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URBANOS (Riscos, vulnerabilidades, ajustamentos) PLANEJAMENTO E GESTÃO SOCIOMBIENTAL URBANA AR INDÚSTRIA ECONOMIA

ÁGUA COMÉRCIO POLÍTICA

VEGETAÇÃO SERVIÇOS EDUCAÇÃO

SOLO TRANSPORTES TECNOLOGIA

LAZER

Quadro 02: Sistema Ambiental Urbano Simplificado

Fonte: U.E.S. – Urban Environmental System apud Mendonça (2004), adaptado por Pinto (2010).

Por muito tempo, os problemas decorrentes da urbanização eram tratados de forma estanque, sendo necessárias iniciativas que visassem romper com as perspectivas unidisciplinares ou parciais da cidade.

Acredita-se que o planejamento ambiental na bacia hidrográfica possa minimizar a ocorrência de impactos ambientais decorrentes de ação antrópica indiscriminada. É preciso orientar a ocupação humana a fim de que sejam resguardadas as áreas destinadas à preservação ambiental.

39 Dessa forma, o presente estudo se rege nas idéias preconizadas e definidas por Mendonça (Op.cit.) no princípio de que a abordagem do ambiente urbano deve ser realizada com base na relação Sociedade-Natureza, de forma “interativa, holística e conjuntiva”.

Há de se fazer referência ao turismo e suas conseqüências de ocupação. Copiando Vieira apud Vilar & Vieira (2010, p. 113), quando reforçam:

“A potencialidade da atividade turística como geradora de divisas e empregos é reconhecida por diversos governos, empresas e entidades do terceiro setor, além de contribuir para o desenvolvimento econômico regional, entretanto muitos não se dão conta de que o processo de globalização, ao mesmo tempo em que permite maior mobilização das pessoas, abre um leque de opções para os turistas, ainda que alguns desses destinos se enquadrem no que a literatura consagrou como o não- lugar, dada a sua homogeneidade e a falta de articulação com as comunidades locais.”

Entrementes, o espaço rural é tributário do sistema socioambiental, expresso pelo processo de ocupação e intensificação, na dinâmica de exploração dos recursos agrários, no processo de pastagem, nos demandas de recursos hidrográficos, desmatamentos, etc. Impactos no ambiente agrário estão relacionados ao histórico do extrativismo vegetal, à expansão das fronteiras agropecuárias e, de forma mais recente, às atividades de aqüicultura, das quais destaca-se a carcinicultura, que no período de 10 anos (2001-2011) devastou pelo menos 8% das áreas de manguezal da bacia inferior do rio Piauí.

O extrativismo vegetal tem contribuído para o desmatamento de áreas da bacia com o objetivo da produção de carvão e promoção de pastos e de lavouras ocasionando perda da biodiversidade em razão da retirada da vegetação e das queimadas. Com o extrativismo mineral pode ocorrer contaminação química grave do solo nas áreas afetadas, a qual pode ser ampliada e disseminada pela água criando situações de contaminação maciça. Outros problemas ambientais possíveis são a erosão, subsidência, abandono de resíduos perigosos, perda de biodiversidade e contaminação de aquíferos e cursos de água. No entanto, as explorações mineiras modernas têm práticas que diminuíram significativamente a ocorrência destes problemas, sendo alvo de apertado escrutínio ambiental.

A instalação e a operação dos perímetros irrigados também vêm contribuindo para a degradação, tanto da Vegetação de Tabuleiro, quanto da Mata Ciliar. Os pastos e as lavouras, além da agricultura de subsistência, têm devastado a vegetação dos divisores de

40 água da bacia, em especial a região das nascentes do rio, agravando problemas relacionados à erosão dos solos e à solifluxão, principalmente durante a quadra chuvosa.

Os pastos e as lavouras absorvem menos energia solar do que a vegetação original e podem contribuir para uma redução de chuvas e um aumento na temperatura. As queimadas são ainda responsáveis pela emissão significativa de gases que causam o efeito estufa, como o gás carbônico (CO2).

O desmatamento da Mata Ciliar, ao longo de todo o curso do rio e de seus principais tributários, causa problemas referentes à sedimentação e conseqüente assoreamento do leito dos rios. Uma vez no rio, os sedimentos funcionam como fonte de energia e causam a turbidez da água e a redução do fluxo hídrico e da entrada de luz no meio aquático, com conseqüente redução da produção fotossintética, resultando na diminuição da biodiversidade. Desse modo, a preservação da Mata Ciliar é fundamental para a manutenção das condições naturais, haja vista que auxilia na manutenção da capacidade de armazenamento de água e da qualidade hídrica, já que o rio é abastecido continuamente com material orgânico, galhos, troncos, folhas, sementes e raízes, que ajudam na estabilização das margens, evitando o desenvolvimento de processos erosivos.

