas e suas trocas de influências, cujas economias vêm sendo complementadas pelo turismo em estuários e praias e nas atividades agrárias desenvolvidas em função da presença da bacia hidrográfica. Há anos as bacias hidrográficas vêm recebendo os efeitos diretos do crescimento demográfico, com o aumento da ocupação das margens e da multiplicação dos usos que se faz dessas áreas. Em países menos desenvolvidos, acentuam-se ocupações desordenadas que acabam por comprometer a qualidade ambiental destes sistemas, implicando em comprometimento da manutenção dos mesmos. É mister lembrar do caráter naturalmente instável desse tipo de ambiente. Assim, problemas ambientais com relação direta aos recursos hídricos presentes na bacia hidrográfica inferior do rio Piauí são inerentes a quase todos os municípios brasileiros, como: lixeira, esgoto a céu aberto, assoreamento de rios e riachos, pesca predatória, uso indiscriminado de agrotóxicos, extração inadequada de minerais, desmatamento, ocupação desordenada. Esse registro identifica o tipo de relação que a sociedade estabelece com o meio ambiente. Por sua vez, a relação entre as necessidades humanas e os recursos naturais disponíveis, fundamental para se compreender a degradação ambiental, é relevante, pois a ação antrópica, concentrada nas cidades e em áreas rurais, gera impacto ao meio ambiente. O aumento da população associado à diminuição de recursos naturais conduz as cidades à situação de esgotamento iminente de recursos não renováveis e degradação que ocorre no solo, água e ar. As derivações antropogênicas precisam ser então repensadas, de forma a minimizar esses impactos negativos e os crescentes processos de degradação, ou no sentido de encontrar soluções. O desenvolvimento deve ser sustentado. Acredita-se que essa pesquisa pode contribuir para a compreensão do espaço geográfico em questão, e servir de subsídio para que se estabeleça um plano de gestão local, onde a participação comunitária nas decisões seja uma realidade e traga maior proteção ao ambiente local. Devem-se fazer referências a relevância de estudos anteriores englobando bacias hidrográficas locais, de relevância para a Geografia do Estado. A exemplo de Araújo 19.

(20) (2007) “Relações Socioambientais na Bacia Costeira do Rio Sergipe”; Fontes (1998) “ Caracterização Geoambiental da Bacia do Rio Japaratuba (SE)”; Wanderley (1998) “Litoral Sul de Sergipe: uma proposta de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável”; Silva (2009) “ Avaliação das Unidades Ambientais Complexas na Dinâmica do Sistema Hidrográfico do Rio Real Bahia/Sergipe-Brasil” que contribuíram com a construção de teorias e modelagem para o conhecimento em tese. A dissertação de mestrado de José Ailton Castro Fontes “Caracterização Geoambiental da Sub-bacia do rio Fundo”, defendida em 2010 é uma das contribuições relevantes no campo geográfico, abrangendo a realidade local. No litoral sul sergipano é interessante mencionar alguns estudos abrangentes, entre outros, publicados em 2010, por iniciativa de Vilar & Araujo, que trazem em seu bojo contribuições significativas e inspiradoras. É dos autores citados, o título “Iniciativas de ordenamento territorial no litoral sul de Sergipe” (p. 21-39); “A dinâmica sóciodemográfica e os conflitos territoriais no litoral sul de Sergipe” é objeto de análise pelos autores Vilar e Vieira (p. 98-122), na mesma publicação; Mais especificamente, Souza e Oliveira (2010) abordam a questão ambiental costeira, numa visão sistêmica pormenorizada no capítulo III, cujo título é “Análise ecodinâmica dos sistemas dunares costeiros do litoral sul de Sergipe”. Ainda referenciando a base teórica como apoio e justificativa, é dever mencionar mais dois títulos sobre a análise pretendida e os espaços em questão. Trata-se de “Políticas territoriais do turismo: investimentos no pólo costa dos coqueirais em Sergipe” de autoria atribuída a Santos e Pinto (p.251-272), e “Da pesca ao turismo com base comunitária no povoado de terra caída (Indiaroba-Se): O espaço rural com „outras caras‟” publicado por Vieira e Almeida (p.273-290). Vilar (2006) “O Litoral Sergipano: Do Cenário Geográfico à Gestão Territorial” analisa a ocupação territorial e turística do litoral sergipano, entre outros. É interessante afirmar que o assunto não se esgota, nem tampouco o levantamento de teorias fundantes relativas a análise sobre formas de uso e ocupação do solo nos municípios de abrangência da bacia inferior do rio Piauí. De concreto, esta pesquisa justifica-se pela análise socioambiental, integrada, no contexto do geossistema.. 20.

