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Academic year: 2021

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Ilustração Objetividade, clareza e brevidade – pense nisso! Flávio Falciano Professor – UMESP

Márcia Coutinho Ramos Jimenez Professora Mestra – NCE/USP

Quando se pensa na produção de um programa de rádio a primeira questão a ser resolvida é: “Como escrever um texto de rádio?” A pergunta faz sentido, uma vez que cada um dos meios de comunicação tem uma linguagem específica, ou seja, regras que devem ser seguidas para que a produção se

adeqüe às características do meio e, conseqüentemente, atinja resultados mais eficientes.

No caso da linguagem radiofônica, o objetivo é aliar os dois pontos básicos: a escrita e a fala. Por conta disso a primeira das regras da linguagem radiofônica determina que o texto de rádio deve ser escrito para ser falado. O redator deve deixar de lado a linguagem complicada dos textos para veículos impressos e utilizar uma linguagem simples e direta: deve-se escrever como se fala (logicamente, sem erros de língua portuguesa). Se falar naturalmente é uma coisa simples, escrever um texto que permita uma locução tranqüila não parece ser tão fácil.

Assim, para atingir o ouvinte de forma eficiente, o texto radiofônico deve, necessariamente, compreender três princípios básicos, que além de facilitarem a redação e a recepção das mensagens, têm também como objetivo evitar dificuldades para o locutor:

• Objetividade – falar as coisas de modo direto e coloquial;

• Clareza – transmitir com a maior nitidez e naturalidade possível; • Brevidade – passar a mensagem no menor espaço de tempo.

Módulo Básico 02 - Mídia Rádio

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Características básicas da linguagem radiofônica

Flávio Falciano Professor – UMESP

Márcia Coutinho Ramos Jimenez Professora Mestra – NCE/USP

Maria Luisa Rinaldi Professora – UMESP Renato Tavares

Professor Mestre – ECA/USP

A linguagem do rádio posui uma série de especificidades, ligadas tanto a algumas de suas características técnicas, quanto aos usos históricos que passaram a ser feitos desse meio.

Veja abaixo mais sobre algumas dessas características que se relacionam diretamente com a linguagem assumida pelo rádio nos dias de hoje.

Regionalismo

Uma característica que afeta diretamente a linguagem radiofônica é a abrangência. O rádio atinge todo o país com cerca de onze mil emissoras (entre comerciais, educativas e comunitárias), mas, apesar disso, tem como uma de suas marcas o regionalismo, ou seja, a valorização das expressões características de cada região. Tais particularidades da linguagem justificam-se pela história, costumes e cultura de cada estado e devem ser valorizada pelo rádio, inclusive para evitar a

padronização que faz com que aos poucos se perca a identidade de cada

comunidade. Por exemplo, a raiz que chamamos de “mandioca” na região Sudeste é chamada de “macaxeira” no Norte/Nordeste e de “aipim” na região Sul.

Imediatismo

Um dos principais fatores positivos do rádio é justamente a possibilidade de

transmitir os fatos no instante em que ocorrem. Essa tarefa ficou bastante facilitada com a invenção do telefone e, mais recentemente, graças ao telefone celular. Sem muita dificuldade, um repórter de rádio pode chegar ao local onde está se

desenrolando um fato, pegar o celular e ligar para a emissora. No estúdio essa ligação será conectada a um aparelho chamado “híbrido” e em seguida colocada no ar. Em virtude dessas facilidades, o rádio com o passar dos anos acabou ficando conhecido como o primeiro meio de comunicação a veicular qualquer informação importante.

Assim, rádio virou sinônimo de atualidade. Para que essa sensação esteja

permanentemente presente na mente dos ouvintes, a linguagem radiofônica prevê que os textos informativos tenham o primeiro parágrafo (chamado de lide) sempre escrito no presente do indicativo.

