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O EMPREGADO E DA EMPRESA A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À IMAGEM DO

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Academic year: 2021

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E M P R E G A D O E D A E M P R E S A

M a n o e l J o r g e e S ilv a N eto*

S U M Á R I O : 1 J u stifica tiv a ; 2 P r o p o sta d o artigo; 3 E s c o r ç o h is tó r ic o d o d ir e ito à im a g e m ; 4 A m p litu d e e a u to n o m ia d o d ir e ito à im a g e m ; 5 O d ir e ito à im a g e m nas c o n s t it u iç õ e s brasileiras; 5 .1 A C o n s titu iç ã o d e 1 9 8 8 e o d ir e i to à im a g e m ; 6 H i­

p ó t e s e s d e o fe n s a à im a g e m d o e m p r e g a d o ; 7 A p r o te ç ã o c o n s titu c io n a l à im a g e m d a e m p r e sa ; 8 C o m p e tê n c ia d a ju s t iç a d o tr a b a lh o para o j u lg a m e n t o d a a ç ã o d e rep aração; 9 C o n c lu s õ e s .

1 J U S T I F I C A T I V A

O s d e n o m i n a d o s “ d i r e i t o s d a p e r s o n a l i d a d e ” , q u e f o r a m o b j e t o d e d i s c i p l i n a e s p e c í f i c a n o s a r t s . 1 1 , 2 1 d a L e i n ° 1 0 . 4 0 6 , d e 1 0 d e j a n e i r o d e 2 0 0 2 ( n o v o C ó d i g o C i v i l ) - i n t i m i d a d e , v i d a p r i v a d a , n o m e , i m a g e m - n ã o v ê m r e c e ­ b e n d o t r a t a m e n t o c i e n t í f i c o a d e q u a d o à s u a r e l e v â n c i a n o c o n t e x t o d o d i r e i t o d o t r a b a l h o .

E c h e g a m e s m o a s u r p r e e n d e r o f a t o d e o s e s t u d i o s o s d o d i r e i t o d o t r a b a l h o n ã o t e r e m s e l a n ç a d o a i n d a à i n v e s t i g a ç ã o m a i s c u i d a d o s a a r e s p e i t o d o a s s u n t o , e s p e c i a l m e n t e p o r q u e a t r a n s g r e s s ã o a t a i s d i r e i t o s s e c o n v e r t e e m p r o b l e m a d e r e a l d e n s i d a d e n o â m b i t o d a r e l a ç ã o d e e m p r e g o f a c e à c o n h e c i d a s u b o r d i n a ç ã o j u r í d i c a d o e m p r e g a d o a o e m p r e g a d o r .

É c o r r e t o r e c o n h e c e r q u e a o f e n s a d o d i r e i t o à i m a g e m p o d e s e c o n s u m a r n o s m a i s d i v e r s o s d o m í n i o s n o r m a t i v o s . B a s t a i n d i c a r , c o m o e x e m p l o , a v e i c u l a ç ã o d a i m a g e m p e l o s j o r n a i s e T V s d e a c u s a d o p r e s o o u c o n d e n a d o . S e é v e r d a d e q u e n ã o s e p o d e v e d a r a d i v u l g a ç ã o d e f o t o g r a f i a s n o s c a r t a z e s d e “ p r o c u r a - s e ” q u a n d o o r e s p o n s á v e l p e l a i n f r a ç ã o p e n a l f o g e p a r a n ã o s e s u b m e t e r à p r i s ã o p r o v i s ó r i a , n ã o m e n o s é q u e a c i r c u n s t â n c i a d e i n d i v í d u o p r e s o e m f l a g r a n t e d e l i t o e s o b c u s t ó ­ d i a d a a u t o r i d a d e p o l i c i a l n ã o a u t o r i z a a d i v u l g a ç ã o d e s u a i m a g e m , p o r q u e n ã o h á i n t e r e s s e p ú b l i c o a j u s t i f i c a r a i n i c i a t i v a . D e m o d o s e m e l h a n t e , n ã o h á s u p o r t e j u r í ­ d i c o a p t o a j u s t i f i c a r a d i v u l g a ç ã o d e f o t o g r a f i a d e q u e m f o r a c o n d e n a d o p o r s e n ­ t e n ç a p e n a l t r a n s i t a d a e m j u l g a d o , p o r q u a n t o t a l v e i c u l a ç ã o t e r m i n a r i a p o r s e c o n s ­ t i t u i r e m p e n a a c e s s ó r i a à r e s t r i t i v a d e l i b e r d a d e ; c o n t u d o , t o m a n d o p o r c e r t o q u e a

