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Descontrole controlado: ambivalências em clubes e bares de sexo masculinos

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Academic year: 2021

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33º Encontro Anual da Anpocs GT36: Sexualidade, corpo e gênero

Descontrole controlado: ambivalências em clubes e bares de sexo masculinos Camilo Albuquerque de Braz

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Resumo

Neste trabalho, trago resultados preliminares de uma pesquisa etnográfica levada a cabo em clubes de sexo ou bares de sexo masculinos, na cidade de São Paulo (Brasil), tendo como contraponto estabelecimentos similares investigados na cidade de Madrid (Espanha). Procuro apontar estes locais, que relacionam atributos e estereótipos associados à virilidade à experimentação sexual, como resultado da recente e crescente segmentação do mercado de locais para sexo entre homens nesses dois contextos. Meu objetivo no artigo é começar a discutir as possíveis implicações desses processos no que diz respeito à constituição contextual de subjetividades e corporalidades, tendo como pano de fundo a noção de “descontrole controlado”, tal como formulada por Mike Featherstone.

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Introdução

Iniciei a pesquisa que dá base a este trabalho1 com algumas pretensões. A primeira delas, contribuir para suprir as lacunas derivadas da relativa escassez de estudos realizados no Brasil sobre prazer sexual, erotismo e desejo sexual, envolvendo formas diversas de expressão da sexualidade2, dialogando com os estudos realizados nos últimos anos por minha orientadora sobre as novas formas de erotismo e os limites da sexualidade no âmbito do mercado (Gregori, 2003; 2004; 2007; 2009)3. A segunda pretensão era a de trazer elementos empíricos para os debates sócio-antropológicos atuais em torno das sexualidades e erotismos “não-heterossexuais”, em contextos de segmentação de mercado (França, 2006; 2008; 2009). A terceira delas, dialogar com os

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Este texto é um resultado preliminar da pesquisa de Doutorado em Ciências Sociais que venho realizando no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sob orientação da professora Dra. Maria Filomena Gregori (Núcleo de Estudos de Gênero (PAGU)/IFCH), financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

2 Nas ciências sociais, não há acordos no que se refere à delimitação do significado e dos objetos

associados ao que seria a “sexualidade”. Ela pode ser considerada em relação à família e/ou parentesco, pensada como constitutiva da subjetividade e/ou da identidade individual e social, concebida como representação, desejo ou, simplesmente, como atividade ou comportamento (Carrara, Gregori e Piscitelli, 2004). Um possível ponto de partida para quem se interessa no estudo da sexualidade é a obra de Michel Foucault, que questiona a naturalização do termo. Ele afirma que os desejos sexuais não são entidades biológicas pré-existentes, mas são constituídos no curso de práticas sociais específicas, determinadas historicamente (Foucault, 1977). Foucault ressalta os aspectos geradores da organização social do sexo e não a abordagem que dá ênfase à repressão dele, mostrando que há uma espécie de positividade nos dispositivos da sexualidade e que novas modalidades estão sempre sendo produzidas (Foucault, 1977; 1979; 1983). É a partir de sua obra que surge a noção de um processo histórico de autonomização da sexualidade em relação a outros sistemas sociais como traço das sociedades ocidentais contemporâneas.

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Num panorama das pesquisas brasileiras em ciências sociais relativas a sexualidades e direitos sexuais no período de 1990 a 2002, publicado pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM), aponta-se uma ausência relativa de estudos sobre o erotismo, o prazer e o desejo sexual masculino e feminino, em comparação a um grande número de publicações em outras áreas, tais como sexualidade e juventude, sexualidades em tempos de AIDS ou prostituição (Citeli, 2005). Sobre a problemática dos direitos e políticas sexuais no Brasil, ver também Vianna e Lacerda (2004).

