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DO PLANO NACIONAL AOS PLANOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

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DO PLANO NACIONAL AOS PLANOS

ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO:

A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO

E AVALIAÇÃO*

MÁRCIA CECÍLIA VASSOLER**

* Recebido em: 02.02.2019. Aprovado em: 12.08.2019.

** Doutora em Educação, Mestre em Gestão de Políticas Públicas. Servidora municipal na Secretaria de Educação de Balneário Camboriú como Supervisora Escolar. Professora e membro do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Direito no Centro Universitário Avantis - UNIAVAN. E-mail: marcia.vassoler@avantis.edu.br

DOI 10.18224/frag.v29i1.7115

DOSSIÊ

Resumo: em 2014 foi aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE, Lei Nº 13.005/2014,

contendo diretrizes, metas e estratégias de amplo alcance, requerendo ações articuladas entre os Estados-membros. Mediante ações articuladas os Estados-membros se comprometeram em implementar planos estaduais e municipais, acompanhando o seu cumprimento para que estas se tornassem realidade no que tange a qualidade da educação brasileira. O presente artigo tem por objetivo contextualizar o PNE (2014-2024) e os Planos Estaduais de Educação, visando o Monitoramento e Avaliação. Com abordagem qualitativa, utilizou-se a análise de conteúdo. Destacou-se a importância do Monitoramento e Avaliação, processos estes, indissociáveis e imprescindíveis para a implementação efetiva dos Planos. O processo envolvendo o Monitora-mento e Avaliação requer participação da sociedade civil articulada, com ênfase nos gestores e profissionais da educação, tornando-os responsáveis pelo processo. Essa responsabilidade visa atender a Lei, realizando ajustes durante o percurso do processo de Monitoramento e Avaliação.

Palavras-chave: Plano Nacional de Educação. Plano Estadual de Educação. Monitoramento

e Avaliação.

O

direito à educação para todos tem sido um dos principais temas de discussão nas últimas décadas. Discussões sobre a temática no Brasil emergiram após a Decla-ração dos Direitos Humanos em 1948, que foi promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), cujos princípios se pautavam na igualdade, liberdade e fraternidade. O Brasil pautado nos princípios de igualdade anunciados na Declaração dos Direitos Hu-manos (1948) promulgou em 1988, a Constituição Federal, que passou a assegurar direitos e garantias. Os direitos e garantias contidos na referida Constituição são decorrentes de ampla discussão nacional e da influência de inúmeros movimentos internacionais.

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Movimentos os quais tinham como slogan “A Educação para Todos”, como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), que proclamaram a necessidade de criação de políticas públicas educacionais direcionadas à igualdade de oportunidades. Os princípios desses acordos começaram a ser incorporados à legislação brasileira, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº 9.394/96) e nas resoluções, pareceres e decretos que decorreram dessa lei.

Sob a influência desses movimentos, o Brasil instituiu uma ampla reforma na Edu-cação. Na reforma educacional, a nova LDBEN (Lei nº 9.394/96), em seu artigo 87, deter-minou que a União encaminhasse “ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes” (BRASIL, 1996).

Após quatro anos de LDBEN (Lei nº 9.394/96), foi implementado o Plano Nacio-nal de Educação (PNE 2001-2011), o qual apresentou como objetivo principal a eliminação das desigualdades sociais, aumentando a oportunidade de acesso e permanência na escola, bem como a valorização da diversidade e da inclusão.

Em continuidade aos apontamentos apresentados no PNE (2001-2011), em 2009 fo-ram realizadas conferências regionais preparatórias para a CONAE/2010, das quais resultafo-ram no novo Plano Nacional de Educação, Lei Nº 13.005/2014. Ao se fazer uma análise preliminar sobre o (PNE-2014-2024), vale destacar que este é composto por diretrizes, metas e estratégias que abrangem todos os níveis, etapas e modalidades da educação nacional. São vinte metas que podem ser agrupadas da seguinte forma: a) acesso e universalização da Educação Básica com qualidade, incluindo a alfabetização e a ampliação da escolaridade; b) redução das desigualdades e valorização da diversidade; c) valorização dos profissionais da educação; d) avaliação e seus sistemas; e) Educação Superior; e) regulamentação da gestão democrática e f) financiamento. Dentre outros dispositivos, o PNE determina uma série de encaminhamentos que reorganiza-ram a educação nacional para uma década como, por exemplo, a agenda instituinte do Sistema Nacional de Educação (SNE), o currículo para a Educação Básica, a política nacional de forma-ção dos profissionais da educaforma-ção, a valorizaforma-ção desses profissionais, a regulamentaforma-ção da gestão democrática, a qualidade e o financiamento. Estas são diretrizes, metas e estratégias de amplo alcance, as quais requerem ações articuladas entre os Estados-membros.

