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Megaevento para quem? uma análise dos impactos dos jogos olímpicos RIO 2016 no território da Lagoa Rodrigo de Freitas sob o prisma de distintos stakeholders locais

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Academic year: 2021

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MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO

LEONARDO PAIVA DE OLIVEIRA DE AZEVEDO CAMPOS

MEGAEVENTO PARA QUEM? UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS DOS JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016 NO TERRITÓRIO DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS SOB O

PRISMA DE DISTINTOS STAKEHOLDERS LOCAIS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela Responsabilidade Social.

Orientador:

Prof. Fernando Oliveira de Araujo, Dr.Eng. Universidade Federal Fluminense

Niterói 2016

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Ficha Catalográfica

C 198 Campos, Leonardo Paiva de Oliveira de Azevedo.

Megaeventos para quem? Uma análise dos impactos dos jogos olímpicos Rio 2016 no território da Lagoa Rodrigo de Freitas sob o prisma de distintos stakeholders locais / Leonardo Paiva de Oliveira de Azevedo Campos. – Niterói, RJ, 2016.

112 f.

Orientador: Fernando Oliveira de Araújo. Dissertação (Mestrado em Sistema de Gestão)

– Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia, 2016.

Bibliografia: f. 95-100.

1. Jogos olímpicos. 2. Rio de Janeiro (RJ). 3. Gestão de stakeholder. I. Título.

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe, Vera, por todo amor, amizade, carinho, compreensão, apoio e incentivo na minha formação e em todas as etapas de minha vida. Meu amor e meu exemplo.

A minha namorada, Juliana, por compreender as ausências nos finais de semanas e no relacionamento, sendo cúmplice nesta etapa tão importante.

Ao meu orientador, professor Fernando de Araujo, por me dar um choque de realidade e por acreditar não só em mim, mas que juntos poderíamos construir um projeto em um curto espaço de tempo. Ele fez a diferença e a faz. Professor inquestionável que levarei por toda a vida e com quem aprendi que precisamos transformar indicadores de esforço em indicadores de resultado.

Ao Raynne Freitas por me estender a mão e auxiliar com seus conhecimentos, sem ao menos me conhecer.

Ao Guilherme Miziara por ser um grande amigo e por compartilhar as aflições em fechar esta etapa.

Aos professores Carlos Lidizia e Eduardo Vilela por toda cooperação na jornada acadêmica.

Aos professores de todos os módulos do curso por participarem comigo dessa experiência.

À equipe do curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense por todo carinho e atenção ao longo do curso, em especial, a colaboradora Bianca Feitosa.

Aos entrevistados neste trabalho pela compreensão, disponibilidade e atenção. Em especial, aos vendedores de coco que compartilharam gratuitamente seus cocos na Lagoa Rodrigo de Freitas sob o sol forte.

À Colônia de Pescadores Z-13 por me receber muito bem, em especial, deixo meus sentimentos pelo falecimento do presidente, Pedro Marins, que faleceu durante esta pesquisa.

A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuem para o meu crescimento profissional, em especial, meus amigos.

Ao Comandante Rene Alonso que me apresentou ao BOPE (Batalhão de Operações Especiais), sendo tal equipe fonte de inspiração: missão dada é missão cumprida.

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RESUMO

Os mega-eventos, um dos segmentos de megaprojetos, podem ser compreendidos como uma das mais relevantes iniciativas políticas da era moderna, pois promovem impactos transformadores na população e no local onde ocorrem, de acordo Horne & Whannel (2016). Sendo assim, os mega-eventos, segundo Zhai et al. (2009), apresentam maior investimento, maior complexidade, diversidade de stakeholders e sofrem influências mais amplas em comparação a projetos simples. Neste sentido, buscou-se promover uma sinergia entre a diversidade de stakeholders com os impactos transformadores provenientes dos efeitos do mega-evento, culminando no objetivo deste estudo: analisar os efeitos provenientes do megaevento, Jogos Olímpicos Rio 2016, no território da Lagoa Rodrigo de Freitas, sob o prisma de distintos stakeholders durante a realização dos referidos Jogos. Para realizar esta análise, primeiramente, foi realizado o levantamento de dados secundários através da revisão da literatura especializada, utilizando o método webibliomining e proknow-c. Em seguida, foi realizado o levantamento de dados primários através de observação participativa e entrevistas realizadas em todo o território da Lagoa Rodrigo de Freitas, objeto deste estudo. Estas entrevistas apresentaram duas abordagens: questionários focalizados nos transeuntes e questionários focados nos empreendimentos. Ao todo, 71 respondentes participaram das entrevistas que apresentou uma abordagem qualitativa. Todavia, cabe destacar que para a análise dos dados primários aventados foram usados os métodos de estatística descritiva e análise de conteúdo. Após os resultados obtidos através do tratamento dos dados e confrontação entre os primários e secundários, pode-se verificar que a heterogeneidade dos stakeholders locais da Lagoa Rodrigo de Freitas produziu percepções distintas sobre os Jogos Olímpicos, influenciando diretamente no gerenciamento do próprio megaevento. Sendo assim, realizar o gerenciamento dos stakeholders locais, pode contribuir para a melhor efetividade dos resultados pretendidos dos megaprojetos, gerando benefícios a até, porventura, um legado.

Palavras-chave: Megaprojetos. Mega-eventos. Gestão de Stakeholder. Jogos Olímpicos.

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ABSTRACT

Mega-events can be understood as one of the most important political initiatives of the modern era, as it promotes transformative impacts on the population and the place where they happen, according to Horne & Whannel (2016). Thus, the mega-events, according to Zhai et al. (2009), need higher investment, greater complexity, diversity of stakeholders and suffer broader influences compared to simple projects. In this sense, we sought to promote a synergy between the diversity of stakeholders and the transformative impacts of the mega-event, culminating in the objective of this study: analyze the effects of the mega-mega-event, Olympic Games Rio 2016, in the territory of Rodrigo de Freitas Lagoon, under the prism of different stakeholders during the accomplishment of these Games. In order to perform this analysis, we first carried out the survey of secondary data through a review of the specialized literature, using the method webibliomining and proknow-c. Then, the primary data were collected through participatory observation and interviews conducted throughout the territory of Rodrigo de Freitas Lagoon, the object of this study. These interviews presented two approaches: questionnaires focused on passers-by and questionnaires focused on entrepreneurship. In all, 71 respondents participated in the interviews that presented a qualitative approach. However, it should be noted that for the analysis of the primary data, the methods of descriptive statistics and content analysis were used. After the results obtained through data processing and confrontation between primary and secondary, was verified that the heterogeneity of the local stakeholders of Rodrigo de Freitas Lagoon produced distinct perceptions about the Olympic Games, directly influencing the management of these mega-event. Therefore, managing the local stakeholders can contribute to the effectiveness of the desired results of megaprojects, generating benefits to, perhaps, a legacy.

Keywords: Megaprojects. Mega-events. Stakeholder Management. Olympic Games. Rio

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Estatísticas Oficiais dos Jogos Rio 2016...15

Figura 02 - Mapa de Realização dos Jogos da Rio 2016 ...17

Figura 03 – A Área da Lagoa Rodrigo de Freitas...18

Figura 04 – Cercamento do Espelho D’água na Fonte da Saudade…...19

Figura 05 – Restaurante Fechado no Parque dos Patins…...19

Figura 06 – Cercamento da Academia da Terceira Idade na Parte do Leblon…...19

Figura 07 – Cercamento da Colônia de Pescadores Z-13 no Parque dos Patins...20

Figura 08 – Restaurante Sem Quaisquer Clientes à Noite no Parque dos Patins...20

Figura 09 – Cercamento do Restaurante La Gôndola no Parque dos Patins...22

Figura 10 – Casa Suíça no Corte do Cantagalo…...22

Figura 11 – Estrutura Metodológica do Estudo...26

Figura 12 - Nuvem das Palavras-Chave dos Artigos Pesquisados…...30

Figura 13 – Distribuição das Publicações Encontradas nas Bases por Ano...31

Figura 14 – Sumarização das Etapas da Pesquisa: Vertente Empírica...49

Figura 15 – Procedimentos Metodológicos da Coleta de Dados Primários...53

Figura 16 – Fragmentação da Lagoa Rodrigo de Freitas em Microrregiões...56

Figura 17 – Distribuição de Nível de Escolaridade em Relação ao Gênero...61

Figura 18 – Distribuição dos Entrevistados pela Relação que Apresentam com a Lagoa Rodrigo de Freitas...61