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4 debates contemporâneos acerca da relação entre “homossexualidades” e masculinidades4. Tais pretensões, aliadas à preocupação atual na renovação seja dos conhecimentos, seja das políticas relativas aos direitos de livre expressão da sexualidade, formaram o pano de fundo para a decisão de estudar locais comerciais para encontros sexuais (LCES) entre homens, notadamente os chamados clubes de sexo ou bares de sexo.

Dentro do mercado contemporâneo de bens eróticos (Gregori, 2007) em São Paulo, há um vasto e diversificado segmento voltado a homens que buscam sexo com outros homens5. Muitas boates e bares paulistanos contam com um espaço específico para sexo (os chamados dark-rooms6). Há também muitas saunas7, localizadas em

4 Campo de estudos bastante vasto em antropologia e sociologia, sobre o qual posso indicar algumas

referências levantadas que nortearam minhas reflexões, cuja discussão pormenorizada não cabe neste trabalho. Sobre a noção de “masculinidade hegemônica” e suas implicações ver, por exemplo, Vale de Almeida, 1995; Connell, 2005; Bourdieu, 2000; Connell, Kimmel e Hearn, 2005. Sobre as relações entre masculinidades e “homossexualidades”, consultar Nardi, 2000; Halkitis, 2000; Edwards, 2005; Gardiner, 2005; Lacombe, 2005; Sívori 2002; 2006; Carrara e Simões, 2007. Sobre como estes processos surgem em contextos de mercado segmentado, consultar, por exemplo, Monteiro, 2000; Santos, 2007; 2008. Para uma discussão sobre o contexto espanhol, ver Saéz, 2003.

5 Júlio Simões e Sérgio Carrara apontam para o diálogo crítico em relação à denominação HSH (homens

que fazem sexo com homens), que surgiu nas políticas de saúde e que, do seu ponto de vista buscava equivocadamente “contornar o problema da falta de coincidência entre comportamentos e identidades sexuais” (Carrara e Simões, 2007, p. 93). Para os autores, “um problema com a categoria HSH é dissolver a questão da não-correspondência entre desejos, práticas e identidades numa formulação que recria a categoria universal "homem" com base na suposta estabilidade fundante do sexo biológico, ao mesmo tempo em que permite evocar as bem conhecidas representações da sexualidade masculina como inerentemente desregrada e perturbadora” (Carrara e Simões, 2007, p. 94, nota 35). Em outro texto, Simões aponta as controvérsias que envolvem as formas de categorização utilizadas para referir e classificar práticas erótico-sexuais entre pessoas do mesmo sexo. O uso da expressão “homens que fazem sexo com homens” seria, desse modo, uma tentativa de neutralizar a carga política e cultural de termos como “homossexual” ou “gay” (Simões, 2004). Concordo inteiramente com o autor, quando diz não ser essa denominação isenta de tais cargas. Não tenho a pretensão de resolver essa questão aqui. Se a utilizo neste ponto, é apenas como referência a estabelecimentos onde, dentre outras coisas, homens praticam sexo entre si.

6 A esse respeito, ver a interessante análise de Dias Benítez sobre o dark-room de uma boate carioca

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5 diferentes bairros da capital, bem como os cinemas-pornôs8 e as cabines onde se paga para assistir filmes pornográficos, em sex-shops espalhados pela cidade.

Além de cinemas pornográficos e saunas, descobri durante o pré-campo, realizado em 2006, que havia em São Paulo desde o final dos anos 90 do século passado estabelecimentos chamados de “clubes de sexo” ou “bares de sexo” masculinos. Eles introduziram um novo modelo frente aos LCES existentes na capital paulista desde os anos 60, como saunas, cinemas pornôs e dark rooms de boates GLS9 (Macrae, 2005; França e Simões, 2005).

