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O GOVERNO ELETRÔNICO COMO INSTRUMENTO DE APROXIMAÇÃO DO GOVERNO E O CIDADÃO CRISTIANE ARAKAKI

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(1)

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

O GOVERNO ELETRÔNICO COMO

INSTRUMENTO DE APROXIMAÇÃO DO GOVERNO E O CIDADÃO

CRISTIANE ARAKAKI

(2)

O GOVERNO ELETRÔNICO COMO

INSTRUMENTO DE APROXIMAÇÃO DO GOVERNO E O CIDADÃO

CRISTIANE ARAKAKI

Dissertação apresentada como exigência parcial do

Programa de Pós-graduação da Faculdade de

Comunicação da Universidade de Brasília, para

obtenção do título de Mestre em Ciências da

Comunicação, na linha de pesquisa de Políticas de

Comunicação, sob a orientação do Prof. Dr. Carlos

Eduardo Esch.

(3)

A dissertação “O Governo Eletrônico como instrumento de aproximação do

governo e o cidadão” realizada pela mestranda Cristiane Arakaki, aluna do Programa

de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Faculdade de Comunicação da

Universidade de Brasília, foi aprovada na data 15/08/2008, pela banca composta

pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Carlos Eduardo Esch (orientador)

Profª. Drª. Nélia Del Bianco

Prof. Dr. Luís Fernando Ramos Molinaro

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para esta

conquista, especialmente:

ƒ

Ao Prof. Carlos Eduardo Esch, meu orientador, pelos questionamentos,

ensinamentos, apoio, atenção e disposição.

ƒ

Ao Professor Murilo C. Ramos, aos demais professores da linha de Políticas de

Comunicação, e também ao corpo docente do Programa de Pós-graduação da

Faculdade de Comunicação da UnB.

ƒ

Aos Professores Luís Fernando Molinaro e Humberto Abdalla Jr. da Faculdade

de Tecnologia pela oportunidade de conviver em um ambiente interdisciplinar e

pelo incentivo para meu desenvolvimento acadêmico.

ƒ

Aos meus avaliadores, que com muita boa vontade e dedicação gastaram seu

tempo e conhecimento, sendo fundamentais para a realização deste projeto:

Dani, Karen, Raquel, Suca, Anderson, Marcello, Odilon, Wemerson e Wesley.

ƒ

Aos amigos e colegas do programa, especialmente: Dani, Raquel, Dani L., Carol,

Nelito, Regina, Luciano.

ƒ

Aos amigos e colegas do NMI, em especial: Dani, Maria, Lu, Suca, Karoll,

Catarina, Reinaldo, Cláudio, Odi, Marvin.

ƒ

Aos amigos da vida, que continuam meus amigos mesmo depois de minhas

longas ausências: Cin, Fafa, Io, Bel, Alex, Dani, Karen, Su e Zé, Te, Didi, Alex,

Lima, Carmela, Carlão, Yale, Lu.

ƒ

Aos meus pais e irmãos, que também conviveram com minhas ausências, mas

que nunca deixaram de me apoiar.

ƒ

Ao meu querido Daniel, que mais do que as ausências, conviveu com minhas

angústias, mau-humores e continua do meu lado com seu apoio e carinho de

sempre.

(5)

RESUMO

A evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) está

provocando mudanças no Estado, na Sociedade e na relação entre o Estado e a

Sociedade. Neste cenário, os programas de governo eletrônico no Brasil surgem

com o objetivo de aumentar a eficiência e eficácia da gestão pública, e ao mesmo

tempo, possuem grande potencial para servir como instrumento de maior interação

entre cidadão e governo, e, conseqüentemente, de promoção da cidadania. Dentro

deste contexto, o presente trabalho apresenta uma análise da política de governo

eletrônico do Distrito Federal, dando enfoque para seu portal, e ao final, apresenta

também os resultados obtidos a partir de pesquisa quantitativa e qualitativa para a

verificação da relação do governo do Distrito Federal com o cidadão.

(6)

ABSTRACT

The development of communication and information technologies is

transforming the modern society, the state and the state and citizens relatioship. At

this context, the electronic government programs are conceived to make the Brazilian

public administration more efficient, and at the same time, these programs have a

great potential to become a way of contact between the citizen and the government.

Therefore, this research provides an analysis of Distrito Federal’s e-gov policy,

focusing on the portal, and also presents the results from qualitative and quantitative

research to verify the relationship of the government of the Federal District with the

citizen.

(7)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – PORTAL CIDADÃO.SP...22

FIGURA 2 – PORTAL TUDO FÁCIL...24

FIGURA 3 – PORTAL MINAS ON-LINE ...26

FIGURA 4 – METAS DE USABILIDADE E METAS DECORRENTES DA EXPERIÊNCIA DO

USUÁRIO ...39

FIGURA 5 – PÁGINA INICIAL DO E-GDF...69

FIGURA 6 – PÁGINA INICIAL DO PORTAL CIDADÃO. ...71

FIGURA 7 – GRÁFICO DO TIPO DE CONTEÚDO OU SERVIÇO ...73

FIGURA 8 – FUNCIONALIDADE AGENDA DO GOVERNADOR ...75

FIGURA 9 – GRÁFICO DO GRAU DE RELACIONAMENTO COM CIDADÃO...76

FIGURA 10 – LOCALIZAÇÃO DO ENDEREÇO E TELEFONE DA SEDE DO GDF ...77

FIGURA 11 – FUNCIONALIDADE FALE CONOSCO ...78

FIGURA 12 – GRÁFICO DO NÍVEL DE GOVERNO ELETRÔNICO ...79

FIGURA 13 – GRÁFICO NAVEGABILIDADE ...81

FIGURA 14 – URL DO PORTAL...82

FIGURA 15 – ELEMENTOS PARA LOCALIZAÇÃO DO USUÁRIO...83

FIGURA 16 – ELEMENTOS DE NAVEGAÇÃO E ORIENTAÇÃO ...84

FIGURA 17 – ERRO DA FERRAMENTA DE BUSCA...86

FIGURA 18 – LINK “FALE COM O GOVERNO” ...87

FIGURA 19 – TUTORIAL QUE NÃO EXISTE...89

FIGURA 20 – GRÁFICO DESIGN E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO...90

FIGURA 21 – SÍTIOS DA SECRETARIA DE ESTADO DE JUSTIÇA, DIREITOS HUMANOS E

CIDADANIA E DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO ...91

FIGURA 22 – PORTAL CIDADÃO EM RESOLUÇÃO DE TELA 1152X864...92

FIGURA 23 – BANNERS COM LINKS DE DESTAQUE ...93

FIGURA 24 – ÍCONES DE SERVIÇOS...93

(8)

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: TABELA DOS PONTOS ...33

QUADRO 2: TIPO DE CONTEÚDO OU SERVIÇO ...35

QUADRO 3: GRAU DE RELACIONAMENTO COM O CIDADÃO ...36

QUADRO 4: NÍVEL DE GOVERNO ELETRÔNICO ...37

QUADRO 5: CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO HEURÍSTICA DE NIELSEN...40

QUADRO 6: HEURÍSTICAS DE NAVEGABILIDADE ...41

QUADRO 7: HEURÍSTICAS DE DESIGN E ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO...42

(9)