Faz-se necessário assim, realizar práticas de manejo, como reflorestamento integrado, não só ao longo dos cursos d‟água, como também em toda a região da bacia. Em estudos realizados em micro-bacias, Machado et al. (2003) demonstram que em uma área onde foi substituída a pastagem por vegetação nativa, ocorreu redução de 94% da produção de sedimentos, comprovando que o desmatamento tem relação direta com os processos erosivos

Diante dessa situação degradante, é necessário que cada cidadão assuma uma postura consciente, reivindicando de nossos representantes a intensificação de ações e programas preventivos que realmente combinem o desenvolvimento econômico do país com os princípios de sustentabilidade.

2.4 – CONCEPÇÕES TEÓRICAS DE TERRITORIALIDADE

Naturalmente, o homem é político e social, vive, ocupa e modifica o ambiente. No espaço-temporal, comumente há a necessidade de se instituir uma unidade espacial bem constituída para a ação de intervir, observar, acompanhar e compreender as relações sociedade-natureza.

41 O espaço geográfico – síntese que reúne materialidade e ação humana na ciência geográfica – engloba o conceito de território; e, segundo Raffestin (1993), espaço é anterior ao território. Sendo assim, ao se formar a partir do espaço, o território é o resultado da ação do apropriar-se, concreta ou abstratamente, pelo ator que o territorializa. Ao mostrar a amplitude do conceito de território segundo o “binômio espaço- tempo” Haesbaert (2006, p.39-98), através da análise da desterritorialização, destaca as perspectivas materialistas, idealistas, integradoras e a visão relacional. Para o referido autor, o entendimento do conceito de território torna-se necessário à visão integradora e relacional, percebida como uma produção dos grupos sociais em suas múltiplas dimensões.

O conceito de território para Haesbaert (2006, p. 78) “define-se com referência às relações sociais e ao contexto histórico em que está inserido.” O autor enfoca na concepção de território o sentido “multidimensional” e “multiescalar”.

Manifestando-se sobre a noção de território, Santos (1986) propõe uma abordagem geográfica integradora e totalizante, utilizando a expressão “Território Usado”. Essa revela a estrutura global da sociedade e é complexa, face à trama de relações complementares e conflitantes.

Recorre-se, assim, ao conceito de território para discutir a organização socioambiental nas bacias hidrográficas. O território auxilia no entendimento da amplitude da relação sociedade-natureza que envolve a dinâmica de apropriação, produção e reprodução do espaço.

A análise geoambiental requer discutir as concepções teóricas do ordenamento territorial de forma integrada para expressar os processos sociais, econômicos, culturais e políticos, ao longo do tempo, que configure o espaço e, através dos usos múltiplos, identifique a subjetividade da complexa rede das relações sociais.

Considerando os distintos entendimentos para a categoria espacial da análise geográfica – o território – a bacia hidrográfica comporta territórios múltiplos devido a sua diversidade natural, econômica, cultural, social e política.

Reforçando a idéia, Silva (2009, p. 53) argumenta que:

O sistema hidrográfico pode apresentar diversos territórios articulados entre si através de redes, configurando complexos cenários globais, assumindo novos significados devido ao uso às formas e conteúdos que se estruturam pelas multiplicidades de poderes interatuantes.

42 As bacias hidrográficas se transformam em unidades territoriais Municipais, Estaduais e Federais, mesmo sendo fragmentadas no seu aspecto administrativo, proporcionando uma forma de ordenamento territorial. Ou seja, como uma prática proveniente de uma ação, de um fator, que por determinado motivo promova uma territorialização do espaço, independente da escala e, como uma unidade espacial, sua utilização se constitui de uma prática política. A Política de Recursos Hídricos instituiu o aparato legal, estabelecendo um conjunto de instrumentos e procedimentos destinados à gestão, no âmbito de suas jurisdições. Ao estabelecer a bacia hidrográfica como unidade, dota-se o espaço do Estado (sua base material) de uma territorialidade. Nestes territórios, construídos com um determinado fim, é que passa a se estabelecer uma forma de ordem no espaço um ordenamento. (LAMONICA, 2002, p.40)

A Lei n. 9.433, de 8.1.1997, denominada de Política de Gestão dos Recursos Hídricos, passou a adoção da bacia hidrográfica como unidade territorial, ou mesmo uma Região Hidrográfica. Há muito tempo ela vinha sendo considerada uma unidade ambiental, agora passa a ser vista pela comunidade acadêmica e por equipes de planejamento também como uma unidade territorial.