A valorização de atributos associados à virilidade e a produção do “macho” como sujeito e objeto de desejo são elementos implicados nos processos de materialização dos corpos e de produção de subjetividades em muitos dos contextos de circulação de homens que se relacionam afetivo-sexualmente com outros homens, no Brasil contemporâneo.10 Tais convenções aparecem bastante difundidas nos clubes e bares de sexo investigados. Esta questão me chamou a atenção por sua ambivalência. Por um lado, a valorização de estereótipos associados à masculinidade em estabelecimentos para sexo gays permitia pensar em rearticulações ou deslocamentos de convenções relativas a sexo, gênero, desejo e práticas sexuais que compõem a matriz heteronormativa11 de Gênero (Butler, 2003). Por outro lado, o rechaço aos atributos

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Uma instigante investigação sobre saunas gays que contam com a presença de garotos de programa (michês) na capital paulista vem sendo realizada por Elcio Nogueira dos Santos (Santos, 2007; 2008).

8 É válido aqui mencionar aqui duas pesquisas realizadas sobre cinemas pornôs no Brasil, em dois

contextos diferentes – uma no Rio de Janeiro (Terto Junior, 1989), outra em Fortaleza (Vale, 2000). Vale também mencionar o mapeamento dos chamados “cinemões” de São Paulo, levado a cabo por alunos de graduação da USP (Fábio, França Rosa e Vallerini, 2008).

9 GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) é uma sigla propagada a partir do Festival MixBrasil de 1994, que

incluía uma página de internet e um festival de cinema “alternativo”, voltados para esse público emergente (França, 2006).

10

Ver a respeito Carrara, 2005; Braz, 2007ª; 2007B; 2007C; 2008 e 2009; Santos, 2007; 2008; Sívori, 2002, 2006; França, 2009.

11 Para Butler, a “heterossexualização do desejo” requer e institui a produção de oposições discriminadas

e assimétricas entre “feminino” e “masculino”, compreendidos como atributos expressivos de “macho” e de “fêmea”. O efeito substantivo do gênero seria performativamente produzido e imposto pelas práticas

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6 associados à “afeminação” implicava em hierarquizações outras e nesse sentido meu objetivo passou a ser o de discutir diferentes maneiras pelas quais essa ambivalência pode ser interpretada antropologicamente, à luz de dados etnográficos.

A escolha destes estabelecimentos como lócus de investigação foi, portanto, estratégica, pois permitiu articular o processo de criação de novas segmentações no mercado de lazer sexual entre homens no Brasil com a produção contextual do que tenho chamado de “macho versus macho” – processo que alude à valorização, incorporação e performatividade de atributos relacionados à virilidade por parte de homens que mantém relações afetivo-sexuais com outros homens (Braz, 2007a).

Realizei uma investigação etnográfica em cinco destes estabelecimentos na cidade de São Paulo12, além de conversas e entrevistas com alguns de seus freqüentadores e empresários. Já em suas páginas de internet, estes estabelecimentos eram apresentados como lugares para homens interessados em outros homens tidos como “masculinos”. Havia também nelas algumas referências a clubes europeus e/ou norte-americanos, que lhes teriam servido de inspiração.13

reguladoras da coerência do gênero. A identidade de gênero (relação “coerente” entre sexo, gênero, prática sexual e desejo) seria o efeito de uma prática reguladora que pode ser identificada como heterossexualidade compulsória. De acordo com Richard Miskolci e Larissa Pelúcio, “o conceito de heteronormatividade sintetiza o conjunto de normas prescritas, mesmo que não explicitadas, que marcam toda a ordem social e não apenas no que concerne à escolha de parceiro amoroso; alude, também, ao conjunto de instituições, estruturas de compreensão e orientação prática que se apóiam na heterossexualidade” (Miskolci e Pelúcio, 2008: 16).

12 O trabalho de campo em cinco clubes/bares de sexo de São Paulo foi de setembro de 2006 a maio de

2008. Foi feita pesquisa de campo em cinco estabelecimentos: Blackout Club e No Escuro, no centro da cidade. Station, em Pinheiros. Gladiators, na Consolação e RG, na Vila Mariana. Para mais detalhes sobre estes lugares e sobre minha inserção etnográfica neles, consultar Braz, 2008; 2009.