Figura 19 – Conhecimento sobre os Possíveis Impactos Gerados na Lagoa Rodrigo de Freitas com a Realização dos Jogos Olímpicos...63

Figura 20 – Opinião sobre a Organização Eficaz das Olimpíadas na Lagoa Rodrigo de Freitas...66

Figura 21 – Distribuição sobre Sentimento de Felicidade com a Lagoa Rodrigo de Freitas Sendo Palco de Atividades das Olimpíadas 2016...66

Figura 22 – Distribuição sobre Benefícios Gerados ao Entrevistado com a Lagoa Sendo Palco de Atividades das Olimpíadas 2016...67

Figura 23 – Distribuição dos Empreendimentos Quanto a Localização na Lagoa Rodrigo de Freitas...69

Figura 24 – Distribuição dos Empreendimentos Quanto por Categoria...70 Figura 25 – Distribuição dos Empreendimentos Quanto a Formalização e Tempo de Atuação

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na Lagoa Rodrigo de Freitas...71 Figura 26 – Distribuição dos Empreendimentos Quanto ao Número de Funcionários...72 Figura 27 – Percepção dos Entrevistados sobre as Consequências do Megaevento no Cotidiano do Negócio...73 Figura 28 – Distribuição sobre o Aumento no Volume de Vendas do Empreendimento...74 Figura 29 – Certificado do Curso de Noções Básicas de Manipulação de Alimentos do Sr. Ofir...75 Figura 30 – Quadra Esportiva Sendo Utilizada para as Instalações do Remo do Clube de Regatas do Flamengo no Corte do Cantagalo...77 Figura 31 – Distribuição sobre Benefícios Gerados ao Entrevistado com a Lagoa Sendo Palco de Atividades das Olimpíadas 2016...76 Figura 32 – Distribuição das Questões sobre a Relação Entre a Organização do Jogos Olímpicos e a Comunidade Local...79 Figura 33 – Distribuição Sobre a Construção de Relação entre a Organização do Jogos e a Comunidade Local...80 Figura 34 – Distribuição sobre Sentimento de Felicidade com a Lagoa Rodrigo de Freitas Sendo Palco de Atividades das Olimpíadas 2016...81 Figura 35 – Matéria da Revista Época sobre Jogos Olímpicos Rio 2016 antes da Realização...82 Figura 36 – Matéria da Revista Época sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016 após a Realização...82 Figura 37 – Matéria do Site DW sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016 antes da Realização...83 Figura 38 – Matéria do Site DW sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016 após a Realização...83 Figura 39 – Reforma da Colônia de Pescadores Z-13...86 Figura 40 – Espaço do Campo de Beisebol a Ser Revitalizado...86

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Estruturação das Diretrizes Iniciais da Pesquisa...29

Quadro 02 - Estruturação do Protocolo Final da Pesquisa...31

Quadro 03 – Total de Publicações Selecionadas por Periódicos...32

Quadro 04 – Revisão da Literatura na Base Web of Science e Scopus...34

Quadro 05 – Comparação entre Projetos Simples e Complexos...37

Quadro 06 – Sistema de Categorias das Características de Megaprojetos………….….…...38

Quadro 07 – Requisitos Sensíveis ao Gerenciamento de Megaeventos...42

Quadro 08 – Categorias vs. Práticas de Gestão de Stakeholders...55

Quadro 09 – Escolaridade vs. Localidade em que o Entrevistados Residem...62

Quadro 10 – Principais Mudanças Positivas e Negativas no Cotidiano dos Entrevistados....64

Quadro 11 – Principais Consequências Positivas e Negativas Comuns ao Cotidiano dos Empreendimentos e dos Transeuntes...84

Quadro 12 – Práticas de Gestão de Stakeholders Percebidas nas Partes Interessadas da Lagoa Rodrigo de Freitas...88

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BAB - Banco de Artigos Bruto

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior DW - Deutsche Welle

GPI – Grandes Projetos de Investimento Lagoa – Lagoa Rodrigo de Freitas MP – Megaprojetos

MPI – Megaprojetos de Infraestrutura OE – Objetivo Específico

PMERJ - Polícia Militar do Estado do Rio De Janeiro PMI – Project Management Institute

PPP - Parcerias Público-Privadas

ProKnow-C - Knowledge Development Process Constructivist Rio – Rio de Janeiro

SESGE - Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos UFF – Universidade Federal Fluminense

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...13 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...13 1.2. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA...15 1.3. OBJETIVOS...23 1.3.1. GERAL...23 1.3.2. ESPECÍFICOS...23 1.4. QUESTÕES-PROBLEMA...23 1.5. RELEVÂNCIA DO ESTUDO...24 1.6. DELIMITAÇÕES DO ESTUDO...25 1.7. ESTRUTURA METODOLÓGICA...25 1.8. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO...27 2. REFERENCIAL TEÓRICO...28 2.1. PESQUISA BIBLIOMÉTRICA...28 2.2. MEGAPROJETOS...36 2.2.1. MEGAEVENTOS...41 2.3. STAKEHOLDERS...43

2.4. APRECIAÇÃO CRÍTICA DA LITERATURA E CORRELAÇÃO COM OS OBJETIVOS DA PESQUISA………...………...………..47

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA………..…...49

3.1. INCORPORAÇÃO DE DADOS SECUNDÁRIOS………...49

3.2. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA…………..……...………50

3.3. TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS………...………..…...…52

3.3.1. ENTREVISTAS……….…...………..………...…54

3.4. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS………...……58

3.5. LIMITAÇÕES DO MÉTODO………..……….59

4. ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS……….……….………60

4.1. ANÁLISE E DISCUSSÕES DAS PERCEPÇÕES DOS TRANSEUNTES...60

4.1.1. ANÁLISE DO PERFIL DOS TRANSEUNTES...60

4.1.2. ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS TRANSEUNTES SOBRE O MEGAEVENTO...63

4.2. ANÁLISE E DISCUSSÕES DAS PERCEPÇÕES DOS EMPREENDIMMENTOS...68

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4.2.1. ANÁLISE DO PERFIL DOS EMPREENDIMENTOS...68

4.2.2. ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS SOBRE O MEGAEVENTO...73

4.3. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TRANSEUNTES E EMPREENDIMENTOS...84

4.4. CONFRONTAÇÃO DOS RESULTADOS COM A REVISÃO DA LITERATURA...87

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE NOVOS ESTUDOS...91

REFERÊNCIAS...95

APÊNDICE 1: Diário de Bordo...101

APÊNDICE 2: Questionário Transeuntes...102

APÊNDICE 3: Questionário Empreendimentos...104

APÊNDICE 4: Trocas de E-mails do Restaurante Arab...106

APÊNDICE 5: Revista Época - Na Lagoa e no Aterro, os Excluídos da Olimpíada Aparecem...108

APÊNDICE 6: Revista Época - Rio 2016, uma Olimpíada para ficar na memória...110

APÊNDICE 7: Site Alemão DW - Imprensa europeia destaca desânimo com a Rio 2016...111

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os megaeventos, tais como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, são ocasiões únicas que, todavia, podem deixar marcas permanentes na sociedade. Conforme afirma Müller (2015), o megaevento, além de atrair milhares de visitantes e ter alcance mundial, demanda significativos investimentos em infraestrutura, que geram impactos sobre o ambiente construído e a comunidade local.

Os megaeventos estão intimamente ligados aos grandes projetos de infraestrutura que visam à reformulação urbana. Segundo Oliveira (2011), os megaeventos podem ser percebidos como estratégia deliberada de crescimento econômico e social, pois compartilham de alguns elementos em comum: a) atração de investimentos; b) alavancagem do turismo; c) ações urbanas pontuais; e d) o acionamento de parcerias público-privadas (PPP).

