• Nenhum resultado encontrado

MULHER E MERCADO DE TRABALHO: É POSSÍVEL UMA EQUIDADE DE GÊNERO?

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "MULHER E MERCADO DE TRABALHO: É POSSÍVEL UMA EQUIDADE DE GÊNERO?"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

MULHER E MERCADO DE TRABALHO:

É POSSÍVEL UMA EQUIDADE

DE GÊNERO*

MARUSA BOCAFOLI DA SILVA*

O

presente artigo se propõe a analisar à luz da teoria de gênero, o vínculo exis-tente entre trabalho remunerado e trabalho não remunerado e sua relação com o posicionamento da mulher no mercado de trabalho, haja vista que a ênfase na articulação entre esses dois polos introduziu uma nova perspectiva de análise que per-mitiu reconhecer que as obrigações domésticas (incluindo a maternidade/maternagem) limitam as oportunidades profissionais das mulheres. Além disso, também se faz objeto de interesse desse trabalho refletir sobre as possibilidades de se alcançar uma igualdade de gênero dentro do espaço privado. Será possível transformar o contrato social entre os sexos? As novas imagens divulgadas pela mídia segundo a qual estaríamos diante de uma nova identidade masculina, que valoriza o espaço doméstico, se confirma? Quais são os sinais de avanço?

Resumo: o presente artigo se propõe a analisar à luz da teoria de gênero, o vínculo existente

entre trabalho remunerado e trabalho não remunerado e sua relação com o posicionamento da mulher no mercado de trabalho. Entendendo por trabalho não remunerado a reprodução e o serviço doméstico. É também objeto de análise desse artigo refletir sobre os condicionantes culturais que se tornam obstáculos para que as mulheres acessem, construam e consolidem suas carreiras, questionando se é possível o direito mudar a cultura.

Palavras-chave: Gênero. Trabalho Remunerado. Trabalho Não Remunerado. Divisão Sexual

do Trabalho. Mercado de Trabalho.

* Recebido em: 07.05.2018. Aprovado em: 26.10.2018.

** Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Estadual do Norte Fluminense. Professora de Sociologia na Universidade Candido Mendes - Campos dos Goytacazes/RJ. Professora de História na Rede Municipal de São João da Barra/RJ. Pesquisadora integrante do Atelier de Estudos de Gênero. E-mail: marusasilva@gmail.

DOI 110.18224/frag.v28i3.6410

(2)

As recentes pesquisas sobre a divisão sexual do trabalho revelam que os homens es-tão mais participativos no que diz respeito às tarefas domésticas, mas mesmo assim, o tempo despendido pelas mulheres nesse tipo de trabalho é, em média, o dobro do tempo dedicado pelos homens. De acordo com a pesquisa do IBGE divulgada no fim de 20171, no Brasil as

mulheres gastavam em torno de 20,9 horas semanais com o trabalho doméstico, enquanto que para os homens o tempo gasto era de 11,1 horas semanais. Segundo estudo publicado pela ONU2 em todas as sociedades as mulheres e meninas são as maiores responsáveis pelo

trabalho doméstico e o trabalho de cuidados. O maior tempo dedicado a essas tarefas leva a mulher a uma menor atuação na sociedade, ou seja, no espaço público. O gráfico abaixo, retirado do relatório da Organização das Nações Unidas, ilustra as disparidades de gênero no que tange à divisão das tarefas domésticas (Figura 1).

Figura 1: Minutos diários dedicados às tarefas domésticas e ao cuidado não remunerado em países Fonte: UN Women (2015), Progress of the Word’s Women (2015-2016).

Fica, claro, com esses números, que esse tipo de trabalho ainda é percebido como obrigação feminina. Esse fato nos leva a pensar da mesma forma que Sorj (2004, p. 6), ou seja, que estamos distantes de uma reconfiguração do contrato social entre os sexos.3

O que está no centro das reflexões nesse trabalho é o fato de que as tarefas do es-paço privado ainda são vistas como obrigação das mulheres. Dessa forma, as que saíram do lar para adentrar ao mercado de trabalho continuam, em grande número, como as únicas responsáveis pelo cuidado com a casa e com a família. E essa sobrecarga de responsabili-dades acaba afetando sua produtividade no espaço público. Londa Shiembinger (2001) demonstrou em seu estudo como as mulheres americanas, casadas, professoras universitá-rias e pesquisadoras produzem menos que seus colegas também casados, uma vez que são elas as responsáveis pelas tarefas domésticas e de cuidados com as crianças, os doentes e as pessoas idosas da família. O que é mais interessante e que foi constatado pela autora, é que os professores e pesquisadores solteiros produziam menos livros e artigos científicos do que os casados, uma vez que eram eles os responsáveis também pelos afazeres domésticos em seus lares.

(3)

Temos aí um impasse. As mulheres estão sobrecarregadas com as tarefas do lar e fora dele, isso prejudica a sua produtividade impedindo que elas alcancem os mesmos resul-tados que os homens e, por isso, são preteridas. Ficam disponíveis para elas os piores e mal remunerados empregos reforçando assim a ideia de que a maior responsabilidade da mulher é com a família.