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ...11

1 O GOVERNO ELETRÔNICO COMO OBJETO DE PESQUISA:

PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS ...14

1.1 Governo eletrônico ...14

1.1.1 Algumas experiências brasileiras de sucesso ...21

1.1.1.1 São Paulo ...21

1.1.1.2 Rio Grande do Sul ...22

1.1.1.3 Minas on-line ...25

1.2 Definição do Objeto ...27

1.3 Objetivos...29

1.4 Opções metodológicas ...29

1.4.1 Etapa 1: Reconstrução da trajetória histórica do programa E-GDF...31

1.4.2 Etapa 2: Avaliação do nível de maturidade do programa de e-gov do Distrito Federal ...32

1.4.3 Etapa 3: Avaliação da usabilidade do portal do Distrito Federal...37

1.4.3.1 Usabilidade e acessibilidade...38

1.4.3.2 Avaliação Heurística ...40

2 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO NOVAS FRONTEIRAS

PARA UMA MELHOR ATUAÇÃO DO ESTADO: PERSPECTIVAS TEÓRICAS...44

2.1 Estado: evolução de seu papel na Sociedade ...45

2.2 O papel do Estado na Sociedade da Informação ...53

2.3 Governo eletrônico: um novo significado da relação entre o governo e o cidadão?...62

3 DO PASSADO AO PRESENTE:

A IMPLANTAÇÃO DO GOVERNO ELETRÔNICO NO GDF...66

3.1 Reconstrução histórica ...66

3.2 Nível de maturidade do E-GDF...72

3.2.1 Tipo de conteúdo ...73

3.2.2 Grau de relacionamento com cidadão ...75

3.2.3 Nível de governo eletrônico ...78

3.3 Usabilidade no portal do GDF...80

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

POSSIBILIDADES E INCERTEZAS DO GOVERNO ELETRÔNICO NO GDF ...97

4.1 Recomendações para ações futuras ...101

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...102

APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO GRAU DE MATURIDADE DO E-GDF ..106

(10)

APÊNDICE C- PLANILHAS DA AVALIAÇÃO HEURÍSTICA...121

APÊNDICE D – PLANILHAS DOS AVALIADORES DO NÍVEL DE MATURIDADE...122

APÊNDICE E – PLANILHAS DOS AVALIADORES DA AVALIAÇÃO HEURÍSTICA ...150

(11)

APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

Na década de 90 iniciou-se um movimento mundial em prol da utilização das

tecnologias da informação e comunicação

1

(TICs) pelos governos para promover

uma reforma administrativa, com o objetivo de alcançar melhores níveis de eficiência

e eficácia na prestação dos serviços, além de transparência na aplicação dos

recursos públicos. Este movimento é chamado

eletronic government

, que traduzido

para o português é governo eletrônico, sendo comum também a substituição da

expressão pelo termo e-gov.

O governo eletrônico é uma conseqüência tanto do fenômeno que caracteriza

a Sociedade da Informação: a digitalização das informações que está ocorrendo em

vários setores da sociedade e em serviços de comunicação, como da evolução do

papel do Estado: o Estado passa a se preocupar em prestar serviços de qualidade, e

o cidadão a exigir este melhor atendimento. No Brasil, este movimento iniciou por

volta da metade dos anos 90, quando diversos programas de governo eletrônico nas

esferas federal, estadual e municipal começaram a ser implantados. Alguns

programas de e-gov se encontram em estágios mais avançados – como nos estados

de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, e demonstram que a Internet pode

ser uma ferramenta para melhorar a prestação dos serviços públicos e o contato

com o cidadão, desde que haja políticas públicas bem definidas e bem executadas.

Porém, nota-se que ainda se trata de um cenário heterogêneo: ao mesmo tempo em

que existem estados com programas de e-gov com níveis de maturidade avançados,

outros ainda estão nos estágios iniciais.

Apesar da base tecnológica, o conceito de governo eletrônico vai além dos

aspectos tecnológicos, envolve também aspectos sociais, políticos, econômicos e

culturais. Neste sentido, o objeto da pesquisa mostra-se pertinente no momento em

que é abordado sob o ponto de vista das ciências sociais, pois parte-se do conceito

de governo eletrônico com suas possibilidades técnicas, e pretende-se chegar a seu

uso potencial como estratégia eficiente e apropriada para facilitar o acesso à

1 Tecnologias da informação e comunicação (TICs) são aqui vistas como conjunto de tecnologias (técnicas e equipamentos)

(12)

informação e aos serviços e para maior interação entre os cidadãos e o governo.

Percebe-se então que, apesar de ser um objeto com um forte aspecto tecnológico,

ele pode ser analisado sob a ótica da Comunicação, pois um portal é um meio de

comunicação. Segundo Santaella (2001, p. 80), a comunicação como área de

conhecimento está cada vez mais se tornando uma ciência interdisciplinar cujas

questões acabam convergindo em muitas outras ciências.

Não é por mera casualidade que se acentuam cada vez mais as interfaces e

cooperação das pesquisas em comunicação com algumas disciplinas, tais

como as ciências cognitivas, as ciências da informação, a inteligência

artificial e a biologia que, a despeito da especificidade de cada uma, estão

lidando com questões que são, antes de tudo, questões comunicacionais.

As ciências da comunicação têm, portanto, muito para dar e receber nessa

convergência. (SANTAELLA, 2001, p.80)

O presente trabalho pretende fazer uma análise da política de governo

eletrônico do Distrito Federal, como a Internet está sendo utilizada como ferramenta

de interação entre cidadão e o GDF. Alguns trabalhos acadêmicos que se

aproximam deste tema seriam os de Villela (2003), Simão (2004), Dias (2006) e

Torres (2006). Todos eles propõem formas de avaliações de portais ou programas

de e-gov federal ou estadual, diferindo pelo ponto de vista adotado.

Em seu trabalho, Villela (2003) apresenta uma metodologia desenvolvida para

avaliação de portais de governo eletrônico levando em conta três dimensões,

conteúdo, usabilidade e funcionalidade. E utiliza como estudo de caso cinco portais

de governos estaduais. Já o de Simão (2004), tem como foco principal avaliar as

ações do governo federal para promover a universalização dos serviços na Internet,

e uma das ações avaliadas é o portal principal do governo quanto ao conteúdo,

usabilidade e funcionalidade. Dias (2006) desenvolveu e validou um método de

avaliação de programas de governo eletrônico brasileiros sob a ótica do cidadão, em

outras palavras, um método de avaliação da qualidade dos serviços públicos

prestados eletronicamente. E Torres (2006) apresenta uma metodologia de

avaliação de portais e indicadores de níveis de e-gov de municípios brasileiros.

(13)

e para estimular o aumento da possibilidade de participação cidadã através de

novas formas de interação entre o governo e o cidadão. E tendo formas de realizar

um acompanhamento constante desta iniciativa, é possível esboçar caminhos para o

desenvolvimento de ambientes virtuais governamentais e mapear os desafios desse

percurso. Pois, ao identificar e avaliar as estratégias estabelecidas e o nível de

maturidade dos programas de governo eletrônico, tem-se uma análise completa da

situação.

Por isso acredita-se que o presente trabalho fornece informações relevantes

que poderão servir de parâmetros para que o governo distrital possa rever suas

metas com relação ao programa de governo eletrônico. Além disso, tem-se também

o intuito de contribuir com a produção acadêmica e com a reflexão e

aprofundamento acerca do desenvolvimento de programas de governo.

(14)

1 O GOVERNO ELETRÔNICO COMO OBJETO DE PESQUISA:

PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS

1.1 Governo eletrônico

O avanço das tecnologias de informação e comunicação que vem ocorrendo

nos últimos anos transformou a sociedade contemporânea na chamada Sociedade

da Informação, uma sociedade onde a informação e o conhecimento são

considerados estratégicos para o seu funcionamento. Além disso, as novas

tecnologias possibilitam que cada vez mais serviços e produtos sejam disponíveis

pela Internet, com características que atraem cada vez mais usuários: ausência de

filas, de limite de horários, de necessidade de deslocamento.