Eventos de grande porte, em especial os esportivos, são considerados um dos segmentos de megaprojetos. Segundo Flyvbjerg (2014), os megaprojetos são empreendimentos complexos que custam normalmente na ordem de bilhões de dólares, demandam muitos anos para se desenvolver e executar, envolvem múltiplos stakeholders (partes interessadas) e são transformacionais, na medida em queafetam milhões de pessoas.

Os megaprojetos também podem ser denominados tecnicamente de projetos de capital (ROMERO & ANDERY, 2016), além de possuírem outros termos que podem ser verificados na literatura especializada: grandes projetos; grandes projetos de Desenvolvimento; GPI – grandes projetos de investimento (VAINER & ARAÚJO, 1992), além de MPI – megaprojetos de infraestrutura (ZENG et al., 2015).

Estes projetos, usualmente, estão orientados aos setores de mineração e energia, caracterizados por uma complexa demanda de tecnologia e sólida gestão de processos, conforme Romero e Andery (2016). No entanto, os megaprojetos (MP) podem ser vislumbrados em várias áreas: infraestrutura, fusões e aquisições, defesa territorial, plantas de processamento industrial, tecnologia da informação, viagens espaciais, iniciativas empresariais, sistemas administrativos e grandes eventos. Cada vez mais, os MPs têm sido o modelo preferido de entrega para produtos e serviços por uma gama de organizações e setores (FLYVBJERG, 2014).

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ampliadas de projetos menores, tratam-se de empreendimentos completamente diferentes no que tange à natureza, prazos de entrega, complexidade e participação das partes interessadas. Todavia, as divergências vão além, especialmente, no que se refere à complexidade social, pois envolve o gerenciamento de muitos atores - executores do projeto - e múltiplos stakeholders, tanto de caráter público e privado, gerando conflitos de interesses (AALTONEN & KUJALA, 2010).

Para Freitas (2016), a magnitude e complexidade deste tipo de projeto o deixa mais suscetível a riscos em relação aos demais projetos de menor porte, notadamente, no que se referem aos riscos sociais, englobando especialmente os stakeholders.

De acordo com o PMBoK (PMI, 2013), os stakeholders são pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou serem impactados pela implementação de um projeto ou evento, sendo necessário desenvolver estratégias de gerenciamento apropriadas para o engajamento e a comunicação eficaz dessas partes, tanto nas tomadas de decisões, quanto na execução.

De acordo com Zeng et al. (2015), os grandes projetos podem ser vislumbrados como posicionamento estratégico para o estímulo da economia nacional e para o desenvolvimento social. Neste sentido, os megaeventos, sendo os Jogos Olímpicos uma das principais referências mundiais, devem ser pensados como megaprojetos, pois apresentam propósitos e práticas de gerenciamento que se assemelham. Vale evidenciar também, conforme Zimbalist (2015), que os grandes eventos requerem investimentos através de uma gama de megaprojetos de infraestrutura – transporte, energia, rede hoteleira e comunicação – para serem realizados com eficácia.

Os desafios de se gerenciar um grande evento não são puramente técnicos, implicam também em como estruturar um contexto que abranja e dialogue com as várias partes interessadas que percebem a iniciativa sob distintos prismas socioculturais. O gerenciamento dos stakeholders se faz necessário em projetos globais especialmente quando executados em ambientes institucionalmente exigentes (AALTONEN et al., 2008; AALTONEN, 2010).

Sendo assim, a compreensão clássica de sucesso em projetos e eventos, conforme Jugdev e Muller (2005), que vincula fortemente ao atendimento das expectativas de escopo, tempo e custo, pode ser considerada ineficaz para os dias atuais. Esta perspectiva não considera os aspectos que permeiam os riscos sociais, no que se refere aos múltiplos stakeholders, e os possíveis impactos, enfatizando somente os critérios técnicos.

Segundo Vargas (2016), diante da pressão de um contexto de mudanças e cenários improváveis, é preciso viabilizar processos estruturados e lógicos capazes de lidar com

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eventos que se caracterizam pela novidade, complexidade e dinâmica ambiental. Logo, saber interpretar a atitude e gerenciar os stakeholders representam um elemento central das boas práticas de gerenciamento de projetos (ARAUJO et al., 2015).

Os Jogos Rio 2016, realizados na cidade do Rio de Janeiro e sendo a primeira edição da Olimpíada e Paralimpíada na América do Sul, representaram uma possibilidade de transformação na sociedade, impactando a vida de milhões de indivíduos. A Figura 01 oferece um panorama das principais estatísticas relacionadas aos eventos.

Figura 01- Estatísticas Oficiais dos Jogos Rio 2016

Fonte: Cidade Olímpica (2016)

1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA

Os megaeventos, como os Jogos Olímpicos, têm sido questionados a respeito dos impactos que geram e dos investimentos econômicos que necessitam. Segundo Zimbalist (2015), faz-se necessário avaliar como os megaeventos podem promover algum tipo de

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benefício ou retorno econômico à comunidade local, especialmente, àqueles que possuem menores condições sociais.

De acordo com Flyvbjerg (2016), os Jogos Olímpicos realizados ao longo da década 2004-2014 custaram em média 8,9 bilhões de dólares, não incluindo transporte, aeroporto e infraestrutura hoteleira, que muitas vezes custam mais do que os jogos em si. Logo, a cidade anfitriã, neste caso o município do Rio de Janeiro, precisa passar por uma série de transformações que sejam capazes de viabilizar a realização da Olimpíada.

Algumas medidas, no entanto, impactam de forma negativa nos stakeholders, pois podem provocar: deslocamento espacial de uma comunidade; desvio de recursos sociais para a construção de espaços e estruturas; e a criação de infraestruturas que não tenham uso efetivo após os jogos (ZIMBALIST, 2015). Neste sentido, as práticas de gerenciamento de projetos, no que tange a gestão de stakeholders, devem ser analisadas a fim de estarem alinhadas com a intenção de gerar benefícios para a comunidade local.

Os Jogos Rio 2016 foram realizados em distintas localidades geográficas da cidade anfitriã, Rio de Janeiro, de 05 a 21 de agosto, a Olimpíada (objeto do presente estudo), e de 07 a 21 de setembro, a Paralimpíada.

A Olimpíada, segundo o site oficial Rio 2016 (2016), envolveu 42 modalidades esportivas, 306 provas, 37 arenas e 205 países. Apesar de toda estrutura deste evento se ramificar por toda macrorregião do Rio de Janeiro, alguns bairros se destacam, concentrando as competições: Deodoro, Copacabana, Barra da Tijuca, Maracanã e Lagoa Rodrigo de Freitas,conforme ilustra a Figura 02.

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Figura 02 - Mapa de Realização dos Jogos da Rio 2016

Fonte: Meirelles (2014, p.58).

A magnitude e complexidade deste megaevento engloba uma gama de vários atores que compõe as partes interessadas e que possuem diferentes interesses. Todavia, segundo Clark et al. (2016), um foco excessivo no megaevento possibilita facilmente ignorar o micro, isto é, as comunidades locais que são impactadas pelo evento. Sendo assim, para se aprofundar em uma análise sobre o gerenciamento de stakeholders, faz-se necessário uma melhor compreensão sobre o território no qual ocorreu a Rio 2016, segmentando-o em microrregiões.

Cada microrregião apresenta um elevado número de atores que formam uma comunidade local que foi impactada com a Olimpíada. Fragmentar o megaprojeto em áreas menores pode possibilitar uma análise mais consolidada sobre o objeto de estudo. Logo, a microrregião selecionada para devido fins de estudo foi a Lagoa Rodrigo de Freitas (Figura 03).

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Figura 03 – A Área da Lagoa Rodrigo de Freitas

Fonte: Google Earth (2016)

A Lagoa Rodrigo de Freitas, além de ser considerada um dos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, é um espaço de interligação entre vários bairros da zona sul da cidade (Humaitá, Jardim Botânico, Gávea, Leblon, Ipanema e Copacabana), apresentando uma heterogênea comunidade local com indivíduos de diferentes culturas e posições sociais. Vale também ressaltar que a própria Lagoa foi cenário dos jogos, sendo arena para algumas competições e também abrigando algumas casas temáticas das delegações.