(21) 1.3.1-Área de Estudo. A Bacia Hidrográfica do Rio Piauí possui uma área geográfica de 4.150 km², equivalentes a 19% do território estadual e abrange 15 municípios, onde estão totalmente inseridas terras de seis municípios: Salgado, Santa Luzia do Itanhy, Estância, Boquim, Pedrinhas e Arauá e, parcialmente, nove municípios: Indiaroba, Itabaianinha, Itaporanga D‟Ajuda, Lagarto, Poço Verde, Riachão do Dantas, Simão Dias, Tobias Barreto e Umbaúba, localizados em sua maioria na região sul do estado e com uma população de 432.000 habitantes aproximadamente. A bacia hidrográfica em questão está localizada na parte sul do estado, sendo delimitada, aproximadamente, pelas coordenadas geográficas 10°45‟ e 11°30‟ de latitude sul e 37°15‟ e 38°00‟ de longitude oeste. Limita-se ao norte com a bacia do rio Vaza Barris; a oeste com o estado da Bahia e com a bacia do rio Real; ao sul com a bacia do rio Real; e a leste com o Oceano Atlântico, onde tem a sua desembocadura em terras do município de Estância, no complexo hídrico denominado Barra da Estância formando um dos ambientes naturais particulares do ecossistema litorâneo, o estuário. Este possui uma área de 8 quilômetros quadrados e 8,2 de extensão cercados por manguezais de pequeno e médio porte. (HTTP://www.semarh.se.gov.br/comitesbacias). Acessado em 11/09/2009. O rio Piauí constitui-se como um dos mais importantes componentes da rede hidrográfica do estado de Sergipe. O sistema hidrográfico é bastante desenvolvido, sendo constituído pelo curso d‟água principal do rio Piauí, e por diversos afluentes de grande porte, destacando-se pela margem direita os rios Arauá e Pagão e pela margem esquerda os rios Jacaré, Piauitinga e Fundo. A nascente do rio encontra-se situada no Estado de Sergipe, percorrendo áreas em que se podem observar práticas como a agricultura de subsistência, extrativismo mineral (areia e argila) e atividades urbanas, apresentando diferenças locais em seus níveis de organização social. A área de estudo está localizada na bacia inferior do rio Piauí, nos municípios de Estância, Indiaroba e Santa Luzia do Itanhy, foco e amostra para este estudo, abrangendo o litoral sul de Sergipe, entre as latitudes de 11º 18‟s e 11º 27‟s e as longitudes de 37º 17‟w e 37º 27‟w (figura 01). “O município de Indiaroba é parte integrante do Complexo Estuarino Piauí-Real, com quem mantém forte ligação. A sede municipal está 21.

(22) localizada na porção sul do seu território, numa altitude média de 10m acima do nível do mar.” (VIEIRA & ALMEIDA, 2010, p. 280).. Sede municipal de Estância. Sede municipal de Indiaroba Sede municipal de Santa luzia do Itanhy. Figura 01: Área de estudo - municípios de Estância, Indiaroba e Santa luzia do Itanhy. Fonte: http://www.semarh.se.gov.br/comitesbacias/modules/tinyd0/index.php?id=31. Os Municípios costeiros de Estância e Indiaroba têm limites geográficos com Santa Luzia do Itanhy e compõem com outros, a Mesorregião do Território Sul Sergipano e a Microrregião de Estância, assim constituída: Estância, Santa Luzia do Itanhy, Itaporanga d‟ Ajuda e Indiaroba. Os diversos usos das águas na Bacia Hidrográfica como: irrigação, mineração, indústrias, consumo humano e animal, pesca, turismo e lazer estão associados às atividades econômicas, ligados aos setores privado e público, bem como aos principais sistemas hídricos, naturais e construídos, os quais possibilitam o desenvolvimento da região, obedecendo níveis de organização distintos. Por fim, “O litoral Sul de Sergipe é um espaço formado por cinco municípios com certa homogeneidade interna, mas há um mosaico bem complexo de situações nessa área. Problemas de natureza ambiental, social, fundiária e econômica são responsáveis pela homogeneidade da área e ao mesmo tempo, a heterogeneizam. (...) É ingenuidade pensar que os limites administrativos conferem identidade aos lugares.” (VILAR & ARAÚJO, 2010, p. 27).. 22.

