NUTRIÇÃO E O TRANSTONO DO
ESPECTRO AUTISTA
Profᵃ Msc. Roberta Barone
Nutricionista Clínica (UFBA)
Residência Multiprofissional em Nutrição Hospitalar Pediátrica (COM-HUPES/UFBA) Mestre em Medicina e Saúde /Faculdade de Medicina (UFBA)
Nutricionista Pesquisadora do Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista
• O TEA é caracterizado por déficits e dificuldades na comunicação
e interação social, associados a interesses e atividades restritas e
circunscritas
• O TEA é classificado pelo DSM5, como Transtorno do
Desenvolvimento
• TEA entre 18 e 24 meses de idade - aplicação do M-CHAT
(Modified Checklist for Autism in Toddlers)• Prevalência atual do TEA nos EUA é de 1:68 casos e no mundo a
prevalência global é estimada em 1:100 casos
• Diagnóstico e Tratamento precoce: Janela de oportunidade nos
primeiros anos de vida e a velocidade de formação de conexões
cerebrais e neuroplasticidade
Sinais de alerta para TEA
Atraso adquirir sorriso social, atraso na linguagem Atraso ao demostrar interesse em objetos Pouco interesse pela face humana, indiferença quando separado dos pais Olhar não sustentado ou ausente Preferência por dormir sozinho no berço, irritabilidade quando ninadoIndicador de desenvolvimento
Sinais de alerta para TEA (Alimentação)
De zero a 6 meses Dificuldade na amamentação (dificuldade na atenção aos gestos, às expressões faciais e à fala de seu
cuidador)
De 6 a 12 meses Introdução alimentação complementar (texturas, sabores diferentes, resistência a mudanças na alimentação)
De 12 a 18 meses A criança com TEA pode ser muito resistente à introdução de novos alimentos na dieta
De 18 a 24 meses Resistência às mudanças, recusa alimentar ou insistir em algum tipo de alimento, mantendo a textura, a cor, a consistência etc. Resistência em participar da cena alimentar
Brasil. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), 2014
Nutrição fetal
Cunha AJLA, et al. The pediatrician’s role in the first thousand days of the child: the pursuit of healthy nutrition and development. J Pediatr (Rio J). 2015;91(6 Suppl 1):S44---S51
Nutrição pré-natal
Fetal programming e o conceito dos primeiros mil dias
de vida
Adaptações fetais a oferta de nutrientes na gestação
Deficiência de vitamina na gestação aumento do risco
cognitivo
Objetivo: Associações entre fatores nutricionais maternos e suas interações com
variantes gênicos
Métodos
• Estudo Caso-Controle
• As famílias do norte da Califórnia, 2003 a 2009
• Crianças com idades entre 24-60 meses foram avaliadas e confirmadas com autismo (n = 288) ou desenvolvimento típico (n = 278) na Universidade da Califórnia
• Avaliação ingestão de vitamina materna antes e durante a gravidez • Efeitos de interação com variantes genéticas funcionais envolvidas no
metabolismo carbono
Resultados
• Foram observados efeitos de interação de genes com maior risco de autismo quando as mães não tinham consumo vitaminas pré-natais
• As mães de crianças com autismo tinham menos consumo vitaminas pré-natais do que mães de crianças típicas
Discussão
• O consumo vitaminas pré-natal nos três meses anteriores à gravidez
• Vitaminas B9, B12, ferro são fundamentais para o desenvolvimento neurológico e cognitivo (1º trimestre, metilação DNA e funções epigenéticas)
Conclusão
• Suplementação com vitaminas pré-natais antes da gravidez e no primeiro mês pode proteger contra o autismo, particularmente em indivíduos suscetíveis • O genótipo COMT pode contribuir para um risco
Qualidade dos
Alimentos
Dietas
Restritivas
Sistema
Imune
Toxinas
ambientais
Excessos e
carências
nutricionais
Distúrbios de
Comportamento
compulsão, ansiedade e
seletividade alimentar
Doenças Crônicas não
transmissíveis
x
Promoção da
A etiopatogenia é multifatorial, resultante de uma interação
muito complexa entre fatores genéticos e ambientais
Prevalência TEA x Poluentes atmosféricos
- Pesticidas e desreguladores endócrinos (bisfenol)
- Depressão materna durante a gravidez e as complicações
neonatais (anóxia, icterícia e pneumonia aspirativa)
Fatores Imunológico
• Pacientes com autismo têm níveis aumentados na circulação
plasmática de citocinas pró inflamatórias
• A elevação pode ser induzida por infecção (materno,
intolerâncias, alergias)
• Altas concentrações de anticorpos IgE, elevação de interleucinas
(IL1,IL2,IL6), TNF.