Para receber as competições de remo e canoagem de velocidade, a Lagoa Rodrigo de Freitas, um monumento tombado pelo município e também em nível federal1, sofreu transformações necessárias, no espelho d’água e seu entorno, para viabilizar os jogos. Todavia, essas mudanças desencadearam uma série de consequências que devem ser analisadas. Para evidenciar estes impactos, foram registradas algumas imagens, conforme as Figuras 04, 05, 06, 07 e 08:

1 PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO. Bens Tombados. Disponível em

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Figura 04 – Cercamento do Espelho D’água na Fonte da Saudade

Fonte: Leonardo Campos em 26de julho de 2016.

Figura 05 – Restaurante Fechado no Parque dos Patins

Fonte: Leonardo Campos em 26de julho de 2016.

Figura 06 – Cercamento da Academia da Terceira Idade na Parte do Leblon

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Figura 07 – Cercamento da Colônia de Pescadores Z-13 no Parque dos Patins

Fonte: Leonardo Campos em 26de julho de 2016.

Figura 08 – Restaurante Sem Quaisquer Clientes à Noite no Parque dos Patins

Fonte: Leonardo Campos em 26de julho de 2016.

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Rodrigo de Freitas para a realização dos Jogos Olímpicos modificou a paisagem e o dia a dia dos indivíduos e empreendimentos locais. Cabe destacar, segundo a SESGE - Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, as cercas foram instaladas como medida de segurança a pedido do comitê organizador Rio 2016 a fim de gerar proteção2. Todavia, a compreensão sobre este cercamento desperta outras percepções:

 Empreendimentos (Figuras 05 e 08) – muitos empreendimentos foram impactados de forma negativa com o cercamento, pois não tinha trânsito de pessoas por essas áreas. Sendo assim, muitos ficavam fechados em horário de expediente, devido à falta de clientes;

 Colônia de Pescadores (Figura 07) – a colônia Z-13 ficou impossibilitada de utilizar a Lagoa para a pesca, uma vez que a própria lagoa estava cercada;  Clubes de Remo (Figura 04) – os principais clubes, Flamengo, Botafogo e

Vasco da Gama não podiam utilizar o espelho d’água, logo, os alunos e atletas de remo dos referidos clubes não podiam treinar.

 Transeuntes e praticantes de esporte (Figura 06) – com a trajetória da ciclovia modificada e o cercamento, inclusive da academia da terceira idade, vários indivíduos tiveram o seu dia a dia impactados, diminuindo a circulação de pessoas pela Lagoa Rodrigo de Freitas.

Ainda a título de ilustração, em conversa com o Sr. Carlos, proprietário do restaurante La Gondola, o entrevistado reiterou o impacto negativo que cercamento da Lagoa Rodrigo de Freitas ofereceu no cotidiano do seu estabelecimento, provocando um isolamento geográfico e diminuindo drasticamente a quantidade de clientes. O empresário ainda ressaltou a dificuldade para abastecer o próprio empreendimento. A Figura 09 ilustra a situação do restaurante:

Figura 09 – Cercamento do Restaurante La Gôndola no Parque dos Patins

2 FOLHA DE SÃO PAULO. Trecho da Lagoa é cercado com grades de 2,5 metros para provas da Rio-2016.

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/esporte/olimpiada-no-rio/2016/07/1794794-trecho-da-lagoa-e-cercado-com-grades-de-25-metros-para-provas-da-rio-2016.shtml> Acesso em: 30 jul. 2016.

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Fonte: Leonardo Campos em 04de agosto de 2016.

Os Jogos Olímpicos Rio 2016 provocaram na Lagoa Rodrigo de Freitas um oximoro3: em um mesmo contexto é possível averiguar áreas vazias e impactadas de forma negativa devido ao cercamento; e por outro prisma, áreas que obtiveram grande circulação de pessoas, estimulando a movimentação nos estabelecimentos localizados próximos ao Baixo Suíça, casa de hospitalidade do governo suíço que funcionou duante a Olimpíada e Paralimpíada. Tal efeito está ilustrado na relação das Figuras de 04 a 09 com a Figura 10.

Figura 10 – Casa Suíça no Corte do Cantagalo

Fonte: Leonardo Campos em 17de agosto de 2016.

Sendo assim, é possível compreender que a Lagoa Rodrigo de Freitas foi fragmentada

3 Segundo Loregian (2012), oximoro pode ser caracterizado por ser uma figura de pensamento que harmoniza

dois conceitos opostos, formando assim um terceiro conceito, que dependerá muito da interpretação de quem estiver lendo.

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em zonas dicotômicas, na quais, os indivíduos são impactados de maneiras distintas e podem possuir percepções diferentes em relação ao megaevento. Este efeito, segundo Clark et al. (2012), de priorizar o macro em relação ao micro em grandes projetos e não analisar a heterogeneidade dos territórios e seus stakeholders, pode reduzir a capacidade de gerar benefícios a comunidade local, até mesmo, impactar de maneira deletéria um possível legado.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1. GERAL

O presente estudo tem como objetivo analisar os efeitos provenientes do megaevento, Jogos Olímpicos Rio 2016, no território da Lagoa Rodrigo de Freitas, sob o prisma de distintos stakeholders durante a realização dos referidos Jogos.

1.3.2. ESPECÍFICOS

 Identificar quais foram as práticas de gerenciamento de stakeholders aplicadas nos Jogos Olímpicos Rio 2016, no que se refere o território da Lagoa Rodrigo de Freitas;

 Identificar quais são as percepções sobre o evento entre os variados stakeholders - estabelecimentos formais, informais, comunidade de pescadores, transeuntes e turistas - durante a realização dos Jogos Rio 2016;

 Verificar se existem percepções distintas entre os stakeholders do megaprojeto;

 Identificar as consequências geradas pelos Jogos Rio 2016 na Lagoa Rodrigo de Freitas e avaliar se estas consequências se relacionam com as possíveis práticas de gerenciamento de stakeholders utilizadas;

 Propor aprimoramentos nas práticas de gerenciamento de projetos, no sentido de contribuir para melhor efetividade dos resultados pretendidos;

 Consolidar lições aprendidas visando ao compartilhamento dos ensinamentos de um aludido caso de sucesso em megaeventos.

1.4 QUESTÕES-PROBLEMA

Observando o contexto e considerando os objetivos supracitados, as seguintes questões-problemas são foco de investigação deste trabalho:

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stakeholders durante a realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016 na Lagoa Rodrigo de Freitas?

 Quais foram as práticas de gerenciamento de stakeholders adotadas nos Jogos Olímpicos Rio 2016, com base na percepção da comunidade local da Lagoa Rodrigo de Freitas em relação ao megaevento?

 As práticas de gerenciamento de stakeholders adotadas consideram a heterogeneidade de públicos constituintes dos distintos territórios?

 Na perspectiva dos stakeholders, os Jogos Olímpicos Rio 2016 deixaram um legado para a comunidade local da Lagoa Rodrigo de Freitas?

 Quais as lições aprendidas sobre boas práticas em gerenciamento de stakeholders em megaeventos?

1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Esta pesquisa busca produzir uma literatura especializada sobre um tema relevante e contemporâneo relacionado ao gerenciamento de megaprojetos: a gestão dos stakeholders, evidenciando a importância de se analisar a heterogeneidade das partes interessadas.

Em termos empíricos, explora-se o caso de um dos megaeventos de maior referência no planeta: os Jogos Olímpicos Rio 2016, através do estudo das potencialidades e limitações das práticas de gerenciamento de projetos, compartilhando importantes aprendizagens provenientes da complexidade, magnitude e heterogeneidade da atuação do projeto.

Diante dos questionamentos que os megaeventos têm sofrido, relacionados aos elevados montantesde investimentos necessários, os impactos que produzem na população local e se concebem benefícios aos envolvidos; este estudo vislumbra analisar o método de gerenciamento de projetos no que se refere à gestão de stakeholders. Sendo assim, contribuir para a racionalização dos recursos de maneira mais eficaz - maximizando resultados - e mais eficiente - reduzindo custos - na implantação de megaprojetos.

Além de discutir a importância de se realizar a análise sobre a heterogeneidade de stakeholders e percepção de sucesso vinculada às boas práticas de gestão, esta pesquisa visa a estimular formas mais sustentáveis e colaborativas de trabalho e comunicação em mega eventos. Nesse sentido, este estudo ainda pode ser inspirador para outras organizações do segmento de megaprojetos.