13

Essa informação estava presente também num texto de Júlio Simões e Isadora França, no qual apresentavam a “notável ampliação e diversificação dos espaços de sociabilidade homossexual, bem como das formas de expressão cultural e política das homossexualidades” na capital paulista, nos últimos anos. Nele, traziam a informação de que havia surgido recentemente em São Paulo espaços que pareciam reproduzir “o modelo europeu ou norte-americano de clube fechado, voltado para um público mais elitizado” (Simões e França, 2005: 324).

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7 Ao final de meu trabalho de campo em São Paulo, tomei conhecimento de uma investigação levada a cabo por pesquisadores espanhóis em locais para sexo entre homens na cidade de Madrid, na Espanha (Pérez e Rubio, 2006). A principal preocupação do estudo era identificar fatores de vulnerabilidade a doenças sexualmente transmissíveis nos LCES masculinos da capital espanhola, focando no acesso a preservativos, por meio de um estudo qualitativo. No relatório da investigação, realizada em diferentes tipos de estabelecimentos, havia uma seção na qual os autores dissertavam sobre os “clubes de sexo duro” 14

de lá, muito embora a pesquisa de campo tenha contemplado somente um deles. Os autores lembravam que clubes ou bares de sexo para homens são hoje um fenômeno assumidamente transnacional, com referentes homólogos nas “cenas” gays norte-americanas e européias. Eu estava estudando o surgimento desse segmento no Brasil. O intuito de buscar possíveis aproximações entre esses dois contextos levou-me a um estágio de doutorado na Universidad Complutense de Madrid, ao longo do qual investiguei alguns dos clubes ou bares de “sexo duro” locais15.

Neste trabalho, trago resultados preliminares da pesquisa. Procuro apontar estes locais, que relacionam atributos e estereótipos associados à virilidade à experimentação sexual, como resultado da recente e crescente segmentação do mercado de locais para sexo entre homens nesses dois contextos. Meu objetivo é começar a discutir as possíveis implicações desses processos no que diz respeito à constituição contextual de

14 Categoria êmica utilizada em Madrid para referir-se aos locais estudados. Nesse contexto, sexo “duro”

alude a uma tradução do termo inglês hardcore, evocando práticas sexuais diversas, percebidas por seus sujeitos como potencialmente transgressivas.

15 Investigação orientada pelo professor Dr. Fernando Villaamil Pérez, realizada na Universidad

Complutense de Madrid e financiada pela CAPES, como parte de meu Estágio de Doutorando, entre agosto de 2008 e fevereiro de 2009. Minha pesquisa na capital espanhola incluiu também cinco estabelecimentos. Três deles localizados dentro da zona de Chueca, sendo possível chegar a todos eles caminhando de lá em alguns minutos: Eagle, Odarko e Copper. Os outros dois estão em outras “zonas” da cidade – Hell e The Paw. O bairro madrilenho de Chueca tem crescido nos últimos anos a partir da associação de uma vasta rede de serviços e empresas voltadas para o público gay (Cortés, 1997). Sobre a discussão em torno das transformações recentes em torno das identidades gays na Espanha, ver, por exemplo, Pérez, 2004.

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8 subjetividades e corporalidades, tendo como pano de fundo a noção de “descontrole controlado”, tal como formulada por Mike Featherstone (1995).

Algumas aproximações...

A partir de seus estudos sobre a “comunidade gay leather” de São Francisco, a antropóloga Gayle Rubin identificou uma articulação ou conexão entre preferências sexuais consideradas “dissidentes” (fetichismo, sadomasoquismo, etc.) e o masculino. Rubin investigou o processo pelo qual algumas práticas ou desejos sexuais, que em certa época foram completamente estigmatizados, escondidos ou disfarçados, puderam ser institucionalizados no que ela chama de uma “subcultura” na qual eram considerados “normais e desejáveis” (Butler e Rubin, 2003)16

.