* P r o c u r a d o r d o M i n i s t é r i o P ú b l i c o d o T r a b a lh o , a tu a l m e n te o f ic ia n d o j u n t o a o T r ib u n a l S u p e r i o r d o T r a b a lh o , M e s tr e e D o u t o r e m D i r e i t o C o n s titu c io n a l p e l a P U C / S P .

R e v . T S T , B r a s ília , v o l 6 9 , n º 1, j a n / j u n 2 0 0 3 55

(2)

s o c i e d a d e q u e r c o n h e c e r o r o s t o d o s s e u s “ i n i m i g o s ” , p e r m i t e - s e l i c e n c i o s a m e n t e a o f e n s a d o d i r e i t o à i m a g e m e m c a s o s q u e ta i s .

N ã o o b s t a n t e , a l é m d e a j u s t i f i c a t i v a d o t r a b a l h o e s t a r v i n c u l a d a à d e s c o n c e r t a n t e e i n e x p l i c á v e l o m i s s ã o d a d o u t r i n a t r a b a l h i s t a n o q u e c o n c e r n e à p r o t e ç ã o à i m a g e m d o e m p r e g a d o , n ã o s e d e v e r e c u s a r a p o s s i b i l i d a d e d e a t u t e l a j u d i c i a l s e d i r i g i r i g u a l m e n t e à e m p r e s a , m a i s a i n d a p o r q u e o a r t . 5 2 d o n o v o C ó d i ­

g o C i v i l , a o d i s p o r q u e “ a p l i c a - s e à s p e s s o a s j u r í d i c a s , n o q u e c o u b e r , a p r o t e ç ã o d o s d i r e i t o s d a p e r s o n a l i d a d e ” , d e f o r m a e x p l í c i t a , a d m i t e o e n d e r e ç a m e n t o d a t u t e ­ l a à i m a g e m à u n i d a d e e m p r e s a r i a l .

N ã o a p e n a s o e m p r e g a d o , p o r t a n t o , m a s t a m b é m a e m p r e s a p o d e e d e v e s e r p r o t e g i d a q u a n t o a o s e u d i r e i t o à i m a g e m .

E a r e f e r ê n c i a à C o n s t i t u i ç ã o p o s s u i u m a c l a r a r a z ã o d e s e r .

C o m e f e i t o , é o s i s t e m a c o n s t i t u c i o n a l o r e p o s i t ó r i o d o s d i r e i t o s f u n d a m e n ­ t a i s d a s p e s s o a s , i n c l u í d o o d i r e i t o à i m a g e m , a l ç a d o à c a t e g o r i a d e d i r e i t o i n d i v i d u ­ a l a u t ô n o m o p e l a C o n s t i t u i ç ã o d e 1 9 8 8 .

2 P R O P O S T A D O A R T I G O

U m t r a b a l h o v o l t a d o a o e x a m e d a p r o t e ç ã o c o n s t i t u c i o n a l d a i m a g e m d o e m p r e g a d o e d a e m p r e s a n e c e s s i t a , d e i n í c i o , l o c a l i z a r , n a h i s t ó r i a , a p a r t i r d e q u a n ­ d o o d i r e i t o à i m a g e m s e c o n v e r t e u e m p r e o c u p a ç ã o d o s c o r p o s l e g i s l a t i v o s , r a z ã o p o r q u e s e r á d e d i c a d o o i t e m 0 3 p a r a o e s t u d o .

É a u t ô n o m o o d i r e i t o à i m a g e m ? D i s t i n g u e - s e , d e a l g u m a f o r m a , d a h o n r a ? Q u a l a s u a a m p l i t u d e ? É o q u e s e t e n t a r á r e s p o n d e r n o i t e m 0 4 .