(25)

A pesquisa está delimitada territorialmente à cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente a Lagoa Rodrigo de Freitas, e temporalmente de julho a novembro de 2016. A análise do caso é particularmente de um evento global que aconteceu na cidade carioca: os Jogos Olímpicos Rio 2016, atendo-se ao período da Olimpíada e não considerando as Paralimpíada. O foco desta pesquisa engloba somente a visão da comunidade local da Lagoa Rodrigo de Freitas e outras partes interessadas, não contemplando a perspectiva do comitê gestor do megaevento Rio 2016.

Vale ressaltar que os resultados apresentados não constituem um diagnóstico total sobre o gerenciamento de stakeholders ou a respeito do segmento de megaprojetos e megaeventos, no entanto, tais resultados podem servir como inspiração para estudos futuros, a fim de contribuir para o desenvolvimento do tema em questão.

1.7 ESTRUTURA METODOLÓGICA

A estrutura metodológica, aplicada para execução deste trabalho, consiste em etapas seriadas e distribuídas em duas vertentes: uma empírica e outra teórica que se complementam e se confrontam para responder aos objetivos propostos, conforme ilustra a Figura 11.

(26)

Fonte: Adaptado de Araujo (2011).

A primeira etapa, vertente teórica, baseia-se na revisão de literatura, através da realização de pesquisas em fontes bibliográficas e eletrônicas, com a finalidade de apresentar um embasamento teórico sobre os temas abordados. Nesta etapa, são analisadas os princípios e requisitos de mega eventos e de gerenciamento de stakeholders. O resultado esperado desta etapa é um modelo teórico que seja aplicável a vertente empírica.

A vertente empírica se baseia na identificação, coleta, análise e divulgação dos dados, através do emprego de questionários na Lagoa Rodrigo de Freitas com os empreendimentos formais, informais, comunidade de pescadores, clubes e transeuntes, objetivando identificar e analisar as práticas de gestão de stakeholders utilizadas pela Rio 2016.

A última etapa abrangerá a conclusão que vislumbra responder as questões-problema e a realização de aprimoramento no que tange o gerenciamento de projetos.

1.8 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

(27)

 Capítulo 1 - Apresenta a introdução com as considerações iniciais, a descrição da situação problema da pesquisa, os objetivos (geral e específicos), as questões-problema, a relevância do estudo, delimitações do estudo, estrutura metodológica e, por fim, a estrutura metodológica.

 Capítulo 2 - Oferece a fundamentação teórica do tema abordado neste trabalho com os conceitos, definições e características sobre megaprojetos, megaeventos e gerenciamento de stakeholders. Neste capítulo será possível produzir uma discussão mais sólida sobre os assuntos mencionados. Expõe a revisão da literatura e análise dos textos com base na bibliografia publicada em periódicos de âmbito nacional indexados na base SciELO e em periódicos de contexto internacional nas bases Scopus, ISI Web of Science, com a finalidade produzir uma discussão mais sólida sobre os assuntos mencionados.

 Capítulo 3 – Descreve a metodologia proposta para a vertente empírica, com embasamento na revisão da literatura técnico cientifica. Neste sentido, para uma análise sobre a problemática desta pesquisa, se utiliza uma abordagem quantitativa para a coleta de dados. No entanto, vale destacar que a análise dos dados primários é embasada por uma análise de conteúdo e estatística descritiva.

 Capítulo 4 – Apresenta as etapas da pesquisa de campo e, posteriormente, a análise e discussão de resultados. Este capítulo confronta o levantamento bibliográfico realizado com a pesquisa em campo, identificando similaridades e divergências no que se refere as práticas de gerenciamento de stakeholders.

 Capítulo 5 – Conclusões da pesquisa sobre as questões aventadas e sugestões de estudos futuros.

(28)

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta os principais fundamentos teóricos que embasam o desenvolvimento do presente estudo e que sustentarão o entendimento sobre os resultados obtidos através desta pesquisa.

Neste sentido, o capítulo apresenta quatro seções: levantamento bibliográfico, megaprojetos, mega eventos, gerenciamento de stakeholders. Além de apresentar tais temas, buscar-se-á identificar e estabelecer sinergia entre eles.

2.1 PESQUISA BIBLIOMÉTRICA

O levantamento bibliométrico, conforme Silva & Costa (p. 108, 2015), “compreende o estudo relativo às técnicas e métodos para o desenvolvimento de métricas para documentos e informações, visando associar estatísticas à pesquisa bibliográfica”. Neste sentido, o levantamento bibliométrico torna-se um instrumento relevante para a estruturação sólida do referencial teórico.

Para a pesquisa bibliométrica, realizada no recorte temporal de julho a setembrode 2016, foram selecionadas três bases de dados: Scopus (Elsevier); Scielo (Scientific Electronic Library Online) e ISI Web of Science (Thomson Reuters Scientific). A escolha por essas bases de dados deve-se pela multidisciplinaridade e disponibilidade de conteúdo que possuem, sendo importantes fontes de referenciais técnico-científicos.

O tema stakeholders possui uma ampla aplicabilidade na literatura especializada, perpassando variadas áreas do conhecimento, desde a medicina até a engenharia. Logo, para os devido fins da pesquisa, o assunto stakeholders será abordado através de uma amostragem que se relacione com a macro temática: megaprojetos.

Portanto, a elaboração de um núcleo básico de artigos referentes a uma amostragem será construída através do método webibliomining. Segundo Costa (2010), este método consiste em uma garimpagem de texto na rede web com a finalidade de se organizar um referencial bibliográfico inicial acerca de um determinado tema.

O método webibliomining, conforme Costa (2010), apresenta seis etapas: (1) Definição da amostra da pesquisa; (2) Pesquisa na amostra, com as palavras-chave; (3) Identificação dos periódicos com o maior número de artigos sobre tema; (4) Identificação dos autores com o maior número de publicações; (5) Levantamento da cronologia da

(29)

produção, identificando os períodos de maior número produção; (6) Seleção dos artigos para a composição do núcleo de partida.

Sendo assim, a sistematização das etapas referentes ao webibliomining inicia-se com a definição das palavras associadas às temáticas megaprojetos e stakeholders, inserindo a utilização de operadores booleanos: OR e AND, não sendo incorporado o operador NOT. Cabe ressaltar que esta pesquisa ficará restrita aos artigos provenientes de periódicos peer reviewd que abranjam os idiomas português e inglês.

Logo, o Quadro 01 apresenta a seguinte estruturação com base nos temas da pesquisa:

Quadro 01 - Estruturação das Diretrizes Iniciais da Pesquisa

Tema da pesquisa Operadores booleanos

Palavras associadas à stakeholders

Mega eventos

OR Stakeholders

Mega events Stakeholders

AND

Palavras associadas a megaprojetos

Megaprojetos

OR Mega projetos

Megaprojects Mega projects

Protocolo Inicial 1: ("mega eventos" OR "stakeholders") AND ("megaprojetos" OR "mega projetos") Protocolo Inicial 2: ("mega events" OR "stakeholders") AND ("megaprojects" OR "mega projects")

Fonte: o autor (2016).

Através do protocolo inicial 1, não foram encontrados resultados na Base de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Em seguida, foi aplicado o protocolo inicial 2, que gerou um resultado com 45 artigos, representando o banco de artigos bruto (BAB), conforme Vilela (2012).

Todavia, fez-se necessário verificar a existência de possíveis lacunas entre as palavras-chave e a temática proposta, a fim de analisar a maior quantidade possível de artigos que serviam para o embasamento desta pesquisa. Sendo assim, foi realizado um teste de aderência das palavras-chave que pertence ao método ProKnow-C. Segundo Vilela (2012), este teste consiste em selecionar dois artigos do BAB, cujos títulos estejam em adequação com o tema da pesquisa. Em seguida, analisou-se se as palavras-chave utilizadas pelos autores dos dois artigos possuíam aderência com as palavras-chave usadas para a construção do Banco de Artigos Bruto, com a intenção de verificar se havia um alinhamento entre as palavras ou se era necessário readequá-las.