Mediante as ações articuladas os Estados-membros se comprometeram em imple-mentar planos estaduais e municipais, acompanhando o cumprimento das metas e fomentando fóruns para que estas se tornassem realidade, no que tange a qualidade da educação brasileira.

Mediante o anunciado o presente artigo apresenta como objetivo contextualizar o Plano Nacional de Educação PNE (2014-2024) e os Planos Estaduais de Educação, destacando a impor-tância do Monitoramento e Avaliação. Para tanto, o artigo encontra-se dividido em seções a saber: na primeira, apresenta-se a metodologia da pesquisa. Na segunda seção apresenta-se uma breve contextualização do Plano Nacional de Educação e na terceira sessão, apresenta-se considerações sobre o processo de construção e implementação dos Planos Estaduais, por fim, na quarta seção descreve-se a importância do Monitoramento e Avaliação.

METODOLOGIA

De abordagem qualitativa, foi utilizada a análise documental em que toma como fonte de dados os documentos que norteiam os Planos de Educação em âmbito nacional e estadual. Para a análise dos documentos utilizou-se a análise de conteúdo. Segundo Bardin

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(2011), a análise de conteúdo pode ser utilizada para descrever e interpretar documentos ou dados coletados durante a pesquisa. “O propósito a atingir é o armazenamento sob uma for-ma variável e a facilitação do acesso ao observador, de tal forfor-ma que esse obtenha o máximo de informação com o máximo de pertinência” (BARDIN, 2011, p. 51).

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO

Em um cenário de intenso movimento de reformas educacionais em todo o mundo, e com maior força na América Latina, a partir de década de 1990, o Brasil participou da Conferência Mundial de Educação para Todos (UNESCO, 1990), em Jomtiem, na Tailândia, assumindo compromissos frente às reformas educacionais propostas. Dez anos depois, o país firmou acordo no Fórum Mundial de Educação (UNESCO, 2000), em Dakar, acentuando-se assim, as discussões sobre a reforma das políticas educacionais brasileiras.

Os princípios dos acordos internacionais foram incorporados à reforma educacio-nal brasileira, notadamente a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei Nº 9.394/96, e suas resoluções, pareceres e decretos decorrentes.

Em sintonia com os acordos internacionais, a nova LDBEN (Lei nº 9.394/96), em seu artigo 87, determinou que a União encaminhasse “ao Congresso Nacional, o Plano Nacio-nal de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes” (BRASIL, 1996). Assim, os dispositivos constitucionais e legais, que definiriam a natureza do primeiro Plano Nacional de Educação do período de redemocratização, ou seja, o de 1962 estava posto à mesa novamente.

No entanto, segundo Vieira e Vital (2014, p. 87) a construção e a implantação do Plano Nacional de Educação (PNE 2001-2011) “transcorreu de forma nem sempre amena, uma vez que o governo e a sociedade civil colocaram-se em trincheiras distintas.” Neste cená-rio, cabe destacar que a tramitação do PNE (2001-2011) abarcou o embate entre dois planos, sendo eles: o da sociedade brasileira1 e a proposta encaminhada pelo Executivo Federal, as

quais apresentaram prioridades educacionais distintas. De acordo com Neves (2008) os dois planos chegaram ao Congresso Nacional, em fevereiro de 1998, anunciando propostas e in-teresses diferenciados, sendo ele,

[...] concretizado pelo jogo de forças e conflito entre duas propostas de classes da sociedade, de um lado, uma proposta Liberal corporativista e, de outro, a proposta e democrática das massas. Conflito que faz crer que estando à política inserida no espaço da educação, ainda continuará reinando o conflito nos dias atuais. O Congresso procurava garantir processo de elaboração do PNE, assim convidou como interlocutores: o Conselho Nacio-nal de Educação (CNE); o Conselho NacioNacio-nal de Secretários de Educação (CONSED) e, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME). Justificou o fato de a participação ser restrita dizendo que ‘o processo de consulta não poderia ser estendido para além do prazo estabelecido pela LDB/1996 para encaminhamento do PNE (2001-2011) ao Congresso, o que impôs a opção pela estratégia de privilegiar os interlocutores da área educacional’ (NEVES, 2008, p. 148-149).

