• Nenhum resultado encontrado

POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO AMBIENTALMUNICIPAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO AMBIENTALMUNICIPAL"

Copied!
24
0
0

Texto

(1)

GIULIANO PEREIRA D'ABRONZO

POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL MUNICIPAL

https://www.clubedeautores.com.br/livro/politicas-publicas-e-legislacao- ambiental-municipal#.XXatFIpv-Uk

PIRACICABA

2.007

(2)

Dedico este trabalho aos meus pais Rubens e Maria

Edith, que deram todo o apoio para minha formação

humana e profissional, e minha esposa Renata, por ter me

apoiado todos estes dias que me dediquei a este estudo. A

participação de cada um, a sua maneira, foram a base

para que este estudo se realizasse.

(3)

Agradeço ao Centro Universitário Claretiano, pela

oportunidade de estudo que se abriu e, especialmente ao

Professor Guillermo Rafael B. Navarro pela orientação

no desenvolvimento do presente estudos. Sua visão

objetiva serviu de impulso para que o estudo e

compreensão deste tema ocorressem de forma produtiva e

prazerosa.

(4)

“Será isso, apenas, a ordem natural das coisas? Será esta

nossa terra tão pobre que não ofereça condições de vida

decente aos seus habitantes? Não, camaradas, mil vezes

não! O solo (...) é fértil, o clima é bom, ela pode oferecer

alimentos em abundância (...) Por que, então,

permanecemos nesta miséria? (...) Eis aí, camaradas, a

resposta a todos os nossos problemas. Resume-se em uma

só palavra - Homem. O homem é o nosso verdadeiro

inimigo. Retires-se da cena o Homem e a causa principal

da fome e da sobrecarga de trabalho desaparacerá para

sempre” (Orwell 1985).

(5)

Resumo

O meio ambiente compreende o conjunto das condições físicas (elementos abióticos, ar, água, gases, solo, rochas, energia, entre outros) e das condições biológicas (elementos bióticos, fauna e flora). Os seres humanos encontram-se inseridos como parte deste contexto, com seus aspectos culturais e sócio-econômicos. O estudo do meio ambiente, com suas características e a inter-relação que há entre as diversas formas de vida com o meio tem sido de suma importância nos dias de hoje. Isto devido a influência humana, destacando- se as alterações originadas após a Revolução Industrial, que mudou a forma da ação do ser humano sobre o meio ambiente. Surge uma necessidade crescente de mecanismos regulatórios, regras que modulem a ação do homem com o intuito de causar menos danos ambientais. O Direito Ambiental surge para suprir essa necessidade. Além disso, em âmbito internacional, os organismos supranacionais têm feito em face da questão ambiental, bem como outras nações com suas legislações, corroborando com a atenção que esse tema desperta em todos os países. Uma análise demonstra que as legislações internacionais seguem um padrão descrito nos acordos e convenções internacionais.

No caso do Brasil, uma análise da Constituição e da legislação ordinária do

Estado de São Paulo demonstra a sintonia que há entre as legislações nacionais, estaduais,

com os acordos internacionais que o Brasil é signatário. Entretanto a legislação, tanto nacional

quanto estadual, não consegue atender a todas as necessidades que as peculiaridades locais

apresentam, papel que cabe aos poder público municipal. O presente trabalho teve por

objetivo demonstrar a viabilidade de se adotar, no âmbito municipal, mecanismos para

minimizar o impacto ambiental negativo originado na ação humana. Procuramos demonstrar

(6)

as possibilidades jurídicas que os Municípios podem adotar, ou seja, as políticas públicas voltadas à diminuição do impacto ambiental. Com efeito, no presente estudo são apontadas inúmeras alternativas às administrações municipais para diminuir a pressão humana sobre o meio, propostas estas que protegem o meio ambiente e trazem mais qualidade de vida à população.

Palavras-chave: MEIO AMBIENTE, IMPACTO AMBIENTAL, DIREITO

AMBIENTAL,LEGISLAÇÃO MUNICIPAL, POLÍTICA URBANA .