Seguindo com o teste de aderência das palavras-chave, para este foram selecionados os dois artigos que possuíam maior aproximação com cada uma das temáticas da pesquisa: megaprojetos, mega eventos e stakeholders, totalizando seis artigos.

(30)

Vale ressaltar que o método ProKnow-C (Knowledge Development Process – Constructivist), oriundo da Universidade Federal de Santa Catarina, apresenta similaridade com o webibliomining. Conforme Ensslin et al. (2010), este método trata-se da sistematização do processo de busca e seleção de artigos sobre um determinado tema, aplicando o uso de técnicas de análise bibliométrica a fim de construir um portfólio bibliográfico que atenda aos objetivos da pesquisa.

Neste sentido, após averiguar os arquivos selecionados, de acordo com Silva & Costa (2015), os resumos destes artigos foram destacados e processados no Wordle (www.wordle.net), gerando a seguinte nuvem de palavras:

Figura 12 - Nuvem das Palavras-Chave dos Artigos Pesquisados

Fonte: Wordle (2016).

Diante do teste de aderência das palavras-chave e do quadro 01, foi possível verificar a existência de lacunas no protocolo inicial 1 e 2, como por exemplo, não considerar a pluralidade de grafia e de sinônimos da palavra “megaprojetos”. Por conseguinte, faz-se necessário readequar as diretrizes iniciais da pesquisa com base em Peng et al. (2012) e Freitas (2016), além de integrar a utilização de frases completas através de (“ ”) e de truncaturas (*) que permitem pesquisar várias palavras com o mesmo radical ou raiz, conforme ilustra o Quadro 02.

(31)

Quadro 02 - Estruturação do Protocolo Final da Pesquisa Tema da

Pesquisa Palavras-chave Operadores booleanos

Megaprojetos Palavras associadas a megaprojetos

("mega construction proj*" OR "mega proj*" OR "mega-proj*" OR "mega"mega-proj*" OR "major "mega-proj*" OR "big "mega-proj*"

OR "large scale proj*")

AND

Stakeholders

Palavras associadas à megaeventos

("mega-event*" OR "megaevent*" OR "mega event*" OR "major sport* event*")

OR

Palavras associadas à stakeholders ("stakehold*")

Protocolo

Final:

("mega construction proj*" OR "mega proj*" OR "mega-proj*" OR "mega"mega-proj*" OR "major "mega-proj*" OR "big "mega-proj*"

OR "large scale proj*") AND ("mega-event*" OR "megaevent*" OR "mega event*" OR "major sport*

event*" OR "stakehold*") Fonte: o autor (2016).

O protocolo final foi aplicado às bases de dados, obtendo o seguinte resultado parcial: 89 artigos na ISI Web of Science (Thomson Reuters Scientific); 123 artigos na Scopus (Elsevier); e nenhum artigo na Scielo (Scientific Electronic Library Online), totalizando 212 documentos a serem analisados.

Na Figura 13, apresenta-se o total de artigos encontrados em cada base e segmentados pela ocorrência de publicações em cada ano. Cabe ressaltar que um artigo pode ser disponibilizado, simultaneamente, nas duas bases analisadas.

Figura 13 – Distribuição das Publicações Encontradas nas Bases por Ano

(32)

É possível verificar através do gráfico do Quadro 06, a evolução da produção científica relativa ao tema. Vale destacar, que nesta análise, os artigos sobre o referido assunto iniciaram-se no ano de 1996, embora os anos de 1998 e 2000 não apresentem produção de conteúdo. Todavia, a partir do ano de 2008, os artigos com aderência ao tema começaram a possuir um crescimento considerável, tendo como ápice o ano de 2015.

Conforme os métodos webibliomining e Proknow-C, foram selecionados somente artigos de periódicos em inglês ou português, não considerando outros tipos de documentos, como comunicações em eventos, dissertações ou teses. Do novo banco de artigos brutos, representados por um universo de 212 artigos, foram destacados: 20 artigos da ISI Web of Science (Thomson Reuters Scientific) e 13 artigos da Scopus (Elsevier). Para esta seleção, foram atendidos os seguintes critérios, segundo Martens et al. (2013) e Freitas (2016):  Artigos completos – disponibilidades através do Periódicos CAPES e nos idiomas inglês

e português;

 Tema – aderência ou permeando as macro temáticas: megaprojetos e stakeholders;  Palavras-Chave – presença ou similaridade com “megaprojetos” e “mega eventos” e/ou

“stakeholders”;

 Abordagem do Artigo - discussão conceitual ligado ao tema, estudos de caso e práticas adotadas em megaprojetos;

A averiguação dos artigos selecionados ocorreu com base nos títulos e resumos, analisando também os artigos com maior relevância para a pesquisa, autores com maiores números de publicação e periódicos com destaque ou aderência ao tema. Entre os periódicos, vale realçar, os que obtiveram destaque: International Journal of Project Management com 7 artigos e o Project Management Journal com 3 artigos.

Quadro 03 – Total de Publicações Selecionadas por Periódicos

Periódico Qtd WebQualis Área de Avaliação CAPES ISSN International Journal Of Project

Management 7

A1 Administração, Ciências

Contábeis e Turismo 0263-7863

A2 Engenharias III

Project Management Journal 3 B1 Engenharias III 8756-9728

Cities 2 A1 Planejamento Urbano e Regional

/ Demografia 0264-2751

Journal Of Management In

Engineering 2 - - 0742-597X

Journal Of Engineering And

Technology Management - JET-M 1

A1 Administração, Ciências

Contábeis e Turismo 0923-4748

(33)

Journal Of Environmental

Management 1 A1 Engenharias I 0301-4797

Habitat International 1 A1

Planejamento Urbano e Regional

/ Demografia 0197-3975

A2 Engenharias I

International Journal Of Urban And

Regional Research 1 A2 Interdisciplinar 1468-2427

Energy Policy 1 A2 Administração, Ciências Contábeis e Turismo 0301-4215 A2 Engenharias III A2 Interdisciplinar B1 Engenharias I

Journal Of Civil Engineering And

Management 1 B1 Engenharias I 1392-3730

Journal Of Construction Engineering

And Management 1 B1 Engenharias I 0733-9364

Project Management Journal B1 Engenharias III 8756-9729

Project Management Journal B1 Engenharias III 8756-9730

Public Administration And

Development 1 B1

Administração, Ciências

Contábeis e Turismo 0271-2075 International Journal Of Managing

Projects In Business 1

B2 Administração, Ciências

Contábeis e Turismo 1753-8378

B4 Engenharias III

Change Management 1 - - 2327-798X

Construction Economics And

Building 1 - - 2204-9029

Construction Innovation 1 - - 1471-4175

Corporate Social Responsibility And

Environmental Management 1 - - 1535-3958

Eurasian Geography And Economics 1 - - 1538-7216

European Planning Studies 1 - - 0965-4313

Geoforum 1 - - 0016-7185

International Journal Of Energy

Economics And Policy 1 - - 2146-4553

Journal Of Infrastructure Systems 1 - - 1076-0342

Political Studies Review 1 - - 1478-9302

Fonte: O autor (2016).

O Quadro 03 também exibe a classificação Qualis/CAPES (sucupira.capes.gov.br) que o periódico apresenta. Esta classificação, que passa por processo de atualização anualmente, ocorre de acordo com a área de avaliação na qual o periódico pode ser enquadrado. Vale destacar que o mesmo periódico, ao ser classificado em duas ou mais áreas distintas, pode receber diferentes avaliações, representando mais de um estrato indicativo de qualidade4: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5, C. Neste sentido, foram selecionadas as áreas dos veículos que possuíam mais aderência com o tema desta pesquisa, vislumbrando

4 COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Classificação da

produção intelectual. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/avaliacao/instrumentos-de-apoio/classificacao-da-producao-intelectual>. Acesso em: 12 set. 2016.

(34)

a submissão de artigos inspirados na pesquisa. Para averiguar a classificação desses periódicos junto a CAPES foi utilizado o ISSN de cada veículo, a fim de elaborar o Quadro 03.