Segundo a autora, a participação restrita de professores na elaboração do PNE (2001-2011) causou espanto à sociedade, devido ao fato de que os debates em torno deste documento deveriam envolver a todos. No entanto, apesar da participação da sociedade civil

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na elaboração do Plano, a mesma não foi ouvida plenamente, tendo muitas de suas propostas desconsideradas.

Dourado (2011) denota que a aprovação PNE (2001-2011), pelo Congresso Na-cional, efetivou-se no Governo Fernando Henrique Cardoso por meio das estratégias polí-ticas já delineadas. No entanto, a oferta majoritária da educação básica se deu no Governo Lula, a partir de 2003. Ainda sobre o contexto que envolve o PNE (2001-2011), Dourado (2011) destaca que este, ao ser sancionado, teve nove metas vetadas por recomendação da área econômica do governo. Os vetos referiam-se aos recursos financeiros, sendo que

[...] Tal processo não difere dos outros momentos da elaboração da legislação brasileira sempre sujeita a avanços e recuos. Os emperramentos ao fluxo dos acontecimentos sina-lizam um descaso para com o que seria um projeto de futuro para a educação brasileira. A energia gerada pela contribuição de tantas forças vivas acaba por ceder lugar a um clima de frustração motivado pela incerteza do que virá (DOURADO, 2011, p. 191).

Após a aprovação do PNE (2001-2011)1, este apresentou como objetivo principal

a eliminação das desigualdades sociais, aumentando a oportunidade de acesso e permanência na escola, bem como a valorização da diversidade e da inclusão. No que tange a esse objetivo, Cury (2013, p. 32) destaca que o PNE (2001-2011), ao ser compreendido como um plano de Estado retrata-se como um meio de unidade social e política. Unidade social, “porque busca preencher com realizações as promessas e valores que a educação encerra. Política, porque em países federativos há que haver um equilíbrio entre unidade nacional e diversidade regional” (CURY, 2013, p. 32). O autor ainda destaca que no Brasil, o Plano objetiva que os princípios educacionais se traduzam em políticas consistentes, em que estas tenham como base o diag-nóstico dos problemas educacionais.

Em continuidade aos apontamentos apresentados no PNE (2001-2011), em 2009 no Governo Luiz Inácio Lula da Silva, foram realizadas conferências regionais preparatórias para a CONAE/2010, a qual

mobilizou cerca de 3,5 milhões de brasileiros e brasileiras, contando com a participa-ção de 450 mil delegados e delegadas nas etapas municipais intermunicipais estaduais e nacionais, envolvendo em torno de 2% da população do país. Essas vozes se fizeram representadas por meio dos seus delegados eleitos em seus Estados, presentes na etapa nacional (BRASIL, 2010, p. 8).

Como resultado das conferências e das discussões realizadas, foi aprovado, em 2014, o novo Plano Nacional de Educação, Lei Nº 13.005/2014, o qual em seu Art. 1º anuncia a

[...] vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação desta Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição Federal (BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos). [...] A lei es-tabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que conduzam à:

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II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do país (BRASIL, 2014).

A construção do Plano Nacional de Educação (PNE-2014-2024) ocorreu por meio da realização da CONAE/2010, cujo tema foi “Construindo o Sistema Nacional Articula-do de Educação: o Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação”. Nessa construção, participaram diversos segmentos da sociedade e do Poder público, no sentido de contribuir com propostas consistentes capazes de redirecionar as políticas educacionais brasi-leiras. Todas as propostas estabelecidas no documento surgiram no sentido de contemplar, as determinações da Constituição Federal/1998 e da LDBEN Nº 9.394/96.