(7)

Sumário

1. Introdução . . . . 09

2. Objetivos . . . . 14

3. Justificativa . . . 15

4. Materiais e Métodos . . . . 16

5. Conceito e Princípios de Direito Ambiental . . . . 17

5.1 Princípios do Direito Ambiental . . . . 17

5.1.1. Princípio da Cooperação ou da Participação Comunitária . . . 18

5.1.2. Princípio do Usuário-Pagador, Poluidor-Pagador ou da Responsabilidade . . . . 19

5.1.3. Princípios do ônus social e do controle do poluidor pelo Poder Público ou da obrigatoriedade da intervenção do Poder Público . . . . 19

5.1.4. Princípios da Precaução ou Prevenção, Reparação e da consideração variável ambiental no processo decisório de políticas de desenvolvimento . . . . 20

5.1.5. Princípios da função socioambiental da propriedade e do desenvolvimento sustentável . . . . 22

5.1.6. Princípios do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana, da natureza pública da proteção ambiental e do acesso eqüitativo aos recursos naturais . . . . 22

5.1.7. Princípio da informação . . . 24

6. Panorama legislativo internacional . . . . 25

6.1: Legislação comparada . . . . 27

7. Legislação ambiental nacional . . . . 31

8. Legislação ambiental estadual (SP) . . . 36

9. Possibilidade jurídica no âmbito municipal . . . . 42

9.1 Disposições da Lei 10.257/01 . . . 43

9.2 Outros mecanismos legais cabíveis à Administração Municipal . . . . 46

9.2.1. Energia Solar (células fotovoltaicas) . . . 47

9.2.2. Biodiesel . . . . 51

9.2.3. filtragem no escapamento de ônibus . . . . 53

9.2.4. uso de borracha de pneus nos asfaltos . . . . 54

9.2.5. reutilização do entulho da construção civil . . . 55

9.2.6. reuso da biomassa constante no lixo . . . . 58

9.2.7. coleta seletiva de lixo . . . 60

10. Conclusão . . . 63

11. Anexo . . . . 66

12. Bibliografia . . . . 69

(8)

1. Introdução

O planeta Terra não é um sistema estável, mas pelo contrário, está em constante transformação. Estas transformações ocorrem por processos naturais, graças aos quais o ambiente em que vivemos hoje é radicalmente diferente do ambiente existente a milhões de anos. São estas transformações que propiciaram o surgimento da vida em nosso planeta, porém a manutenção desta vida é fruto de um delicado equilíbrio.

Todo esse processo possibilitou o estabelecimento de diversas formas de vida na Terra, tornando-a a casa dos seres humanos e o local onde se desenvolveu a sociedade.

Nela o homem construiu edificações, extraiu água e recursos minerais que serviram como matéria-prima, tirou seu alimento (Conceição, 2007). Desta forma, o homem vem interferindo de maneira direta nos ciclos naturais.

Podemos definir o meio ambiente como o conjunto das condições físicas (elementos abióticos) constituídas pelo ar, água, gases, solo, rochas, energia, entre outros; e das condições biológicas (elementos bióticos) constituídas pela fauna e flora. Sob o ponto de vista dos seres humanos, devemos considerar ainda as condições sócio-econômicas e aspectos culturais, uma vez que a sociedade está inserida no meio ambiente (Conceição, 2007).

Milaré (2000) define o meio ambiente como sendo a combinação de todos os fatores externos ao indivíduo ou população de indivíduos em relacionados; é realidade complexa, baseada na interrelação entre os seres vivos e o meio físico.

Juridicamente, meio ambiente é conceituado como o conjunto de condições,

leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a

vida em todas as suas formas (art. 3º, I, Lei 6.938/81).

(9)

O meio ambiente pode ser dividido litosfera, que compreende as rochas e os solos; a atmosfera, composta pela fase gasosa que envolve o planeta; a hidrosfera, que compreende as águas superficiais (rios, oceanos, etc) e subterrâneas (lençóis freáticos);

biosfera, composta pelos seres vivos; e antroposfera, composta pelo homem e a sua sociedade.