Neste cenário de transformação da sociedade pelas TICs, surgiu o governo

eletrônico, e-government ou e-gov

2

, que pode ser definido como a utilização das

TICs para ampliar e melhorar a prestação de informações e serviços pelos governos.

Na Internet, o e-gov seria o governo materializado na construção de portais que

integrassem as informações e serviços de interesse do próprio Estado e dos

cidadãos, de forma acessível e coerente. E, desta forma, seria possível alcançar

níveis melhores de eficácia e eficiência

3

dos serviços prestados aos cidadãos e

empresas, além de promover uma maior participação nos processos decisórios.

Emissão de documentos, prestação de informações ligadas aos serviços

públicos, acompanhamento das ações de governo e condução dos negócios

públicos, acesso aos governantes e representantes eleitos são exemplos

das possibilidades do uso das tecnologias de informação e comunicação

pela máquina administrativa pública. A possibilidade de acesso aos

serviços, de participação nas decisões e acompanhamento dos atos

governamentais por parte de todos os cidadãos, portanto, impõem a adoção

de meios e métodos digitais por parte do governo, em todos os poderes

constituídos e níveis governamentais, do emprego das tecnologias de

informação e comunicação em benefício da eficácia, transparência e

governança. (TAKAHASHI, 2000, p. 8)

2 E-government e e-gov são resultados da contração do termo em inglês eletronic government.

3 Segundo a ISO 9241-11(DIAS, 2003), eficácia é a precisão e completeza com que os usuários atingem os objetivos

(15)

Visto por outro ângulo, pode-se definir e-gov como iniciativa para modernizar

a administração pública e torná-la mais eficaz, eficiente e efetiva, sendo resultado

também do processo de evolução do modelo de gestão burocrático para o gerencial,

que passa a priorizar os fins, ou seja, os cidadãos.

Os benefícios decorrentes do uso da tecnologia para reconstruir governos

parecem ser infinitos. A promessa de programas amigáveis, tais como

“agências virtuais” e portais nos quais os cidadãos podem acessar todos os

departamentos de um Governo a partir de um único site da internet, tem

chamado a atenção internacional. Entretanto, todo o potencial de um Estado

digital não poderá ser alcançado, a menos que as rígidas estruturas do

Estado burocrático contemporâneo mudem simultaneamente. (FOUNTAIN

apud UNISUL, 2005, p.25)

Entretanto, o conceito de governo eletrônico não deve ser restringido apenas

à informatização e automação dos processos e disponibilização de serviços na

Internet, pois o uso das TICs provoca transformações na maneira como o governo

interage com o cidadão, e vice-versa. Neste sentido, as ações de e-gov vão além

dos aspectos tecnológicos, e adotam a idéia de fazer um governo melhor:

aumentando a qualidade dos serviços e informações, integrando os sistemas

internos e tornando-os mais robustos e seguros, promovendo o acesso da

população, abrindo novos espaços e formas de participação, entre outras ações.

Neste sentido, o governo eletrônico é um instrumento de transformação da

sociedade brasileira, e neste processo, ele assume múltiplos papéis: (BRASIL, 2004)

ƒ

promotor da cidadania e do desenvolvimento: o governo

eletrônico deve ser voltado para as demandas dos cidadãos e

para promover o acesso e a consolidação de seus direitos:

direito ao acesso aos serviços públicos; direito à informação;

direito à economia de tempo e deslocamentos; direito a ser

ouvido pelo governo; direito ao controle social das ações dos

agentes públicos; direito à participação política.

(16)

sociedade e promova o efetivo acesso ao direito aos serviços

públicos. Além disso, este acesso tem que ser o mais amplo

possível, possibilitando que o governo eletrônico construa

capacidades coletivas de controle social e participação política.

ƒ

promotor do processo de disseminação das TICs: as políticas

de governo eletrônico devem incentivar a promoção do

desenvolvimento de empresas nacionais a partir do aumento da

demanda por produtos e serviços e da articulação de iniciativas

de fomento e financiamento.

ƒ

promotor da disseminação de práticas de Gestão do

Conhecimento

4

na Administração Pública: os modelos e práticas

da gestão do conhecimento, por meio da produção

compartilhada e colaborativa da informação e do conhecimento

no setor público, possibilitam uma nova capacidade de

articulação do processo decisório e de gestão das políticas

estratégicas, sendo essenciais para integração das três esferas

de governo.

O governo eletrônico como um movimento mundial se iniciou na década de

90, mas só foi formalizado em 1999, no 1º Fórum Global sobre a Reinvenção do

Governo realizado em Washington, contando com a presença de 45 países.

(CHAHIN et alii, 2004) Um dos precursores deste movimento foi o Reino Unido,

quando em 1994 criou um sítio com informações sobre o governo. Atualmente

diversos países possuem alguma iniciativa de governo eletrônico, seja nos estágios

mais avançados, ou ainda nos iniciais.

Existem várias classificações sobre os estágios ou níveis de maturidade de

governo eletrônico, mas neste trabalho adotaremos a proposta do Centro de

Estudos em Tecnologia de Informação para Governo da Fundação Getúlio Vargas

(TecGov) que a concebeu a partir de modelos tradicionais e conhecidos, como os do

Gartner Group, Banco Mundial e Nações Unidas. Este modelo identifica cinco fases

de maturidade de e-gov (TORRES, 2006, p. 24):

4 A Gestão do Conhecimento é o conjunto de processos sistematizados, articulados e intencionais, que governam as ações de

(17)

ƒ

Presença inicial: este estágio corresponde às ações iniciais

de presença na web, e tem o objetivo de simplesmente estar

presente em um espaço da Internet, apresentando informações

sobre o governo, órgão ou instituição: endereços, horários de

funcionamento, documentos de interesse e relevância para o

público. Os conteúdos são geralmente estáticos e colocados no

sítio sem levar em conta as expectativas dos usuários.

ƒ

Presença intensiva e interação: aqui duas ações importantes

são realizadas: a consolidação da presença na web, que é

enriquecida com conteúdos de interesse da comunidade, e a

inclusão de recursos para interação com o agente de governo,

tais como contatos por e-mail,

download

de documentos e

formulários, consulta à legislação e regulamentos, entre tantos

outros serviços mais simples. Neste nível, a interação com o

governo possibilita que cidadãos e firmas se envolvam no

processo de governança e definição de políticas públicas.

ƒ

Transações financeiras e serviços: neste estágio, já é

possível realizar transações “on-line” entre governo e cidadãos

(G2C), governo e empresas (G2B) e entre agentes de governo

(G2G), tais como pagamento de tributos, taxas e multas, compra

de produtos e serviços pelo governo (por exemplo, os leilões

eletrônicos), renovação de licenças, entre outros. Para isto, há

necessidade de se desenvolver aplicações inter-agências que

possibilitem transações completas que envolvam mais de um

agente de governo. Assim, os serviços estariam disponíveis em

qualquer hora e dia, por meio de aplicações de auto-serviço,

gerando grandes economias de custos operacionais do governo

e de deslocamento dos cidadãos, bem como a possibilidade de

maior transparência nos processos e transações do governo.

(18)

um todo. Ou seja, por meio de tecnologias orientadas a

processos, tudo o que for relevante a um processo passa a ser

tratado de forma integrada (ocorrências, históricos, documentos

associados, decisões tomadas, projetos gerados, pendências

registradas), além de viabilizar a cobrança automática de ações

a responsáveis pelas mesmas. Isto se torna possível porque

ocorre o início da desfronteirização por meio de transformações

relacionadas à integração vertical e horizontal de processos no

governo. É, também, neste estágio, que existem as maiores

possibilidades de uso do governo eletrônico no combate à

corrupção, o que torna o governo muito mais transparente.