Tendo como base tal contexto, a antropóloga define leather como uma categoria ampla que inclui homens gays que praticam o sadomasoquismo, fazem a penetração anal com o punho (fist-fucking), são fetichistas, másculos e preferem parceiros tidos como masculinos. O leather é então um símbolo polivalente que em certo sentido vai além do “couro” em si, adquirindo sentidos diferentes para diferentes indivíduos e grupos nessas “comunidades”17

. Trata-se, portanto, uma forma bastante peculiar e interessante de combinar determinadas práticas sexuais com a rearticulação de convenções de sexualidade e gênero18 – o desenvolvimento da comunidade leather, segundo a autora, fez parte de um longo processo histórico no qual a masculinidade foi reivindicada, afirmada e reapropriada por homens gays norte-americanos.

16 Nesta entrevista concedida a Judith Butler, Gayle Rubin afirma que a construção de “sistemas

subculturais” destinados a facilitar sexualidades não-normativas é um processo interessante antropológica e sociologicamente (Butler e Rubin, 2003).

17 Rubin afirma que, entre os homens gays norte-americanos, o leather e sua linguagem masculina foram

a principal base para o sadomasoquismo gay desde o final da década de 1940. Outros grupos (por exemplo, lésbicas ou heterossexuais) articulariam desejos similares em diferentes constelações sociais e simbólicas (Butler & Rubin, 2003; Rubin, 1991).

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9 Os primeiros bares gays leather dos EUA surgiram na metade dos anos 50, em cidades como Nova Iorque, Los Angeles e Chicago (Rubin, 1991). Eles foram formados por redes de pessoas que, antes de seu surgimento, costumavam encontrar-se em festas realizadas privadamente. Em São Francisco, onde Rubin concentrou sua pesquisa, o aparecimento dos clubes deu-se na década seguinte. É também nela que surgem, ao lado dos espaços comerciais para práticas ligadas ao sadomasoquismo (S/M19), as primeiras organizações S/M políticas, como a Samois (Rubin, 2004). Nos anos 70, a afirmação pública da hiper-masculinidade por parte de gays norte-americanos, ligada à chamada “liberação gay” teve também como um de seus efeitos a cultura dos “clones” (Gregori, 2007; Edwards, 2005). Em certo sentido, esses homens expressavam nos excessos, corporais e sexuais, as tensões em torno da definição social da masculinidade tida como “hegemônica” (Connell, 2005) e o lugar que ela reservava aos homens gays (Edwards, 2005). Em 1975, é criado em São Francisco o Catacombs, clube que rapidamente torna-se referência para festas leather e para a prática do fist-fucking (penetração anal com o punho). Ele, segundo Rubin, foi uma “Meca” da prática, atraindo fisters de todo o Ocidente para participar de suas festas. Com o surgimento da epidemia do HIV-Aids, no início dos anos 80, o clube fecha suas portas (Rubin, 1991).20

Vale ressaltar que, diferentemente dos EUA, onde o S/M estava inserido na agenda dos debates políticos em torno dos “direitos sexuais” desde os anos 70

19

S/m é uma abreviação para “sado-masoquismo”. Essa sigla aparece em parte da bibliografia como designando jogos eróticos inspirados em fantasias de dominação e submissão (a esse respeito, ver Gregori (2004) e Facchini (2008). Ver também Macclintock (1994; 2003)). A partir dos anos 50 do século passado, o tema passa a ganhar destaque na intelectualidade francesa, pela retomada dos escritos do Marquês de Sade e de Leopold von Sacher-Masoch (podemos destacar Maurice Blanchot, Michel Leiris, Simone de Beauvoir, Roland Barthes, Gilles Deleuze, Georges Bataille, dentre outros/as). Comparando escritos dos dois autores, Deleuze discute a unidade entre sadismo e masoquismo, argumentando que a idéia de “sado-masoquismo” é analiticamente inconsistente sob vários aspectos (Deleuze, 1983). Ela é discursivamente produzida no âmbito da medicina e da psicanálise.