Entre eles existe um fluxo constante de energia e matéria, constituindo os ciclos bio e geoquímicos. Podemos citar como exemplo, a ação dos microrganismos decompositores, que transformam a matéria orgânica complexa de um organismo morto em compostos simples que retornam ao sistema (Conceição, 2007).

Entretanto, os sistemas naturais possuem uma capacidade limitada para reciclar (consumir) a matéria nele introduzida, e quando este limite é excedido gera um impacto no meio ambiente. O homem tem explorado os recursos naturais para o desenvolvimento das civilizações, gerando rejeitos, causando impactos ambientais e poluição (Conceição, 2007).

Juridicamente, é considerado impacto ambiental a alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia, resultante de atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, segurança e o bem estar da população; a biota; as atividades sociais e econômicas; as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais (art.

1º da Resolução CONAMA n° 001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 23 de Jan.

1986.). E poluição é definido pela degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que, direta ou indiretamente: prejudiquem a saúde, segurança e o bem estar da população;

criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (art. 3º, III, da Lei Federal 6938/81).

Mesmo que a natureza seja capaz de se adaptar as alterações sofridas, o grau

(10)

atual de alteração do meio ambiente pode comprometer a existência da vida, eis que essas alterações estão ocorrendo de forma muito acelerada, não permitindo que os ecossistemas se adaptem sem que haja comprometimento de suas características. As medidas para se remediar a contaminação e/ou destruição de solos ou ambientes são onerosas.

Podemos afirmar que a humanidade passou a interferir nos processos naturais com o domínio do fogo. Estima-se que há 40 mil anos a hematita já era minerada na África e utilizada como tinta. Porém, a Terra começou a ser explorada em 8.000 a.C. com o início da revolução agrícola (Conceição, 2007).

Apesar de o ser humano sempre ter alterado o meio em que vivia (e vive), foi a partir da Revolução Industrial que a relação entre o ser humano e a natureza sofreu drástica alteração. A Revolução Industrial permitiu ao homem modificar o meio ambiente de forma até então não imaginada, através da mecanização dos meios de produção.

Com o surgimento das máquinas movidas à vapor, inúmeras fontes de energia começaram a ser utilizadas, inicialmente com a combustão do carvão mineral e posteriormente com os derivados de petróleo e gás natural. Novas tecnologias foram sendo desenvolvidas, mas nada foi tão marcante quanto a descoberta da eletricidade. Formas para gerar e transformar a energia elétrica surgiram como as usinas hidrelétricas, que alteraram radicalmente a composição da paisagem podendo comprometer os solos, os rios e toda a fauna e flora de seu entorno.

Branco (1993) afirma que o controle das diversas formas de produção de energia proporcionou ao ser humano o poder de construir e destruir, gerando no último século um progresso muitas vezes superior ao observado nos últimos cinqüenta séculos de história da humanidade.

O objetivo desse progresso, conquistado com o avanço científico-tecnológico,

foi satisfazer às necessidades individuais e coletivas, proporcionando maior conforto e

(11)

praticidade, visando uma melhoria na qualidade de vida (Branco, 1993). Esta melhoria na qualidade de vida gerou uma diminuição da mortalidade e um aumento da população, e conseqüentemente o crescimento das cidades.

No caso específico do Brasil, relativamente ao crescimento populacional, observa-se que após a década de 40, a população cresceu de aproximadamente 41.500.000 para em torno de 170.000.000, no ano 2.000, ou seja, em sessenta anos a população brasileira quadruplicou. Numa análise mais detalhada, observa-se que houve aumento significativo na população urbana. Enquanto que no censo demográfico de 1.940 a população urbana era de 13.000.000, e a rural de 27.500.000, no censo do ano 2.000 a população urbana era de aproximadamente 138.000.000, enquanto que a rural em torno de 32.000.000. Claro está, pois, que, em relação à população rural não houve alteração significativa, mas a população urbana sofreu aumento de dez vezes. As conseqüências desse crescimento são inúmeras, sobretudo em razão de ocorrer de forma desordenada nos grandes centros urbanos (IBGE, 2007).