Após analisar os periódicos, foi construído o Quadro 04, englobando os 33 artigos selecionados e seguindo a referida classificação: autor, título, ano, número de citações e base. Destaca-se que os artigos estão distribuídos em ordem cronológica decrescente.

Quadro 04 – Revisão da Literatura na Base Web of Science e Scopus

Autor Título Ano Periódico

Citações Base van Fenema, Paul

C.; Rietjens, Sebastiaan; van Baalen, Peter

Stability & reconstruction operations as mega projects: Drivers of temporary network effectiveness 2016 International Journal of Project Management 0 Web Of Science Clark, Julie; Kearns,

Ade; Cleland, Claire

Spatial scale, time and process in mega-events: The complexity of host community perspectives on neighbourhood change

2016 Cities 0 Web Of Science Grabher, Gernot; Thiel, Joachim

Projects, people, professions: Trajectories of learning through a mega-event (the London 2012 case) 2015 Geoforum 1 Web Of Science Molloy, Eamonn; Chetty, Trish

The Rocky Road to Legacy: Lessons from the 2010 FIFA World Cup South Africa Stadium Program 2015 Project Management Journal 1 Web Of Science Mazur, Alicia K.; Pisarski, Anne

Major project managers' internal and external stakeholder relationships: The development and validation of measurement scales 2015 International Journal of Project Management 0 Web Of Science Mok, Ka Yan; Shen,

Geoffrey Qiping; Yang, Jing

Stakeholder management studies in mega construction projects: A review and future directions 2015 International Journal of Project Management 10 Web Of Science Fahri, Johan; Biesenthal, Christopher; Pollack, Julien; et al.

Understanding Megaproject Success beyond

the Project Close-Out Stage 2015

Construction Economics And Building 0 Web Of Science Williams, Nigel L.; Ferdinand, Nicole; Pasian, Beverly

Online Stakeholder Interactions in the Early

Stage of a Megaproject 2015 Project Management Journal 0 Web Of Science Hu, Yi; Chan,

Albert P. C.; Le, Yun

Understanding the Determinants of Program Organization for

Construction Megaproject Success: Case Study of the Shanghai Expo Construction

2015 Journal of Management In Engineering 0 Web Of Science Mazur, Alicia; Pisarski, Anne; Chang, Artemis; et al.

Rating defence major project success: The role of personal attributes

and stakeholder relationships

2014 International Journal of Project Management 6 Web Of Science Gezici, Ferhan; Er,

Serra

What has been left after hosting the Formula

1 Grand Prix in Istanbul? 2014 Cities 0

Web Of Science Van de Graaf, Thijs;

Sovacool, Benjamin K.

Thinking big: Politics, progress, and security in the management of Asian and European energy megaprojects 2014 Energy Policy 9 Web Of Science Davies, Andrew; Mackenzie, Ian

Project complexity and systems integration: Constructing the London 2012 Olympics and Paralympics Games 2014 International Journal of Project Management 12 Web Of Science

(35)

Chang, Artemis; Chih, Ying-Yi; Chew, Eng; et al.

Reconceptualising mega project success in Australian Defence: Recognising the importance of value co-creation

2013 International Journal of Project Management 11 Web Of Science Priemus, Hugo Mega-projects: Dealing with Pitfalls 2010 European Planning

Studies 12

Web Of Science Kim, Seon-Gyoo Risk Performance Indexes dnd Measurement

Systems for Mega Construction Projects 2010

Journal of Civil Engineering And Management 11 Web Of Science Toor, Shamas-ur-Rehman; Ogunlana, Stephen O.

Beyond the 'iron

triangle': Stakeholder perception of key performance indicators (KPIs) for large-scale public sector development projects

2010 International Journal of Project Management 73 Web Of Science Zhai, Li; Xin,

Yanfei; Cheng, Chaosheng

Understanding the Value of Project Management From a Stakeholder's Perspective: Case Study of Mega-Project Management 2009 Project Management Journal 14 Web Of Science

Ray, Subhasis A Case Study of Shell at Sakhalin: Having a

Whale of a Time? 2008 Corporate Social Responsibility And Environmental Management 10 Web Of Science

Warner, M Consensus' participation: an example for

protected areas planning 1997

Public Administration And Development 13 Web Of Science Shokri, S., Ahn, S., Lee, S., Haas, C.T., Haas, R.C.G.

Current status of interface management in construction: Drivers and effects of systematic interface management

2016 Journal of Construction Engineering And Management 1 Scopus Sierra, R.G., Sarmiento, A.Z.

Hydropower megaprojects in Colombia and the influence of local communities: A view from prospect theory to decision making process based on expert judgment used in large organizations 2016 International Journal of Energy Economics And Policy 1 Scopus Martin, Nigel; Evans, Megan; Rice, John; et al.

Using offsets to mitigate environmental impacts of major projects:

A stakeholder analysis 2016 Journal of Environmental Management 0 Scopus

Hu, Y., Chan, A.P.C., Le, Y., Jin, R.-Z.

From Construction Megaproject Management to Complex Project Management:

Bibliographic Analysis 2015 Journal of Management In Engineering 4 Scopus Bon, B.

A new megaproject model and a new funding model. Travelling concepts and local adaptations around the Delhi metro

2015 Habitat

International 1 Scopus

Randeree, K.

Reputation and mega-project management: Lessons from host cities of the olympic games

2014 Change

Management 0 Scopus

Müller, M. After Sochi 2014: Costs and impacts of

Russias Olympic Games 2014

Eurasian Geography and Economics

8 Scopus

Jennings, W. Governing the games: High politics, risk and

mega-events 2013

Political Studies

Review 3 Scopus

Doucet, B.

Variations of the entrepreneurial city: Goals, roles and visions in rotterdam's kop van zuid and the glasgow harbour megaprojects

2013 International Journal of Urban And Regional Research 6 Scopus Al Nahyan, M.T., Sohal, A.S., Fildes, B.N., Hawas, Y.E.

Transportation infrastructure development in the UAE: Stakeholder perspectives on management practice

2012 Construction

(36)

Lambert, J.H., Karvetski, C.W., Spencer, D.K., (...), Ditmer, R.D., Linkov, I.

Prioritizing Infrastructure Investments in Afghanistan with Multiagency Stakeholders and Deep Uncertainty of Emergent Conditions 2012 Journal of Infrastructure Systems 19 Scopus

Pokharel, S. Stakeholders’ roles in virtual project

environment: A case study 2011

Journal of Engineering and Technology Management - JET-M 6 Scopus Teo, M.M.M., Loosemor e, M.

Community-based protest against

construction projects: The social determinants of protest movement continuity

2010 International Journal of Managing Projects In Business 6 Scopus Fonte: O autor (2016).

Logo, através do levantamento bibliográfico realizado, será estruturado um embasamento teórico capaz de suportar as temáticas desta pesquisa e promover sinergia entre elas: megaprojetos, mega eventos e stakeholders em projetos.

2.2 MEGAPROJETOS

A demanda por megaprojetos, nos mais diversos segmentos, conforme Kardes et al. (2013), têm viabilizado uma gama de transformações no mundo: crescimento populacional, urbanização, desenvolvimento tecnológico, enriquecimento e infraestrutura capaz de viabilizar os confortos da vida moderna. Segundo He et al. (2015), embora seja uma temática atual, os estudos sobre projetos complexos ainda são muito restritos.

De acordo com Kardes et al. (2013), o tema megaprojetos necessita de estudos específicos, pois este assunto é resultado da expansão das redes globais de negócios, envolvendo o aumento no número de colaboradores nesta área e a complexidade de gestão deste tipo de empreendimento. Conforme Peng et al. (2012), este tema, ainda, apresenta complexidade e singularidade únicas, possibilitando a existência de múltiplas compreensões. Para Flyvbjerg (2014), os projetos de grande escala, também denominados mega projetos de infraestrutura, possuem aplicação nos mais diversos setores: infraestrutura, água e energia, tecnologia da informação, plantas industriais, cadeias de suprimento, sistemas administrativos governamentais, reestruturação urbana, exploração espacial e grandes eventos.

