CAESP - Artes
Aula 20 - 19/10/2016
IMPRESSIONISMO: IMPRESSÃO PASSAGEIRA NA RETINA O Impressionismo nasce no furor do século XIX,
com todas as suas transformações e contradições imanentes.
As revoluções tecnológicas e sociais do século
XIX não poderiam deixar de influenciar de
múltiplas maneiras a Arte, tanto a pintura quanto a escultura. E essa, a multiplicidade, é uma das
características herdadas do século XIX que
engendram o século XX e desabrocham de maneira inescapável no século XXI, o qual podemos chamar de um século das
transformações líquidas segundo Zygmund Bauman.
Charles Baudelaiere, em 1846, pede por quadros
que expressem o “heroísmo da vida moderna”. Esse pedido é interpretado de diversas formas.
Coubert, Millet, Bonheur, Daumier vão com o
Realismo e o Naturalismo retratar os proletários e os campesinos em seus trabalhos cotidianos e a integração entre os seres vivos e a Natureza,
Já os impressionistas vão retratar a vida ardente
da metrópole, festiva (na maioria dos casos), ou triste ou entediante, de uma Belle Époque com todas as suas esperanças e todos os seus
contrastes.
Uma arte que irá se opor aos padrões da época
ao fazer do “mundano” do mundo urbano,
especial. O cotidiano, a passagem das horas, a
alegria fervilhante das ruas e dos salões, a tristeza e o vazio do fim das noites, etc., passam a figurar no centro da obra de arte.
Não é deixada de lado também a crítica social e
A tinta a óleo é finalmente industrializada
podendo ser preservada em tubos metálicos e flexíveis, o que torna o seu preço mais atrativo e sua portabilidade maior, juntamente com a sua durabilidade. As variações de formatos dos
pincéis permitiram maior amplitude de formas criativas nos contornos e nos preenchimentos. Também a forma dos pincéis permitia a
cobertura de áreas maiores em menor tempo.
Essa era a tecnologia abrindo novas
possibilidades criativas, que fora plenamente aproveitada pelos artistas da época.
Impressionismo (características básicas):
Pinceladas curtas; Cores vivas;
Efeitos de luz.
Historicamente, o Impressionismo é criado em 1874 pela
organização de um grupo de artistas chamado de
Sociedade Anônima de Pintores, Escultores, Gravuristas e etc., que organizaram uma exibição de suas obras para afrontar artisticamente o “Salão” oficial da Academia.
Os críticos conservadores classificavam os trabalhos
como inacabados, uma impressão.
Os críticos progressistas elogiavam os trabalhos por
A ascensão da fotografia como forma de registro
verosímil da realidade objetiva:
Apesar de todas as críticas que possamos fazer
hoje sobre as escolhas do que se recorta com a objetiva, ou, como se diz, a “subjetividade da
objetiva”, pois, na época, essa crítica era por demais insipiente
A fotografia coloca um desafio para a pintura e a
escultura.
Elas deverão procurar outros espações criativos
para a poderem permanecer a existir não como monumentos do passado, mas como
possibilidades não permitidas à fotografia “concorrente”.
E quais seriam as formas de fazer frente à
fotografia “concorrente”?
Uma das respostas é justamente a cor. Não só
porque a fotografia da época ainda chafurdava no P&B e em poucas cores (1861, primeira
fotografia colorida), com pouco uso dos contrastes e das sombras para criar a
expectativa do cenário ou o discurso das formas,
mas porque a cor na pintura agora poderia (e deveria) retratar a passagem do tempo e a
impressão das cores nas retinas e nas
mentalidades. A cor compõe e desenha, ela
As cores estão até nas sombras!
A cor não será para os impressionistas apenas
uma adição à obra, que vem a ornar essa, mas o foco da própria obra. É praticamente como se
fosse a cor que pintasse a obra.
Aqui vale lembrar o velho dilema entre desenho
versus cor. O que os impressionistas desejam é
“desenhar com as cores”.
A criação mental e material da obra está
justamente em traduzir nessa como as cores
pintam a nossa retina e nos imprimem na mente o mundo a nossa volta.