É n e c e s s á r i o , p o r o u t r o l a d o , a n a l i s a r a f o r m a c o m o s e o p e r o u a t u t e l a à i m a ­ g e m n a s C o n s t i t u i ç õ e s b r a s i l e i r a s , i n c l u i n d o - s e - c o m o e v i d e n t e m e n t e n ã o p o d e r i a d e i x a r d e s e r - o T e x t o C o n s t i t u c i o n a l d e 1 9 8 8 , r e s e r v a d o p a r a t a n t o o i t e m 0 5 .

N o i t e m 0 6 s e r ã o e x a m i n a d a s a s h i p ó t e s e s d e o f e n s a à i m a g e m d o e m p r e g a ­ d o , s e m s e r e s q u e c i d a a r e p e r c u s s ã o q u e p o s s a o c o r r e r e m t e r m o s d e o f e n s a a o s i n t e r e s s e s t r a n s i n d i v i d u a i s d o s t r a b a l h a d o r e s .

J á n o i t e m 0 7 o p r o p ó s i t o s e a t é m à a n á l i s e d a t u t e l a d o d i r e i t o à i m a g e m d a e m p r e s a .

C o m p l e t a n d o o e s t u d o , n ã o s e r i a r a z o á v e l d e i x a r d e t r a z e r c o n s i d e r a ç õ e s d e o r d e m p r o c e s s u a l , d e m o d o e s p e c í f i c o n o q u e c o n c e r n e à c o m p e t ê n c i a d a J u s t i ç a d o T r a b a l h o p a r a o j u l g a m e n t o d e a ç ã o p r o p o s t a p e l a e m p r e s a p a r a b u s c a r a r e p a r a ç ã o p o r d a n o à i m a g e m , o q u e s e r á f e i t o n o i t e m 0 8 .

E , p o r f i m , r e s e r v a m o s p a r a o i t e m 0 9 o o f e r e c i m e n t o d a s c o n c l u s õ e s .

3 E S C O R Ç O H I S T Ó R I C O D O D I R E I T O À I M A G E M

O s r o m a n o s j á c o n h e c i a m o d i r e i t o à i m a g e m : o j u s i m a g i n i s . É c o r r e t o c o n ­ c l u i r q u e n ã o p o s s u í a a a t u a l c o n f i g u r a ç ã o d o d i r e i t o , n o t a d a m e n t e p o r q u e s e m a t e ­

5 6 R e v . T S T , B r a s í l i a , v o l. 6 9 , n º 1 , j a n / j u n 2 0 0 3

(3)

rializava apenas na garantia que tinham o s fam iliares quanto a m anterem b u sto s e r e tr a to s d o s s e u s a n te p a s s a d o s n a en tra d a d a s c a s a s , o r ig in a n d o - s e , d a í, p resu m ivelm en te, o co stu m e até hoje ex iste n te em m uitas resid ên cias n o B rasil n o sen tid o d e a p osição d e fotografias de ancestrais fa lec id o s.

L u iz A lberto D a v id Araújo in dica, c o m p recisão, asp ectos h istó rico s re le­

vantes: “A p roteção da im agem é preocup ação recen te d os juristas. E nquanto a im a g em só p o d ia ser captada através d o retrato p intado, d esen h ad o ou escu lp id o , na m aioria esm agad ora d os ca so s h a v ia p erm issão do retratado, o q u e n ão gerava q ual­

quer tipo d e p o lêm ica . Para que p u d esse ser retratada, a p esso a p a ssa v a horas e horas diante do artista para a realização da obra. R aros, portanto, sã o o s c a so s de captação d e im a g em sem o con sen tim en to d o retratado” .1

A situ ação fo i drástica e su bstan cialm ente m o d ifica d a a partir da in v en çã o da fotografia, em 1829, por N ice fo ro N iep ce.

E por quê? S im p lesm en te em virtude d o fato d e q u e a partir d e en tão apenas m ilé sim o s bastariam para reproduzir, sem a a q u iescên cia da p esso a , o seu retrato.

A tu alm en te, o s caçadores d e celeb rid ad es, o s d en om in ad os p a p a r a z z i , q ue assediam d e m o d o crim in oso as p e sso a s fa m o sa s, in vadind o, a lém d isso , a su a in ti­

m idad e e vid a privada, ch egam m esm o a ser resp o n sá v eis diretos p e la ocorrência d e fatos lam en táveis, co m o a p ersegu ição ao ca sa l L ad y D i e D o d i A l F ayed , o que term inou ocasion an d o o acidente que v itim ou a “P rincesa d o P o v o ” e o seu n am o­

rado, em 31 de ago sto d e 1997.