Embora seja fundamental que para que as atividades consideradas produtivas pos-sam ser realizadas, o trabalho doméstico sempre foi invisibilizado por ser considerado algo que não produz valor de mercado. Na atualidade, porém, essa contabilidade foi realizada pelo estudo de Melo, Considera e Sabato. Esses economistas consideram que:

Tendo em vista o número de horas ocupadas pelas mulheres em afazeres domésticos, que em média é o dobro das ocupadas pelos homens, e o número de mulheres nessa função, que é em média 2,2 vezes o número de homens, o valor gerado pelos afazeres domésticos por parte das mulheres é, em média, de 82% e os 18% restantes o valor criado pelos homens. Esses 82% de afazeres domésticos realizados pelas mulheres no ano de 2006 teriam representado R$ 213 bilhões (MELO; CONSI-DERA; SABATO, 2007, p. 451).

Compreende-se a partir dos dados citados acima que o trabalho doméstico tem va-lor e, que é de suma importância para que a vida produtiva possa se desenvolver. No entanto para alguns, particularmente as mulheres, esse trabalho pode se tornar um fator impeditivo para a realização de sua vida profissional.

Dessa forma, para embasarmos nossas reflexões sobre esse cenário, lançaremos mão de trabalhos clássicos e também de produções recentes que delimitaram como objeto de análise a relação entre o trabalho produtivo e a reprodução na vida das mulheres. Dentre eles destacamos autores como: Pierre Bourdieu, Helena Hirata, Bila Sorj, Elisabeth Souza Lobo, Hélène Le Doaré, Daniele Combes, Monique Haicault, Michele Perrot, entre outros.

DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO: A TEORIA REVISITADA

Para levarmos a cabo a reflexão sobre o entrelaçamento do trabalho produtivo e da re-produção na vida profissional das mulheres, precisamos situar no tempo o debate sobre divisão sexual do trabalho e suas contribuições para os estudos de gênero. No Brasil no fim da década de 70 e início da década de 80 vislumbrou-se um debate político e cultural intenso sobre o tema do trabalho feminino. Entretanto, a produção sociológica sobre trabalho feminino não se mul-tiplicou aqui, assim como aconteceu em outros países segundo análise de Becalli (1989, p. 187) que afirma “a variável sexo não tem um estatuto central na Sociologia do Trabalho”.

De acordo com Hirata e Kergoat (2003, p. 110) foi em 1970 que a divisão sexual do trabalho surgiu como teoria no Campo das Ciências Sociais. Nesse momento havia um embate entre o que foi denominado “repartição do trabalho” - que se justifica na comple-mentaridade e conciliação dos papéis sociais entre os sexos - e o antagonismo entre eles. Em 1990, segundo as autoras, essa abordagem foi chamada a se reorganizar e o campo francês foi inundado pelo pensamento de complementaridade. Ainda de acordo com as autoras a regra do jogo era banir os conflitos e se especializar em um ou outro tema da condição feminina, “...ficando estabelecido, além disso, que a dominação masculina é evidente” (2003, p. 110). Os trabalhos produzidos nessa época eram apaixonantes, mas carregavam consigo um tom de fatalismo, que de acordo com Hirata e Kergoat impregnavam as produções francesas.

(4)

No Brasil a Sociologia do Trabalho se debruçou sobre os trabalhadores das fábricas e não incorporou às suas análises o trabalho feminino, mesmo sendo nítida a presença das mulheres nas fábricas têxteis na Primeira República (SOUZA-LOBO, 1990). De acordo com Souza Lobo, a subordinação da mulher se construiu historicamente:

Sociólogos e historiadores trabalharam com um conceito de classe construído através de uma re-presentação masculina do operário e, embora tenha sido afirmado incansavelmente que ‘a classe operária tem dois sexos’, na verdade era preciso reconhecer que a classe era masculina, ou seja, que o conceito remetia a uma posição estrutural (SOUZA-LOBO, 1990, p. 254).

A utilização do conceito de classe, como universal, logo se mostrou ineficaz, já que o que se presenciava era uma generalização das práticas masculinas que não traziam respostas satisfatórias à condição vivenciada pelas operárias. Ainda nesse contexto, mais precisamente nos anos 60 e em parte dos anos 70, a ideia de que as sociedades com “participação limitada”, ou seja, marcadas por baixas taxas de crescimento econômico e distorções na distribuição de renda, se articulavam com a tradição economicista, presente no discurso das Ciências Sociais, que colocava as mulheres numa posição subalterna na sociedade e pensava a subordinação econômica das mulheres como uma decorrência de sua subordinação social.