Instantaneidade

A instantaneidade significa que a mensagem radiofônica não tem permanência no tempo e no espaço. Se ao ler um jornal você não entender o que está escrito na matéria, existe sempre a possibilidade de guardá-la e reler com mais atenção num outro momento. Isso não acontece com a mensagem radiofônica. Se ela não for

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perfeitamente entendida quando for transmitida, não há uma segunda chance, porque a mensagem desaparece no mesmo instante em que é veiculada.

Hora Certa

A relação do meio de comunicação rádio com as horas é muito estreita. Tornou-se comum que as pessoas se informem sobre a hora certa através do rádio.

Exatamente por isso é importante que qualquer programa de rádio procure privilegiar a divulgação da hora certa em curtos intervalos de tempo. Também é fundamental que essa divulgação seja feita da forma mais coloquial possível. Isso significa que as horas devem ser transmitidas de acordo com o período do dia: manhã, tarde, noite ou madrugada. Portanto, não se fala 23 horas e 15 minutos, mas sim 11 e 15 (não precisa dizer que é da noite, porque o programa está ao vivo!).

Individualidade

O desenvolvimento do meio de comunicação rádio ao longo dos anos acarretou também uma sensível mudança na forma de recepção. Se antigamente as famílias se reuniam ao redor do rádio (então um aparelho imóvel, grande e pesado), hoje é comum que cada pessoa da família tenha o seu próprio receptor de rádio e ouça a emissora de sua preferência. A audiência, que era coletiva, passou a ser individual. Para adaptar-se a essa mudança, ao se comunicar com o ouvinte, o locutor deve necessariamente utilizar o singular, ou seja, “você, amigo ouvinte” e nunca “vocês ouvintes”. Se o locutor falar no plural, a pessoa que está sozinha ouvindo o rádio não se sentirá atingida pela mensagem. Já se o contato for no singular, a pessoa terá a impressão que o locutor estará falando exclusivamente com ela.

Sensorialidade

O rádio tem uma capacidade única de envolver o ouvinte, estimulando sua imaginação e fazendo-o participar da transmissão através da criação de um “diálogo mental” com o emissor. Isso ocorre porque nós, seres humanos,

transformamos em imagem a maior parte das informações sonoras que recebemos. Quando nos ligamos em uma transmissão radiofônica, todos os sons que ouvimos são utilizados por nós para criar uma imagem virtual em nosso cérebro. Essa imagem será mais fiel e completa conforme a qualidade da transmissão. Aí entra o trabalho dos redatores. Quanto mais detalhes forem passados sobre o fato, mais completa será a imagem criada pelos ouvintes e, necessariamente, mais presentes ao fato eles se sentirão.

Ouça este spot radiofônico (comercial) e perceba como a criatividade pode estimular a imaginação do ouvinte e surpreendê-lo. Pense em como seria este comercial na televisão ou na mídia impressa (jornal, revista). Ele teria o mesmo efeito? O que você imaginou durante o comercial? A estrutura dele prendeu sua atenção até o final?

Spot (comercial) Transcrição do áudio:

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Homem: Altas horas. Procuro noite adentro. Ruelas escuras, ecoar de passos. Te acho num sujo bar. Gelada. Homens a tua volta. Desejosos. Nó no peito. Sorriem. Nas mãos, pedaços teus. Experimentam. Nó no peito. Basta! Fora todos!

Roubo-te. Eis apenas metade do que mereço. Mas basta-me. Olho-te. Lábios próximos. Como-te!

(Fim da música ao piano)

Locutor: Opa! Mortadela Sadia desperta paixões.

A Linguagem Radiofônica e os Recursos Sonoros

Quais são os elementos que temos à disposição para fazer programas de rádio? O primeiro de que lembramos é a voz, a fala. Quando falamos, além do significado do que dizemos, também podemos expressar sentimentos, sotaques e deixar

transparecer informações relativas a idade e sexo. O rádio trabalha basicamente com três tipos de vozes:

• a caricata (mais “forçada” e geralmente associada a imitações e a personagens).