Foi a partir da Revolução Industrial que a ação humana deixou de ter influência local e passou a trazer conseqüências globais. Sobretudo a partir da segunda metade do século XX, que marcou a consolidação das empresas transnacionais não só nos países desenvolvidos do Norte, mas que também se instalaram em nações subdesenvolvidas (Branco, 1993).

Com efeito, a natureza tem sentido duplo na percepção humana, eis que pode ser encarada como fonte de produção e reprodução econômica, e fonte de bem-estar. De toda forma, a relação do ser humano com a natureza deve ser pautada na dependência daquele em face desta, seja pela impossibilidade de sua existência material, seja para se equilíbrio psíquico (Derani, 2001).

Os recursos naturais são a base para o desenvolvimento da sociedade,

entretanto sua real importância tem sido negligenciada. Branco (1993) alerta para o fato de

(12)

que as fontes de naturais de energia, sobretudo as não renováveis (como petróleo, carvão, entre outros), estão sendo esgotadas, gerando ainda outros desequilíbrios ambientais muito graves.

Existe ainda a problemática sobre os resíduos originados da produção industrial. Toda transformação de matéria gera resíduos, que são restos de matéria ou energia despendida, que são descartados na natureza causando diversos impactos na natureza.

Milaré (2000) afirma que como vivemos em uma sociedade marcada pela carência de virtude e racionalidade, a superação do quadro de degradação ambiental não pode prescindir do socorro da lei. E com vistas a preservar essa relação entre ser humano e natureza, surge o ramo do Direito, denominado Direito Ambiental, que tem por objetivo fazer com que as normas jurídicas possam orientar as ações humanas, influenciando seu conteúdo, no sentido de um relacionamento conseqüente com o meio ambiente (Derani, 2001).

Nesse ponto surgi o Direito, que através de suas normas regulamenta todos os fatos sociais. O Direito visa regular a vida social, dando ao indivíduo a certeza da solidez dos fatos cotidianos. E essa importância também se manifesta na questão ambiental. Como a questão ambiental, em inúmeros casos, pode se confrontar com o interesse econômico, a tutela governamental na seara ambiental torna-se ainda mais imperiosa.

É nesse quadro que o presente estudo se dignifica a dirigir, demonstrar a

viabilidade jurídica no âmbito municipal de adoção de ações e instrumentos que visam, em

última análise, conservar os recursos naturais.

(13)

2. Objetivos

A preservação do meio ambiente requer atitudes ativas, voltadas à efetiva manutenção da vida e dos elementos constitutivos da natureza. No âmbito internacional são traçadas normas gerais que se refiram à manutenção dos elementos bióticos e abióticos do Planeta Terra. O mesmo ocorre com inúmeras nações que, em razão de sua extensão territorial, possuem legislações abrangentes, mas que não traçam normas que observam as características peculiares.

O objetivo do presente trabalho é demonstrar a viabilidade e a possibilidade de a administração municipal assumir esse papel de reconhecer as características regionais e adotar medidas que diminuam a ação degradadora do ser humano ou busquem alternativas para isso.

Ademais, mostramos que, com base na legislação pertinente (Lei 10.257/01),

que estabelece diretrizes gerais da política urbana, a administração municipal tem o dever

sócio-político de assumir o papel de co-responsável no gerenciamento de ações que

minimizem o impacto negativo ambiental.

(14)

3. Justificativa

Desde que o homem começou a manipular a natureza, a geração de resíduos tornou-se inevitável. Toda transformação de matéria gera um lixo ou resíduo. No entanto, no começo da civilização, a maioria dos produtos manufaturados eram originários de matéria orgânica, facilmente biodegradável.