A análise do trabalho feminino levou em conta a diminuição na indústria têxtil dessa mão de obra nos anos 50,60 e 70 e articulou com esse dado a hipótese de Marx sobre a força de trabalho das mulheres se constituir como parte do exército industrial de reserva (SOUZA-LOBO, 1990). De acordo com Souza Lobo essas pesquisas contribuíram para dar visibilidade a esse tipo de trabalho. As hipóteses dessas pesquisas, de que a mão de obra feminina formava o exército industrial de reserva só foram contestadas nos anos 80 com o desenvolvimento da problemática da divisão sexual do trabalho.

Nos anos 70 a preocupação que ganha espaço nas Ciências Sociais é sobre o sig-nificado do trabalho feminino para a organização familiar. Ao associar família e trabalho as mulheres foram subsumidas como atores sociais, privilegiando assim a organização familiar. Impedindo assim a problematização das formas históricas e culturais da divisão sexual do trabalho.

Os estudos sobre mercado de trabalho passam a incluir a variável feminina, mas só aqueles que têm como foco o trabalho feminino, irão questionar mais profundamente a rela-ção sexo-mercado. Por outro lado, a partir de 1980 com as pesquisas sobre o processo fabril o trabalho da mulher vai encontrar mais espaço. De acordo com Souza Lobo (1990, p. 265) foram as pesquisadoras que já estudavam trabalho feminino que problematizaram a divisão sexual do trabalho na fábrica.

Da fábrica para todas as instâncias do mercado, a análise sobre a divisão sexual do trabalho é que nos dá condições para compreender as dificuldades enfrentadas pelas mulheres para estabelecerem e alavancarem suas carreiras. É essa fecunda abordagem teórica que nos faz enxergar a quem serve essa divisão e porque é extremamente forte a resistência para se alcançar uma igualdade.

No entender de Hirata e Kergoat (2003, p. 114), a divisão sexual do trabalho atri-buiu ao homem o trabalho produtivo, fora de casa, trabalho que produz bens para o mercado dispensando-o do trabalho doméstico. As mulheres foram responsabilizadas pelos afazeres domésticos. Entretanto, é cada vez maior o número de mulheres que produzem bens para o mercado, porém isso não as isenta das responsabilidades domésticas. Elas precisam ainda

(5)

en-frentar outro obstáculo: a gestão nas empresas invariavelmente trabalha com as representações de gênero. De acordo com Souza Lobo (1990, p. 262):

O gênero remete, pois, ao discurso sobre o masculino e o feminino, naquilo que parecia ser exclu-sivamente uma relação técnico-organizativa neutra, isto é, não hierarquizada em função do sexo dos atores. No entanto, a relação de trabalho, como relação social, traz embutida uma relação de poder entre os sexos. Por isso mesmo, a definição de qualificações, de carreiras, de promoções é não só diferente para homens e mulheres mas remete, em cada situação concreta, às relações de força. Os empregos menos prestigiados são quase sempre reservados às mulheres e reme-tem invariavelmente ao âmbito doméstico (SORJ, 2004, p. 108). O que ocorre no Brasil, de acordo com Souza Lobo é que a Sociologia e, em particular a Sociologia do Trabalho, utiliza conceitos estruturais onde as representações simbólicas e as linguagens são neutras. A autora afirma ainda, que se conseguirmos conceituar as linguagens do trabalho, o gênero pode ter lugar nas análises realizadas por essa Sociologia (SOUZA LOBO, 1990, p. 263).

Essa síntese sobre a trajetória das análises sobre divisão sexual do trabalho na Socio-logia deixa evidente toda a resistência encontrada por esse campo teórico para se estabelecer. Acreditamos, que só trazendo para o centro da discussão a divisão sexual do trabalho é que podemos compreender o papel da mulher no mercado de trabalho e mais, só assim poderemos pensar sobre de que forma a produção e a reprodução interferem na vida profissional das mulhe-res, inclusive no que diz respeito aos cargos ocupados, a produtividade e a dedicação à carreira. TRABALHO DOMÉSTICO COMO IMPEDITIVO DAS CARREIRAS FEMININAS

O espaço doméstico e tudo o que diz respeito a ele foi há muito constituído como espaço feminino. Todo o discurso propagado por intelectuais e cientistas durante os séculos XVIII e XIX tinham como objetivo domesticar as mulheres. O espaço público estava rela-cionado aos homens e as mulheres deviam se ater ao seu papel de esposa e mãe. Durante a Revolução Francesa foram inúmeros os debates acirrados em torno da cidadania feminina. A pergunta frequente era se as mulheres deveriam ou não ser consideradas cidadãs. Nesse ín-terim alguns se colocaram a favor e outros viam isso com horror, já que as mulheres deveriam se responsabilizar apenas em formar os homens cidadãos (SILVA, 2013, p. 110). Olympe de Gouges enfrentou a ira masculina e se posicionou a favor das mulheres, foi guilhotinada e sua reivindicação silenciada. O que prevaleceu foram os discursos que impediam as mulheres de entrar na cena pública. Rousseau (2004), filósofo iluminista afirmava que lugar o da mulher havia sido determinado pela natureza e a ela caberia o espaço privado do lar e todas as ativi-dades que o envolvessem.