Conforme evidenciados pela literatura especializada de Flyvbjerg et al. (2016); Grabher e Thiel (2015); He et al. (2015); Molloy e Chetty (2015); Lopez del Puerto et al. (2014); Kardes et al. (2013), os megaprojetos estão ramificados por todos os continentes:

(37)

Expo Shanghai 2010; Rodovia Durango-Mazatlán; Aeroporto Internacional de Pequim; Hidrelétrica Three Gorges Dam na China; Galileo, navegação via satélite na Europa; Copa do Mundo da FIFA 2010 na África do Sul; os Jogos Olímpicos de Londres em 2012, Copa do Mundo FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016 realizados no Brasil.

Os megaprojetos, segundo Flyvbjerg (2014), têm sido o modelo preferido por empresas para a entrega de produtos referentes a bens e serviços. Dulcet (2013), vai além, afirma que os megaprojetos representam espaços urbanos nos quais estratégias empreendedoras foram implementadas, referindo-se a transformação que eles produzem ao local e à comunidade.

Conforme Zhai et al. (2009), megaprojetos apresentam maior investimento, maior complexidade, diversidade de stakeholders e sofrem influências mais amplas em comparação a projetos simples.

Quadro 05 – Comparação entre Projetos Simples e Complexos

Dimensões de

Complexidade Projeto Independente

Projeto de Complexidade

Moderada

Projeto de Alta

Complexidade Megaprojetos

Tamanho 3-4 membros na equipe 5-10 membros na

equipe

>10 membros na equipe

Múltiplas equipes diversificadas

Tempo <3 meses 3-6 meses 6-12 meses Vários anos

Custo <$250 K $250k–$1 M >$1 M Milhões a Bilhões

Cronograma/

Orçamento Flexível Pequenas Variações Inflexível Agressivo

Contratos Direto Direto Complexo Alta Complexidade

Compreensão do Problema e Oportunidade de Solução

Definido e claro. Fácil compreensão

Definido e não tão claro. Parcialmente compreensível Definido, mas ambíguo. Não clarificada Indefinida e incertezas. Indefinida e sem precedentes. Requerimentos

de Riscos Compreensível, direto

Compreensível, instável

Baixa compreensão,

volátil Incertezas, envolvimento Implicações

Políticas Nenhuma Pequena

Grande, impacta no propósito do projeto Ampla, impactando no propósito de múltiplas organizações, regiões e países

Comunicação Direta Desafiadora Complexa Árdua e altamente

complexa Gestão de Stakeholders Direta 2-3 grupos de stakeholders Múltiplos grupos de stakeholders com conflitos de interesse Múltiplos stakeholders heterogêneos: organizações, regiões, países, órgão regulatórios Mudanças Organizacionais Unidade única de negócios. Empresa familiar. Sistema único de TI 2-3 unidades de negócios. Processos. Sistemas de TI

Várias empresas com processos. Sistemas

múltiplos de Ti

Múltiplas Organizações, estados, países. Novo transformador de riscos Desafios

Comerciais

Sem desafios. Baixa prática comercial Moderada prática comercial Inovação comercial e nova cultura de práticas

Novo comércio e cultura de práticas

(38)

Restrições

Externas Sem influência externa

Influência de alguns fatores Metas principais dependem de fatores externos Sucesso do projeto depende em grande parte

dos fatores externos: organizações externas,

Estados, países, reguladores

Integração Sem problemas de

integração

Pequeno esforço para integração Cuidado significativo para integração Grande esforço de integração, porém, desconhecido Tecnonologia Aprovada e compreendida Comprovada, mas nova para organização

Imatura, complexa e fornecida por colaboradores externos Altamente complexa, inovadora e sem antecedentes na engenharia Complexidade de Tecnologia da Informação Desenvolvimento aplicado, integrada e entendida facilmente Desenvolvimento aplicado, integrada e utilizada amplamente Desenvolvimento aplicado, integrada e difícil compreensão Múltiplos sistemas complexos a se desenvolver e a serem integrados

Fonte: Adaptado de Kardes et al. (2013) e Hass (2009).

Hu et al. (2015), Mazur et al. (2015), Chang et al, (2013), Zhai et al. (2009) ratificam as divergências entre os megaprojetos e projetos simples: (a) orçamento superior a 500 milhões de dólares; (b) grande grau de complexidade, incerteza, ambiguidade e interfaces dinâmicas; (c) envolvimento de tecnologia e períodos longos de execução; (d) elevada atração de interesse público e político; e/ou (e) definidos mais por efeitos do que por soluções.

Peng et al. (2012) detalha as características dos megaprojetos que podem ser sistematizadas em dois grandes blocos, propriedades internas e externas, apresentando 21 indicadores.

Quadro 06 – Sistema de Categorias das Características de Megaprojetos

Categoria Característica

Principal N° Indicadores específicos Descrição

Propriedades Internas

Objetivo 1 Número de objetivos Multi propósitos ou propósito único 2 Nível dos objetivos Propósitos estratégicos ou táticos Ciclo de vida 3 Restrição de cronograma Duração do projeto

Custo e Requisito de Desempenho

4 Fundos número de investimento e tempo de retorno

do capital 5 Orçamento, recursos

restritos Restrição dos orçamentos e dos recursos 6 Custo de gerenciamento Custo de gerenciamento da informação e

da comunicação

7 Recursos Humanos Investimento em recursos humanos

8 Ativos Fixos Investimento em ativos fixos

9 Relacionamento prioritário restrito

Relacionamento prioritário restrito as atividades específicas do projeto 10 Escala e nível de

performance Grande ou pequeno, alto ou baixo 11 Grau de mutação de

desempenho

Desempenho do projeto conduzido ao propósito original ou não

12 Riscos Projeto tem risco alto ou baixo

(39)

Departamentos envolvidos e

habilidades profissionais

14 Stakeholders Número ou a relação com fornecedores e

outras partes interessadas

15 Interação dos participantes Comunicação entre os setores da gestão do

projeto e as partes interessadas

16 Escala do Projeto Escala do Projeto

17 Complexidade técnica Multidisciplinaridade, qualidade do

investimento em tecnologia, etc

18 Complexidade A estrutura do projeto ou a complexidade

das etapas de execução

Propriedades Externas

Interação entre megaprojetos e o ambienta externo

19 Abertura do Projeto Impacto da economia e do ambiente social

no projeto

20 Impacto no ambiente externo

Impacto dos megaprojetos na economia e no ambiente social

21 Implicações Políticas Impacto da política nos megaprojetos

Fonte: Adaptado de Peng et al. (2012).

Segundo He et al. (2015), os megaprojetos de infraestrutura ou construção apresentam uma complexidade necessária que se manifesta através de seis áreas: (1) tecnologia (2) organização; (3) objetivo; (4) ambiente; (5) cultura; e (6) informação. Verifica-se que estas áreas estão em alinhamento com as características propostas por Peng et al. (2012).

A alta tecnologia complexa (1), em empreendimentos de grande porte, está atrelada aos processos e operações no gerenciamento destes projetos, de forma a facilitar a utilização e desenvolvimento de conservação de energia, novos materiais, tecnologia limpa e promover maior interação entre os atores do projeto, conforme He et al. (2015); e Chang et al. (2013).

A complexidade organizacional (2) compreende a equipe direta que executará o projeto, a estrutura organizacional com suas burocracias e os demais departamentos. O contexto organizacional é um fator relevante para a fluidez ou estagnação das operações do projeto de acordo Van Fenema et al. (2016) e He et al. (2015).

A complexidade relativa ao objetivo (3) do projeto, segundo He et al. (2015) e Mazur et al. (2014) é normalmente causada pela grande quantidade de atividades, recursos limitados, vários requisitos e o envolvimento de vários participantes, o que pode dificultar o alinhamento e execução de variadas metas, oriundas dos objetivos do projeto.

A complexidade ambiental (4) refere-se às forças externas que podem impactar os megaprojetos: natural, política, mercado e órgãos regulatórios, de acordo com He et al. (2015). Todavia, o ambiente também engloba a variedade e diversidade de stakeholders que participam ou são impactados com o projeto. (MAZUR et al., 2015).

A complexidade cultural (5) está associada à pluralidade cultural dos indivíduos da equipe e da diversidade de perspectivas da mentalidade humana, que se manifesta como confiança na equipe, flexibilidade cognitiva, inteligência emocional e pensamento sistêmico.

Referências

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