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Avaliação do desenvolvimento do ciclo de vida do parasito Perulernaea gamitanae em condições de cultivo in vitro e in vivo/ Evaluation of the development of the life cycle of the parasite Perulernaea gamitanae under in vitro and in vivo culture condition

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 2,p.8907-8921 feb. 2020. ISSN 2525-8761

Avaliação do desenvolvimento do ciclo de vida do parasito Perulernaea

gamitanae em condições de cultivo in vitro e in vivo

Evaluation of the development of the life cycle of the parasite Perulernaea

gamitanae under in vitro and in vivo culture conditions

DOI:10.34117/bjdv6n2-267

Recebimento dos originais: 30/12/2019 Aceitação para publicação: 26/02/2020

Bruna Rafaela Caetano Nunes Pazdiora

Doutora em Zootecnia - Universidade Estadual de Maringá Instituição: Universidade Federal de Rondônia - UNIR Endereço: Rua da Paz, 4376 - Lino Alves Teixeira, Pres. Médici – RO

E-mail: bruna.nunes@unir.br

Ricardo Henrique Bastos de Souza

Mestre em Ciência Animal pela Universidade Estadual de Santa Cruz Instituição: Universidade Federal de Rondônia - UNIR Endereço: Rua da Paz, 4376 - Lino Alves Teixeira, Pres. Médici – RO

E-mail: ricardobastos@unir.br

Simone Paiva Medeiros

Mestranda Aquicultura e Desenvolvimento Sustentável – Universidade Federal do Paraná Instituição: Universidade Federal do Paraná – UFPR

Endereço: Pioneiro, 2153 - Dallas, Palotina – PR E-mail: simonemedeiros799@gmail.com

Wanessa Inácio de Oliveira

Graduanda Engenharia de Pesca – Universidade Federal de Rondônia Instituição: Universidade Federal de Rondônia - UNIR Endereço: Rua da Paz, 4376 - Lino Alves Teixeira, Pres. Médici – RO

E-mail: wanessainacio02@gmail.com

Érica Eloy da Silva

Graduanda Engenharia de Pesca – Universidade Federal de Rondônia Instituição: Universidade Federal de Rondônia - UNIR Endereço: Rua da Paz, 4376 - Lino Alves Teixeira, Pres. Médici – RO

E-mail: eecuevaseloy@gmail.com

Nycolas Gabriel Martins de Holanda

Graduando em Zootecnia - Universidade Federal de Rondônia Instituição: Universidade Federal de Rondônia - UNIR Endereço: Rua da Paz, 4376 - Lino Alves Teixeira, Pres. Médici – RO

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 2,p.8907-8921 feb. 2020. ISSN 2525-8761

Vagner da Silva Veiga de La Fuentes

Graduando em Zootecnia - Universidade Federal de Rondônia Instituição: Universidade Federal de Rondônia - UNIR Endereço: Rua da Paz, 4376 - Lino Alves Teixeira, Pres. Médici – RO

E-mail: vagner_silva11@hotmail.com

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi desenvolver um protocolo infecção experimental de Colossoma macropomum Cuvier, 1818 com o ectoparasita Perulernaea gamitanea na Amazônia ocidental. O experimento foi realizado na Universidade Federal de Rondônia, no Laboratório de Aquicultura (LAPA) do campus Presidente Médici. Foram utilizados peixes da espécie C. macropomum, acondicionados em aquários, em sistema de aeração constante, com renovação de água diária, onde os animais receberam como alimento ração comercial duas vezes ao dia. O processo experimental consistiu em, comparar o desenvolvimento do parasito em cultivo fora do hospedeiro (in vitro) e em cultivo no hospedeiro (in vivo) em um aquário. O experimento deu-se início no dia 28 de fevereiro de 2019 e finalizou dia 10 de março do mesmo ano. A eclosão dos nauplios de P. gamitanea ocorreu após o rompimento do saco ovigero, onde foi possível observar seu desenvolvimento até nauplios VI, o que pode ter ocasionado a mortalidade é a variação da temperatura que variou entre 26°C e 29°C, onde tem como temperatura ideal 28°C constante. No processo in vivo foi possível observar apenas uma fase de nauplio. Foi registrada a presença de um grande número de vermes Aelossoma sp. e rotíferos. Portanto, foram utilizados dois tratamentos com dez repetições cada, distribuídos em um delineamento experimental inteiramente casualizado. Sendo submetidos a uma Análise de Variância (ANOVA), considerando-se o nível de confiança de 95%.