ƒ

Integração sem fronteiras: neste estágio a questão

fundamental é a desfronteirização: desaparecimento das

fronteiras entre agentes de governo e entre estes e a

comunidade, com processos altamente integrados e eliminando

as interfaces existentes entre organismos públicos e privados.

Seria possível, por exemplo, taxar diretamente as operações

empresariais por meio de processos integrados das empresas e

do governo, e imediatamente o governo ter os correspondentes

depósitos.

No Brasil, existem instituições governamentais presentes na Internet desde

1993. Segundo Chahin et alli (2004), o Programa SocInfo serviu de ponto de partida

para elaboração de uma política de e-gov no Brasil. Um dos grupos de trabalho

temáticos, o GT de Administração Pública tinha como coordenador o então

secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério de Planejamento,

Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG), Sólon Lemos Pinto, que no mesmo período

também coordenou o Grupo de Trabalho Interministerial de Tecnologia da

Informação (GTTI

5

). Este grupo “estava inserido na política do governo para lançar

5 Grupo criado pelo Decreto de 3 de abril de 2000, com a função de examinar e propor políticas, diretrizes e normas

(19)

as bases para uma nova sociedade digital” (CHAHIN et alli, 2004, p. 35), o que

coincidia com os objetivos do SocInfo. Assim, o GTTI se tornou o facilitador para a

realização destes objetivos, concentrando-se em três das linhas de ação do

programa: universalização de serviços, governo ao alcance de todos e infra-estrutura

avançada.

Os trabalhos do grupo resultaram na Proposta de Política de Governo

Eletrônico, que continha um modelo conceitual de governo eletrônico, com ênfase na

proposição de medidas para a promoção das novas formas eletrônicas de interação

entre o governo e o cidadão. Este documento foi apresentado em setembro de 2000

e aprovado pelo Presidente da República em reunião do Conselho de Governo.

Foram definidos sete princípios que deveriam servir de referência a todas as ações

de governo eletrônico:

ƒ

Promoção da cidadania como prioridade;

ƒ

Indissociabilidade entre inclusão digital e o governo eletrônico;

ƒ

Utilização do software livre como recurso estratégico;

ƒ

Gestão do Conhecimento como instrumento estratégico de articulação e

gestão das políticas públicas;

ƒ

Racionalização dos recursos;

ƒ

Adoção de políticas, normas e padrões comuns;

ƒ

Integração com outros níveis de governo e com os demais poderes.

(BRASIL, 2004, p.8)

A Proposta de Política de Governo Eletrônico resgatava diversas iniciativas

principalmente na área de serviços ao cidadão, que já estavam em processo

avançado de implementação. Assim, o Governo Federal passou a oferecer um

conjunto de serviços por meio de um portal único de serviços e informações ao

cidadão, o portal Rede Governo (www.redegoverno.com.br). Entre os serviços que

estavam disponíveis ao cidadão na Internet, destacam-se:

ƒ

entrega de declarações do Imposto de Renda;

ƒ

emissão de certidões de pagamentos de impostos;

ƒ

divulgação de editais de compras governamentais;

(20)

ƒ

acompanhamento de processos judiciais;

ƒ

prestação de informações sobre aposentadorias e benefícios

da previdência social;

ƒ

envio de mensagens pelos Correios, por meio de quiosques

públicos, e

ƒ

informações sobre programas do Governo Federal.

Em outubro de 2000, por meio de decreto presidencial, foi instituído o Comitê

Executivo do Governo Eletrônico (CEGE), que é presidido pelo Chefe da Casa Civil

da Presidência da República e tem como atribuição principal a gestão do governo

eletrônico brasileiro. As competências do CEGE foram estabelecidas de acordo com

a Proposta de Política de Governo Eletrônico:

x

coordenar e articular a implantação de programas e projetos para a

racionalização da aquisição e da utilização da infra-estrutura, dos

serviços e das aplicações de tecnologia da informação e

comunicações no âmbito da Administração Pública Federal;

x

estabelecer diretrizes e estratégias para o planejamento da oferta

de serviços e de informações por meio eletrônico, pelos órgãos e

pelas entidades da Administração Pública Federal;

x

definir padrões de qualidade para as formas eletrônicas de

interação;

x

coordenar a implantação de mecanismos de racionalização de

gastos e de apropriação de custos na aplicação de recursos em

tecnologia da informação e comunicações, no âmbito da

Administração Pública Federal;

x

estabelecer níveis de serviço para a prestação de serviços e

informações por meio eletrônico. (BRASIL, 2004, p.4)

(21)

No entanto, existem experiências bem-sucedidas no Brasil, como as dos

estados de São Paulo, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais

6

, que demonstram

que a utilização da tecnologia tem um elevado potencial para a ampliação da

inclusão digital e da prática democrática.

1.1.1 Algumas experiências brasileiras de sucesso

1.1.1.1 São Paulo

O estado de São Paulo é um dos estados brasileiros com programa de

governo eletrônico mais avançado e consolidado. Desde 1996, foi implantado o

Programa Poupatempo, que reúne diversos órgãos e empresas prestadoras de

serviços de natureza pública em um único local físico. Atualmente o programa conta

com onze postos fixos

7

e sete unidades móveis, que levam os serviços para bairros

e municípios distantes dos postos fixos. Entre os anos de 2001 e 2004, o Instituto

Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) avaliou o nível de satisfação e

qualidade de atendimento do Programa Poupatempo, que obteve altíssimo nível de

satisfação, chegando a 99% de aprovação dos usuários.

Para promover a inclusão digital, em 2001 a Superintendência do

Poupatempo criou o e-poupatempo, que oferece espaços apropriados para os

cidadãos poderem acessar os serviços públicos disponíveis na Internet das esferas

estadual, municipal e federal. Estas salas de atendimento contam com atendentes

treinados para auxiliar, observar e, principalmente, incentivar o cidadão no uso dos

serviços eletrônicos. Todos os dados coletados durante essas observações servem

para identificar os pontos de maiores dificuldades para que haja uma melhoria

constante.

6 Segundo vários estudos sobre o panorama dos programas de governo eletrônico dos estados brasileitos, entre eles o de

Ferrer (2007), São Paulo é considerado o estado com o programa mais avançado, seguido dos demais estados das regiõpes sudeste e sul.

7 Os postos de atendimento presencial do Poupatempo estão localizados nas seguintes localidades: Sé, Luz, Santo Amaro,

(22)

O portal de serviços do governo, Cidadão.SP (www.cidadao.sp.gov.br),

concentra mais de dois mil serviços do Governo do Estado de São Paulo

(www.saopaulo.sp.gov.br), e foi estruturado de forma que o cidadão identifique sua

necessidade de acordo com os “eventos da vida”

8

, sem que seja necessário

conhecer a estrutura complexa do Estado. Para maior facilidade, todos os serviços

relacionados são acompanhados de uma breve descrição e links que remetem às

páginas do órgão prestador do serviço ou informação. (Figura 1)

Figura 1 – Portal Cidadão.SP

1.1.1.2 Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul também foi um dos estados pioneiros na área de

Governo eletrônico, contando, para isso, com a Companhia de processamento de

dados do estado do Rio Grande do Sul (PROCERGS). Desde meados dos anos 90,

(23)

presta serviços via internet, e atualmente, segundo dados da PROCERGS, os sítios

de Órgãos do Governo do Estado realizam mais de 1 milhão de transações por mês.

