INE5403
F
UNDAMENTOS DE
M
ATEMÁTICA
D
ISCRETA
PARA A
C
OMPUTAÇÃO
PROF. DANIEL S. FREITAS
7 - E
STRUTURAS
A
LGÉBRICAS
7.1) Operações Binárias
7.2) Semigrupos
7.3) Produtos e Quocientes de Semigrupos
7.4) Grupos
P
RODUTOS E
Q
UOCIENTES DE
S
EMIGRUPOS
Modos de obter novos semigrupos a partir de outros existentes.
Teorema: Se (S, ∗) e (T, ∗0) são semigrupos, então:
( S × T , ∗00 ) é um semigrupo
com ∗00 dado por: (s
1, t1) ∗00 (s2, t2) = (s1 ∗ s2 , t1 ∗0 t2)
Prova: ??
Corolário: se S e T são monóides com identidades eS e eT:
R
ELAÇÕES DE
E
QUIVALÊNCIA SOBRE
S
EMIGRUPOS
Como um semigrupo não é simplesmente um conjunto:
certas relações de equivalência sobre um semigrupo ajudam a conhecer a sua estrutura.
Uma relação de equivalência R sobre um semigrupo (S, ∗) é chamada de Relação de congruência se:
R
ELAÇÕES DE
E
QUIVALÊNCIA SOBRE
S
EMIGRUPOS
Exemplo 1(/3): Seja o semigrupo (Z, +),
e seja a relação de equivalência R sobre Z:
a R b se e somente se 2 divide a − b
ou: a ≡ b (mod 2)
sejam: a ≡ b (mod 2) e c ≡ d (mod 2)
então 2 divide tanto a − b como c − d, de modo que:
a − b = 2m e c − d = 2n ⇒ (a − b) + (c − d) = 2m + 2n ⇒ (a + c) − (b + d) = 2(m + n) ⇒ a + c ≡ b + d (mod 2)
R
ELAÇÕES DE
E
QUIVALÊNCIA SOBRE
S
EMIGRUPOS
Exemplo 2(/3): Seja A = {0, 1},
considere o semigrupo livre (A∗ , · ) gerado por A
seja a seguinte relação sobre A∗:
α R β sse α e β possuem o mesmo nro de 1s
R é uma relação de equivalência: 1. α R α, ∀α ∈ A∗
2. se α R β, α e β têm o mesmo nro de 1s, logo: β R α
3. se α R β e β R γ, tanto α e β como β e γ têm o mesmo nro de 1s, logo: α e γ têm o mesmo nro de 1s e αRγ
R também é uma relação de congruência: suponha que temos: α R α0 e β R β0
então tanto α e α0 como β e β0 possuem o mesmo nro de 1s
daí: “nro de 1s em α · β” = “nro de 1s em α” + “nro de 1s em β”
⇒ “nro de 1s em α · β” = “número de 1s em α0 · β0 ”
R
ELAÇÕES DE
E
QUIVALÊNCIA SOBRE
S
EMIGRUPOS
Exemplo 3(/3): Seja o semigrupo (Z, +), seja: f (x) = x2 − x − 2
e seja a relação sobre Z:
a R b se e somente se f (a) = f (b)
fácil notar que R é uma relação de equivalência sobre Z
no entanto, R não é uma relação de congruência sobre Z, pois:
−1 R 2 ( f (−1) = f (2) = 0 ) −2 R 3 ( f (−2) = f (3) = 4 )
mas: −3 R/ 5
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
Relembrando:
a relação de equivalência R sobre o semigrupo (S, ∗) determina uma partição de S
[a] = R(a) é a classe de equivalência que contém a
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
Teorema:
Seja R uma relação de congruência sobre o semigrupo (S, ∗). E seja a relação ∗ , de S/R × S/R para S/R, dada por:
([a] , [b]) está relacionado com [a ∗ b] (a, b ∈ S)
Então:
∗ é uma função de S/R × S/R para S/R
· usual: “∗ ([a], [b])” denotado por “[a] ∗ [b]”
· ou seja: [a] ∗ [b] = [a ∗ b] (S/R , ∗) é um semigrupo. Prova: ⇒
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
Prova:
suponha que ([a], [b]) = ([a0], [b0])
então a R a0 e b R b0, de modo que:
a ∗ b R a0 ∗ b0 (pois R é relação de congruência)
portanto [a ∗ b] = [a0 ∗ b0]
ou seja, ∗ é uma função
ou seja, ∗ é uma operação binária sobre S/R
além disto: [a] ∗ ([b] ∗ [c]) = [a] ∗ [b ∗ c] = [a ∗ (b ∗ c)] = [(a ∗ b) ∗ c)] (associatividade de ∗ em S) = [a ∗ b] ∗ [c] = ([a] ∗ [b]) ∗ [c] (associatividade de ∗) portanto, S/R é um semigrupo 2
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
S/R: Semigrupo Quociente ou Semigrupo Fator.
Note que ∗ é uma espécie de “relação binária quociente” sobre S/R
construída a partir da relação binária original ∗ sobre S
pela relação de congruência R
Corolário:
Seja R uma relação de congruência sobre o monóide (S, ∗). Defina a operação ∗ em S/R por [a] ∗ [b] = [a ∗ b].
Então (S/R, ∗) é um monóide.