Composto por diretrizes, metas e estratégias o PNE-2014-2024 abrange todos os níveis, etapas e modalidades da educação nacional. Sobre as metas, vale destacar que cada uma das metas do PNE, com suas estratégias, deve ser objeto de discussão pormenorizada no processo de elaboração dos planos estaduais, distrital e municipais de educação, bem como, no seu monitoramento e na avaliação.

A atuação dos entes federados, em regime de colaboração, é ratificada no Art. 7º da Lei, bem como a formalização de medidas e instrumentos de cooperação, coordenação e colaboração recíproca entre os entes visando ao alcance das metas e à implementação das es-tratégias objeto do Plano incluindo, nesse processo, a criação por meio dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de mecanismos para o acompanhamento local da consecução das metas do PNE e dos planos.

PLANOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO: PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO

Em decorrência do comprometimento em implementar planos estaduais e munici-pais, iniciou-se o movimento de ação articulada entre a União e os demais entes federativos visando a efetivação dos planos decenais. Para auxiliar os entes federados na elaboração dos planos, o Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE), disponibilizou assessoramento aos estados e municípios “com a instituição de uma rede de assistência técnica composta por avaliadores educacionais” (DOU-RADO, 2016, p. 452).

O assessoramento aos avaliadores educacionais2 foi disponibilizado no Portal

“Pla-nejando a Próxima Década”, onde se encontravam documentos orientadores3 e fontes de

pes-quisas, os quais auxiliariam na elaboração dos indicadores das metas e estratégias que iriam compor os planos estaduais e municipais. No entanto, coube aos avaliadores educacionais estabelecerem contato com os entes federativos, convidando-os “a aderir o assessoramento oferecido pelo MEC” (DOURADO, 2016, p. 453). Apesar da assessoria ofertada, vale desta-car que os estados e municípios tiveram autonomia para seguir a metodologia que desejassem, contanto que esta viesse ao encontro do que preconiza o texto da Lei 13.005/2014.

Assim, os Planos Estaduais de Educação, contemplam diretrizes, metas e estraté-gias, alinhadas ao PNE (2014-2024). Os referidos planos apresentam como desafio, estabele-cer uma rede de colaboração, entre a União, o Estado e os Municípios. Esse desafio, envolveu

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principalmente fazer com que todos os municípios efetivassem Planos de Educação que pos-sibilitassem a melhoria da qualidade da educação em todos os estados.

Após sua aprovação, visualizam-se os desafios postos aos Planos Estaduais de Edu-cação, emergindo assim a necessidade de sua materialização. Materialização a qual, vincula-se à compreensão do texto dentro dos limites da ação, nos quais ocorre um processo de repre-sentação, reordenação, que se processa por meio de várias práticas materiais e discursivas. Nesse processo, são produzidos discursos e ações, como novas relações, novos procedimentos e novas identidades que, por sua vez, materializam novas formas de organização das políticas. Na materialização de novas formas de organização da política, Ball, Maguire e Braun (2016) destacam os atores políticos, os quais realizaram releituras dos textos políticos. Segundo os autores, é nas releituras que ocorre a interação e a inter-relação entre diversos atores, textos, conversas, tecnologias e objetos (artefatos), e é onde a política é interpretada, traduzida, reconstruída e refeita. Isso permite entender que as políticas são colocadas em ação pelos atores mediante compromissos existentes, valores, experiências, ceticismo e críticas (BALL; MAGUIRE; BRAUN, 2016).

Por meio da compreensão de que as políticas educacionais são construídas e reela-boradas em vários contextos, teço reflexões sobre a importância do Monitoramento e Avalia-ção frente aos Planos Educacionais.

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DOS PLANOS DE EDUCAÇÃO: UMA AÇÃO NECESSÁRIA

Nesse contexto de elaboração e implementação dos planos estaduais e municipais e do cumprimento das metas, uma das principais estratégias a serem adotadas são o Moni-toramento e Avaliação. O MoniMoni-toramento e Avaliação, segundo Januzzi (2005) objetivam promover ao gestor público informações sobre a forma pela qual a política está sendo imple-mentada (monitoramento), juntamente com os resultados (avaliação). No entanto o processo de monitoramento e avaliação deve ser realizado pelo próprio município ou estado, pois a estes cabe a responsabilidade pela execução das políticas públicas educacionais.