O atendimento pela Internet é feito através do portal do governo do estado

(www.estado.rs.gov.br), no qual o cidadão tem acesso a uma série de informações e

serviços de utilidade pública, que podem ser consultados na sua própria casa ou

trabalho. Mas a iniciativa que se destaca é a Rede de Serviços ao Cidadão - Rede

Tudo Fácil, que, composta por centrais de atendimento presencial, e um portal de

serviços e informações para o cidadão. As duas centrais de atendimento estão em

funcionamento desde 1998, e reúnem, em um mesmo espaço físico, diversos

serviços de utilidade pública, como obtenção de orientações, requisição de

documentos, pagamento de contas, solicitação de serviços, entre outros. O

ambiente, projetado especificamente para atendimento ao público, conta também

com terminais de auto-atendimento e terminais de acesso à Internet. As duas

centrais de atendimento fazem uma média diária de 11.000 atendimentos

presenciais por dia.

(24)

Figura 2 – Portal Tudo Fácil

O Portal foi lançado com 62 serviços e uma média mensal de 2.500 acessos.

Hoje já estão disponibilizados 472 serviços e mesmo não tendo havido nenhuma

divulgação especial, tem-se uma média mensal de 90.000 acessos. Os serviços

prestados no Portal são distribuídos da seguinte maneira: 79 são da esfera federal,

165, da estadual, 29 da municipal, 51 são serviços não governamentais, e 148 de

utilidade pública. Os mais acessados são Carteira de Identidade, Atestado de

Antecedentes, Carteira do Trabalho, Passaporte, segundas vias de contas (água e

luz), infrações de trânsito, pontos na carteira de motorista, informações na área de

Turismo, Educação e Saúde.

Segundo o coordenador técnico do Tudo Fácil eletrônico neste período, cinco

definidores básicos são considerados para direcionar a manutenção do portal:

Estrutura, Conteúdo, Abrangência, Funcionalidade e Planejamento Visual. E

atualmente está sendo feita uma pesquisa para determinar o perfil dos usuários do

Portal, por faixa etária. Os dados desta pesquisa servirão de subsídios para a oferta

de novos serviços, que deverão ser focados por conteúdos específicos para cada

faixa etária. Além disso, a equipe em parceria com a PUC/RS

9

está desenvolvendo

um projeto para atendimento multicanal na prestação de serviços públicos, ou seja,

(25)

guiando-se pelo conceito de entrega de serviços onde o cidadão estiver, os estudos

pretendem oferecer serviços em vários meios: TV Digital, telefones celulares,

PDAs

10

.

1.1.1.3 Minas on-line

O projeto do Portal Minas integra a Política de Governança Eletrônica do

Estado de Minas Gerais, e teve início no final de 2003 com o objetivo de mudar a

visão institucional que até então era recorrente nos sítios governamentais, unificar as

bases de informação e mantê-las sempre atualizadas. Então, em junho de 2004, foi

lançado o novo Portal Minas Online (www.mg.gov.br) modificando a maneira como o

Governo do Estado de Minas Gerais disponibiliza suas informações na Internet.

(Figura 3)

Com o propósito de se prover um acesso mais rápido e intuitivo para o

cidadão, sem que ele precise conhecer a estrutura do Estado, ou a instituição

responsável pela informação ou serviço que queira encontrar, o novo portal teve sua

arquitetura da informação focada em dois pontos principais: o primeiro foi basear a

organização e a apresentação dos serviços e informações de acordo com o

público-alvo a que destinam: cidadãos, empresas, governo ou servidores públicos. Assim, o

usuário identifica-se rapidamente com um dos perfis para encontrar a informação ou

serviço desejado. O segundo ponto é a organização das informações e serviços em

duas estruturas, de assuntos e de eventos da vida. Entretanto, mesmo com a nova

estrutura informacional, o Portal Minas optou por manter também a estrutura

institucional de organização das informações e serviços. Desta forma, o cidadão tem

vários caminhos para encontrar a informação desejada.

(26)

Figura 3 – Portal Minas on-line

A atualização do portal é feita de forma descentralizada, por meio da

Ferramenta de Gestão de Conteúdo Descentralizada, que não requer nenhum

conhecimento específico de informática para realizar a tarefa. Cada instituição do

governo é responsabilizada pela alimentação e manutenção de suas respectivas

informações e serviços que estiverem no Portal Minas. A Secretaria de Estado de

Planejamento e Gestão (Seplag) criou uma resolução para normatizar e permitir uma

efetiva cobrança sobre o cumprimento da atualização do portal.

(27)

Semestralmente, a SCGE realiza uma avaliação de todos os sítios governamentais

do estado para obtenção de um perfil geral do que é oferecido ao cidadão.

Estes projetos apresentados comprovam que com a utilização das TICs é

possível implantar programas de governo eletrônico que forneçam informações e

serviços de forma eficaz e eficiente, promovam a transparência da gestão e uma

maior possibilidade de participação cidadã. Mas para isto, não basta disponibilizar

um portal com informações e serviços, a Internet é apenas um meio, um facilitador.

Por isso, é preciso que se tenham políticas e ações que garantam o acesso do

cidadão à rede e aos conteúdos.

1.2 Definição do Objeto

O Distrito Federal possui atualmente mais de 2 milhões de habitantes

11

distribuídos em 29 Regiões Administrativas. Do número total de habitantes, segundo

dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) de 2004,

aproximadamente 30% dos domicílios tem computador em casa, e 22,6%, acesso a

Internet. A partir desses dados, nota-se que mais da metade da população do DF

tem pouca ou nenhuma familiaridade com o ambiente virtual.

Em contrapartida, dados da pesquisa do Comitê Gestor da Internet (CGI.br)

de 2006

12

demonstram que, mesmo com esses baixos índices de acesso a

tecnologia, o Distrito Federal apresenta 33,58% do total de domicílios com

computador – o maior índice do país, enquanto no estado de São Paulo é de

22,37%. Em relação a domicílios com acesso à Internet, o Distrito Federal possui

21,45% do total de domicílios, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro, com 22,9% e

Espírito Santo com 22,45%. A pesquisa mostra ainda que cerca de 70% da

população distrital já utilizaram computador, e 59% já acessaram a Internet. E a

pesquisa divulgada em março de 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

11 Segundo dados do IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2006, o Distrito Federal conta com

uma população de 2.341.000. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/ pnad2006/sintese/tab1_3.pdf>

12 Realizada nos meses de julho e agosto de 2006, a 2ª Pesquisa Sobre Uso da Tecnologia da Informação e da Comunicação

(28)

Estatística (IBGE)

13

, mostrou que, entre as unidades da federação, o Distrito Federal

apresenta o índice mais alto de usuários de internet, chegando a 41,1% da

população acima de 10 anos. Este panorama mostra que o Distrito Federal

apresenta um ambiente favorável para a implantação de um projeto bem-sucedido

de governo eletrônico como os dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e

Minas Gerais, vistos anteriormente.

Entretanto, o Distrito Federal não possui ainda um programa de governo

eletrônico consolidado. As iniciativas que foram feitas neste sentido foram

prejudicadas pelo contexto político-eleitoral

14

. Mesmo com esta situação indefinida,

algumas instituições ligadas ao Governo do Distrito Federal, tais como a Companhia

Energética de Brasília (CEB), a Companhia de Saneamento Ambiental de Brasília

(CAESB) e o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF) já

demonstram a preocupação de manter um sítio institucional que disponibiliza

informações e serviços para os cidadãos. Com sítios quase sempre bem

estruturados, com informações atualizadas e relevantes, e serviços on-line, estas

instituições, de forma independente do governo distrital, utilizam o potencial da

Internet para promover uma nova forma de prestação de serviços e informações com

foco no cidadão.