E , d ig a -s e d e p a ssa g e m , ap ós a in v e n ç ã o da fo to g r a fia , a s in o v a ç õ e s tec n o ló g ica s continuam se su cedend o co m v elo cid a d e vertigin osa, ao p onto d e tor­

nar-se v iá v e l o retrato da su perfície de planetas lo ca liza d o s a m ilh õ es de q uilôm etros da Terra.

T udo isso , ob viam ente, im p lica n o d esen v o lv im en to da técn ica da fo tografia in c lu siv e para retratar, por in term édio de len tes ultram odernas, p esso a s que se e n ­ contram a m u ito s m etros d o fo tó g ra fo , aum entando, d esta form a, as situ a çõ es ensejadoras de transgressão do direito à im agem .

4 A M P L IT U D E E A U T O N O M IA D O D IR EIT O À IM A G E M

P od em ser recon h ecid as duas e sp é c ie s d e im agem , ig u a lm en te p a ssív e is d e p roteção con stitucional: a im agem -retrato e a im agem -atributo.

D ificu ld a d e não há para d esvend ar-se a im agem -retrato, esp ecia lm en te por­

q ue já fize m o s referência, em algum as p assagen s anteriores, à fotografia, pintura e escultura representativas da im agem físic a da p essoa.

1 C f. A p r o t e ç ã o c o n s titu c io n a l d a p r ó p r i a im a g e m - p e s s o a fís ic a , p e s s o a ju r íd ic a e p ro d u to , p. 2 1 .

R e v . T S T B r a s ília , v o l . 6 9 , n º 1, j a n / j u n 2 0 0 3 5 7

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T a m b é m n ã o s e p o d e r i a r e c u s a r t u t e l a j u d i c i a l a o s g e s t o s o u à v o z d a p e s s o a c o m o d a d o s i d e n t i f i c a d o r e s d a s u a i m a g e m , r a z ã o p o r q u e n ã o à t o a d i s p õ e o a r t . 5 o, X X V I I I , d a C o n s t i t u i ç ã o e s t a r e m a s s e g u r a d o s , n o s t e r m o s d a l e i , a p r o t e ç ã o à s p a r ­ t i c i p a ç õ e s i n d i v i d u a i s e m o b r a s c o l e t i v a s e à r e p r o d u ç ã o d a i m a g e m e v o z h u m a ­ n a s , i n c l u s i v e n a s a t i v i d a d e s d e s p o r t i v a s .

Q u a n t o a o s g e s t o s r e p r e s e n t a t i v o s d a i m a g e m h u m a n a e , i n s e r i d o s , d e s t a r t e , n o m o d e l o p r o t e t i v o f i x a d o n a n o r m a c o n s t i t u c i o n a l , n o s r e c o r d a m o s d e s i t u a ç ã o a c o n t e c i d a h á a l g u n s a n o s n o E s t a d o d a B a h i a e q u e b e m p o d e r i a e n s e j a r a r e p a r a ç ã o p o r d a n o à i m a g e m p o r i n d e v i d a r e p r o d u ç ã o d o s g e s t o s c a r a c t e r í s t i c o s d e u m a p e s ­ s o a . A c o n t e c e u d u r a n t e o perí o d o q u e a n t e c e d i a o C a r n a v a l d e 1 9 9 8 : o G o v e r n o d o E s t a d o d a B a h i a v e i c u l o u n a s p r i n c i p a i s e m i s s o r a s d e t e l e v i s ã o c a m p a n h a p u b l i c i t á r i a e m d e s e n h o a n i m a d o n o q u a l u m a b o n e c a , l o u r a , d a n ç a v a b a l a n ç a n d o o s q u a d r i s c o m m o v i m e n t o s s e n s u a i s . O r a , n ã o s e r i a n e c e s s á r i o p e n s a r m u i t o p a r a d e s c o b r i r q u e a c a m p a n h a d e p u b l i c i d a d e t i n h a p o r a l v o a s s o c i a r a b o n e c a à d a n ç a r i n a C a r l a P e r e z , q u e , à é p o c a , f a z i a e s t u p e n d o s u c e s s o c o m a q u e l e e s t i l o p r ó p r i o d e d a n ç a r . E n ã o n o s p a r e c e q u e t e n h a h a v i d o q u a l q u e r p a g a m e n t o p e l a u t i l i z a ç ã o d a i m a g e m d a a r t i s t a .