• Alteração da flora intestinal/Disbiose
• Alterações enzimáticas
Ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs) desempenham um papel
significativo no crescimento e desenvolvimento do cérebro
Formação da memória e desenvolvimento da função cognitiva
• Ácido araquidônico (AA, 20: 4 w-6)
• Ácido eicosapentaenóico(EPA, 20: 5 w-3)
• Ácido docosa-hexaenóico (DHA, 22: 6 w-3)
Isto implica que uma deficiência de PUFA pode ter um possível papel
na patobiologia do autismo
• Acido fólico, vitaminas C e B12, Zinco
• Ômega 3 e ômega 6: lipídios anti-inflamatórios, imunidade,
protege SNC de radicais livres e as prostaglandinas
pró-inflamatórias
Destaque Quatro ensaios clínicos randomizados
foram incluídos na meta-análise 2 (n = 107).
Comparado com placebo
• n-3 LCPUFA melhorou a interação social e
interesses e comportamentos restritos
Outros fatores investigados
• Aumento da permeabilidade intestinal
• Má digestão ao glúten e caseína
• Baixa resistência a infecções
DESORDENS GASTROINTESTINAIS
• Diminuída produção de enzimas digestiva
• Inflamações da parede intestinal
• Permeabilidade intestinal alterada
• Complicações como constipação, diarreia, flatulência,
aumento volume abdominal, entre outros.
Oliveira ALTD,2012; Carvalho et al.,2012 Imagem ilustrativa Google imagens
• Condições de má digestão e absorção
• Os nutrientes não digeridos podem servir de substrato para
bactérias patogénicas produtoras de neurotoxinas - DISBIOSE
• Supercrescimento de fungos – síntese Gliotoxinas – depressão
do sistema imunológico
• Associação Alienação, distúrbio de concentração e/ou
aprendizado
DESORDENS GASTROINTESTINAIS
Leal M,et al. Nutrition therapy in children with austism spectrum disorder, 2015
Aumento da permeabilidade intestinal
• Proteínas não digeridas do glúten (gliadina) e caseína
• Efeito opióide (caseomorfina e gluteomorfina)
• Hiperatividade, irritabilidade, dificuldade na interação da
comunicação e sociabilidade
• Mecanismo ainda não esclarecido
Silva, NI. Relação entre hábito alimentar e síndrome do espectro autista. Universidade de São Paulo, 2011 Higuera, MC. Tratamientos Biológicos del Autismo y Dietas de Eliminación. Revista Chilena de Pediatria,2010
Desequilíbrios no microbioma entérico têm sido associado ao TEA
A mucosa intestinal de crianças com TEA foi significativamente
diferente de outros grupos
Sintomas gastrointestinais em crianças com TEA.
Anormalidades localizadas no ceco sugerem um papel para
desequilíbrios no microbioma.
• n-3 PUFAs, são poderosos imunomoduladores que
exercem propriedades anti-inflamatórias
• Nutrição e a inflamação podem afetar maciçamente
a microbiota
• Interação cérebro e trato digestório - A interferência do padrão alimentar
na composição da microbiota intestinal (Inflamação)
• Alimentação rica em fibras (carboidratos complexos – ácidos graxos
cadeia curta e polifenóis (grãos, uvas)
• Risco alimentação pobre em fibras e rica em carboidratos simples e
oligossacarídeos, rica em carne vermelha e processada, rica em gorduras
(total e saturadas) DISBIOSE
• Incluindo funções afetivas e cognitivas, doenças neuro-degenerativas,
transtornos psiquiátricos tais como ansiedade, depressão e TEA
• Restrições alimentares podem se associar a rejeição social,
estigma e dificuldades de socialização e integração, com
potenciais efeitos adversos no quadro clínico
• Estudos indefinidos - Dieta exclusão glúten e/ou caseína
(diagnóstico ou suspeita de algum tipo de intolerância ou
hipersensibilidade a alimentos)
• Crianças com TEA frequentemente usam dietas especiais ou
recebem suplementos nutricionais para tratar os sintomas de
ASD
• FONTES DE DADOS: bancos de dados, incluindo o Medline e o
PsycINFO
• 19 ensaios controlados randomizados , 4 com baixo risco de
viés, avaliam suplementos ou variações da dieta livre de glúten
/ caseína e outras abordagens dietéticas
• A suplementação Ω-3
• Diferentes enzimas digestivas relataram efeitos mistos sobre a gravidade
dos sintomas
• Suplementos (metil B12, levocarnitina) relataram algumas melhorias na
gravidade dos sintomas