No cenário nacional de incentivo à ampliação do governo eletrônico como

estratégia apropriada para garantir a universalização na prestação dos serviços

públicos e como mais um recurso para possibilitar a ampliação do espaço para

exercício da cidadania, é importante esboçar caminhos para o desenvolvimento de

ambientes virtuais de governo e mapear os desafios desse percurso. Para isso, é

necessário que se tenha uma visão aprofundada da situação, e a partir dos

resultados rever as estratégias existentes, e traçar outras. Assim, tendo como base

os dados obtidos, pode-se promover uma melhoria significativa nas políticas de

governo eletrônico, aproveitando todo potencial e condição favorável para que se

tenham programas de excelência.

13 Esta pesquisa, realizada em parceria com o Comitê Gestor da Internet (CGI.br) do governo federal, faz parte de um

suplemento especial da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD – 2005) sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação no país. Este levantamento traçou o perfil dos usuários brasileiros de internet e telefone celular.

(29)

1.3 Objetivos

Dentro do contexto de aumento da utilização da Internet pelos governos para

alcançar melhores níveis de eficiência e eficácia na prestação dos serviços, e maior

transparência, participação e controle social pelos cidadãos, este projeto analisou a

política de governo eletrônico do Distrito Federal, e sua efetividade como estratégia

para garantir a universalização dos serviços públicos e para estimular o exercício da

cidadania.

Para atingir o objetivo mencionado, pretende-se também:

ƒ

Reconstruir a trajetória histórica do programa E-GDF;

ƒ

Avaliar o grau de maturidade das políticas de governo

eletrônico do Distrito Federal;

ƒ

Avaliar o Portal do Distrito Federal com relação à usabilidade

15

.

1.4 Opções metodológicas

Conforme visto anteriormente, a disseminação da Internet nos diversos

setores da sociedade e sua utilização como novo meio de comunicação e de

serviços, incluindo as iniciativas de governo eletrônico materializadas em portais

governamentais para prestação de serviços públicos, é um fenômeno recente,

principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Somente em meados

da década de 90, ou seja, há aproximadamente dez anos, que aconteceram as

primeiras iniciativas de governo eletrônico no país, sendo que no Distrito Federal foi

oficialmente em 2003. Trata-se, então, de um assunto ainda pouco explorado, pois

além de ser recente, está em constante em processo de desenvolvimento. E por isto,

o corpo teórico para embasamento de estudos mais aprofundados sobre ele é

escasso.

15 O conceito de usabilidade aqui utilizado é o da norma ISO 9241-11 de 1998 (apud DIAS, 2003, p. 26): “capacidade de um

(30)

Entretanto, ao se propor um trabalho sobre governo eletrônico, percebe-se

que é um objeto de estudo que possui inúmeras nuances a serem investigadas –

desde o ponto-de-vista meramente tecnológico e processual, até os de caráter

social, que privilegiam os impactos que o uso das tecnologias podem causar na

estrutura social. E esta característica o torna muito rico, possibilitando um estudo

interdisciplinar, englobando várias áreas do conhecimento.

Dado esta natureza do objeto, percebeu-se que o estudo da efetividade do

programa de governo eletrônico do GDF não deveria se restringir apenas à análise

do portal, mas deveria abranger também os aspectos político-administrativos

envolvidos no processo. Por isso, a metodologia utilizada para a realização deste

trabalho não foi formada por um método somente, mas sim por uma combinação

deles. Foram adotadas tanto a pesquisa qualitativa, quanto a quantitativa, de forma

a se complementarem, e assim, alcançar os objetivos definidos para este estudo.

A pesquisa qualitativa foi ideal no momento em que se fez o levantamento

das informações a respeito das estratégias, motivações e ações do GDF em relação

ao programa, pois há pouca documentação a respeito, o que fez com que as

entrevistas se tornassem essenciais para esta etapa. Já nas etapas de avaliação do

portal em si, a pesquisa quantitativa foi fundamental para se chegar em um

diagnóstico mais preciso, com base nos dados obtidos pelas metodologias de

avaliações adotadas neste projeto.

A realização da pesquisa foi dividida em quatro etapas:

ƒ

Etapa 1: Reconstrução da trajetória histórica do programa

E-GDF.

ƒ

Etapa 2: Avaliação do nível de maturidade do programa de

e-gov do Distrito Federal

ƒ

Etapa 3: Avaliação da usabilidade do portal do Distrito Federal

ƒ

Etapa 4: Compilação dos resultados e recomendações para

ações futuras.

(31)

1.4.1 Etapa 1: Reconstrução da trajetória histórica do programa E-GDF

Nesta etapa de reconstrução histórica, considera-se que o processo seja mais

importante do que o produto, o qual será analisado no momento seguinte. Por isso,

nesta primeira fase, optou-se pela pesquisa qualitativa, por meio do estudo

exploratório, pois ele “tem por finalidade aumentar a familiaridade com o fenômeno

que pretende investigar” (DENCKER e VIÁ, 2002, p.59), sendo feito um

levantamento do maior número possível de informações por meio de documentos

oficiais e por entrevistas com pessoas responsáveis ou ligadas ao programa.

Por se tratar de um processo recente, não há muitos dados e informações

sobre ele nos documentos, e por isso as entrevistas se tornaram essenciais para o

levantamento destas informações. Assim, para a realização das entrevistas

16

,

utilizou-se o método qualitativo de entrevistas em profundidade, pois ela proporciona

uma melhor visão e compreensão do problema, ou seja, “permite a obtenção de uma

riqueza informativa grande (intensiva, de caráter holístico ou contextualizado), nas

palavras e enfoques dos entrevistados.” (VALLES, 2000, p. 196) Além de definir o

problema e desenvolver uma abordagem, a pesquisa qualitativa também é

apropriada ao se enfrentar uma situação de incerteza, como nesta pesquisa, quando

os resultados conclusivos poderão diferir das expectativas.

Para este projeto, escolheu-se a entrevista semi-estruturada, pois à

semelhança de outros métodos qualitativos, as entrevistas semi-estruturadas são

muito úteis como estratégia de descoberta. Segundo Moreira (1994), o objetivo

desse tipo de entrevista é averiguar, como as coisas sucederam, ou sucedem, e

determinar a freqüência com que ocorreram. É interessante utilizá-la num campo

novo de pesquisa, ou para se definir as dimensões mais relevantes de uma ou mais

atitudes. Para Malhotra (2005), este tipo de entrevista é construído a partir de

pontos relevantes que precisam ser esclarecidos pelo pesquisador. São construídos

a partir de perguntas abertas às quais o entrevistado responde com suas próprias

palavras, conhecidas também como perguntas de resposta livre. As perguntas de

16 Foram entrevistados: Na Hora: assessoria; Agecom: responsáveis técnicos; CEB: responsável técnico; Secretaria de Estado

(32)

respostas livres ou abertas permitem o entrevistado expressar sua opinião e atitudes

frente ao problema colocado, livremente, sem a tendenciosidade associada a

perguntas restritas às alternativas predeterminadas.

Assim, vislumbrando a coleta do maior número possível de informações sobre

o planejamento e desenvolvimento do E-GDF, já que o próprio portal não oferece

uma documentação relevante a ponto de reconstruir o trajeto histórico e as

motivações para a implantação do Governo Eletrônico no Distrito Federal, este

modelo de entrevista qualitativa foi o ideal. E, a partir da coleta dos dados,

realizou-se a análirealizou-se dos comentários textuais. Os textos coletados forneceram um contexto

rico para a interpretação das perguntas posteriores, sendo úteis na pesquisa

exploratória. Para mitigar os pontos negativos, como erros de registro, codificação

dos dados, utilizou-se um gravador para facilitar a transcrição dos comentários

registrados e ter uma atenção maior para não dar-se mais peso as respostas de um

entrevistado mais articulado que outro.