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É sabido que nos EUA o impacto provocado pela epidemia foi um dos fatores para a perseguição e o fechamento de estabelecimentos comerciais para sexo entre homens, como saunas e clubes/bares de sexo. Segundo Rubin, o que não foi levado em conta nesse processo foi o significado que esses locais adquiriram para a formação de comunidades gays. Para Ralph Bolton, a década do prazer e perigo (Vance, 1984) fez da sexualidade gay masculina algo político, social e medicamente carregado, mais do que nunca (Bolton, 1995).

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10 (Facchini, 2008), o surgimento de práticas sexuais culturalmente associadas a ele dá-se no Brasil, sobretudo, via mercado (Gregori, 2009, no prelo), incluindo aí tanto a internet (Zilli, 2007) quanto o surgimento de locais comerciais inspirados na sua iconografia, como os que eu investiguei.

Outras aproximações...

Clubes ou bares de sexo masculinos são, grosso modo, estabelecimentos comerciais voltados para o sexo grupal e para experimentações sexuais. A prática da prostituição é neles vetada – paga-se para entrar num ambiente nos quais as relações sexuais não são mediadas pelo dinheiro, o que os contrapõe a espaços comerciais voltados para esta finalidade. Não que a sociabilidade esteja neles restringida ao sexo - todos os estabelecimentos pesquisados, tanto no Brasil quanto na Espanha, contam com um bar relativamente bem iluminado, em cujo balcão os freqüentadores podem beber e conversar, ao som de música ambiente (no geral, eletrônica e variações de dance music). Entretanto, todos eles contam com ambientes “à meia-luz”, destinados ao sexo e à “caça”, nos quais o clima é de penumbra e o silêncio impera, sendo que os únicos sons percebidos vêm dos filmes nos televisores, das músicas nas caixas de som e, principalmente, dos gemidos e sussurros. Há uma dinâmica de cruising transposta para esses locais, numa busca incessante por outros corpos para tocar e se deixar tocar. A troca de olhares é fundamental, informando quando um flerte será ou não correspondido. Quando dois os mais se juntam e iniciam uma cena (seja de penetração, de sexo oral, de masturbação), outros param ao seu lado. Algumas vezes, entram na cena. Também é possível que, dali, outras duplas e grupos se formem, conformando outras cenas.

A possibilidade de participar de uma cena, ou de ser seu mero espectador, é dada, em linhas gerais, pela maneira como alguém é ou não inteligível enquanto “desejável”. E essa “desejabilidade” é informada, grosso modo, pela aparência, pelos atributos corporais e pela postura mais ou menos masculina. Os sujeitos que participam efetivamente das cenas de sexo nesses clubes são aqueles inteligíveis dentro das reiteradas convenções que criam um sujeito de desejo “macho”, materializadas num

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11 corpo que além de masculino seja atraente, desejável. Não basta ser “masculino” para ser desejado nos clubes – é preciso ter um “corpo proporcional à altura”.

Embora tenha visto em campo garotos entre 19 e 24 anos ou homens com mais de 60 anos, o público desses clubes e bares, em ambas as cidades, variava entre 25 e 50 anos, sendo bastante expressiva a presença de homens entre 30 e 40 anos.

Assim como em São Paulo, em Madrid também é recente a criação dos clubes/bares de sexo, embora lá estabelecimentos desse tipo tenham surgido um pouco antes do que aqui – já no início dos anos 90. Em ambos os contextos, tais estabelecimentos foram criados por pessoas que tinham interesse pela experimentação sexual e pelo sexo em grupo, e que relataram ter tomado conhecimento de estabelecimentos similares em experiências vividas no exterior – notadamente países do norte europeu, tais como Alemanha, Holanda e França, bem como dos Estados Unidos. É interessante observar que o contexto que tornou tais empreendimentos possíveis, em ambos os países, mescla a trajetória e as preferências erótico-sexuais de seus idealizadores a um momento de expansão da segmentação do mercado voltado aos homossexuais, processo que no Brasil foi analisado por Isadora França (2006).