Ocorre que com a evolução social, e sobretudo após a Revolução Industrial, a manipulação de elementos da natureza transformou-se de maneira radical. Inúmeros novos produtos surgiram, muitos dos quais não biodegradáveis ou de difícil degradação. A exploração dos recursos ambientais comprometeu, e poderá comprometer ainda mais, a qualidade de vida. Após a 2ª Guerra Mundial, o crescimento industrial tornou-se o marco da civilização moderna e os impactos gerados ao meio ambiente cresceram em progressão geométrica. A natureza, tida antes como fornecedora ilimitada de recursos e onde o descarte de resíduos era feito sem cuidados ou análises prévios, agora dá sinais de estar no seu limite, sofrendo alterações drásticas em razão da atividade humana.

O meio ambiente é, nos dias de hoje, uma grande fonte de preocupações em

nível mundial. Existe uma grande mobilização em busca de maneiras de se controlar o

processo de degradação ambiental. No âmbito municipal é possível traçar normas que

viabilizem a proteção ambiental, respeitando suas peculiaridades regionais e observando o

disposto na Constituição Federal, que determina ser competência municipal legislar sobre o

parcelamento do solo urbano.

(15)

4. Materiais e Métodos

Para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas na Biblioteca do Ministério Público Federal no Município de Piracicaba, da página eletrônica da Faculdades Integradas Claretianas e das Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Pesquisou-se também nas páginas eletrônicas oficiais dos governos de diversos países, sobretudo os que apresentam similaridade com a legislação nacional, instituições supra nacionais, organizações não-governamentais, órgãos oficiais do Brasil de diversas instâncias, e outros que tivessem relação com o assunto ora tratado, bem como se realizou entrevista com empresários do ramo de reciclagem, coleta de lixo e entulho, construção civil e coordenadores de entidades cooperativas.

Durante a pesquisa, realizou-se pesquisa acerca de legislações municipais

atinentes à questão ora tratada, analisando-as em face da sua adequação legislativa e possível

avanço legislativo.

(16)

5. Conceito e Princípios de Direito Ambiental

O conceito de Direito Ambiental é o complexo de princípios e normas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a integridade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua preservação para as presentes e futuras gerações (Milaré, 2000). Ao contrário do que se pode imaginar, o Direito Ambiental não é voltado apenas à preservação do meio ambiente, mas sim garantir o direito à vida do ser humano, de todas as formas de vida no planeta e a conservação do ecossistema planetário.

Partindo-se dessa conceituação, o meio ambiente não se reduz aos elementos químicos constantes, tais como a ar, água, terra, mas deve ser definido como o conjunto das condições de existência humana, que integra e influencia o relacionamento entre os homens, sua saúde e seu desenvolvimento (Derani, 2001).

O conceito atual de meio ambiente deriva da universalização da sociedade contemporânea, ou seja, a unificação da cultura e do sistema de produção, que acarretam no nivelamento da forma como o ser humano e a sociedade se relacionam com a natureza. Em outras palavras, o conceito de meio ambiente está relacionado a dois fatores: o primeiro como recurso-elemento e o outro como recurso-local (Derani, 2001).

Em resumo, o Direito do Ambiente versa sobre a relação do ser humano com os elementos constitutivos do planeta, visando preservá-los para a manutenção da qualidade de vida de todas as espécies vivas, incluindo aí o ser humano.

5.1 Princípios do Direito Ambiental

(17)

Para ser definido como ramo autônomo do Direito, o Direito Ambiental deve apresentar seus princípios constitutivos, que norteiem as atividades legislativas, administrativas e sociais em relação à questão ambiental.

Não cabe neste estudo fazer uma análise profunda dos princípios do Direito Ambiental, mas demonstrá-los de forma a restarem caracterizados na legislação existente e subsidiar propostas legislativas no âmbito municipal.

5.1.1. Princípio da Cooperação ou da Participação Comunitária:

Este princípio determina que deve haver cooperação entre Estado e sociedade, incluindo aqui a participação marcante das Organizações Não-Governamentais (ONG's). Este princípio determina que deve haver uma atuação conjunta do Estado e sociedade, na escolha de prioridades e nos processos decisórios (Derani, 2001).