Palavras chave: Tambaqui, infecção experimental, sanidade, Amazônia ocidental.

ABSTRACT

The objective of this research was to develop an experimental infection protocol for Colossoma macropomum Cuvier, 1818 with the ectoparasite Perulernaea gamitanea in western Amazonia. The experiment was carried out at the Federal University of Rondônia, at the Aquaculture Laboratory (LAPA) of the Presidente Médici campus. Fish of the species C. macropomum were used, conditioned in aquaria, in a constant aeration system, with daily water renewal, where the animals received commercial feed twice daily. The experimental process consisted in comparing the development of the parasite in culture outside the host (in vitro) and in culture in the host (in vivo) in an aquarium. The experiment started on February 28, 2019 and ended on March 10 of that year. The hatching of the P. gamitanea nauplii occurred after the rupture of the ovigerous sack, where it was possible to observe its development until VI nauplii, which may have caused mortality is the temperature variation that varied between 26 ° C and 29 ° C, where has a constant temperature of 28 ° C. In the in vivo process it was possible to observe only one phase of nauplius. The presence of a large number of Aelossoma sp. and rotifers.

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Therefore, two treatments with ten replicates were used, distributed in a completely randomized experimental design. Being submitted to a Variance Analysis (ANOVA), considering the 95% confidence level.

.Keywords: Tambaqui, experimental infection, sanity, western Amazonia.

1 INTRODUÇÃO

O crescimento populacional e a demanda por alimentos impulsionaram a pesca extrativa, reduzindo significativamente os estoques pesqueiros e potencializando a aquicultura no mundo. Dados fornecidos pela Food and Agriculture Organization evidenciam o crescimento produtivo considerável de 11% da aquicultura, dando um salto na produção de 66,5 milhões de toneladas em 2012 para 73,8 em 2014 (FAO, 2016).

No Brasil, a aquicultura em 2016 produziu um total de 580.070 t de pescado, avaliadas em R$ 4,2 bilhões, sendo 77,32% oriundos da criação de peixes, um crescimento de 4,94% em volume e 1,88% em valor, comparado com 2015 (IBGE, 2016). A Região Norte produziu 149.745 t (29,5%), destacando-se o estado de Rondônia como o maior produtor de peixes de água doce, produzindo 90.636 t, correspondendo a 17.9% da produção nacional.

Dentre as espécies de cultivo encontra-se em primeiro lugar a tilápia do-nilo (Oreochromis niloticus), exótica, com 239.090 t/ano e o tambaqui (Colossoma macropomum), nativa, sendo a segunda espécie mais cultivada com 136.991 t/ano no país. Juntas representam 74% da produção nacional de pescado desta modalidade (IBGE, 2016).

O tambaqui é a espécie nativa mais cultivada na Amazônia brasileira e a mais frequente em pisciculturas, estando presente em 24 dos 27 estados do Brasil (SANTOS et al., 2013). Sua criação tem se destacado em função do interesse da agroindústria de pescado na região, da alta demanda do mercado regional e nacional e, pelo domínio de sua produção em cativeiro (ARAÚJO-LIMA; GOULDING, 1998). Numerosos estudos abordam aspectos relacionados à sua biologia e à sua produção em diferentes condições de cultivo (KUBITZA, 2004).