• institucional/formal (busca clareza e perfeição gramatical, geralmente é “empostada”).

• informal (a fala do dia-a-dia, o bate-papo com o ouvinte, nossa voz natural). Ao contrário do que muita gente pensa, o rádio não é feito exclusivamente da fala. Além da voz, existem outros quatro tipos de recursos que compõem o horizonte da radiofonização. A música é, sem dúvida, o mais importante deles. Não dá pra pensar o rádio sem a música e nem mesmo o inverso. A música pode ser utilizada de três maneiras diferentes no rádio:

• tocada na íntegra;

• selecionando-se um pequeno trecho para a produção de vinhetas (nesse caso, a música deve ser instrumental – ou seja, sem canto – e aparecerá sob a voz do locutor, que apresentará um slogan do programa ou de um determinado quadro do programa); o trecho da música pode ser usado também como “informação”, “comentário” ou “ironia” quando aproveita-se a letra da música para promover uma intertextualidade com o conteúdo ou tema do programa. Por exemplo: o locutor ou um entrevistado pode falar sobre graves problemas sociais do país e logo após a fala dele inserir o trecho “que país é este?” da música do grupo Paralamas do Sucesso. Para fazer um comentário irônico sobre corrupção, os realizadores de um programa de rádio podem inserir o trecho musical “onde está o dinheiro, o gato comeu e ninguém viu” (cantado por Gal Costa) logo antes ou logo após a fala de uma pessoa acusada de cometer atos corruptos;

• como fundo musical (também chamado de BG, sigla para a expressão inglesa “background”). Nesse caso é fundamental que a música seja instrumental, para evitar que o locutor tenha que enfrentar uma

“concorrência” com a voz de um cantor. Geralmente aumentamos o volume do BG quando o locutor não está falando e diminuímos o volume quando ele volta a falar. Devemos tomar cuidado para não deixar o BG muito alto

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quando alguém estiver falando para evitar que o fundo musical sobressaia perante a fala.

A força da música é muito grande porque ela ganha o ouvinte pelo lado emocional. Por isso, é muito importante que a música seja trabalhada de uma forma inteligente (e não apenas como recheio da programação!), com o objetivo de reforçar uma idéia já transmitida através do locutor ou o inverso, para preparar o ouvinte para algum assunto que será tratado em seguida. Para tanto, é fundamental que se ouçam as músicas com antecedência, verificando se a letra traz alguma mensagem útil para aquele momento.

Outros recursos sonoros são os ruídos (sons naturais, como a batida de uma porta), e os efeitos especiais ou efeitos sonoros (sons produzidos artificialmente, imitando os sons naturais, quase impossíveis de serem captados, ex: eco). Eles devem ser utilizados para “criar um clima e um ambiente”, propiciando ao ouvinte imaginar com mais fidelidade a cena que está sendo transmitida.

Além desses, o último recurso sonoro é justamente a ausência de som, ou seja, o silêncio. Ele deve ser utilizado em situações especiais, quando é objetivo da rádio concentrar a atenção total dos ouvintes, para divulgar alguma mensagem de grande relevância. Como os ouvintes, enquanto estão com o rádio ligado, acostumam-se a ouvir som, logicamente um corte brusco desse som acaba chamando a atenção. O silêncio deve ser breve (apenas alguns segundos) e só tem efeito numa rádio que não tenha o que chamamos de “brancos” na programação (espaços sem som por falha do locutor, operador, ou de estrutura da rádio).

Agora que você já conhece os principais elementos da linguagem radiofônica pense na melhor forma de atingir os objetivos que você pensou para seu programa. Atenção: nem sempre os programas que têm mais efeitos e trilhas são os melhores! É preciso saber usar com cuidado cada elemento sonoro para não confundir nem cansar o ouvinte!

Veja a seguir algumas dicas de como você mesmo pode produzir efeitos sonoros para incrementar seus programas de rádio.