As instituições sociais como a Igreja e o Estado também contribuíram para encerrar as mulheres dentro de casa, quando passaram a interferir na educação voltada para a civili-dade com base na preservação de valores religiosos, tal como a família. Soma-se a isso toda a política higienista da medicina que reforçava a importância da maternagem para salvaguardar a saúde física e o caráter dos futuros cidadãos, colocando toda a responsabilidade pelo cuida-do e criação das crianças nas mãos das mães. De acorcuida-do com Donzelot:

Ao majorar a autoridade civil da mãe o médico lhe fornece um status social. É essa promoção da mulher como mãe, como educadora auxiliar médica, que servirá como ponto de apoio para as prin-cipais correntes feministas do século XIX (DONZELOT, 1986, p. 124).

(6)

Simultânea e suplementarmente ao desenvolvimento do sentimento da infância, atribuiu-se à mulher um determinado lugar no ciclo da vida. Ela passou a ser responsável pelos cuidados com as crianças, ou seja, seu papel de mãe estava relacionado à esfera reprodu-tiva (GÉLLIS, 1981). A produção passa a dominar a reprodução e essa submissão apoia-se na subordinação das mulheres em relação aos homens. Ao serem “designadas” exclusivamente à reprodução elas são excluídas do campo sócio-político.

Em seu livro Mulheres Públicas, Michelle Perrot (1998, p. 204) também chamou a atenção para o fato de que a expressão “mulher pública” no século XIX designava uma mulher que exercia a atividade de prostituta enquanto “homem público” designava o homem que se dedicava à atividade política.

As análises realizadas por essa mesma autora sobre os discursos dos operários fran-ceses no século XIX, deixa claro o esforço dessa classe (aqui entendida no masculino) para conscientizar mulheres de que elas não deveriam trabalhar nas fábricas e que seu lugar era dentro da casa cuidando da família. Lançava-se mão de inúmeros argumentos para tal con-vencimento. Desde a relação da mulher operária com a mulher cortesã, afinal ao sair de casa a mulher ficava mal vista, passando pela pretensa preocupação com a saúde, pois ela era sub-metida ao ambiente inóspito da fábrica (PERROT, 1998, p. 205). No Brasil, no decorrer do século XIX, uma mulher que se aventurasse a trabalhar fora de casa, não raro, tinha sua atividade equiparada à prostituição. Ficaram famosas as costureiras e balconistas das lojas de artigos de luxo da rua do Ouvidor no Rio de Janeiro a quem se atribuía a pecha de prostitutas porque lidavam com público cotidianamente em sua área profissional.

Explicações biologizantes também eram utilizadas para corroborar a imagem frágil da mulher, dessa forma, a rotina pesada do trabalho fabril seria responsável pelo enfraqueci-mento do seu corpo, impedindo que ela gerasse cidadãos fortes e saudáveis para a França. To-dos esses esforços serviram a um único propósito o de retirar as mulheres do espaço público. Encerrando-as no lar e as responsabilizando por todo o trabalho de reprodução, os homens assumiram as rédeas dos campos político e econômico. Esse longo tempo de domesticação feminina custou às mulheres sua independência. Relacionadas ao lar e à vida familiar a parte que lhes coube no mercado de trabalho foi a de profissões mais precárias. Aliás, de acordo com Perrot (2005, p. 255) há uma crença social de que carreira não é algo para mulher, em suas palavras:

Fazer carreira é, de qualquer maneira, uma noção pouco feminina; para uma mulher, a ambição, si-nal incongruente de virilidade, parece deslocada. Ela implica, em todo caso, em uma certa renúncia, sobretudo do casamento.

Pesquisa recente do IBGE4 sobre a situação da mulher no mercado de trabalho

bra-sileiro e que foi divulgada no último dia 08 de março mostrou que entre 2012 a 2016 as mu-lheres perderam 30 mil cargos de gerência no Brasil. E que em 2016 a diferença entre homens e mulheres no que tange aos salários chegou a 25%. Esses números apresentam-se ainda mais significativos quando são analisados os grupos de mulheres, incluindo aí categorias como cor. Apesar de mais escolarizadas e qualificadas essas mulheres se deparam com um “teto de vidro”, que é uma barreira sutil e invisível que combina vários elementos que dificultam a consolidação da carreira feminina. O gráfico abaixo ilustra de maneira significativa a situação das brasileiras no mercado de trabalho corroborando a noção de Perrot sobre a compreensão de carreiras femininas (Figura 2).