Entretanto, todo e qualquer empreendimento de produção animal está susceptível, independente das condições de cultivo, à ocorrência de doenças. Com a intensificação da produção aliada a altas densidades, falta de suporte técnico e manejo inadequado, a

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 2,p.8907-8921 feb. 2020. ISSN 2525-8761 ocorrência de problemas relacionados às enfermidades aumenta gradativamente, constituindo-se em um fator determinante na manutenção do sistema produtivo (PAVANELLI et al., 2008). Há riscos de infecções causadas por patógenos, já que estes se caracterizam por serem oportunistas, constituindo-se porta de entrada para infecções secundárias, com altas mortalidades e perda de todo o plantel. Além disso, as perdas causadas por parasitos e outros patógenos levam o produtor a ter problemas econômicos e em alguns casos, à falência do empreendimento (PAVANELLI et al., 2015).

Desafortunadamente, esse quadro faz-se presente no estado de Rondônia, onde apesar de liderar o ranking na produção de espécies de água doce e de tambaqui, os estudos referentes à sanidade na piscicultura são incipientes, principalmente de doenças parasitárias, tanto sobre agentes causais, agentes predisponentes e aspectos patológicos, quanto ao desenvolvimento de protocolos que estabeleçam a infecção experimental dos principais parasitos que acometem as espécies piscícolas. Sem estes, dificilmente se logrará a compreensão do ciclo de vida parasitário, da distribuição parasitária e finalmente, da complexa relação entre os fatores ambientais, hospedeiros e parasitos, impossibilitando a adoção de medidas profiláticas e de tratamentos terapêuticos adequados às enfermidades emergentes.

Um dos graves problemas que acometem peixes dulciaquícolas é o parasitismo por crustáceos conhecidos popularmente como “vermes-âncora”, um dos grandes grupos de ectoparasitos que causam consideráveis danos aos tecidos. A espécie descrita para o tambaqui, Perulernaea gamitanae, um lerneídeo amazônico que possui especificidade parasitária.

Apenas as fêmeas adultas são parasitos, enquanto os machos são de vida livre. Seu corpo é alongado e apresenta uma região anterior (âncora), que penetra no tegumento. Pode ser encontrada na superfície do corpo do hospedeiro, boca, palato, língua, narinas e parte interna do opérculo (BENETTON; MALTA, 1999; THATCHER, 2006; LIMA et al., 2013). Estes parasitos têm provocado problemas na produção e prejuízos econômicos a produtores de vários estados, incluindo-se Rondônia (MORAIS et al., 2011; MATHEWS DELGADO et al., 2011; TAVARES-DIAS et al., 2011; ARBILDO et al., 2013; GODOI et al., 2012).

Os sinais clínicos e os prejuízos causados aos animais, vão desde a perda de peso, redução da taxa de crescimento, alterações de parâmetros sanguíneos, processos

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 2,p.8907-8921 feb. 2020. ISSN 2525-8761 anêmicos, infecções secundárias causadas por fungos e bactérias e, mudanças no comportamento. Em infestações maciças por esse parasito são gerados ao produtor custos adicionais com tratamentos; quando não levam os peixes à morte, torna-se necessário beneficiá-los para venda, pois sua presença causa um aspecto repugnante, promovendo a rejeição dos peixes pelos consumidores (PEREIRA et al., 2016).

Estes dados reforçam a necessidade de estudos sobre a biologia, ecologia, patologia e cuidados que se deve ter com as espécies parasitas de peixes em cultivos, principalmente da P. gamitanae. Por ser um parasito que acomete espécies tropicais (TAVARES-DIAS et al., 2011), normalmente lhes são criadas condições ideais (temperatura, pluviosidade, etc.) para o seu desenvolvimento na região Amazônica, e estas proliferam com rapidez e facilidade. Desta forma, todos os cuidados preventivos devem ser tomados para que os lerneídeos não se instalem, como possuem órgãos de fixação poderosos é necessário o emprego de produtos altamente tóxicos que podem matar o hospedeiro ou inviabilizar o pescado para consumo humano (BENETTON; MALTA, 1999

2 OBJETIVOS (GERAL E ESPECÍFICO)

Desenvolver um protocolo de infecção experimental de Colossoma macropomum com o ectoparasita Perulernaea gamitanea.

Específico:

➢ Comparar o desenvolvimento do parasito, em cultivo fora do hospedeiro em (in vitro) e em cultivo no hospedeiro (in vivo) em um aquário.