• Para Dietas sem glúten / caseína algumas melhorias foram relatadas e
avaliadas pelos pais em comportamentos de comunicação e
desafiadores
• No entanto, os dados foram inconclusivos (evidência) - os estudos
foram pequenos e de curto prazo
Dieta de exclusão
Após Avaliação Nutricional Individualizada
Leal M,et al. Nutrition therapy in children with austism spectrum disorder, 2015 Imagem ilustrativa Google imagens
HÁBITOS SAUDÁVEIS
• Evitar alimentos ultraprocessados
• Relacionados a reações adversas – aditivos alimentares
• Corantes
• Sulfitos
• Glutamato monossódico
• Agrotóxicos
Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1.– Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
Probióticos: equilíbrio da microbiota intestinal
Lactobacillus reuteri Lactobacillus rhamnosus Lactobacillus paracasei Bifidobacterium lactis Bifidobacterium longumGengibre
(Zingiber officinale): promove secreções gástricas, aumenta o peristaltismo.• O ginerol é um inibidor potente da biossíntese da prostaglandina e leucotrienos (anti-inflamatória)
SELETIVIDADE ALIMENTAR EM
CRIANÇAS AUTISTAS
• Avaliação do Inquérito Alimentar
• Comportamento ou Seletividade ?
• Restrições o consumo de nutrientes essenciais como
vitaminas, minerais e macronutrientes
• Comprometimento do estado nutricional
Oliveira ALTD. Autism: Nutritional intervention, 2012 Imagem ilustrativa Google imagens
Objetivo
• Investigar comportamento indivíduos com TEA e identificar perfis clínicos distintivos entre crianças com e sem seletividade alimentar
Métodos
Caso-Controle
• Total de 158 crianças com TEA
• 79 participantes com seletividade alimentar com idade e sexo pareados com 79 participantes sem seletividade
• 3 a 12 anos, média de idade ± DP:7,16 ± 2,046) • Dezembro de 2012 a Dezembro de 2013
Definição de seletividade alimentar
Recusa
Alimentar
Limitado
repertório
alimentar
Ingestão de
alimentos em
alta frequência
• Os tipos e fatores sensoriais ligados à seletividade alimentar
textura, cor, cheiro, gosto, temperatura, quantidade, qualidade,
embalagem, rituais em torno de comer
• A seletividade alimentar em crianças com TEA e a idade não
interfere melhora e resolução problema – Terapias –
INTEGRAÇÃO SENSORIAL
• Seletividade pode ser um estressor significativo para as famílias
com impacto na qualidade de vida
• Impacto dos comportamentos alimentares anormais relatados em crianças com TEA e seu estado nutricional
• Crianças (2-11 anos, n = 367), novembro de 2009 e junho de 2011, colaboração de 17 centros em toda a América do Norte
• Relatos aversões alimentares
• Baixa ingestão de vitaminas A, D e K, fibra, magnésio, fósforo, e
potássio a partir de fontes alimentares
• O risco para a insuficiência nutricional de crianças em dietas
restritas
Avaliação da Equipe multiprofissional
Observações diárias e contínuas através dos
sinais e sintomas clínicos, laboratoriais e dos
relatos familiares
Interação família e equipe
Atos que se apresentem muitas vezes sem lógica, de forma repetitiva, estereotipada, podem ser formas possíveis de estabelecer contato com
o outro, não devendo ser necessariamente suprimidos
Brasil. Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde. Ministério da Saúde, 2015. Carvalho JA,et al. Nutrição e Autismo: considerações sobre a alimentação do autista. Revista Científica do ITPAC, 2012
Algumas Orientações Seletividade
• Diário Alimentar
• Avaliação dos alimentos introduzidos e alimentos aceitos
• Atividades lúdicas – BRINCAR E EDUCAR
• Não utilizar alimentos de forma compensatória
• Não deixar de oferecer o alimento recusado
• Disfarçar os alimentos para garantir as necessidades
nutricionais até a aceitação plena
• Aproximar o alimento em pequenos pedaços, do prato
até que a criança permita aproximação (manusear,
cheirar e futuramente comer o alimento)
• Realizar as refeições em família para estímulo diário
Sampaio ABM et al. Selective eating: a nutritional approach. J. bras. psiquiatr. vol.62 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 2013 Imagem ilustrativa Google imagens
Obrigada!
Contatos: Instagram-@robertabnut E-mail- roberta_digital@yahoo.com.br