Tanto em São Paulo quanto em Madrid, os clubes e bares de sexo são apontados por seus empresários e freqüentadores como reação ou distanciamento aos locais comerciais para encontros sexuais tidos como mais “tradicionais”, como as saunas (Pérez e Rubio, 2006). Esse aspecto já está manifesto na eleição dos nomes destes clubes e bares, que conotam “rudeza” e “marginalidade”. Destaca-se também nos estabelecimentos dos dois contextos a presença de diversos elementos associados à iconografia leather (tais como os desenhos de Tom da Finlândia) e ao BDSM21, bem como à pornografia22 gay ligada a esses estilos.

Todos os locais pesquisados em Madrid e em São Paulo estabelecem, implícita ou explicitamente, limitações para a admissão de clientes. Uma exigência comum a

21 Segundo Facchini (2008, p. 55), a sigla BDSM refere-se a pelo menos três conjuntos de práticas de

conteúdo erótico: “bondage e disciplina”, “dominação e submissão”, “sadismo e masoquismo”. A esse respeito, ver também Zilli (2007).

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12 todos eles é a recomendação de um comportamento tido como “masculino” (Braz, 2007a). Mas há outras, como podem exemplificar alguns dados de campo. Num dos clubes investigados em São Paulo, o RG, os clientes devem, obrigatoriamente, concordar em não vestir nenhuma peça de roupa. Na primeira vez em que estive lá, convidado por um colaborador de pesquisa, tratava-se de uma festa de “mascarados” (a única peça de roupa permitida eram máscaras fornecidas na entrada). Os clubes de São Paulo realizam periodicamente festas temáticas como essa, inspiradas por “fetiches” e fantasias homoeróticas diversas, processo também observado em Madrid.

Há na capital espanhola dois clubes de sexo mais voltados para entusiastas de práticas sexuais nomeadas localmente como “duras”, tais como o pissing (urina) e o

fist-fucking. Um dos clubes, o Odarko, traz em sua programação festas com códigos de

vestimenta obrigatória, que inclui desde roupas militares até esportivas. Outro estabelecimento é um espaço leather em Chueca, o Eagle, aberto em 1995, que funciona durante o dia como um bar/café e, à noite, como um clube de sexo voltado para esse público, trazendo em sua programação duas festas ao mês voltadas ao sexo “duro” e ao

fist-fucking. Nestes eventos, a entrada é limitada a partir do uso de roupas e acessórios

diversos23.

Descontrole controlado

Nesse ponto, cabe remeter à idéia de “descontrole controlado”, tal como trazida por Mike Featherstone em seu livro sobre consumo e pós-modernismo (Featherstone, 1995). Essa idéia tem como influência o trabalho de Norbert Elias sobre o processo civilizador, no qual é descrita “a internalização dos controles externos e a coerção cada vez mais intensa das emoções associadas ao processo de formação do Estado” (Featherstone, 1995: 88-89). Segundo Featherstone, Cas Wouters modificou essa teoria, tendo trabalhado junto a Elias para levar em conta tendências que pareciam se contrapor a essa orientação, tais como o “relaxamento dos controles emocionais” ocorrido na década de 1960.

23 Interessante notar que os proprietários destes dois clubes são também os donos de lojas especializadas

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“O processo de informalização resultante, um movimento contrário no desenvolvimento em espiral do processo civilizador, enfatiza que, em certas circunstâncias, a balança pode pender para um “descontrole controlado das emoções”, em que (e especialmente para as camadas médias, eu acrescentaria) formas de comportamento e modos de exploração das emoções, anteriormente proibidos e acompanhados por fortes sanções interpessoais e psíquicas, agora são admissíveis e até compulsórios. (...) Assim, deveríamos ir além da dicotomia racional/emocional e examinar as condições e as práticas dentro da nova classe média que criam a possibilidade de um afrouxamento dos controles sobre experiências estéticas e emocionais, o que poderia levar a uma receptividade maior às experiências e bens simbólicos que vêm sendo designados como “pós-modernos”” (Featherstone, 1995: 89).