Prova: Se e é a identidade em (S, ∗):
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
Exemplo:
Considere o exemplo já visto:
monóide (A∗, ·) gerado por A = {0, 1}
R sobre A∗: α R β sse α e β possuem mesmo nro de 1s
Como R é uma relação de congruência sobre S = (A∗, ·):
concluímos que (S/R, ) é um monóide, aonde:
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
Exemplo(1/2):
Seja a relação sobre o semigrupo (Z, +): a R b sse n | (a − b)
R é uma relação de equivalência escrita como “≡ (mod n)” assim: 2 ≡ 6 (mod 4), pois: 4 | (2 − 6)
Classes de equivalência determinadas por “≡ (mod 4)” sobre Z:
[0] = {. . . , −8, −4, 0, 4, 8, 12, . . .} = [4] = [8] = · · · [1] = {. . . , −7, −3, 1, 5, 9, 13, . . .} = [5] = [9] = · · · [2] = {. . . , −6, −2, 2, 6, 10, 14, . . .} = [6] = [10] = · · · [3] = {. . . , −5, −1, 3, 7, 11, 15, . . .} = [7] = [11] = · · ·
Estas são todas as classes de equivalência que formam o “conjunto quociente”
Z/ ≡ (mod 4).
O conjunto quociente Z/ ≡ (mod n) é denotado por Zn
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
Exemplo(2/2):
Tabela de adição para o semigrupo Z4 com operação + :
+ [0] [1] [2] [3] [0] [0] [1] [2] [3] [1] [1] [2] [3] [0] [2] [2] [3] [0] [1] [3] [3] [0] [1] [2]
Elementos da tabela obtidos de: [a] + [b] = [a + b]
exemplo: [2] + [3] = [2 + 3] = [5] = [1]
Em geral:
Zn tem n classes de equivalência: [0], [1], [2], . . . , [n − 1]
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
& H
OMOMORFISMOS
Há uma conexão entre as estruturas do semigrupo (S, ∗) e do semigrupo quociente (S/R, ∗).
Teorema: Sejam:
R uma relação de congruência sobre um semigrupo (S, ∗) (S/R, ∗) o semigrupo quociente correspondente
Então:
a função fR : S → S/R, definida por fR(a) = [a],
é um homomorfismo sobrejetivo
chamado de homomorfismo natural Prova: ⇒
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
& H
OMOMORFISMOS
Prova:
fR é uma função sobrejetiva:
se [a] ∈ S/R, então fR(a) = [a]
fR é um homomorfismo:
se a e b são elementos de S, então:
fR(a ∗ b) = [a ∗ b]
= [a] ∗ [b]
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
& H
OMOMORFISMOS
Teorema (Fundamental do Homomorfismo): Sejam:
f : S → T um homomorfismo do semigrupo (S, ∗) sobre o semigrupo (T, ∗0)
R a relação sobre S definida por a R b sse f (a) = f (b) · (R definida com base no homomorfismo)
Então:
(a) R é uma relação de congruência
(b) (T, ∗0) e o semigrupo quociente (S/R, ∗) são isomórficos
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
& H
OMOMORFISMOS
Prova da parte (a):
(i) R é uma relação de equivalência:
a R a, ∀a ∈ S, pois f (a) = f (a)
se a R b, então f (a) = f (b), de modo que b R a
se a R b e b R c:
· então: f (a) = f (b) e f (b) = f (c)
· de modo que: f (a) = f (c) e, portanto: a R c
(ii) R é uma relação de congruência: suponha que a R a1 e b R b1 então: f (a) = f (a1) e f (b) = f (b1) ⇒ f (a) ∗0 f (b) = f (a 1) ∗0 f (b1) ⇒ f (a ∗ b) = f (a1 ∗ b1) (pois f é um homomorfismo) logo: (a ∗ b) R (a1 ∗ b1) 2
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
& H
OMOMORFISMOS
Prova da parte (b): Seja a relação de S/R para T:
f = { ([a], f (a)) | [a] ∈ S/R}
f é uma função: suponha que [a] = [a0]:
então: a R a0 e f (a) = f (a0)
logo, f é a função f : S/R → T, aonde: f ([a]) = f (a) f é injetiva: suponha que f ([a]) = f ([a0]):
então: f (a) = f (a0)
⇒ a R a0 ⇒ [a] = [a0]
f é sobrejetiva: suponha que b ∈ T:
f (a) = b para algum elemento a em S (pois f é sobrejetiva)
então: f ([a]) = f (a) = b
f preserva a estrutura das operações ∗ e ∗0:
f ([a] ∗ [b]) = f ([a ∗ b]) = f (a ∗ b) = f (a) ∗0 f (b) = f ([a]) ∗0 f ([b])
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
& H
OMOMORFISMOS
Exemplo:
Considere o semigrupo livre A∗ gerado por A = {0, 1} sob concatenação
note que A∗ é um monóide, aonde a identidade é Λ
Seja N o conjunto dos inteiros não-negativos então (N, +) é um semigrupo
A seguinte função f : A∗ → N é um homomorfismo:
f (α) = número de 1s em α
Seja R a seguinte relação sobre A∗:
α R β sse f (α) = f (β)
Segundo o Teorema: A∗/R ' N
sob o isomorfismo f : A∗/R → N definido por:
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
& H
OMOMORFISMOS
Teorema (Fundamental do Homomorfismo): (relembrando) Sejam:
f : S → T um homomorfismo de (S, ∗) sobre (T, ∗0)
R a relação sobre S definida por a R b sse f (a) = f (b)
Então:
(a) R é uma relação de congruência
(b) (T, ∗0) e o semigrupo quociente (S/R, ∗) são isomórficos
S
EMIGRUPOS
Q
UOCIENTES
& H
OMOMORFISMOS
fR é o homomorfismo natural
f ◦ fR = f pois:
(f ◦ fR)(a) = f (fR(a))
P
RODUTOS E
Q
UOCIENTES DE
S
EMIGRUPOS
Final deste item.