(7)

Figura 2: Elas são minoria em cargos de chefia

O peso da tradição e da cultura se faz presente nos dias atuais. É sabido que as mu-lheres ainda são as maiores responsáveis pelas tarefas domésticas e de cuidados. Assim como é evidente e inúmeras são as pesquisas, que demonstram que as mulheres estão estudando mais. São as mais qualificadas e estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho, ocupando áreas que tradicionalmente eram um lócus masculino. Entretanto, elas ainda recebem os menores salários. Como explicar essa incongruência senão pelo poder que está em jogo nas relações entre os gêneros? Se as mulheres saíram de casa para adentrar ao espaço público dividindo-o com o homem o movimento inverso, do homem para o privado não foi feito. E por que não? Por que tanta resistência em dividir de maneira igual as tarefas que são imprescindíveis para a manuten-ção de toda a família? De acordo com Bourdieu (2011, p.17), os homens não desejam dividir as tarefas domésticas porque elas são consideradas tarefas de mulher. Associadas ao feminino são vistas como inferiores ou mesquinhas, nas palavras do autor. Ao contrário, a masculinidade é vista como nobreza. Os trabalhos destinados aos homens são mais valorizados. Aceitar uma divisão sexual do trabalho mais equânime no âmbito doméstico seria assim se rebaixar.

Em pesquisa realizada nas empresas do Japão, Hirata (2003) confirma a teoria de Bourdieu sobre a pretensa nobreza masculina. De acordo com a autora, nessa sociedade é pos-sível perceber, em seus vários símbolos e rituais, o estabelecimento do papel social de homens e mulheres. Na linguagem o signo mulher está relacionado ao doméstico, casa e esposa. Nos

(8)

rituais de passagem, as meninas são expostas às bonecas imóveis e os meninos à calculadoras e papéis tremulantes, relacionando assim a submissão feminina que se contrasta com a virilida-de masculina5. Ainda sobre a mesma pesquisa citada acima, a autora nos mostra as

disparida-des nas condições de trabalho entre os homens e mulheres japoneses. Numa sociedade onde a honra do homem está no fato ser empregado é de se esperar que o trabalho tenha muito valor. Para os homens o emprego é vitalício. Já as mulheres não têm acesso à promoção por tempo de serviço por seu trabalho é intermitente. É comum trabalharem até o casamento. Depois disso, a dedicação direcionada para à família. Esse mecanismo deixa o homem livre para se dedicar à carreira. Pesquisa realiza em 2012 pela OCDE6 mostrou que os homens japoneses

são os que menos se dedicam às tarefas doméstica, despendendo apenas 24 minutos por dia, isso quando estão em casa, pois são comuns viagens e períodos em outros países. Nas festas de confraternização as empresas costumam prestar homenagens às esposas e à sua compreensão e dedicação, que tornam possíveis a produtividade e o sucesso do marido e da empresa.

É dessa forma, que a crença de que o privado é um espaço de responsabilidade da mulher, que se criam inúmeras dificuldades para elas se estabelecerem no mercado de trabalho e para serem tratadas por esse mercado de maneira igual ao homem. A ideia de que suas carreiras são descontínuas, já que seu principal foco é o lar, corrobora a oferta de empregos precários e de menores salários. Em outros casos, suas qualificações são percebidas como “qualidades inatas” criando assim as profissões “boas para mulher” como nos mostra Perrot (2005). O que também reforça a desvalorização dessas profissionais. Como nos diz Bourdieu (2011, p. 76): “faça elas o que fizerem, as digitadoras serão datilógrafas e, portanto, sem qualificação alguma. Façam eles o que fizerem, os revisores serão profissionais do livro e, portanto, muito qualificados”.

Entretanto, apesar de todas as dificuldades, as mulheres não se acomodaram à sua “predestinação para o doméstico”. Elas estão ocupando cada vez mais espaço no mercado e atuando em profissões não comuns anteriormente. Recentemente o jornal O Globo publicou matéria com o seguinte título: “Diferencial feminino”7. Nessa edição os repórteres chamavam

atenção para o significativo percentual de mulheres trabalhando em ocupações tradicional-mente masculinas, como por exemplo, marcenaria, construção civil e cervejarias. A presença dessas mulheres nessas profissões mostra que a capacidade para realizar essa ou outra tarefa não se justifica pelo fato de se pertencer a um determinado gênero. Mas, o movimento que presenciamos e que está presente na matéria jornalística é o de justificar o sucesso femini-no nessas profissões pelas características de gênero. Assim o exemplo de Cláudia Celestifemini-no, operária da construção civil e que opera a grua8 está relacionado ao fato do trabalho exigir

atenção, paciência e cuidado. Características “próprias de mulher”.

Utilizar características de gênero para justificar uma carreira feminina bem sucedida em um campo que outrora era masculino, é uma tentativa de desqualificar o trabalho dessas mulheres. Para operar a grua, para se tornar mestre cervejeira e marceneira elas se prepararam, estudaram e se qualificaram, assim como os homens que atuam nessa área. O gênero do in-divíduo não delimita sua capacidade de criação e produção. Da mesma forma o gênero não deveria ser justificativa para estipular tarefas e remuneração.

O DIREITO PODE MUDAR A CULTURA?