(23) 4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. A análise da ordem e desordens socioambientais na bacia hidrográfica inferior do rio Piauí foi realizada através da análise geossistêmica que, relacionada à realidade local, possibilitou a avaliação das formas e usos do solo e a compreensão de problemas ambientais. Por ordem entenda-se o natural e por desordens, as derivações antropogênicas. A fim de proceder com a análise da ordem e das desordens socioambientais da bacia hidrográfica inferior do rio Piauí o trabalho se desenvolveu através de etapas distintas, porém relacionadas, sendo realizados levantamentos bibliográficos, cartográficos e de campo. Além de fornecerem dados sobre a área, levantamentos bibliográficos fundamentaram os procedimentos, possibilitando o embasamento teórico-metodológico e conceitual. Neste sentido, a contribuição de renomados autores serviu para fundamentar conceitos gerais que são subjacentes à pesquisa. Os dados multidisciplinares obtidos através de levantamentos ou da absorção de outras fontes exigiram seleção e organização racional, visando os objetivos definidos preliminarmente. As informações, as quais representam o significado atribuído aos dados foram derivadas dos documentos cartográficos, entendidos como mapas, cartas, fotografias aéreas e imagens de satélites; estatísticos (fontes secundárias) e de levantamento direto no campo (fontes primárias). Por meio de trabalho de campo, que constituiu uma modalidade de geração direta de dados ambientais, possibilitando reconhecimento visual de ambientes, facilitou o conhecimento e o levantamento de múltiplos e complexos problemas envolvendo a realidade, associado à amostragem, fotos e outros procedimentos. Assim, procurou-se realizar campanhas em todas as etapas da pesquisa, compreendendo diferentes itinerários não apenas na área de interesse, como também em zonas limítrofes, ou mesmo naquelas que guardam certa analogia, na busca de integralizar os objetivos propostos da pesquisa. Definido o método investigativo da pesquisa referente aos instrumentos e as técnicas desenvolvidas no trabalho, foi adotada a postura filosófica do método de raciocínio dedutivo, a partir de premissas gerais já consolidadas em pesquisa bibliográfica.. 23.

(24) 1.4.1- Levantamento e Tratamento dos Dados. Os mapas topográficos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), escala de 1:100.000 (1979), e o Atlas digital sobre os recursos hídricos de Sergipe (SEMARH/SRH, 2011) serviram de base para a delimitação da bacia e da área de estudo, a bacia inferior. Foram utilizadas três folhas, sendo elas: SC-24-B-IV Aracaju, SC24-ZB-V Estância e SC-24-Z-B-I Indiaroba. A partir dessa base foram geradas diretamente as seguintes informações: delimitação da área de estudo da bacia, hidrografia, clima, geomorfologia e geologia. Essas folhas foram articuladas, a área da bacia delimitada, depois scaneadas cada uma e salvas como Jpg. O passo seguinte foi o georreferenciamento no Spring 5.0 e arcGis 8.3 através dos quais foram estabelecidas as coordenadas em UTM (Universal Transverse Mercator), digitalizadas no ArcView 3.2 sendo criados vetores (polígonos, linhas e pontos). A partir apresenta-se o layout, em que se configurou a legenda e se inseriu as coordenadas no ArcGis 8.3-ArcMap. Com a base cartográfica concluída, procedeu-se a elaboração das cartas temáticas, sendo elas: Mapa Geológico - Foi confeccionado a partir de cartas e mapas geológicos da bacia sedimentar Sergiepe-Alagoas; Ministério das Minas e Energias (MME) e Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), ESCALA 1:50.000 (1975); Mapa geológico do Estado De Sergipe (2005); Ministério das Minas e Energia (mme); Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), escala 1:250.000 (1983) e do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe (2011) . A conversão das informações em formato analógico para digital foi por meio de compilação e scanerização, logo depois foram digitalizadas no ArcView 3.8 e finalmente georreferenciadas ao sistema de coordenadas UTM no ArcGis 8.3 ArcMap. Mapa Geomorfológico – Foi elaborado a partir do mapa geomorfológico da SUDENE, 1979, na escala de 1: 100.000 em meio analógico e do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe (2001). A conversão das informações em formato analógico para digital foi por meio de compilação e scanerização, logo depois foram digitalizadas no ArcView 3.8 e finalmente georreferenciadas ao sistema de coordenadas UTM no ArcGis 8.3 ArcMap.. 24.