O u t r a e s p é c i e é a i m a g e m - a t r i b u t o , c u j a i n v e s t i g a ç ã o s e i m p õ e p e l o s d e s d o ­ b r a m e n t o s q u e p o d e m s e s u c e d e r n o â m b i t o d a s r e l a ç õ e s d e t r a b a l h o .

L u i z A l b e r t o D a v i d A r a ú j o d e s c r e v e q u e “ a i m a g e m - a t r i b u t o é c o n s e q ü ê n ­ c i a d a v i d a e m s o c i e d a d e . O h o m e m m o d e r n o , q u e r e m s e u a m b i e n t e f a m i l i a r , p r o ­ f i s s i o n a l o u m e s m o e m s u a s r e l a ç õ e s d e l a z e r , t e n d e a s e r v i s t o d e d e t e r m i n a d a f o r m a p e l a s o c i e d a d e q u e o c e r c a . M u i t a s p e s s o a s n ã o f a z e m q u e s t ã o d e s e r e m c o n s i d e r a d a s r e l a x a d a s , m e t i c u l o s a s , o r g a n i z a d a s , e s t u d i o s a s , p o n t u a i s o u i m p o n t u a i s . S ã o c a r a c t e r í s t i c a s q u e a c o m p a n h a m d e t e r m i n a d a p e s s o a e m s e u c o n ­ c e i t o s o c i a l ” .2

A s s i m , i m a g i n e - s e h i p ó t e s e d e a d v o g a d o q u e s e n o t a b i l i z o u n a d e f e s a d e i n t e r e s s e s e m p r e s a r i a i s p e r a n t e a J u s t i ç a d o T r a b a l h o , e , p o r e q u í v o c o , t e n h a s i d o d i v u l g a d a e m j o r n a l d e g r a n d e c i r c u l a ç ã o a n o t í c i a d e s u a c o n t r a t a ç ã o p o r s i n d i c a t o d e t r a b a l h a d o r e s p a r a p a t r o c í n i o d e c a u s a d e r e l e v o . E ó b v i o n a d a h a v e r d e i r r e g u ­ l a r n a d e f e s a d e c a u s a o p e r á r i a - t ã o d i g n a q u a n t o à a d v o c a c i a e m p r e s a r i a l - , m a s é c e r t o c o n c l u i r : s e a l g u m p r e j u í z o f o r o c a s i o n a d o à s u a i m a g e m p r o f i s s i o n a l ( q u e , n o c a s o , s e i d e n t i f i c a à i m a g e m - a t r i b u t o ) - f o r j a d a a o l o n g o d e a n o s e a n o s n a d e f e s a d e t a i s i n t e r e s s e s - , t o r n a - s e p o s s í v e l o u m e s m o i n j u n t i v a a r e p a r a ç ã o , i n c l u ­ s i v e p a r a , p e d a g o g i c a m e n t e , i m p e d i r - s e n o v a s i n v e s t i d a s c o n t r a o i m p o r t a n t e d i r e i ­ t o d a p e r s o n a l i d a d e .

V i s u a l i z a d a a a m p l i t u d e d o d i r e i t o à i m a g e m , é i m p r e s c i n d í v e l e s q u a d r i n h á -­

l a p a r a c o m p r o v a r a s u a a u t o n o m i a .

O a r t . 5 o, X , d a C o n s t i t u i ç ã o p r e s c r e v e q u e s ã o i n v i o l á v e i s a i n t i m i d a d e , a v i d a p r i v a d a , a h o n r a e a i m a g e m d a s p e s s o a s , a s s e g u r a d o o d i r e i t o à i n d e n i z a ç ã o p e l o d a n o m a t e r i a l o u m o r a l d e c o r r e n t e d e s u a v i o l a ç ã o .

2 Op. cit., p. 31.

5 8 Reu TST, Brasília, vol. 6 9 , n 2 l,jan/jun 2 0 0 3

(5)

O d isp o sitiv o co n stitu cio n a l p o sitiv o u , ainda q ue im p licitam en te, o q ue d e­

n om in am os d e “p rin cíp io da reparação in tegral”, assin alan d o a p o ssib ilid a d e d e vir a ser reparado não so m en te o dano d e com p ostu ra m aterial, m as tam bém o d e natu­

reza m oral.