Como foi dito anteriormente, a dedicação das mulheres às tarefas domésticas é responsável por sua condição desigual no mercado de trabalho. Primeiro porque muitas delas

(9)

acabam, até mesmo por conta da condição de classe, se inserindo no mercado de trabalho para realizar tarefas próximas as ditas “características naturais femininas”, como por exemplo, o trabalho doméstico remunerado ou o trabalho de cuidados. Depois, pelo fato da sobrecarga de obrigações se tornar impeditivo para a dedicação à carreira e ao aumento da produtividade. Por outro lado, é possível perceber avanços no que diz respeito à busca por maior equilíbrio entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Fraisse (2013, p. 260) mostrou que no século XX, especialmente no pós-guerra, o trabalho doméstico remunerado, foi pau-latinamente se afastando da imagem do serviçal ou lacaio. Houve o início da construção de uma imagem positiva e valorizada desse tipo de serviço. Isso se deu de duas maneiras: em relação à empregada doméstica era preciso aproximar quantidade e qualidade, se distanciando da imagem de um trabalho que era na verdade uma servidão. E em relação ao trabalho em si, o empregador foi, progressivamente, obrigado a reconhecer outras normas além da aparência social, como por exemplo contabilizar as horas. Entretanto, nos diz a autora, que os anos 2000 presenciaram uma reviravolta extraordinária nessa situação. Quando parecia que o ser-viço doméstico iria desaparecer, por conta da sua normatização em termos salariais e de horas de trabalho, no caso da Europa, ele se tornou um ofício promissor para mulheres que sofrem com o movimento de precarização do trabalho.

Nesse mesmo movimento Fagan et al. (2003) demonstraram que o surgimento de políticas na Holanda, na Alemanha e no Reino Unido destinadas a promover emprego de tempo parcial são um meio de, incentivar modelos de flexibilidade do trabalho. Essas práticas combateriam o desemprego e, por outro lado, levariam a transformação do comportamento masculino no mercado de trabalho. Isso permitiria que os homens levassem em conta as res-ponsabilidades domésticas, assim como já acontece com as mulheres. Com isso poder-se-ia oferecer às mulheres melhores chances de estar em pé de igualdade com os homens na esfera produtiva. Alguns autores observam que, o que está em discussão é a qualidade desse tipo de trabalho. Pergunta-se se o fato de ser uma forma marginalizada de emprego não reforçaria as divisões entre homens/mulheres, ou se ao contrário, seria uma alternativa de qualidade ao emprego de tempo integral, que dessa forma, poderia ajudar a reduzir as desigualdades.

É importante salientar que o trabalho em tempo parcial passa a ter força em um contexto de recessão e de desemprego. Acaba também sendo alternativa para as mulheres que se responsabilizam pelas tarefas domésticas e de cuidados. A questão, conforme mostram os autores, é que a maior parte dos cargos onde é implementado o tempo parcial está nas áreas de assistência e serviços, onde se tem uma maioria feminina. Nos cargos mais qualificados e valorizados não é comum o estabelecimento do contrato de trabalho em tempo parcial. E são esses os cargos preenchidos em sua maioria por homens.

Assim, a política do emprego em tempo parcial, que poderia servir à redução das desigualdades e à transformação do contrato social entre os sexos, não se mostrou eficaz. De acordo com os autores, 81% dos trabalhadores em tempo parcial na Europa são mulheres, alocadas nos setores de assistência e de serviço. Esse cenário deixa claro o aprofundamento das desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho. São estabelecidos setores sexuados onde o contrato de trabalho de tempo parcial se realiza, em boa parte, sem proteção social, mantendo as mulheres como responsáveis pelas tarefas domésticas e aumentando a desigualdade econômica entre os sexos.

Os autores acreditam que, apesar dessas políticas ainda não terem estabelecido a igualdade entre os trabalhadores em tempo parcial e integral, leia-se entre homens e

(10)

mulhe-res, na maioria dos estados membros da União Europeia, é possível que gradativamente isso aconteça. Isso seria devido, segundo os estudiosos, à conjunção de convenções coletivas e de leis a favor dos trabalhadores em tempo parcial, estabelecidas pelas diretrizes sobre a igual-dade. Apesar de ser tarefa complexa, é possível que o direito possa modificar a cultura. Para tanto, o sentido compartilhado deve ser questionado, ou seja, os paradigmas culturais que estabelecem a desigualdade de gênero devem ser problematizados e questionados a fim de que seja possível a transformação.

CONCLUSÃO

O século XIX se mostrou significativo por seus esforços de domesticar a mulher. Um século marcado pela biopolítica (FOUCAULT, 1978). Assim discursos inflamados foram proferidos para recolocar a mulher naquele que era considerado por natureza o seu lugar, o lar. Para alcançar esses objetivos, explicações diversas foram tecidas, desde a relação “natural” da mulher com o doméstico até a preocupação em preservar seu corpo são para que pudesse cumprir sua missão de dar ao mundo cidadãos fortes e saudáveis.