Há certamente dificuldades em se lidar com esse recorte geográfico, uma vez que os recursos hídricos exigem a gestão compartilhada com a administração pública, órgãos de saneamento, instituições ligadas à atividade agrícola, gestão ambiental, entre outros, e a cada um desses setores corresponde uma divisão administrativa certamente distinta da bacia hidrográfica.

Ao dispor das informações sobre a área de estudo, vindas das mais distintas áreas de conhecimento, o estudo da bacia hidrográfica parte das relações ecossistêmicas, ou seja, parte do princípio da valorização e conservação das bases naturais de um dado território como base de auto-sustentação da vida e das interações que a mantêm, tendo como objetivo atingir a sustentabilidade, abrangendo o econômico-ecológico, sociocultural, agrícola e paisagístico. (FRANCO, 2001, p.106).

Limitando a complexidade e revertendo à questão das relações complementares entre as dimensões sócio-econômicas, Sabbag (2006, p.67) ressalta que o problema ambiental não se deve ater somente ao aspecto ecológico. A questão ambiental para o planejamento é, antes de tudo, uma questão política e; conseqüentemente, econômica, cultural e técnica.

43 Botelho (2004, p.277) relata que no caso de análise em bacias hidrográficas é necessário levantamento detalhado dos atributos físicos como clima, geologia, relevo, solos, rede de drenagem e vegetação. Associado a estes aspectos devem ser acrescentados os econômicos e sociais.

Na medida em que as bacias hidrográficas se configuram na apropriação de uma parcela do espaço para um determinado fim, passam a constituir uma “unidade territorial como exemplo para a aplicação de uma determinada política de gestão territorial e/ou ambiental.” (LAMONICA, 2002, p.22).

De forma permanente e complexa faz-se o ordenamento territorial. O espaço possuirá uma forma que é conseqüência inseparável de seu contexto histórico-social e esse, conseqüentemente, se reproduzirá com tal organização.

Entendido como uma forma de compartilhar necessidades do homem relativas à ocupação e ao uso do solo, com a capacidade de suporte do território que pretende ocupar, Macedo (1994, p. 7-11) menciona o ordenamento territorial correlacionado com o espaço e Estado. Este define e delimita o espaço através das práticas políticas.

Compreendendo ordenamento como arranjo conveniente do espaço onde, em sendo ordenado, encontram-se os meios para se obter os fins, Lamonica (2002, p.36) pronuncia que tal ordem está diretamente ligada a uma prática de apropriação, e por que não da apropriação de uma parte da superfície terrestre para fim de gestão dos recursos hídricos. A bacia hidrográfica passa a constituir-se em um espaço organizado sistematicamente, dotado de uma determinada ordem espacial ambiental, territorial e, portanto, em uma forma de ordenamento.

Em se tratando de territorialidades, há que se referir sobre fragilidade ambiental que, comumente é precedida por uma classificação ou organização dos elementos que compõem a porção do espaço a ser estudada, considerando aspectos naturais e antrópicos. Assim, o estudo da vulnerabilidade dos ambientes passa pela análise de seus componentes, tais como: substrato rochoso, solo, relevo, vegetação, grau de uso antrópico.

Nessa perspectiva a abordagem do estrato geográfico definido por Grigoriev (1968) torna-se muito relevante. Ele aponta o estrato geográfico como uma estreita faixa que compreende a parte superior da litosfera, a hidrosfera, a biosfera e a baixa atmosfera, correspondendo ao ambiente que permite a existência do Homem como ente biológico e social, bem como os demais elementos bióticos da natureza. As partes que compõem o

44 estrato geográfico estão intimamente interconectadas e inter-relacionadas, porém, sem limites exatos.

Grigoriev (op. cit.) ainda aponta que, no decorrer do tempo, as sociedades e o estrato geográfico evoluem em complexidade, movidos pelas trocas de energia e matéria. Assim os avanços da ciência geográfica são essenciais na geração de referências teóricas, necessárias à compreensão do homem e seu espaço, promovendo uma melhor interferência no meio.