Citado princípio, não é exclusividade do Direito Ambiental, e expressa a idéia de que para a solução dos problemas ambientais deve ser dada especial ênfase à cooperação entre o Estado e a sociedade, por meio da participação dos diferentes grupos sociais, em especial as Organizações Não-Governamentais, na formulação e na execução da política ambiental (Milaré, 2000).

A participação popular é fundamental para a implementação de políticas ambientais, eis que o sucesso desta supõe que todas as categorias da população e todas as forças sociais, conscientes de suas responsabilidades, contribuam à proteção e melhoria do ambiente (Milaré, 2000).

No tocante às Organizações Não-Governamentais, cumpre ressaltar que serão

instrumentos eficazes se tiverem credibilidade moral, pluralidade e idoneidade na sua

composição, e se procurarem autenticamente os fins estatutários (Machado, 2003).

(18)

5.1.2. Princípio do Usuário-Pagador, Poluidor-Pagador ou da Responsabilidade:

Característico do Direito Ambiental, este princípio pauta-se na vocação redistributiva ou participativa do Direito Ambiental e inspira-se na teoria econômica de que os custos sociais externos (danos ambientais ou custos da produção) que acompanham o processo produtivo devem ser internalizados (Milaré, 2000). Impõe-se ao ‘sujeito econômico’

(produtor, consumidor, transportador), que nesta relação pode causar um impacto ambiental qualquer, arcar com os custos da minimização ou afastamento do dano (Derani, 2001).

Deve-se ressaltar que esse princípio não é uma punição, pois mesmo não existindo qualquer ação ilícita no comportamento do pagador ele pode ser implementado (Machado, 2003).

Por outro lado, a imposição desse ônus não permite que o usuário possa poluir livremente. Em outras palavras, não é o princípio do pagador-poluidor, mas determina que sejam adotadas medidas para se evitar ou minimizar a poluição. Este princípio concretiza-se através da obrigação do poluidor de diminuir, evitar e reparar danos ambientais, com os instrumentos clássicos do direito bem como através de novas normas de produção e consumo (Derani, 2001). Os danos eventualmente causados sofrem as conseqüências descritas na norma e são independentes das medidas defendidas por este princípio.

5.1.3. Princípios do ônus social e do controle do poluidor pelo Poder Público ou da obrigatoriedade da intervenção do Poder Público:

Os princípios do ônus social e do controle do poluidor pelo Poder Público ou

da obrigatoriedade da intervenção do Poder Público podem ser analisados correlatamente,

(19)

tendo em vista a proximidade de seus conceitos.

Pelo princípio do ônus social, as medidas de implementação da qualidade ambiental devem ter seus custos arcados pela coletividade, através do Estado, que pode contribuir com uma parte do custo, diminuindo a carga de impostos que recairia sobre o cidadão (Derani, 2001).

Por este princípio, toda a sociedade se responsabiliza pelo custo da poluição, por meio de pagamento de impostos. Recaem sobre o Estado os encargos da proteção ambiental, sobretudo quando se trata do financiamento da diminuição da poluição ambiental, bem como estimulando um trabalho privado de proteção ambiental. Observa-se aqui também o princípio da subsidiariedade, pelo qual, por impossibilidade técnica e incapacidade de sobrevivência do mercado, o Estado responsabiliza-se por riscos da utilização de matéria e energia, capazes de gerar danos irreparáveis (Derani, 2001).

Já pelo princípio do controle do poluidor pelo Poder Público ou da obrigatoriedade da intervenção do Poder Público, resulta das intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente (Milaré, 2000).

Em outros termos, a gestão do meio ambiente não pertence somente à sociedade civil, ou uma relação entre poluidores e vítimas da poluição. Os países, tanto no Direito interno como no Direito internacional, têm que intervir ou atuar (Machado, 2003).

Analisando em conjunto estes dois princípios claro está que a responsabilidade pela manutenção e controle do uso dos recursos naturais cabe ao Estado, que edita normas regulamentando a questão ambiental, e à sociedade civil, que fiscaliza o fiel cumprimento dessas normas.