É bem verdade que as mulheres sempre trabalharam, sobretudo as mulheres po-bres, mas não eram bem vistas pela sociedade. Entretanto quando elas começaram a adentrar as fábricas europeias se misturando aos operários a preocupação aumentou. Essas mulheres eram responsabilizadas pelo desemprego dos homens e pela supressão de seus salários. Todos esses fatos se tornaram argumentos férteis para que algumas mentes “iluminadas” da Europa argumentassem que o lugar das mulheres era a casa.

Teve lugar então, um grande embate. Os operários resistiram à ideia de ter suas companheiras dividindo a fábrica com eles. Afinal como ficariam a casa e os filhos? Delimi-tando-se papéis sociais rígidos a homens e mulheres criaram-se obstáculos para a autonomia feminina. Ao se dividir o trabalho por sexo, foram dadas ao homem as tarefas do espaço público, as mais valorizadas. E às mulheres, coube a solidão e a monotonia do lar. Esse fato até hoje é impeditivo para que as mulheres se dediquem às suas carreiras. Primeiro, porque os homens, em geral, não aceitam dividir igualmente as tarefas relacionadas aos cuidados da casa e da família. Segundo, porque a relação da mulher com o lar corrobora a oferta de empregos precários e salários mais baixos para elas.

Dessa forma, a divisão sexual do trabalho se torna um cavalo de batalha, já que a permanência da desigualdade serve ao masculino, dando a ele maior destaque na cena pública. A igualdade daria chances maiores e mais justas para as mulheres se desenvolverem profissionalmente. O trabalho doméstico é assim consequência da divisão sexual e social do trabalho. Na sociedade essa diferenciação é utilizada para hierarquizar as atividades. Assim se transforma no lócus do poder dos homens sobre as mulheres. No entanto, Kergoat (1996, p. 21) alerta que não devemos nos prender apenas à perspectiva da dominação dos homens so-bre as mulheres para compreender a complexidade das práticas sociais, como sugere as ques-tões defendidas pelas teorias sociológicas baseadas no patriarcado que priorizam as diferenças baseadas nos aspectos biológicos.

Ao encerrar a mulher no doméstico criou-se uma ordem social em que o masculino representa a superioridade e a perfeição em detrimento do feminino que aparece como infe-rior e coadjuvante. No entanto, o que nos instiga é compreender o porquê essa ordem esta-belecida, com toda a carga de dominação e injustiça, ainda é vista como aceitável e natural.

(11)

Para Bourdieu essa dominação masculina, é mantida pela chamada violência simbólica que se configura em uma violência suave exercida por meios puramente simbólicos, não sendo perceptível às suas vítimas.

A dominação masculina encontra, assim, reunida todas as condições de seu pleno exercício. A pri-mazia universalmente concedida aos homens se afirma na objetividade de estruturas sociais e de atividades produtivas e reprodutivas, baseada em uma divisão sexual do trabalho de produção e de reprodução biológica e social, que confere aos homens a melhor parte...(BOURDIEU, 2011, p. 43). Por ser esse um tipo de dominação naturalizada é que se faz necessário uma expres-siva aspiração das mulheres por uma divisão igualitária do trabalho doméstico. Na atualidade, é possível perceber algumas mudanças nas políticas e nas leis que privilegiam a transformação do contrato social dos sexos. Essa transformação esbarra, entretanto, na cultura que norma-tiza a desigualdade entre homens e mulheres. Estudiosos do tema são otimistas a respeito da possibilidade de as leis mudarem essa cultura, pois esse é o ponto de partida para impulsionar verdadeiras transformações nas relações familiares e nas oportunidades no mercado de trabalho. WOMEN AND LABOR MARKET: IS GENDER EQUALITY POSSIBLE?

Abstract: the purpose of this article is to analyze, in light of gender theory, the link between paid and unpaid work and its relationship with the positioning of women in the labor market, having understood unpaid work as human reproduction and household chores. This work also aims at considering cultural conditions as becoming obstacles for women to have access, to shape and to strengthen their careers, questioning if the right to change that culture is possible.

Keywords: Gender. Paid Work. Unpaid Work. Sexual Division Of Work. Labor Market. Notas

1 PNAD Contínua. Disponível em: <htpp.://www.ibge.gov.br>.

2 ONU MULHERES. Mais igualdade para as mulheres brasileiras: caminhos de transformação econômica e social. Brasília, 2016.

3 Termo usado para ilustrar a relação entre os sexos baseada na ideia de que homens são responsáveis por prover as necessidades da família enquanto as mulheres têm, por obrigação, o cuidado com o lar e com os membros da família.

4 PNAD Contínua, 2018. Disponível em:<www.ibge.gov.br>.

5 A festa das meninas acontece no dia 3 de março e a dos meninos no dia 5 de maio.

6 OCDE - Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico. Pesquisa levou em conta 26 países. Disponível em: <www.portal.inep.gov.br>.

7 Matéria publicada em 16/11/2014.

8 É um equipamento utilizado para a elevação e a movimentação de cargas e materiais pesados além da capacidade humana.