3 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Aquicultura (LAQUA) (Figura 1), na Universidade Federal de Rondônia, Campus de Presidente Médici. Foram utilizados 10 aquários de 50 L e 10 placas de petri. Os aquários possuem entrada e saída de água independentes, com aeração constante, sendo que o controle de entrada de água é realizado por registros e o controle da saída de água controlado por sistema de nível. A fonte de água para abastecimento é proveniente da CAERD, ficando por 24 horas em decantação em uma caixa de abastecimento no laboratório, para posterior utilização.

Possui soprador de ar com potência de 2,0 CV para distribuição de ar individualmente para todos os aquários. Cada unidade de teste possui 02 pedras difusoras, por onde o ar é

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difundido e incorporado à água. Toda água drenada das unidades de teste passa por sistema de decantação e filtragem física e biológica através de um Sistema de Recirculação de Água (SRA). O qual foi implantado devido à necessidade de um maior controle da qualidade da água, assim bem como o reaproveitamento desta.

Figura 1. Exemplares de caixas e aquários para período de aclimatação dos animais (peixes).

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Foram adquiridos 20 juvenis de tambaqui naturalmente infestados, de uma piscicultura localizada a 30 km do Campus da Universidade (Figura 2) e transportados até o LAQUA com sistema de oxigenação. Foram distribuídos e acondicionados em caixas d’água de polietileno de 1000 L para um período de adaptação (15 dias) e posteriormente, foram distribuídos nos aquários para o período de avaliação. A oferta de ração aos animais foi baseada na tabela convencional para cultivo intensivo de peixes, com ração extrusada com 36% PB, de 3 a 4mm.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 2,p.8907-8921 feb. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 2. Coleta e período de aclimatação dos juvenis de tambaqui.

Fonte: Dados da pesquisa 2018.

A etapa experimental deu-se pela comparação do desenvolvimento do parasito, no período de 10 dias. Onde, utilizando-se os 20 animais naturalmente infestados foi possível desenvolver os experimentos in vitro e in vivo. Estes animais foram inicialmente anestesiados e avaliados através dos exames externos da cavidade oral e de sua superfície corporal, conforme orientação de EIRAS et al. (2006), para detecção da presença de P. gamitanae.

A seguir, foram retirados os parasitos encontrados em 10 animais e colocados em condições de cultivo in vitro em 10 placas de Petri (um parasito/placa) com uma solução de água desclorada, a 28°C. Sendo as placas colocadas em uma bandeja e armazenadas em sala com ambiente controlado com temperatura média de 28°C. O desenvolvimento do parasito foi observado diariamente, com o uso de um estereomicroscópio.

E, em condições de cultivo in vivo, foram mantidos em aquários dez peixes naturalmente infestados, na proporção de um peixe/aquário, sendo observado o desenvolvimento diariamente dos parasitos. Esta foi feita através da observação visual destes, com a abertura da cavidade oral dos animais e do opérculo. Sendo coletada também a água do aquário, diariamente, para visualização de possíveis fases do ciclo de vida do parasito. Fazendo a observação da mesma com o auxílio de um estereomicroscópio. Para essa etapa utilizou-se um delineamento experimental inteiramente casualizado, com dois tratamentos e 10 repetições. Ao término do período experimental, foi avaliado toda a ocorrência do desenvolvimento do ciclo de vida do parasito in vivo e in vitro (ovo, náuplio, copepodito).

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Além disso, ao longo do experimento, todos os peixes foram observados para detecção de eventuais alterações de comportamento ou surgimento de lesões externas.

Os dados obtidos foram submetidos a uma Análise de Variância (ANOVA), considerando-se o nível de confiança de 95%, com o programa estatístico para o processamento dos dados será o SAS (2001).