5.1.4. Princípios da Precaução ou Prevenção, Reparação e da consideração variável ambiental

no processo decisório de políticas de desenvolvimento:

(20)

Há controvérsia entre os autores sobre a definição dos princípios da precaução e prevenção:

“Prevenção é substantivo do verbo prevenir, e significa ato ou efeito de antecipar-se, chegar antes; induz uma conotação de generalidade, simples antecipação no tempo, é verdade, mas com intuito conhecido. Precaução é substantivo do verbo precaver-se (do Latim prae = antes e cavere = tomar cuidado), e sugere cuidados antecipados, cautela para que uma atitude ou ação não venha a resultar em efeitos indesejáveis. A diferença etimológica e semântica (estabelecida pelo uso) sugere que prevenção é mais ampla do que precaução e que, por seu turno, precaução é atitude ou medida antecipatória voltada preferencialmente para casos concretos” (Milaré, 2000).

Não obstante essa diferença semântica a similaridade entre o conceito de ambos é evidente. Senão vejamos, o princípio da precaução indica uma atuação racional em face dos bens ambientais, cuidando-se dos recursos naturais, que vai além de simples medidas para afastar o perigo. Tem por objetivo prevenir já uma suspeição de perigo ou garantir uma suficiente margem de segurança da linha de perigo (Milaré, 2001).

Já o princípio da prevenção determina que deve ser dada prioridade às medidas que evitem o nascimento de atentados ao ambiente, de molde a reduzir ou eliminar as causas de ações suscetíveis de alterar sua qualidade (Milaré, 2001).

Em outras palavras, buscam estes princípios estabelecer que, antes de qualquer medida na seara ambiental, faz-se necessário apurar se a ação intentada pode ou não causar danos. No caso de dúvida ou obscuridade na técnica, deve-se evitar até que se apure efetivamente o resultado de determinada ação.

No entanto, a implementação do princípio da precaução não tem por finalidade imobilizar as atividades humanas, mas sim visa à durabilidade da sadia qualidade de vida das gerações humanas e à continuidade da natureza existente no planeta (Machado, 2003).

Este princípio se completa pelo princípio da consideração variável ambiental

no processo decisório de políticas de desenvolvimento, eis este princípio determina que se

(21)

deve levar em conta a variável ambiental em qualquer ação ou decisão – pública ou privada – que possa causar algum impacto negativo sobre o meio (Milaré, 2000).

Porém, caso o dano já tenha ocorrido surge a necessidade de reparação, constante no princípio da reparação, que depende da existência de convenção onde esteja prevista a responsabilidade objetiva ou sem culpa ou a responsabilidade subjetiva ou por culpa, dos danos causados (Machado, 2003).

5.1.5. Princípios da função socioambiental da propriedade e do desenvolvimento sustentável:

Estes dois princípios são complementares. Pelo princípio da função socioambiental da propriedade, o uso da propriedade não pode servir ao bel-prazer do proprietário ilimitadamente, mas fica restrita a regulamentos e restrições, subordinando-a à necessidade social e ambiental. Seu uso deve seguir a parâmetros determinados pela legislação e atingir ao bem comum.

Em complemento a esse princípio, surge o princípio do direito ao desenvolvimento sustentável, que declara o direito ao desenvolvimento, mas pautado no respeito à sadia qualidade de vida, que só é atingida se houver sustentabilidade na atividade desenvolvida, ou seja, desenvolver sem degradar ou ambiente ou causando-o impactos mínimos. “Neste princípio evidencia-se a reciprocidade entre direito e dever, porquanto o desenvolver-se e usufruir de um planeta plenamente habitável não é apenas direito, é dever inerente e fundamental das pessoas e da sociedade (Milaré, 2000).

5.1.6. Princípios do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da

pessoa humana, da natureza pública da proteção ambiental e do acesso eqüitativo aos recursos

naturais:

(22)

Estes princípios também apresentam proximidade nos seus conceitos, devendo- se, pois, analisá-los conjuntamente.

O princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana tornou-se um novo direito fundamental da pessoa humana

*

, direcionado ao desfrute de condições de vida adequada em um ambiente saudável ou, conforme consta na lei,

“ecologicamente equilibrado” (Milaré, 2000).

Reconhecer o direito a um meio ambiente sadio configura-se como extensão do direito à vida, quer sob o enfoque da própria existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade desta existência (qualidade de vida), que faz com que valha a pena viver e não apenas sobreviver (Milaré, 2000).

Completa o princípio acima, o princípio da natureza pública da proteção ambiental, eis que este princípio decorre da previsão legal que considera o meio ambiente como um valor a ser necessariamente assegurado e protegido para uso de todos ou, como queiram, para fruição humana coletiva (Afonso, 1997). Significa que o reconhecimento do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado não resulta em nenhuma prerrogativa privada, mas apenas na fruição em comum e solidária do mesmo ambiente com todos os seus bens (Milaré, 2000).

Já o princípio do acesso eqüitativo aos recursos naturais determina que os bens que integram o meio ambiente, como água, ar e solo, devem satisfazer as necessidades comuns de todos os habitantes do planeta (Machado, 2003).

É evidente, pois, a complementaridade entre estes três princípios, eis que, ao determinar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito fundamental da pessoa

*

Direito fundamental que, enfatize-se, nada perde em conteúdo por situar-se topograficamente fora do Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), Capítulo I (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos), da Lei Maior, já que esta admite, como é da tradição do constitucionalismo brasileiro, a existência de outros

“decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República

Federativa do Brasil seja parte” (cf. Art. 5º, § 2º) (Milaré, 2000).

(23)

humana, implícito está a idéia de que todos devem ter acesso eqüitativo aos recursos naturais, em razão da igualdade entre todos os seres humanos (art. 5º, caput, da Constituição Federal) e que cabe não só ao Estado mas à sociedade em geral a proteção desse bem.

5.1.7. Princípio da informação:

Este princípio não é exclusividade do Direito Ambiental, mas serve de premissa para o exercício da cidadania em qualquer atividade social. O objetivo da informação é subsidiar o processo de educação de cada pessoa e da comunidade. Objetiva também dar chance à pessoa informada de tomar posição ou pronunciar-se sobre a matéria informada (Machado, 2003).

Com base na informação ampla, o cidadão é capaz de tomar decisões acerca de

qual é a melhor política e ação pública, bem como adotar as medidas cabíveis em caso de

alguma irregularidade.

(24)

Para aquisição. Visite esta página

https://www.clubedeautores.com.br/livro/politicas-publicas-e-legislacao-ambiental-

municipal#.XXatFIpv-Uk

Referências

Documentos relacionados

Experimento 5 - Encontrar taxa de redução inicial para a aplicação da técnica Fisherfaces no conjunto de faces masculinas ucdb entrada para a ferramenta Weka e foram utilizadas

Metodologia Estratégia de Pesquisa Unidade de Análise Coleta de Dados Técnica de Análise Validade Qualitativa Estudo de Caso Empresa Alpha Empresa de E-Commerce de

resolva os problemas à medida que surgirem. A primeira recomendação do autor tem seu objetivo baseado na exposição de opiniões dos empregados c da administração em relação

Para atuar, de fato, como educador, é necessário que conheça detalhadamente o Projeto Pedagógico e que suas concepções pessoais sejam com ele coerentes; que demonstre capacidade

Perseguindo as conexões alcançadas por Lukács no que concerne à articulação dessas três categorias ontológicas fundamentais o trabalho, a economia e a totalidade social para

O que não significa, entretanto, que a proposta trazida nesse estudo possa ser considerada enquanto realidade e possibilidade de todas as escolas, mas sim considerar o estudo como

Os efeitos quânticos são relevantes quando o comprimento de onda térmico for maior que a distância média interpartícula, i.e.. Todos os estados com energia menor do que ǫ

O presente Edital tem por finalidade regulamentar o processo de inscrição de jovens e adultos que estejam cursando o Ensino Médio na rede pública estadual em suas