1.4.2 Etapa 2: Avaliação do nível de maturidade do programa de e-gov do

Distrito Federal

Após fazer o levantamento da visão estratégia inicial e das metas expressas

nos documentos, e nas entrevistas, nesta fase foi verificado em que nível de

maturidade se encontra o programa de governo eletrônico do Distrito Federal, além

do grau de relacionamento com o cidadão por meio do portal. Para alcançar estes

resultados, optou-se por uma metodologia quantitativa, uma vez que o portal seria

avaliado por critérios pré-estabelecidos.

Assim, optou-se pela metodologia de avaliação de portais e indicadores o

nível de maturidade de programas de governo eletrônico de municípios desenvolvida

pelo TecGov

17

(TORRES, 2006). Esta metodologia propõe uma série de variáveis

(Anexo A) para a avaliação dos portais, que podem receber uma pontuação de zero

a cinco, conforme descrito no quadro 1.

(33)

Quadro 1: Tabela dos pontos

Pontuação

Descrição

0

Muitíssimo fraco ou inexistente

1 Muito

pobre

2 Fraco

3 Bom

4 Muito

bom

5 Excelente

Fonte: Torres (2006)

Torres (2006) também propõe diferentes tipos de visão de análise, e cada

uma é dividida em categorias segundo temas em comum. Em cada dimensão de

análise, as variáveis são agrupadas nestas categorias que possuem um peso

correspondente. Por exemplo, a visão “Nível de governo eletrônico” é dividida em

cinco categorias, que neste caso, correspondem aos cinco estágios de maturidade

de governo eletrônico: 1º Estágio – Presença inicial; 2º Estágio – Presença intensiva

e interação; 3º Estágio – Serviços e Transações financeiras; 4º. Estágio – Integração

vertical e horizontal; 5º Estágio – Integração sem fronteiras.

A partir desta categorização dentro de cada dimensão de análise, é possível

se obter índices específicos das categorias por meio do cálculo da média

ponderada:

¦

¦

u

v v f c

P

P

V

I

Onde,

I

c

= índice da categoria

V

f

= nota final da variável

P

v

= peso da variável na categoria em questão

(34)

¦

¦

u

c c c d

P

P

I

I

Onde,

I

d

= índice da dimensão

I

c

= índice da categoria

P

c

= peso da categoria

A utilização da média ponderada garante que todos os índices fiquem na faixa

da pontuação, de 0 a 5, não importando se uma categoria tem muitas ou poucas

variáveis, nem seu peso. Isto é importante para se ter critérios homogêneos de

comparação e análise dos dados.

A avaliação foi realizada por cinco avaliadores de nível superior com

conhecimentos técnicos em desenvolvimento de sistemas, projetos de interfaces

gráficas e produção de conteúdo para Internet

18

, e também com experiência e

familiaridade no uso da internet e de serviços on-line. Estes avaliadores receberam

instruções e explicações sobre as variáveis, categorias e visões. Entretanto, eles

somente avaliaram as variáveis, sem se preocuparem com a categorização. E

sempre que necessário, registraram comentários a respeito. (Anexo B) A partir das

notas atribuídas de cada avaliador, foram obtidas as notas finais de cada variável

através de média simples:

x

N

V

f

¦

ax

Onde,

V

f

= nota final da variável

N

ax

= nota do avaliador

x = quantidade de avaliadores

18 Daniela Garrossini: designer gráfico, doutoranda em Comunicação, tem experiência em desenvolvimento e coordenação de

(35)

Como originalmente esta metodologia foi concebida para avaliar municípios,

para a aplicação neste projeto, verificou-se a necessidade de haver uma adaptação

para melhor atender aos seus objetivos. As variáveis, categorias e visões

19

propostas

pelo TecGov foram analisadas, e, conforme o caso, modificadas afim de se

adequarem ao projeto, pois o Distrito Federal tem a singularidade de acumular

características tanto de estado como de município.

A fim de atender os objetivos desta fase do projeto, foram selecionadas três

dimensões de análise: tipo de conteúdo ou serviço (quadro 2), grau de

relacionamento com o cidadão (quadro 3), e nível de governo eletrônico (quadro 4).

Quadro 2: Tipo de conteúdo ou serviço

Categoria

Peso

01 - Informação básica

1

02 - Conhecendo o Distrito Federal

2

03 - Notícias

3

04 - Legislação, normas, estatutos, políticas

4

05 - Planejamento, orçamento e ações do governo distrital

4

06 - Utilidade pública

4

07 - Interação, cadastros, emissão de documentos

6

08 - Inscrições, registros e solicitações

5

09 - Atendimentos

7

10 - Transações financeiras

9

11 - Serviços simples aos cidadãos e empresas

4

12 - Serviços especiais

8

13 - Serviços sofisticados aos cidadãos e empresas

9

14 - Serviços mais sofisticados ao cidadão

10

15 - Integrações de processos

11

16 - e-Democracia

12

Fonte: Adaptação de Torres (2006)

Esta dimensão tem por objetivo fornecer dados a respeito de quais tipos de

informações ou serviços têm maior presença no portal. Estes dados são importantes

porque serviram de evidência para os resultados da análise da dimensão do nível de

(36)

governo eletrônico, uma vez que, como já visto anteriormente, cada nível de governo

eletrônico apresenta um tipo de informação ou serviço. Torres (2006) propõe 16

categorias, cujo peso varia de acordo com a relevância e grau de complexidade da

informação ou serviço.

Quadro 3: Grau de relacionamento com o cidadão

Categoria

Peso

01 - Relacionamento impessoal

1

02 - Relacionamento por grupos ou classes

2

03 - Relacionamento pessoal (um-a-um)

4

Fonte: Adaptação de Torres (2006)

(37)

Quadro 4: Nível de governo eletrônico

Categoria

Peso

01 - Presença básica

1

02 - Presença intensiva e interação

2

03 - Serviços e Transações financeiras

3

04 - Integração interna

4

05 - Integração sem fronteiras

5

Fonte: Adaptação de Torres (2006)

Nesta visão, as variáveis são agrupadas em um dos cinco níveis de

maturidade de governo eletrônico: “presença básica”, “presença intensiva e

interação”, “serviços e transações financeiras”, “integração vertical e horizontal”,

“integração sem fronteiras”. (TORRES, 2006) A partir desta visão foi possível

verificar em qual nível o programa de e-gov do DF se encontra.

As variáveis com seus pesos e categorias foram organizadas em uma planilha

do Excel, o que facilitou na etapa de consolidação dos resultados e cálculos das

notas e índices. (Apêndice B)

1.4.3 Etapa 3: Avaliação da usabilidade do portal do Distrito Federal

(38)

1.4.3.1 Usabilidade e acessibilidade

Os conceitos de usabilidade e acessibilidade estão ambos no âmbito do que

costumamos chamar "acesso universal" - a possibilidade de estabelecer

comunicação e troca de conhecimentos "independentemente de hardware, software,

infra-estrutura de rede, idioma nativo, cultura, localização geográfica, habilidade

física ou mental" (DIAS, 2003, p. IX). Para tanto, é importante compreender

claramente o que é acessibilidade e usabilidade para que se possa utilizar os dois

conceitos em conjunto.