Figura 1: Processo de implementação das políticas, ou qual fazem parte o Monitoramento e Avaliação. Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

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A Figura 1 apresentada atenta para a relevância do monitoramento e avaliação, uma vez que sua organização dará movimento e dinamismo às metas e estratégias viabilizando a efetivação do Plano e consequentemente avanços para a educação. No entanto, cabe aos órgãos responsáveis por monitorar e avaliar, o desafio de articular dados e informações, para promoções de debates sobre o cumprimento (ou não) do que foi previsto, pressupondo inten-sa articulação e mobilização social (DOURADO, 2016).

Ainda sobre Monitoramento e Avaliação, Dourado (2016), destaca que monitorar e avaliar são etapas distintas, que fazem parte de um único processo. Sob esta ótica apreende-se que a avaliação e o monitoramento se complementam como parte constitutiva e constituinte. Nessa conjuntura, o autor ainda destaca que o Monitoramento e Avaliação de um Plano de Educação,

[...] deve ser compreendido como processo único em que não é possível o monitoramento sem que, periodicamente, ocorram avaliações. De igual forma, não convém avaliar sem que haja informações obtidas a partir do monitoramento contínuo do que foi proposto por meio de indicadores adequados; (b) a mobilização e a participação da sociedade no acompanhamento do processo de monitoramento e avaliação dos planos são condições indispensáveis para garantir transparência e acesso a todas as informações, bem como para contribuir para o efetivo cumprimento das metas e estratégias; (c) os gestores da política educacional (secretários de educação ou similares, diretores coordenadores) e os profissionais da educação são lideranças reconhecidas no âmbito do território e, consequentemente, são importantes articuladores de toda ação a ser desenvolvida; (d) as equipes responsáveis pelo processo precisam estabelecer cronograma de trabalho, assim como os respectivos responsáveis por cada uma das ações a serem empreendidas, com momentos para análise e replanejamento; (e) faz-se necessário, ainda, o estabelecimento de indicadores e instrumentos de gestão das informações a serem aferidas durante todo o trabalho realizado, com vistas à organização da série histórica e do banco de dados (DOURADO, 2016. p. 457).

Frente ao anunciado, vale destacar que os estados tem por obrigação envolver a sociedade no acompanhamento do processo de monitoramento e avaliação dos planos, como condição indispensáveis para garantir transparência e acesso a todas as informa-ções.

Assim, apreende-se que o monitorar e avaliar abarca articular dados e informações, os quais posteriormente promoverão debates em torno do cumprimento (ou não) do previsto no Plano Estadual. No entanto, vale destacar que esse movimento envolve intensa “mobili-zação social e articulação” (DOURADO 2016, p. 455). Essa mobili“mobili-zação social propicia o controle das ações que decorrem do Plano Estadual, em prol de um movimento de busca pela qualidade na educação. Nesse contexto entende-se que monitorar e avaliar torna-se um processo único, embora com etapas distintas e indissociáveis.

No entanto para que o monitoramento e avaliação ocorram torna-se necessário que gestores públicos se responsabilizem por instalar e apoiar o processo, “estimulando as pactuações e acordos necessários para a realização do trabalho a ser feito, de forma a agregar as instituições necessárias envolvendo diretamente a participação da sociedade organizada” (DOURADO 2016, p. 547).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio das reflexões realizadas ao longo do estudo, compreende-se que monitorar e avaliar Planos Educacionais, sejam eles de âmbito nacional, estadual ou municipal, torna-se uma responsabilidade imensurável. Partindo deste entendimento, destaco a complexidade que abarca este documento, pois ele não se efetiva de maneira linear, havendo assim a necessidade de condições que garantam efetivo cumprimento das metas e estratégias. Essa garantia advém da compreensão dos entes federativos de seu papel neste processo, assumindo o compromisso com a implementação da política educacional, a qual necessita estar relacionada ao Plano Nacional. Neste contexto que abarca compromissos e implementações dos Planos Educacio-nais, ressalta-se que o Monitoramento e Avaliação, são processos indissociáveis e imprescin-díveis para a implementação efetiva dos planos educacionais. No entanto apesar dessa relação constante entre estes dois processos, cabe destacar que para sua efetiva realização não há uma fórmula exata, a qual pode ser aplicada de forma global.