De acordo com Júlio Simões, a relevância do trabalho de Featherstone está em apontar que “a sociedade de consumo, antes de massificar e uniformizar gostos e estilos, produz um jogo complexo de diferenças e distinções sociais, no qual o consumo desempenha um papel fundamental na expressão de individualidades e projetos de vida” (Simões, 1995). Existe uma relação atualmente apontada em pesquisas realizadas no Brasil entre processos de segmentação e conformação de estilos e identidades associadas ao consumo24, por um lado, e as possibilidades de experimentação e ampliação de etiquetas e convenções sexuais dadas num mercado contemporâneo de bens eróticos em franca expansão. De acordo com Gregori, é estratégico investigar as práticas e as dinâmicas que envolvem os erotismos contemporâneos em meio ao mercado, pois “nesse cenário, reúnem-se atualmente experiências e práticas que alternam, de modo complexo, esforços de normatização e também de transgressão” (Gregori, 2009, no prelo).

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Isadora Lins França, em sua pesquisa de doutorado, tem discutido processos de subjetivação mediados pelo consumo, entre homens que se relacionam afetivo/sexualmente com outros homens, acessados a partir de diferentes lugares de freqüência deles na cidade de São Paulo (ver França, 2008; 2009). Sobre essa questão no tocante a mulheres que se relacionam afetivo-sexualmente com outras mulheres em São Paulo, ver Facchini, 2008.

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14 Ao pensar a relação entre consumo e os limites contemporâneos da sexualidade, Gregori reporta-se à análise empreendida por Peter Fry, que analisa o mercado de produtos de beleza para a população negra não como um resultado linear das demandas de uma classe média negra, mas como constituinte da formação mesma dela (Fry, 2002). Nesse sentido, arrisco que o consumo nos e dos clubes e bares de sexo masculinos diz respeito não simplesmente às demandas de seus clientes, mas também em certo sentido à sua própria constituição.

Os dados aqui discutidos indicam que em ambos os contextos estudados assiste-se atualmente à assiste-segmentação desassiste-se mercado, em relação contrastiva com locais para sexo tidos como mais “tradicionais”. O mercado dos clubes e bares de sexo, tanto em Madrid quanto em São Paulo, flerta com fetiches presentes na pornografia gay e apropria-se de elementos historicamente construídos em torno do leather, cruzando estereótipos tradicionalmente associados à virilidade e à sexualidade gay, numa relação ambígua entre o normativo e o transgressivo. O que minha pesquisa tem buscado desvendar é um processo que no Brasil é bastante recente, além de apontar seus possíveis significados e efeitos do ponto de vista antropológico.

Ao reportar-se às feiras medievais em seu duplo aspecto, enquanto espaços abertos de mercado e também de prazer, Featherstone busca relativizar a singularidade e os efeitos transgressivos de experiências possivelmente “desestruturadoras” na pós-modernidade (Simões, 1995). De todo modo, segundo o autor, “atualmente, feiras de diversões e parques temáticos, como a Disneylândia, ainda conservam este aspecto, embora de forma mais controlada e segura, oferecendo ambientes protegidos para o descontrole controlado das emoções, nos quais se permite aos adultos comportarem-se novamente como crianças” (Featherstone, 1995: 114).

Nesse sentido, cabe questionar sobre o que está sendo consumido nos clubes e bares de sexo masculinos, senão a possibilidade de “sentir-se num filme pornográfico”. O interesse é, assim, buscar desvendar quais convenções sociais são acionadas nestes processos e seus possíveis efeitos no que diz respeito à constituição contextual de subjetividades e corporalidades.

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Bibliografia

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