Segundo a norma ISO 9241-11 (1998 apud DIAS, 2003), que trata de

qualidade de uso de software, a usabilidade é a "capacidade de um produto ser

usado por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia,

eficiência e satisfação em um contexto específico de uso”. (ISO 9241-11 apud DIAS,

2003, p. 26) Sob a perspectiva do usuário, a usabilidade seria o aspecto que

assegura que o produto (ou o sistema, ou o sítio) seja fácil de usar, eficiente e

agradável, otimizando as interações entre as pessoas e este produto. Para se que

se tenha usabilidade é preciso alcançar as seguintes metas: eficácia, eficiência,

segurança, utilidade, ser de fácil aprendizagem e de ser memorizar. (PREECE;

ROGERS; SHARP, 2005)

(39)

Figura 4 – Metas de usabilidade e metas decorrentes da experiência do usuário.

(PREECE; ROGERS ; SHARP, 2005)

No Brasil, a acessibilidade na Administração Pública Federal foi definida pelo

Decreto de Lei nº 3.298 de 1999:

Art. 51, inciso I – é a possibilidade e condição de alcance para utilização,

com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos

urbanos, das instalações e equipamentos esportivos, das edificações, dos

transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora

de deficiência ou com mobilidade reduzida. (BRASIL, 1999

20

)

No entanto, no contexto desta pesquisa, o termo acessibilidade está

associado ao fato de uma pessoa ter ou não fácil acesso a uma determinada

informação de um sítio Web ou produto de tecnologia, seja por ser portadora de

alguma deficiência, ou por não conseguir lidar com as novas tecnologias, ou até

mesmo pela má organização das informações. Portanto, os conceitos de

acessibilidade e usabilidade estão estreitamente ligados entre si, pois um produto

interativo que não seja acessível em seu uso, conseqüentemente também não será

eficaz, eficiente e satisfatório para o usuário.

20

(40)

A partir dos conceitos apresentados, conclui-se que é realmente necessária a

avaliação das funcionalidades do E-GDF, para a verificação da incorporação de

características que se adequem ao cidadão, pois os efeitos de um problema de

usabilidade podem afetar diretamente a interação do usuário e indiretamente a

realização de uma tarefa. Para isso, conforme dito anteriormente, optou-se pelo

método da avaliação heurística, que veremos com maiores detalhes a seguir.

1.4.3.2 Avaliação Heurística

Para a análise da questão da usabilidade do portal do GDF, foi utilizada a

avaliação heurística, pois ela visa percorrer todos os caminhos possíveis de

navegação dentro do software, analisando possíveis quebras de critérios de

usabilidade que, em um momento futuro, viriam a prejudicar o desempenho do

usuário na execução das tarefas estabelecidas pelo sistema. A avaliação heurística

foi desenvolvida por um grupo de especialistas, entre eles, Jakob Nielsen, e é uma

técnica de inspeção na qual um grupo de especialistas avalia uma interface e seus

elementos a partir de uma série de princípios de usabilidade, as chamadas

heurísticas. (PREECE; ROGERS; SHARP, 2005) Usualmente é comum fazê-la

baseando-se no conjunto de heurísticas estabelecido por Nielsen (1993), quadro 5.

Quadro 5: Critérios para avaliação heurística de Nielsen

Critério

Característica

1- Estética e design mínimo

A interface não deve conter informações irrelevantes, pois estas

competirão com as informações necessárias, ao usuário, a

realização das tarefas.

2- Coerência entre o sistema

e o mundo real

A linguagem utilizada no sistema deve ser familiar a utilizada pelo

usuário. Deve-se evitar o uso de termos técnicos orientados ao

sistema

3- Reconhecer é melhor que

relembrar

O sistema deve proporcionar ao usuário o acesso a informações

sem que seja necessário relembrar passos anteriores. Quando for

necessário o uso de ajuda do sistema as instruções devem ser

facilmente acessadas pelo usuário.

(41)

Critério

Característica

padronização mesmo

significado.

5- Visibilidade do status do

sistema

Os usuários devem sempre estar informados quanto ao

andamento das tarefas executadas pelo sistema a através de

feedback.

6- Controle e liberdade de

opções

Opções de saída e outras utilidades do sistema devem estar

claras.

7- Flexibilidade e eficiência

de uso

O sistema deve atender a usuários experientes e inexperientes

permitindo o ajuste das ações mais freqüentes.

8- Identificação e

recuperação de erros

As mensagens de erro devem ser claras e sugerir soluções para o

problema.

9- Prevenção de erros

A inclusão de mensagens explicativas para execução de tarefas

previne a ocorrência de erros.

10- Documentação e ajuda

O recomendado é que o sistema possa ser utilizado sem à

necessidade de documentação, porém a mesma deve existir, pois

para alguns usuários ela poderá ser necessária. A formulação

destes documentos do sistema deve sempre levar em

consideração que as informações devem ser claras e não muito

extensas.

Fonte: Nielsen (1993).

Entretanto, para este trabalho as heurísticas foram compiladas baseadas não

somente em Nielsen (1993), mas também em Preece at alii (2005), Dias (2003) e

Villela (2003). São 28 no total e elas foram divididas em duas categorias:

“navegabilidade” e “design e arquitetura da informação”. A categoria navegabilidade

reúne as heurísticas que se referem tanto a aspectos de navegação quanto ao

acesso do portal, considerados essenciais para que o usuário possa interagir com o

portal e conseguir atingir seus objetivos, que pode ser tanto a simples obtenção de

uma informação, como o atendimento de um serviço. (Quadro 6)

Quadro 6: Heurísticas de Navegabilidade

Navegabilidade

Complexidade da URL.

Rapidez de acesso às páginas do portal.

O usuário tem informações sobre: “Onde estou?” e “Onde posso ir?”?

O portal possibilita retorno à página anterior?

(42)

Navegabilidade

A ferramenta de busca funciona bem? A busca é restrita ao conteúdo do portal? Os melhores

resultados são apresentados antes?

Os links estão claramente diferenciados de textos normais?

Os links utilizam textos que sejam auto-explicativos, com informações suficientes sobre o

conteúdo do endereço apontado?

Os links apontam exatamente para o conteúdo descrito no link?

Os links Indicam claramente que irão acionar um aplicativo (áudio, vídeo, email, outros), caso

isso aconteça?

É possível interromper/cancelar o processamento ou transação atual?

É grande a quantidade de cliques necessários para o usuário conseguir chegar ao conteúdo

desejado? (É recomendável não ultrapassar 4 cliques.)

Existem páginas de ajuda para os usuários inexperientes?

Existem páginas “órfãs”, sem nenhuma indicação de opções de navegação possíveis?

A navegação pelo portal é confortável/ agradável?

Já na categoria design e arquitetura da informação estão presentes as

heurísticas que dizem respeito à organização das informações e padronização

visual. A forma como os elementos são organizados interferem na eficácia e

eficiência do uso, e também na própria navegabilidade do portal, pois facilitam o

entendimento do usuário da lógica utilizada, tornando a navegação mais fácil. Já as

heurísticas de padronização visual estão mais relacionadas às metas da experiência

do usuário, e são mais subjetivas. (Quadro 7)

Quadro 7: Heurísticas de Design e Arquitetura da Informação

Design e Arquitetura da Informação

Existe um projeto gráfico consistente?

O layout permite que o tamanho do site seja ajustado de acordo com as resoluções de tela?

Existem páginas muito longas?

As páginas apresentam muitos espaços em branco?

As páginas apresentam informação em excesso?

As imagens são utilizadas de maneira a contribuir com a clareza das informações ou serviços?

As informações e os serviços disponíveis estão agrupados em categorias semelhantes?

As informações ou elementos importantes estão visíveis na primeira parte da página, ou seja,

sem que haja necessidade de rolagem vertical da tela?

Imagem

Figura 1 – Portal Cidadão.SP
Figura 2 – Portal Tudo Fácil
Figura 3 – Portal Minas on-line
Figura 4 – Metas de usabilidade e metas decorrentes da experiência do usuário.
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