Referências

BECALLI, Bianca. Il Lavoro femminile in Italia: linee di tendenza dell’ analisi sociologica. Sociologia del Lavoro, n 35/36, p. 187-99, 1989.

BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. 10.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. DONZELOT, Jacques. A Polícia das Famílias. 2.ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1986.

(12)

FAGAN, Colette. O´REILLY, Jacqueline. RUBERY, Jill. O tempo parcial na Holanda, na Alemanha e no Reino Unido: um novo contrato social entre os sexos? In: MARUANI, Margaret; HIRATA, Helena. As Novas Fronteiras da Desigualdade: homens e mulheres no mercado de trabalho. São Paulo: SENAC, 2003.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1978.

FRAISSE, Genevive. Domesticidade, empregos de serviço e democracia. In: MARUANI, Margaret; HIRATA, Helena (Orgs.). As Fronteiras da Desigualdade: homens e mulheres no mercado de trabalho. São Paulo: SENAC, 2003.

GÉLIS, Jacques. A individualização da criança. In: ARIÈS, Philippe; DUBBY, Georg (Orgs.). História da Vida Privada: da renascença ao século das luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. V.3, p. 311-329.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièlle. A divisão sexual do trabalho revisitada. In.: MA-RUANI, Margaret; HIRATA, Helena (Orgs). As Novas Fronteiras da Desigualdade: homens e mulheres no mercado de trabalho. São Paulo: SENAC, 2003.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièlle. Vida reprodutiva e produção: família e empresa no Japão, 2003.

KERGOAT, Danièlle. Relações sociais de sexo e divisão sexual do trabalho. In: LOPES, Marta; MEYER, Dagmar; WALDOW, Vera (Orgs.). Gênero e Saúde, Artes Médicas, Porto Alegre, p. 19-27, 1996.

MELO, Hildete Pereira de; CONSIDERA, Claudio Monteiro; DI SABBATO, Alberto. Os afazeres domésticos contam. Revista Economia e Sociedade, Campinas, v. 16, n. 3(31), Dez. 2007.

ONU MULHERES. Mais igualdade para as mulheres brasileiras: caminhos de transformação econômica e social. Brasília, 2016. Disponível em: <http: www.onumulheres.gov.br>. PERROT, Michele. As mulheres ou os silêncios da história. São Paulo: Edusc, 2005. PERROT, Michele. Mulheres públicas. São Paulo: Edunesp, 1998.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. São Paulo: M. Fontes, 2004.

SILVA, Marinete dos Santos. Costureira, Artista, Prostituta ou Cidadã? As Francesas no Espaço Público Carioca no Século XIX e suas Vozes Dissonantes. In: FARIA, Lia; LÔBO, Yolanda (Orgs.). Vozes femininas do império e da república: caminhos e identidades. Rio de Janeiro: Quartet, 2013.

SCHIEBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? Bauru-SP: Edusc, 2001.

SILBAUGH, Katharine. Convirtiendo el trabajo em amor: el trabajo doméstico y el dere-cho. In: FINEMAN, Martha et al. Justicia, género y trabajo. Buenos Aires: Libraria, 2012. SORJ, Bila. Trabalho remunerado e trabalho não-remunerado. In: VENTURI, Gustavo; RECAMÁN, Marisol; OLIVEIRA, Suely (Orgs.). A mulher brasileira nos espaços público e privado. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.

SOUZA-LOBO, Elizabeth. O trabalho como linguagem: o gênero do trabalho. ANPOCS, Porto Alegre, 1990.

Imagem

Figura 1: Minutos diários dedicados às tarefas domésticas e ao cuidado não remunerado em países Fonte: UN Women (2015), Progress of the Word’s Women (2015-2016).
Figura 2: Elas são minoria em cargos de chefia

Referências

Documentos relacionados

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

Még jó ideig érezte, hogy Kinnard látogatása sen hatott rá, aztán egyszer csak azon kapta magát, hogy már Edward viselkedésén töpreng. Ezért volt olyan meglepő, hogy

As inscrições serão feitas na Comissão Permanente de Vestibular da UFMG (COPEVE), situada no Prédio da Reitoria da UFMG, à Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 – Campus da

Adaptação do clássico de Jorge Amado, “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, com direção e roteiro de Pedro Vasconcelos, chega aos cinemas do Nordeste no dia 2 de novembro e no Rio e

Devido à natureza das operações que o processador realiza, é necessário que este atue no barramento OPB, tanto como mestre, nas operações nas quais ele requisita leitura ou escri-

Lopes et al., (2013), utiliza imagens de sensoriamento remoto do TM LANDSAT 5 na análise da qualidade da água com relação do clorofila-a espacializado nas margens

O estágio de Medicina Interna ficou ligeiramente aquém das minhas expectativas, na medida em que ao ter sido realizado num hospital privado, o grau de autonomia que me

We approached this by (i) identifying gene expression profiles and enrichment terms, and by searching for transcription factors in the derived regulatory pathways; and (ii)