As importância da composição:
Apesar das obras impressionistas parecerem
despreocupadas em um “joie de vivre”, a
composição é cuidada com muito esmero por esses artistas.
Pois o Impressionismo só “parece”
despreocupado aos olhares mal treinados, mas
os seus autores escolhem cuidadosamente a
composição em todos os seus detalhes, sempre buscando aquele momento perfeito que “fala” sobre todo o tema em uma cuidadosa
Claude Monet: dentre os impressionistas é aquele
que leva os objetivos do movimento aos seus estertores por toda a sua longa produção
artística. Foi muito cultuado em meio aos artistas e conquistou os críticos e a fama em sua época. Suas obras trazem a composição com as cores e a apreciação da passagem do tempo e seu
efeito sobre a mudança das cores como ponto focal de sua produção. Outro ponto principal de sua produção e que se relaciona intimamente
com a captura da passagem do tempo e a
transformação das cores é a pintura ao ar-livre como um modo constante em sua produção.
Édouard Manet: destinado a ser um jurista, fez-se um
pintor revolucionário. Charles Baudelaiere chamava a Manet de “o pintor da vida moderna”, pois ele
trazia na sua arte a viva modernidade ao invés do
místico do neo-classicismo. Aqui conseguindo realizar também o pedido inicial de Baudelaiere, ao mostrar
o quão belas são as pessoas em seu mundo urbano cotidiano, e como elas assim são em seus momentos de alegria e de tristeza (ou tédio).
O que Manet virá a oferecer em suas obras é uma
beleza inundada de cores vivas que turvam as
formas tamanha a sua intensidade. O foco não está na forma, mas como as cores se inter-relacionam.
Pierre-Auguste Renoir: expressava na escolha de
seus temas justamente o seu temperamento alegre, escolhendo por representar nas suas
obras o “joie de vivre”. Suas pinturas vão retratar os alegres momentos dos cafés, as danças ao ar-livre, uma epifania da celebração da vida
moderna na cidade. Sempre mesclando luz e penumbra em suas obras trazendo para o
primeiro plano os contrastes de cores entre os vestidos e os ternos. Seus quadros são como as memórias de um andarilho casual que passa por esses cenários e leva essas impressões na
Edgar Degas: em contraste com Renoir, Degas
busca um outro olhar sobre o mesmo tema do festejar da vida moderna. Ele decide por focar em outro momento, um momento mais
contemplativo, solitário, de “final de noite”. Ao final de sua carreira ele se aproxima dos
pós-impressionistas realizando através de suas obras debates sobre as questões técnicas e teóricas da produção artística.
Outro foco temático (pintura e escultura) de
Degas é o ballet e as bailarinas que tanto o encantavam.
François-Auguste-René Rodin: é o artista que
redefine a escultura moderna.
Ela (a escultura) ainda não será a “busca da
revelação do espaço” como algumas décadas
depois, mas ela é a impressão dos volumes, não dos efeitos ópticos da cor, mas do nascimento da
escultura, o processo de “crescimento” da escultura da matéria inerte que é sua origem material. Com
isso, ele resgata a escultura dos grilhões da
verossimilhança mecânica. E nisso ele se aproxima
dos impressionistas que resgatam a pintura do realismo fotográfico.
O Impressionismo no Brasil:
O Brasil passou do Neoclássico para Impressionismo
com uma rápida passagem pelo Romantismo, pelas telas de José Ferraz de Almeida Júnior.
Porém, é com Belmiro Barnosa de Almeida que são
dados os primeiros passos para fora do Romantismo
e o ingresso no Impressionismo.
E assim como o Impressionismo europeu, não há a
crítica da conjuntura política e social.
A temática do Impressionismo no Brasil é calma,
O Impressionismo no Brasil:
O grande representante do Impressionismo no Brasil
será Eliseu Visconti.
Mas sua chegada no Impressionismo não é direta.
Ele vai caminhando através das suas obras em um crescendo que abarca mais fortemente as
influências Impressionistas.
A transformação é fruto de sua própria formação
acadêmica como artista.
Ao contrário de Belmiro de Almeida, Eliseu Visconti
Prof. Heleno Licurgo do Amaral <heleno@dr.com>