(25) Mapa Pedológico - Foi confeccionado a partir do mapa pedológico da EMBRAPA, 1999, escala 1:1.000.000 e do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe (2011). A conversão das informações em formato analógico para digital foi por meio de compilação e scanerização, logo depois foram digitalizadas no ArcView 3.8 e finalmente georreferenciadas ao sistema de coordenadas UTM no ArcGis 8.3 ArcMap.. Mapa de Uso e Ocupação do Solo – O levantamento bibliográfico contribuiu com informações para a elaboração do mapa de uso e ocupação da área de estudo da bacia que foi reforçada com a análise das imagens de satélites oriundas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais) e do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe (2011) e conferida através de visita de campo. A conversão das informações em formato analógico para digital foi por meio de compilação e scanerização, logo depois foram digitalizadas no ArcView 3.8 e finalmente georreferenciadas ao sistema de coordenadas UTM no ArcGis 8.3 ArcMap. Mapa Densidade demográfica - Foi elaborado a partir dos dados dos setores censitários do censo Demográfico do IBGE (2000, 2007 e 2010) e o Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe (2011). Após o traçado e a delimitação da bacia hidrográfica inferior do Piauí nas folhas topográficas, e por necessidade inerente à pesquisa, foi realizado o trabalho de campo, cujo objetivo central é confirmar a área e corrigir o equívoco quanto ao limite. De posse dos mapas topográficos e das cartas temáticas, construídas com informações bibliográficas previamente adquiridas, a leitura e visualização da paisagem “in loco” com olhar especial para os tipos de uso da terra, os problemas de degradação ambiental representados pelos processos erosivos, poluição, etc. A figura 02 representa de forma sucinta um esquema lógico das etapas de desenvolvimento desta pesquisa.. 25.

(26) FIGURA 02 FLUXOGRAMA METODOLÓGICO. ORDEM E DESORDENS SOCIOAMBIENTAIS NA BACIA INFERIOR DO RIO PIAUÍ, EM SERGIPE.. 26.

(27) 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA 2.1 – BACIAS HIDROGRÁFICAS COMO UNIDADE DE ANÁLISE. Estudos sobre bacias hidrográficas vêm crescendo significativamente, sobretudo na perspectiva geográfica e tem aumentado sua relevância como unidade de análise e de planejamento ambiental. A bacia hidrográfica é uma unidade de análise que possui limites naturais bem definidos topograficamente e apresenta uma dinâmica particular. É caracterizada por abrigar, naturalmente, a existência de cabeceiras ou nascentes, divisores de água, cursos d‟água principais, afluentes, subafluentes e, por vezes, estuários. Por sua vez se encontra às suas margens, ou próxima delas, núcleos de ocupação e aglomeração humana. A delimitação de unidades no meio ambiente a partir da integração de diferentes elementos e fatores é de importância para a realização de planejamentos e de gestão, na medida em que possibilita expressar a complexidade da paisagem. Quando se discute os problemas relacionados às questões ambientais, as bacias hidrográficas se apresentam como unidades relevantes por serem um sistema integrado e aberto com entrada e saída contínua de matéria e energia. Rocha (1989) define bacia hidrográfica como sendo uma área que drena as águas das chuvas por ravinas, canais e tributários, para um curso principal, com vazão efluente passando por uma única saída, desaguando diretamente no mar ou em um grande lago, sem possuir dimensões superficiais bem definidas. Guerra (1993) conceitua bacia hidrográfica como um conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes. Afirma ainda que em seu interior ocorre a existência de cabeceiras ou nascentes, divisores de água e cursos d‟água. Conforme Chorley et al (1984), apud Rodrigues (2005), a bacia hidrográfica é considerada uma unidade ou sistema geomorfológico, que resulta da interação entre processos e landforms, que se agrupam para formar uma paisagem complexa. Compõe-se de divisores de água, encostas, redes de drenagem e um canal principal de maior extensão. Segundo Collares (2000), a rede de drenagem das bacias hidrográficas atua como registro das alterações ocorridas em seu interior, e reflete as mudanças condicionadas por processos naturais ou atividades antrópicas.. 27.