N ã o se esg o ta , con tud o, na p o sitiv a çã o im p lícita d o p rin cíp io da reparação integral a im portância do art. 5 o, X , da C onstituição; serv e, d e m od o sem elh an te, para co n so lid a r a autonom ia dos d ireitos da p erson alid ad e co n stitu cio n a lm en te tu­

telad os no p recep tivo, in clu in d o -se, n e sse p a sso , o d ireito à im agem .

E v id en tem en te, quer seja no tocan te à in tim id ad e e v id a privada, quer co m relação à im a g em e o direito à honra, seria in só lito q ue o leg isla d o r con stitu in te originário b u sca sse enunciar ex p ressõ es d iversas para a proteção d e d ireitos in d iv i­

duais id ên tico s.

Por iss o que, m algrado claro o esfo rço d o elem en to criador d o E stado de 1988 na d ireção da tutela esp e cífic a a cada um d o s d ireitos in d ica d o s, ju lg a m o s oportuno d istingu ir a im agem da honra, furtando-nos quanto à d iferen cia çã o relati­

vam en te à in tim id ad e e vid a privada por en ten derm os estarem sobrem aneira distan­

tes para q u e se adm ita co n fu sã o de qualquer esp é cie .

L u iz A lb erto D avid A raújo, com precisão, inform a que “a im agem , é p reciso reconhecer, é ferida em outras situ ações em q ue a honra p o d e ser d eixad a de lado, havendo, m esm o assim , violação da im agem . É o caso, por ex em p lo , da usurpação da fotografia. P o sso m e utilizar da fotografia de alguém sem lh e ferir a honra, maltratan­

d o, no entanto, seu direito à im agem . Im agin em os, para seguir a teoria exp en d ida, a p o ssib ilid a d e de algu ém se opor, com b ase n o direito à honra, à v eicu lação d e um com ercial de telev isã o on d e o in divídu o é representado co m o hom em virtuoso, p len o de qualidades, (...) etc. A p esso a representada tev e seu s dados p esso a is elev a d o s e elogiad os; su a honra não fo i nem d e lo n g e arranhada. A o contrário, sua honradez e b om com portam ento so cia l foram ressaltados. N o ca so , outro fundam ento que não o da v io la çã o da honra, serviu de b ase para a proteção do in divídu o (...).

Q uanto à im agem -atributo, não p o d e ser enquadrada no direito à honra, co n s­

titu in do b em au tôn om o. O conjunto d e características so c ia is q ue en v o lv e m o in d i­

v íd u o, d eterm inadores d e seu co n ceito so c ia l, n ão se con fu n d em co m a honra” .3 E , sob rem ais, p arece-n os relevan te o escla recim en to d e q ue a im agem -atri­

buto não guarda afinidad e ab soluta co m a cham ada “honra o b jetiva” .

D istin g u in d o -se da honra su bjetiva (sin ô n im o d e apreço próprio, d o ju íz o q u e cad a um tem d e s i, n o d izer d e M agalh ães N oron h a),4 a o b jetiv a d en ota o resp eito e a con sid eração q ue o m eio so c ia l n o s d evota.

3 O p. c it., p. 35.

4 C f. D ire ito p e n a l, v. 2 , p. 110.

Rev. T ST , Brasília, vol. 6 9 , n Q 1, ja n/ju n 2 0 0 3 59

(6)

T oda v e z q ue há n otoriedade d o in d ivíd u o quanto ao ex ercício de urna dada ativid ade ou por suas características próprias (sem con otação de b em ou m al), está -­

s e diante da im agem -atribu to,5

5 O D IR E IT O À IM A G E M N A S C O N ST IT U IÇ Õ E S B R A SIL E IR A S

D e in íc io , cum pre destacar q ue a C onstituição Im perial de 18 2 4 não outor­

ga v a p roteção exp ressa ao direito à im agem , m uito em bora se su sten tasse a e x istê n ­ cia da tutela im p lícita n o corpo do d isp o sitiv o que assegurava a in vio la b ilid a d e do d o m ic ílio (art. 7 2 , II).