Para que se possa realizar um planejamento eficaz de intervenções é necessário que os componentes do estrato geográfico sejam analisados de forma integrada, pois devido ao fluxo de matéria e energia estabelecido incessantemente entre os componentes, ocorre uma relação intensa e complexa de interdependência.

O conceito de sistema é apontado por Tricart (1977) como melhor instrumento lógico a ser utilizado para estudos de problemas no meio ambiente, uma vez que permite a análise dos seus diversos componentes de maneira dinâmica e em conjunto, favorecendo uma ação mais eficaz, pois permite a integração de conhecimentos específicos. Tal utilização torna possível, ainda, identificar quais as modificações indiretas desencadeadas pelas intervenções que afetam determinado geossistema.

A intensidade das alterações provocadas pela ação do homem depende de dois fatores: do esforço (ou tensão) aplicado ao sistema; e do grau de suscetibilidade à mudança (sensibilidade) do próprio sistema. A amplitude dos impactos provocados pelas ações antrópicas pode variar desde o relativamente superficial até o profundo (Op. cit.).

A bacia hidrográfica foi adotada por unidade de análise, definida segundo Botelho (2004) como uma área drenada por um rio principal e seus tributários sendo limitada pelos divisores d‟água. Ainda nessa perspectiva, Santos (2004) aborda bacia hidrográfica sendo um sistema natural bem delimitado no espaço, o qual se constitui de um conjunto de terras topograficamente drenadas por um curso d‟água e seus afluentes, onde as interações físicas são integradas e, portanto, mais facilmente interpretadas. Dessa forma, as bacias hidrográficas podem ser consideradas unidades naturais de avaliação do meio físico, pois integram os elementos naturais e sociais.

45 3-CONDICIONANTES GEOAMBIENTAIS NA BACIA INFERIOR DO RIO PIAUÍ

Um estudo geoambiental pressupõe entendimento dos componentes naturais de maneira integrada, envolvendo natureza e sociedade. A compreensão desses componentes, por sua vez, pressupõe aspectos relacionados aos condicionantes geológicos, geomorfológicos, hidroclimatológicos e pedológicos. Aspectos fitoecológicos embora integrantes, nesta dissertação optou-se pela abordagem em associação aos fatores socioeconômicos. Somente a partir da análise desses componentes é possível chegar à síntese, que fornece elementos para a identificação das potencialidades e limitações naturais impostas a cada sistema ambiental. Conforme assinala Nascimento (2003), essa visão de conjunto fornece elementos fundamentais para o planejamento territorial.

Na base dos municípios costeiros sergipanos, tais condicionantes obedecem configuração de maior escala com suas peculiaridades locais, analisadas na cartografia do Atlas Digital sobre Recursos Hídricos de Sergipe (SEMARH/SRH,2011), representadas em temáticas específicas, e apresentadas de forma descritiva.

3.1- GEOLOGIA

A litologia é um dos componentes fundamentais para os processos de formação e evolução das paisagens, à medida que as propriedades geomorfológicas das rochas influenciam sobremaneira nos processos de formação e evolução do relevo terrestre.

Segundo a classificação de Ab‟Saber (2001), a zona costeira do estado de Sergipe pertence ao Litoral Leste brasileiro, estando incluído no contexto da unidade geotectônica Bacia Sedimentar Sergipe/Alagoas e na feição estrutural rasa denominada Plataforma de Estância.

Geologicamente, a bacia inferior do rio Piauí, especificamente nos espaços municipais de Estância, Indiaroba e Santa Luzia do Itanhy está localizada, sobretudo, na feição estrutural rasa denominada Plataforma de Estância. Essa estrutura capeada por delgado pacote sedimentar do Cretáceo, Terciário e Quaternário corresponde a uma extensão do embasamento cristalino em posição estrutural alta em relação à fossa tectônica que caracteriza a Bacia Sedimentar Sergipe/Alagoas.

O contexto geológico da área de estudo (Figura 06) está representado, em sua maior parte, por sedimentos das Formações Superficiais Continentais (Cenozóico),

46 composta por depósitos aluvionares e coluvionares, leques aluviais coalescentes, pântanos, mangues, depósitos flúviolagunares e terraços marinhos mais recentes; além de litótipos do Grupo Barreiras, representado por areias finas e grossas com níveis argilosos a conglomeráticos.

As Formações Continentais estão localizadas predominantemente na parte leste, formada por sedimentos mesozóicos da Bacia de Sergipe, relacionados à Formação Cotinguiba (argilitos e folhelhos com intercalações de arenitos).