(28) A bacia hidrográfica conforme se configura na Figura 03 pode ser contextualizada como um sistema físico aberto, em que há a atuação de processos naturais ou antrópicos no ambiente e, como resposta, podem ser observadas mudanças no meio físico. Essas modificações resultam da busca de um equilíbrio dinâmico observado pelo input e output de massa e energia do sistema. Segundo o IBGE (1994), a bacia hidrográfica é uma unidade geográfica ideal para planejamento (Chorley et al. 1984; Cunha & Guerra, 1996; Ross, 1996 apud RODRIGUES 2003). O planejamento integrado dos recursos naturais no ecossistema por ele envolvido pode ser definido como sendo a área fisiográfica drenada por um curso de água conectada e que converge direta ou indiretamente para um leito ou para um espelho de água.. Figura 03: Bacia hidrográfica: um sistema integrado e aberto. Fonte: modificado de Rawat (1987) apud Rodrigues (2003).. Botelho (1998) entende que a bacia hidrográfica é uma célula natural onde é possível reconhecer e estudar as inter-relações existentes entre os diversos elementos da paisagem e os processos que atuam na sua esculturação. Assim sendo, apresenta-se como um elemento de grande importância para o estudo dos problemas ambientais, no gerenciamento de aspectos, tanto humanos e sociais, quanto físicos. Romero (1985), apud ANDREOZZI, (2005) descreve esta unidade fisiográfica, com algumas de suas características, seus sistemas internos e suas associações externas, como se descreve na citação a seguir: La cuenca hidrográfica constituye una de las unidades geográfico físicas más interesantes. Presenta una clara estructura espacial organizada por la red de drenaje y limitada por las divisorias de aguas. Sus rasgos 28.

(29) morfológicos, representados por los sistemas de laderas y llanuras, se asocian a la distribución de los climas, suelos y vegetación.. Pires (2000), entende que a opção de trabalhar com a bacia hidrográfica, como unidade de análise, permite introduzir um aspecto na conceituação que é o planejamento integrado com a comunidade envolvida, ou seja, trabalhar a relação homem/natureza no dia-a-dia de cada cidadão. No Brasil a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97), com base no modelo francês de gestão ambiental, usa como princípios básicos e legítimos: Adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento; Usos múltiplos da água (todos os setores usuários têm igual acesso ao uso dos recursos hídricos); Reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável; Reconhecimento do valor econômico da água; Gestão descentralizada e participativa. Diante da problemática proposta, aprofundaram-se algumas categorias-chave que forneceram subsídios para a pesquisa, destacando-se os conceitos de geossistemas e de impactos ambientais. A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nº 1/86, artigo 1º, impacto ambiental considera: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; IV - a qualidade dos recursos ambientais. Para o conhecimento das reais limitações de uso e ocupação de uma determinada área, e nesse caso pode-se citar a bacia hidrográfica inferior do rio Piauí, é preciso levantar dados acerca de seus atributos físicos, como clima, geologia, relevo, solos, rede de drenagem e vegetação, assim como dos aspectos sociais, referentes a formas, processos e estruturas do uso e ocupação do solo. O enfoque multidisciplinar integrado permite identificar as condições naturais e sociais de uma determinada área. 29.

(30) Nesse contexto, a adoção da bacia hidrográfica inferior destinada à conservação dos recursos naturais está relacionada à possibilidade de avaliar, em uma determinada área geográfica, seu potencial de desenvolvimento e sua produtividade biológica, determinando as melhores formas de aproveitamento dos mesmos, com o mínimo impacto ambiental. A este processo agrega-se o conceito de desenvolvimento sustentável enfocando-se três objetivos: o desenvolvimento econômico, a eqüidade social, econômica e ambiental e a sustentabilidade ambiental. Ao planejar e ocupar de forma ordenada o território, o homem possibilita a instalação de um novo equilíbrio dentro do sistema que ele habita – a bacia hidrográfica. A manutenção do equilíbrio ambiental se reverterá numa qualidade ambiental satisfatória, o que, por sua vez, contribuirá inquestionavelmente para a melhoria da qualidade de vida das sociedades (BOTELHO; SILVA, 2004, p.188).. A análise da bacia hidrográfica envolve questões de ordem física, biológica, sócioeconômica, cultural e outros, revelando-se fatores essenciais de conhecimento para serem abordados nos planos, projetos e tipos de manejo e gestão da bacia hidrográfica. O planejamento adequado requer levantamento detalhado dos atributos, e deve ser produzido com atenção para se garantir um nível de investigação ou detalhamento equilibrado entre as variáveis adotadas. Assim, a Bacia hidrográfica constitui um espaço ambiental e social preferencial de análise e planejamento, por comportar-se qual um sistema “multinível”, no qual todas as ações e práticas políticas, econômicas, culturais etc., sejam elas locais ou mesmo externas ao sistema, refletem em sua totalidade espacial. Como ressaltam Barbosa et al. (1997, p.258): ... uma „bacia‟ tem considerável mérito enquanto unidade física e econômica de análise. (...) Ações ou políticas externas às „bacias‟ (políticas de preços, por exemplo) podem ter efeitos importantes dentro de um sistema definido nestas, e uma análise econômica, mesmo que incorpore a questão do bem-estar social, pode captar apenas uma parte das interações relevantes dentro do sistema. O gerenciamento adequado requer, assim, que as bacias sejam consideradas como sistemas „multiníveis‟ que incluam água, solo e componentes sócio-políticos internos e externos. Dessa forma, uma „bacia‟ característica seria a sobreposição de sistemas naturais e sociais. O sistema natural estaria definido nas bases aquáticas e terrestres (fauna, flora, recursos aquáticos e minerais). O sistema social determinará como essas bases serão utilizadas. Políticas governamentais enquanto uma extensão da organização social e institucional influenciam padrões locais de utilização dos recursos naturais. 30.