Entretanto, a in vio la b ilid a d e do d o m icilio , no n o sso entender, não se presta a salvaguardar a im agem do indivíduo, porque, um a v e z fora do am biente de proteção d om iciliar, ad m itir-se-ia a reprodução da im agem .

A s C o n stitu içõ es de 1934 e 1937 seguiram a ten dência de se adm itir a tutela im p lícita à im a g em em fa ce da p revisão da in violab ilid ad e do d o m icílio .

Q uanto à C onstituição d e 1946, m uito em bora tenha sid o repetida a fórm ula con sagrada n os tex to s anteriores n o sentido de in clu ir a im agem do in d ivíd u o na in d ev a ssa b ilid a d e do d o m ic ílio , acen tu e-se q ue o direito à v id a p assou a ter referên ­ cia ex p ressa n o art. 144, o q ue se con stitui em n ovidad e realm ente digna d e registro na e v o lu ç ã o h istó r ic o -c o n stitu c io n a l b rasileira, porquanto “c o m a in clu sã o da in vio la b ilid a d e d os direitos con cern en tes à vid a, na cab eça d o artigo, a extração da ex istê n c ia d e um direito à im a g em fico u m ais tranqüila. Im p o ssív el d e s e prever o direito à v id a sem a v id a c o m im a g em e m qualquer d e suas m odalidad es” .6

A s C o n stitu içõ es d e 19 6 7 e 19 6 9 tam bém n ão positivaram , d e form a e x p lí­

cita, o d ireito à im a g em , co n sid era n d o -se subentendido na tutela co n stitu cio n a l à v id a , d iferentem en te da C onstituição de 1988, que por ter inaugurado o m o d elo p rotetivo m ais com p leto n o referente ao direito à im agem , m erece estudo destacado.

5 . 1 A C o n s t i t u i ç ã o d e 1 9 8 8 e o d i r e i t o à i m a g e m

P ela s in e g á v e is rep ercu ssõ es q u e acarreta - in c lu siv e n a relação d e em p rego - , torna-se in d e clin á v e l o ex a m e d o s d isp o sitiv o s con stitu cion ais pertinentes.

E m prim eiro lugar, s e o tem a sob in v estig a çã o é direito in d ivid u al, en ten d e­

m o s im p rescin d ív el ob servar o con teú d o d os P rin cíp ios F undam entais, q ue repre­

sentam a “porta d e entrada” da interpretação con stitucional.

N o particular, p revê o art. 1o, III q u e “A R ep ú b lica F ed erativa d o B rasil, form ada p ela u n ião in d isso lú v e l d os E stad os e M u n icíp io s e d o D istrito F ederal, co n stitu i-se em E stad o D em o crá tico d e D ireito e tem co m o fun dam en tos (...) III - a d ign id ad e da p e sso a hum ana”.

5 C f. A R A U J O , L u iz A lb e r to D a v id . O p . c it., p . 3 6 . 6 C f. A R A U J O , L u iz A lb e r to D a v id . O p . c it ., p . 5 7 .

6 0 R e v . T S T , B r a s í l i a , v o l . 6 9 , n º 1, j a n / j u n 2 0 0 3

(7)

C on seq ü en tem en te, exam in ad o o fun dam en to d o E stad o b rasileiro e sta b e le ­ cid o n o art. 1o, III, c o n c lu i-se q ue a d ign id ad e da p e sso a hum ana - v a lo r-fo n te de todo o sistem a n orm ativo, n o d izer d e M IG U E L R E A L E 7 - tem por d estinatários e x c lu siv a m en te as p esso a s naturais, o s in d iv íd u o s, abrangendo, d esta form a, co m o não p od eria d eixar d e ser, o cidadão-trabalhador.

O p ressu p osto te le o ló g ic o d e todo o sistem a norm ativo b rasileiro, q ue é a d ign id ad e da p esso a hum ana, seria su ficien te, p e r s e, para fazer ec lo d ir um a red e de p roteção d o s d ireitos d a p ersonalidad e n o âm bito da relação d e em p rego, im p ed in ­ d o -se fo sse m perpetradas contra o s em p regados tran sgressões d estin adas a lim itar o s d ireitos à in tim id ad e, privacidade, in colu m id ad e físic a e im agem ; entretanto, por restrita à p e sso a hum ana, a dignidad e não poderia ter a am plitu de para p roteger a em p resa n o tocan te à su a im agem , o q ue apenas s e apresenta p o ssív e l p or fo rça da in cid ên cia da tutela e s p e c ífic a à im agem -atribu to, isto é , o con jun to d e q u a lifica ­ ç õ e s in eren tes à unidade em presarial q u e p o ssib ilita m o ê x ito d o em p reen dim en to.