Figura 3. Realização do processo de desenvolvimento do parasito in vitro, com a identificação dos parasitos P.

gamitanae nos peixes, distribuídos individualmente em placa de Petri.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O crustáceo P. gamitanae é um parasito que pode causar mortalidade em cultivo intensivo de C. macropomum. THATCHER; PAREDES (1985) relataram a presença de mais de 80 parasitos se alimentando de sangue em um único juvenil de tambaqui. Em animais adultos, o parasito pode comprometer a reprodução e o sistema respiratório, originando infecções secundárias (BOEGER, 1999; PAVANELI et al., 2002; ONAKA et al., 2004).

Os dados biométricos observados para o parasito, as fêmeas de P. gamitanae mediram entre 1 e 2 centímetros. Foi possível acompanhar durante cinco dias, mediante os estudos em ambiente fechado, onde foram observada algumas fases do seu ciclo de vida, onde a temperatura ficava próxima a 28°C a qual é reconhecida como ideal para o desenvolvimento de P. gamitanae. Foi detectada presença de fêmeas adultas maduras, com os sacos ovígeros desenvolvidos, a liberação na água dos ovos, algumas fases náuplios. Wilson (1917), relata

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que a forma copepodito deve necessariamente completar seu ciclo em um hospedeiro intermediário, para atingir os últimos estágios, até a maturidade sexual.

Foi realizado o rompimento do saco ovígero, onde após 26 horas os nauplios de P. gamitanae foram liberados na água desclorada contida em placa de Petri, sendo que durante o rompimento dos sacos ovígeros essa água não foi trocada para evitar a perda de ovos. Entretanto, não foi possível determinar o período compreendido entre a maturação dos sacos ovígeros e a liberação dos ovos, e desta até a eclosão. Porém, foi observado que cada estágio de náuplio ocorre em aproximadamente 24 horas. No presente estudo, também, depois da eclosão dos ovos, as fases de nauplios morreram com seis dias de vida, o que pode ter ocasionado a variação de temperatura entre 26°C e 29°C.

Figura 4: Exemplares de sacos ovígeros da P. gamitanae

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Das 10 placas de petri do experimento, apenas duas ocorreu a eclosão dos ovos, onde apenas em uma ocorreu a metamorfose até nauplio seis. Após 26 horas do rompimento do saco ovigero os nauplios começaram a nascer, apresentavam o corpo com um grande volume de vitelo, e a cada metamorfose diminuía e o corpo mudava conforme as etapas de nauplios sendo cada vez mais alongado. Em nauplio I o corpo era sub arredondado, ligeiramente mais estreito na região posterior, dorsalmente côncavo e a parte ventral achatada. É transparente com uma pigmentação levemente acinzentada e um par de setas em sua extremidade posterior (BENETTON; MALTA, 1999).

Em nauplios II o que deferiu entre o primeiro nauplio foi o corpo mais estreito e duas setas a mais. O corpo era sub arredondado, com um leve estreitamento na parte posterior e mais alongado que o estágio anterior; transparente e com uma pigmentação acinzentada (BENETTON; MALTA, 1999).

Em nauplio III O corpo era sub arredondado levemente mais alongado que o náuplio II. A antênula tem três segmentos. O primeiro segmento, assim como nos estágios anteriores, não apresenta ornamentação; o segundo possui uma longa seta plumosa e dois espinhos; o terceiro segmento com três setas plumosas e uma seta simples na porção apical, um espinho no terço médio da margem, em direção a linha mediana do corpo e a coroa de pequenos espinhos que o circunda, mais visível que nos estágios anteriores (BENETTON; MALTA, 1999).

Em nauplio IV o corpo já se apresentou sub oval, mais alongado e mais estreito na parte posterior que o náuplio III. Com Possui dois pares de setas furcais e um início de segmentação (BENETTON; MALTA, 1999). A antênula tem o mesmo número de segmentos. O primeiro e o segundo segmentos são semelhantes aos do estágio anterior, porém o terceiro e último segmento apresenta, em sua extremidade, três longas setas e duas simples, além de um pequeno espinho, na margem. Na parte mediana deste segmento tem uma coroa de espinhos e um espinho na margem mediai. A antena é maior que no estágio anterior. A mandíbula tem o exopódito com a mesma ornamentação do estágio anterior. Apresenta, ainda, duas setas simples no primeiro segmento do endopódito e uma seta simples no basipódito. A maxilula é representada por um lobo não segmentado, armado com uma longa seta plumosa.