(31) 2.2 - GEOSSISTEMAS: LINGUAGEM E APLICABILIDADE. A pesquisa baseia-se na abordagem geossistêmica, fundada nas metodologias de Bertrand (1972), Sotchava (1977) e Tricart (1977). Tais autores estimulam a ação do realizar um estudo integrado da paisagem, fundamentado na Teoria Geral dos Sistemas (TGS), proposta por Bertalanffy (1968), caracterizando os geossistemas como uma classe peculiar de sistemas dinâmicos, abertos e hierarquicamente organizados. A análise sistêmica na Geografia nasceu do esforço de teorização sobre o meio natural, o mais simples e global, com suas estruturas e seus mecanismos, mais ou menos modificados pelas ações humanas, mas independentes do fenômeno direto e nãocontrolado da percepção. Para Bertrand e Beroutchachvili (1978), essa construção só é possível a partir da mensuração. Assim, o ponto de partida seria o conceito de geossistema ou “sistema geográfico”, ou, ainda, “sistema territorial natural”. O conceito de geossistema surgiu na escola russa de um esforço de teorização sobre o meio natural, suas estruturas e seus mecanismos tal como existem na natureza. O termo geossistema foi utilizado em 1963 por Sotchava (1977) para descrever a esfera físico-geográfica, a qual apresentava características de um sistema, com base no fato de que as “geosferas” terrestres estariam interrelacionadas por fluxos de matéria e energia. Segundo o autor, os geossistemas são sistemas territoriais naturais, que se distinguem no envoltório geográfico, em diversas ordens dimensionais, generalizadamente nas dimensões regional e topológica. São constituídos de componentes naturais intercondicionados e inter-relacionados em sua distribuição e se desenvolvem no tempo, como parte do todo. Sotchava (1977) esclarece nesse sentido que, embora os geossistemas sejam fenômenos naturais, todos os fatores econômicos e sociais que influenciam sua estrutura são levados em consideração durante o estudo e a análise (no caso da escola russa são feitas descrições verbais ou mensurações e cálculos matemáticos). O geossistema é o resultado da combinação de fatores geológicos, climáticos, geomorfológicos, hidrológicos e pedológicos associados a certo(s) tipo(s) de exploração biológica. Tal associação expressa a relação entre o potencial ecológico e a exploração biológica e o modo como esses variam no espaço e no tempo, conferindo uma dinâmica ao geossistema. Por sua dinâmica interna, o geossistema não apresenta necessariamente. 31.

(32) homogeneidade evidente. Na maior parte do tempo, ele é formado de paisagens diferentes, que representam os diversos estágios de sua evolução. Com base nessa construção, Bertrand (1972, p. 8-9) propôs um sistema de classificação da paisagem, que comportaria seis níveis têmporo-espaciais divididos em unidades superiores (zona, domínio e região) e unidades inferiores (geossistema, geofácies e o geótopo), como se pode ver no quadro 01.. Quadro 01: Proposta de classificação da paisagem em níveis têmporo-espaciais e a relação de grandeza das unidades de paisagem Fonte: Adaptado de Bertrand (1972).. As correspondências entre as unidades são muito aproximadas e dadas somente a título de exemplo: (1) Conforme Cailleux, Tricart e Viers. (2) Conforme Sorre, M . (3) Conforme Brunet. Sob a influência das escolas russa e alemã, Bertrand (1972) propõe uma definição de geossistema e incorpora ao conceito original do “complexo territorial natural” a dimensão da ação antrópica. Nessa perspectiva, o geossistema é, para Bertrand, uma categoria espacial de componentes relativamente homogêneos, cuja estrutura e dinâmica resultam da interação entre o potencial ecológico: processos geológicos, climatológicos, geomorfológicos e pedológicos (a mesma evolução); a exploração biológica: o potencial biótico (da flora e da fauna naturais) e a ação antrópica: sistemas de exploração socioeconômicos. Redefinido nas discussões teórico-metodológicas, o geossistema aproxima-se do conceito de paisagem como paisagem global, na qual se evidencia a preocupação com a interação natureza-sociedade. Na análise geossistêmica, o geossistema. 32.