O que há para ressaltar é que o processo que envolve o Monitoramento e Avaliação necessita da participação de toda a sociedade civil, dando-se ênfase aos gestores e profissionais da educação, os quais articulados, tornam-se responsáveis pelo processo. Essa responsabili-dade envolve praticar o que menciona a Lei, realizando ajustes necessários no percurso do processo de Monitoramento e Avaliação.

Mediante a compreensão aqui elucidada, destaco as palavras de Dourado (2016, p. 459) o qual anuncia que a materialização dos Planos Educacionais, sejam eles estaduais ou municipais “não se efetivam de maneira linear; são dois momentos articulados cuja con-vergência demandará ações efetivas em direção ao cumprimento das metas e estratégias e a garantia dos planos como epicentro às políticas educacionais”.

FROM THE NATIONAL PLAN TO THE STATE EDUCATION PLAN: THE IMPORTANCE OF MONITORING AND EVALUATION

Abstract: in 2014, the National Education Plan - PNE, Law No. 13.005 / 2014 was approved,

containing broad-based guidelines, goals and strategies, requiring articulated actions among States Members. Through articulated actions, the States Members pledged to implement state and munici-pal plans, following their fulfillment so that they could become reality regarding the quality of Bra-zilian education. This article aims to contextualize the PNE (2014-2024) and the State Education Plans, aiming at Monitoring and Evaluation. With a qualitative approach, we used content analysis. The importance of Monitoring and Evaluation was emphasized. These processes are inseparable and indispensable for the effective implementation of the Plans. The process involving Monitoring and Evaluation requires the participation of articulated civil society, with emphasis on education mana-gers and professionals, making them responsible for the process. This responsibility aims to comply with the law, making adjustments during the course of the Monitoring and Evaluation process.

Keywords: National Education Plan. State Education Plan. Monitoring and Evaluation. Notas

1 O atual PNE (Lei n. 10.172, de 9/1/2001) é resultado das ações da sociedade brasileira para garantir as disposições legais contidas no artigo 214 da Constituição Federal, de 1988, o qual sinaliza que ‘A lei

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estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino, em seus diversos níveis, e à integração das ações do poder público que conduzam à: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; v - promoção humanística’, e das disposições transitórias da LDB que, em seu artigo 87, parágrafo 1º, preconiza que a União deveria, no prazo de um ano, encaminhar ao Congresso Nacional proposta de PNE, indicando diretrizes e metas para os dez anos seguintes (Década da Educação), em sintonia com a Declaração Mundial. O PNE teve tramitação sui generis, envolvendo o embate entre dois projetos: o PNE da sociedade brasileira e a proposta de PNE encaminhada pelo Executivo Federal. Tais propostas expressavam concepções e prioridades educacionais distintas, sobretudo na abrangência das políticas, em seu financiamento e gestão (DOURADO, 2011, p. 682). Acesso em: jul. 2018.

2 Coube ao MEC por meio de encontros e reuniões periódicas para estudos e discussões sobre a temática e suporte financeiro, a formação dos avaliadores, visando à atuação desses profissionais junto às equipes coordenadoras locais responsáveis pela elaboração ou adequação dos planos de educação. Da metodologia sugerida constavam cinco passos elementares para o processo de elaboração ou adequação dos planos de educação, pensados para promover a mobilização e ampla participação social, de forma a legitimar os anseios e necessidades da sociedade para uma década, quais sejam: (1) definição e distribuição de responsabilidades; (2) elaboração do documento-base; (3) promoção de um amplo debate; (4) redação do projeto de lei e (5) acompanhamento e monitoramento da tramitação no legislativo (DOURADO, 2016, p. 453).

3 Os documentos orientadores, que subsidiaram a ação da Rede, foram elaborados em parceria com renomados profissionais das universidades e instituições que atuam no contexto educacional em nosso País. Foram disponibilizados os seguintes materiais: a) Alinhando os Planos de Educação; b) Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação e c) O Plano Municipal de Educação: Caderno de Orientações (DOURADO, 2016, p. 452-453).

Referências

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Figura 1: Processo de implementação das políticas, ou qual fazem parte o Monitoramento e Avaliação.

Referências

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