O nome da Formação deriva da cidade de Cotinguiba, hoje Nossa Senhora do Socorro, e segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2002) ela aflora apenas no Estado de Sergipe, ao longo de uma faixa com cinco a dez quilômetros de largura, desde a cidade de Japaratuba até o rio Real. O contato inferior da Formação Cotinguiba é concordante com as formações Muribeca e Maceió, ou discordante com a Formação Riachuelo; o contato superior com a Formação Calumbi é discordante. Sua espessura média varia em torno de duzentos metros, mas localmente pode ser bem maior. A formação está dividida nos membros Aracaju e Sapucari, com espessuras máximas de 280m e 744m, respectivamente, e cujas descrições são mostradas na figura 05. De acordo com o Mapa Geológico do Estado de Sergipe (2002) sua idade vai do Cenomaniano ao Coniaciano (Cretáceo Superior).

É constituída por calcário de cor cinza a creme, maciço ou interestratificado em camadas finas a média, podendo ou não estar separadas por lâminas de margas. Esta formação aflora em alguns pontos, principalmente nos fundos dos vales dos tabuleiros dissecados nos três municípios em tela.

Figura 05 – Coluna estratigráfica composta da Formação Cotinguiba. Baseada em Feijó (1994). Fonte: Mapa Geológico do Estado de Sergipe, 2002.

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Na parte central observam-se exposições de rochas neo a mesoproterozóicas do Grupo Estância (Formação Lagarto), representadas por argilitos, siltitos e arenitos (localmente conglomeráticos) intercalados.

Rochas do Embasamento Gnáissico relacionadas ao Complexo Granulítico Formação Acajutiba - Riachão do Dantas, ortognaisses bimodais (ortognaisses, kinzigitos, calcossilicáticas e metanoritos) ocorrem em forma de uma pequena mancha nos municípios de Santa Luzia do Itanhy e Indiaroba, na parte central.

Na área de drenagem da bacia hidrográfica do rio Piauí, verifica-se a ocorrência de dois principais grupos litológicos. Esses grupos são expressos pelos terrenos cristalinos e coberturas sedimentares cenozóicas (RADAMBRASIL, 1981).

Os terrenos cristalinos são compostos por rochas do Complexo Nordestino (Op.

Cit.) e correspondem aos Maciços e Cristas Residuais, e a Depressão Sertaneja.

A superfície de aplanamento é inclinada e representa coberturas diversificadas resultantes de remanejamento sucessivos com predomínio de erosão areolar. Essa superfície Pediplanada foi assim denominada por corresponder a uma área rebaixada e aplainada, assemelhando-se às áreas pediplanadas típicas resultantes de processos de exumação que ocorreram em áreas de semi-áridas do Nordeste brasileiro. O topo dessa superfície apresenta classes de revelo mais suaves representada por relevo plano, suave ondulado e ondulado.

Os pediplanos Sertanejos são superfícies de aplainamentos em rochas do embasamento cristalino, resultado dos processos erosivos, que truncou indistintamente variados litotipos, constituídas principalmente por rochas de natureza ganissico- migmatíticas (AB´SABER, 1974; RADAMBRASIL, 1981). Seu aspecto morfológico faz- se presente em forma de rampas com inclinação suave em direção ao litoral ou ao fundo dos vales.

As coberturas sedimentares cenozóicas são compostas por sedimentos de origem continental e marinha que foram depositadas ao longo do tempo geológico através dos processos deposicionais. Suas principais unidades são os tabuleiros da Formação Barreiras, e os sedimentos areno-quartzosos da Planície Litorânea (faixa praial, campo de dunas móveis e fixas e planície flúvio-marinha) e Planície Fluvial.

Litologicamente, a Formação Barreiras, constituindo as formações superficiais, é uma faixa alongada de largura variável disposta paralelamente à linha de costa formada por sedimentos tércio-quaternários mal selecionados, de textura areno-argilosa e coloração

49 avermelhada, creme ou amarelada, muitas vezes apresentando aspecto mosqueado. Forma um relevo tabular com declive do interior em direção ao litoral e inclinações não superiores a 5º. De forma geral, a morfologia dos tabuleiros apresenta um aspecto rampeado característico dos glacis de acumulação, originado em condições climáticas pretéritas que permitiram a formação de uma ampla plataforma de deposição de sedimentos.

A formação Barreiras, nos municípios estudados, compreende clásticos

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