(33) é uma categoria de sistemas territoriais regido por leis naturais, modificados ou não pelas ações antrópicas. Desde o sucesso da Teoria Geral dos Sistemas, de Bertanlanffy, no início dos anos 50 do século XX, a análise sistêmica extravasara todas as disciplinas. O trabalho de Jean Tricart (1965), com a sua classificação ecodinâmica dos meios ambientes, já assinala o aparecimento da teoria sistêmica na Geografia. Tricart (1977) define um sistema como um conjunto de fenômenos que se processam mediante fluxos de matéria e energia. Esses fluxos originam relações de dependência mútua entre os fenômenos. Surge daí uma entidade global nova, mas dinâmica. Para o autor, esse conceito permite adotar uma atitude dialética entre a necessidade da análise e a necessidade de uma visão de conjunto, capaz de ensejar uma atuação eficaz sobre esse meio ambiente. Através da análise de um sistema, reconhecemse conceitualmente as suas partes interativas, o que torna possível captar a rede interativa sem ter de separá-las. “O conceito de sistema é, atualmente, o melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os problemas do meio ambiente” (Op. Cit., 1977). Essa proposta metodológica considera tal conceito resultante de combinações dinâmicas dos elementos físicos, biológicos e antrópicos na paisagem, que interagem entre si, configurando-se em conjuntos ou unidades geoambientais. Segundo Bertrand (apud SOUZA, 2000), o geossistema “é um sistema geográfico natural ligado a um território, e deriva das relações mútuas entre os componentes do potencial ecológico e da exploração biológica, e deste com a ação antrópica”. (figura 04).. Figura 04: Geossistemas segundo Bertrand Fonte: BERTRAND (1972).. Sotchava (1977) considera que, embora “os geossistemas sejam fenômenos naturais, todos os fatores econômicos e sociais, influenciando sua estrutura e 33.

(34) peculiaridades espaciais, são tomados em consideração durante o seu estudo”, aspecto esse que permite uma visão integrada da paisagem. Sendo assim, os geossistemas referem-se à combinação da dinâmica ambiental com os fatores de ordem antrópica e física, os quais interagem para formar um único conjunto que permanece em constante processo evolutivo. Analisando a interação entre as partes componentes do geossistema e com base na Teoria Bioresistásica de Erhart, Fontes (1998, p 37) informa que foi criada uma tipologia de geossistemas agrupados em dois conjuntos dinâmicos: os geossistemas em bioestasia, quando a exploração biológica, representada pela vegetação, solo e fauna, está no seu estado de clímax e ajusta-se plenamente às possibilidades do potencial ecológico, o conjunto goza de grande estabilidade, com atividade geomorfogenética fraca ou nula e os geossistemas em resistasia, ao contrário, quando a exploração biológica degrada-se e os componentes do potencial ecológico são afetados, instala-se o processo resistásico no qual a geomorfogênese exerce domínio sobre a dinâmica de paisagem. Conforme a causa da ativação geomorfogênetica, classificam-se em geossistema em resistasia antrópica ou em resistasia natural. Esta tipologia dinâmica, passível de representação cartográfica na escala média (1:100.000 e 1:200.000), ao caracterizar a organização espacial, oferece subsídios ao planejamento ambiental, possibilitando a definição de áreas de preservação, de conservação e de recuperação. É preciso salientar que cidades de todo porte se desenvolveram em torno de bacias hidrográficas, demonstrando que as mesmas são de relevância para o desenvolvimento urbano, social e econômico dessas áreas. Importância essa relacionada à viabilidade de se instalar portos, vias de acesso, renovação de águas devido à ação da maré e por ser uma fonte essencial de recursos biológicos destinados ao consumo humano. Essa assertiva reforça a importância de se utilizar uma abordagem integrada para o estudo das bacias hidrográficas, que contemple aspectos físicos e humanos em suas análises, características essas incorporadas na análise geossistêmica. De acordo com Christofoletti (1999), o conceito sistêmico é o instrumento mais adequado para estudar os problemas do meio ambiente porque leva em consideração a interação entre processos antagônicos vinculados aos elementos naturais e socioeconômicos. Sotchava (1977) preconiza que geossistemas são:. (...) Sistemas naturais, de nível local, regional ou global, nos quais o substrato mineral, o solo, as comunidades de seres vivos, a água e as 34.