Em nauplios V Corpo oval, bem mais alongado que o anterior, bastante estreito na parte posterior e com três pares de setas furcais.. A quantidade de vitelo, no interior do corpo, encontra-se significativamente reduzida. Pode-se também observar duas segmentações bastante visíveis. A antênula é semelhante ao estágio anterior, exceto pelo segmento terminal,

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que apresenta sete setas, sendo três plumosas e quatro simples. A antena é semelhante ao estágio IV. A mandíbula tem exopódito com mesma ornamentação dos estágios anteriores, porém, basipódito e primeiro segmento do endopódito com três.

Em nauplios VI O corpo é oval, bastante alongado, como o estágio anterior, com um estreitamento na parte posterior e três pares de setas íurcais. Neste estágio, a quantidade de vitelo na cavidade corporal é praticamente inexistente. A antênula apresenta o primeiro segmento sem alteração. O segundo possui dois espinhos na parte medial e na parte lateral do segmento duas setas, uma longa plumosa e uma simples. O segmento terminal apresenta dez setas, sendo três longas e plumosas e sete curtas e simples (BENETTON; MALTA, 1999).

Figura 5: Desenvolvimento das fases de náuplios do parasito P. gamitanae.

Fonte: Dados da pesquisa 2018.

O processo in vivo foi realizado em aquários com capacidade de 50 litros de água sendo um juvenil de tambaqui por aquário no período de 30 dias, as análises foram realizadas diariamente com o auxílio de um estereomicroscópio e microscópio. Foram encontrados na agua nauplio de P. gamitanae, apresentava estar em nauplios VI, após a analise o nauplio foi devolvido novamente no aquário. Não foi possível observar outras fases de nauplios ou copepoditos nos aquários.

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Devido ao surgimento de entrada de matéria orgânica nos aquários proveniente de excreta e resíduos de ração, ocorre uma grande proliferação de patógenos e parasitos no meio, uma vez que liberam estruturas reprodutivas ou ovos na água, que se instalam muitas vezes nos sedimentos. Segundo PAVANELLI et al., (2002) e TORANZO et al. (2004), o hospedeiro em boas condições nutricionais e fisiológicas se ajusta mais facilmente ao ambiente e assim evita a manifestação da doença. Também pode ser devido ao ambiente diferente, controlado, fechado.

Figura 6: Organismos de Aelossoma sp., rotiferos colonizando P. gamitanae em placas de petri, e aquários.

Fonte: Dados da pesquisa 2018.

Durante todo o experimento in vitro e também in vivo se observou a presença de outros organismos, como rotíferos e o verme Aelossoma sp. colonizando P. gamitanae nas placas de petri e alimentando-se dos restos dos sacos ovígeros e de excretas provenientes dos juvenis de tambaqui, no primeiro caso, e de resíduos acumulados na água, no segundo. Estes organismos apresentam vida livre, sendo detritívoros.

5 CONCLUSÕES

Foram observadas diversas etapas do ciclo de vida de Perulernaea gamitanae, sendo monitorado desde os ovos ainda mantidos em bolsas ovígeras, ovos liberados, e seis estádios de náuplios, no qual pode ter ocasionado a variação de temperatura. Por outro lado, tais

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condições não se mostraram favoráveis para P. gamitanae, pois ocorreu variação de temperatura, que pode ter ocasionado a morte dos nauplios. As condições do meio, como por exemplo os conteúdos de matéria orgânica, muito provavelmente foram propicias para o desenvolvimento de outras formas de vida, como Aelossoma sp. e rotíferos.

REFERÊNCIAS

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Figura 1. Exemplares de caixas e aquários para período de aclimatação dos animais (peixes)
Figura 2. Coleta e período de aclimatação dos juvenis de tambaqui.
Figura 3. Realização do processo de desenvolvimento do parasito in vitro, com a identificação dos parasitos P
Figura 4: Exemplares de sacos ovígeros da P. gamitanae
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