Idéias para sonoplastia/efeitos sonoros

São duas as fontes básicas para a sonoplastia ou efeitos sonoros: ● discos pré-gravados ou arquivos digitais (veja aqui -

http://www.usp.br/educomradio/producoes.asp) com efeitos sonoros;

● efeitos fabricados sob medida.

Os discos ou arquivos pré-gravados nem sempre são satisfatórios, deve-se valorizar o artista performático que é o sonoplasta. Aprenda aqui alguns efeitos.

Festa animada ou reunião em bar

Deve-se voltar o microfone para dentro de um balde médio, o balde voltado para um bar movimentado. Com esse expediente, os sons se embaralham, ficando difícil distinguir palavras individuais, mas se produz um efeito geral de burburinho. É ótimo para planos de fundo de “ambiente de bar ou festa”.

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Carro batendo

Faça por partes:

Derrapagem: um som difícil de imitar, a não ser com a voz, ou gravando mesmo

um carro freando. É preciso cuidado. Não é necessário que o carro dê uma freada exagerada, é possível trabalhar o efeito de intensidade usando o volume, depois, na mixagem do som.

Uma pausa: necessária para criar tensão dramática.

O impacto: uma palmada ou soco em um estofado revestido de plástico, microfone

perto.

Metal esmigalhando: duas tampas de panela das grandes, uma contra a outra, nem

muito “metálico”, nem muito seco.

Vidro quebrando: quebrar vidro é perigoso e exige cuidado. Na realidade não é

preciso quebrar muito vidro, e garrafas não dão um efeito muito bom – basta um retalho de vidro plano, fino, de 2mm, jogado no fundo de uma caixa de papelão onde haja um tijolo. O importante é um som limpo para que pareça vidro, e não uma confusão de sons, efeito que vai parecer falso.

Porta fechando e abrindo

Um armário, mesmo pequeno, mas que quando abre ou fecha produz um som razoável e um “clique”, pode resolver o problema. O microfone deve ficar a cerca de 50 cm da porta, do lado oposto às dobradiças. É claro que pode-se sair para “pescar” som de portas verdadeiras, e de dobradiças que rangem. É surpreendente o tempo que leva para se conseguir um bom efeito.

Passos

Coloca-se no chão uma chapa de compensado de 1,20 x 0,80 m, espalham-se uns quatro ou cinco quilos de cascalho fino ou brita por cima – microfone a 20 cm do chão, e a 35 cm dos passos – e anda por cima sem sair do lugar.

Telefone, campainha

Os efeitos pré-gravados são os piores, nesses casos. O Melhor é arranjar uma caixinha, instalar nela duas campainhas, para o efeito de campainha, usar o som de forma natural; para o telefone, enrolar um pano ou toalha felpuda (grande) em volta da campainha para abafar. Microfone a cerca de 50cm.

Tiros

Duas tabuinhas de madeira dura.

Rangidos

Rolha molhada esfregada no exterior de uma garrafa. Mudando a velocidade e a pressão, o efeito varia.

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Chuva

Dez bolinhas de gude, roladas suavemente dentro de uma bandeja grande de metal, ou “pau-de-chuva” dos índios daqui do Brasil, encontrados nas lojas de artesanato indígena da Funai. As grandes dão efeito excelente.

Vento

Soprar na boca de garrafas. As garrafas maiores dão um vento mais “grave”, as menores, mais “agudo”.

Trovão

Balançar por uma das extremidades uma chapa de ferro galvanizado medindo 0,90 x 0,70m.

Incêndio (no mato)

12 tiras de papel celofane, medindo cerca de 2 x 40cm, ou cerca de 15 metros de fita de gravação de ¼ de polegada ou de vídeo VHS, inutilizada. Com o microfone bem perto, esfregue as tiras, ou o bolo de fita, lentamente entre as mãos, variando a velocidade.

Referências

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