(35) massas de ar particulares as diversas subdivisões da superfície terrestre, são interconectadas pela troca de matéria e energia num só conjunto (p. 3).. Aliado a este pensamento, Christofoletti (1999) considera “o ambiente natural como sistema integrado composto de vários elementos integrados com constantes fluxos de matéria e energia.” Neste sentido busca-se analisar os elementos naturais e suas conexões. Silva et al. (2002), apresenta um dos conceitos de paisagem no qual, para entendêla, é necessário analisá-la a partir de uma visão dialética, aceitando-se sua existência e organização sistêmica como uma realidade objetiva; ademais, considerando-a como um sistema material e concebendo-a como uma totalidade, que se apresenta como um fenômeno integrado, não se podendo entendê-la nem tratá-la de forma isolada. Compartimentando a unidade geoambiental, procurou-se entender a dinâmica dos componentes ambientais e de que modo elas se inter-relacionam, verificando-se como as atividades humanas modificam o estado destas unidades, como se percebe isto e quais as melhores formas de utilização. Na classificação das paisagens, Silva (2002) atenta para o fato de que “é necessário diferenciar e classificar as paisagens naturais, depois é preciso distinguir as formas de uso e ocupação (densidade, intensidade e tipos de ocupação)”. O método geossistêmico enfatiza as atividades socioeconômicas e de que forma elas podem alterar determinada paisagem, levantando questões como proteção ambiental, recuperação de ambientes e ordenação territorial para um desenvolvimento sustentável. Adentrando nessa seara, o autor supracitado destaca a noção de dinâmica, pela qual é possível classificar os geossistemas de acordo com seu estado, ou estados sucessivos, assim como é possível assumir ou propor hipóteses sobre sua dinâmica futura, característica fundamental para a aplicação ou planejamento. Comprometendo a dinâmica ambiental, os impactos negativos podem provocar alterações na natureza dos ecossistemas e a funcionalidade de fatores ambientais a ele vinculados. Dessa forma, surge a necessidade de se discutir os impactos no ambiente em análise onde, para Macedo (1991, p.29), “impacto ambiental constituiria em qualquer modificação dos ciclos ecológicos em um dado ecossistema. Essa modificação poderia produzir impactos negativos ou positivos”. Em seu artigo, Derivações Antropogênicas dos Geossistemas terrestres no Brasil e Alterações Climáticas, Monteiro (1978) trás um modelo evolutivo proposto em 1976 no 35.

(36) estudo do clima urbano. Tal modelo aplica-se às “pesquisas climatológicas dirigidas às escalas inferiores de organização espacial, integrada aos sistemas naturais – ecossistemas, geossistemas - incorporando as derivações antropogênicas” (MONTEIRO, 2000, p.55), onde o homem é um agente derivador da natureza. É do referido autor em sua obra Geossistema: a história de uma procura, a orientação que “é, certamente, uma proposta „geográfica‟ que não pretende ser confundida com aquela – bem mais antiga e já universalizada – de „Ecossistema‟ (p. 30). As atividades humanas se constituem, por conseguinte, em um importante aspecto a ser investigado, principalmente na abordagem ambiental, em que a forma de apropriação e transformação da natureza pelo homem vai responder pela existência ou não de problemas ambientais, cuja origem encontra-se determinada pelas próprias relações sociais (homem↔homem). Na adoção de geossistemas não se pode desassociar os elementos geobiofísicos dos antrópicos. De tal modo, estudar a dinâmica demográfica nos municípios constituintes da bacia inferior do rio Piauí, representa estudar a pressão sobre os recursos naturais e os conflitos entre usos e usuários, porquanto o crescimento da população local implica maior desgaste dos elementos solos, vegetação e água e consequente desordem em seu ambiente. 2.3 – O SISTEMA AMBIENTAL HUMANO-ECONÔMICO. O meio ambiente deve ter uma leitura integrada e holística englobando a natureza. Esta análise é representada por uma bacia hidrográfica delimitada espacialmente e pela sociedade (expressa por suas atividades humano-econômicas). Nesse contexto, tem-se o propósito de analisar graus de organização urbana e agrária, na perspectiva dinâmica e geossistêmica de impactos socioambientais. Trata-se de derivações antropogênicas no contexto de áreas envolvidas por uma bacia hidrográfica, cuja relação se constitui na paisagem. O conceito de impacto socioambiental para Santos (2008, p. 89) é “o desequilíbrio conseqüente de um dano que se vale de agentes diversos capazes de interromper a harmonia existente na relação entre ser vivo e natureza por causa da ação do homem sobre o meio ambiente”. Na visão de Mendonça (2002) o tratamento da temática ambiental é bastante complexo e deve ser concedido a partir da concepção holística, ou seja, desenvolver uma 36.

Referências

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