O a r t , 5o, V, d isp õ e que é assegurado o d ireito d e resp osta, p rop orcional ao a g r a v o , a l é m da in d en ização por d a n o m aterial, m oral ou à im agem , a o p a sso q u e o art. 5 o, X , da C onstituição ex p licita q u e são in v io lá v e is a in tim id ad e, a v id a privada, a h o n r a e a im agem das p esso a s, assegurado o d ireito à in d en iza çã o p e lo dano m a t e r i a l ou m oral decorrente d e sua v i o l a ç ã o .

V ê -se , a ssim , que a C onstituição de 1988 in o v o u sig n ifica tiv a m en te, tanto

a o p rescrever, já , agora, de m odo exp resso, o d ireito à im agem , quanto ao ev id e n c i­

ar q ue a reparabilidade se n ão circu n screv e tã o -só à esfera d o dano m aterial, m as tam bém a o d e c o m p o s t u r a m oral.

C o m o recurso ao art. 5 o, X , é a d m issív el, p or ex e m p lo , a propositura d e ação d e in d en iza çã o p e lo em p regado q u e te v e a su a im agem -retrato in d evid am en te d ivu lgad a p e lo em pregador, r e so lv e n d o -se a q u estão n o s d o m ín io s d a reparação d o dano m aterial; m as, d e m od o sem elh an te, a fig u ra -se-n o s ca b ív e l m ed id a ju d icia l apta a e x ig ir d a em p resa in d en ização p o r d ano m oral à v ista d e o fe n sa à im agem . A diantand o o q u e será m a is adequadam ente d ese n v o lv id o n o p róxim o item , cu jo o b jeto serão as h ip ó teses d e o fen sa à im a g em d o em p regado, im a g in e -se a co n h eci­

da situ a çã o em q u e o trabalhador, ao pretender ocupar u m p o sto d e trabalho, tem recu sad o o se u in g re sso n a em p resa em virtu de d e “carta d e referên cia” in v eríd ica e d esab onad ora en v ia d a p e lo seu ex-em pregador. A o fen sa , n o c a so , ocorreu relati­

vam en te à im agem -atribu to construída, m u itas v e z e s , ao lo n g o d e an os d e presta­

ç ã o d e trabalho co m p eten te e com p rom etid a co m as diretrizes em presariais.

A liá s, a situ a çã o en sejaria em itir-se p rovim en to ju d icia l con d en atório d os d an os m oral (fa c e à a g ressã o ao p atrim ônio m oral d o trabalhador) e m aterial, p o sto q u e o im p ed im en to à contratação p e la em p resa q u e recebera a “carta d e referên cia”

te v e p or ca u sa e x c lu siv a o s d ad os en v ia d o s p e lo a n tigo em pregador.

7 C f. E sta d o d e m o c rá tic o d e d ire ito e o c o n flito d e id e o lo g ia s, p. 0 3 .

Rev. T ST , Brasília, vol. 6 9 , n º 1, jan/jun 2 0 0 3 61

(8)

E , co m p leta n d o -se a p roteção co n stitu cio n a l à im agem , tem os o art. 5°, X X V III, a , q ue garante, n os term os da le i, a d efesa d os direitos do autor nas obras c o le tiv a s e à rep rod u ção da im a g em e v o z hum anas, in c lu siv e nas a tiv id a d es d esp ortivas (o que n os levará à apreciação do direito à im agem do atleta p r o fissio ­ nal d e fu teb o l), e o art. 2 2 0 , § 1o, ao enunciar que “nenhum a le i conterá d isp o sitiv o que p o ssa con stituir em baraço à p len a liberdade de inform ação jorn alística em qual­

quer v eíc u lo de co m u n ica çã o so c ia l, ob servado o d isp osto no art. 5 o, IV, V, X , X III e X IV ”. A inda que o últim o d isp ositivo constitucional m encionado se dirija à proteção à im agem , não guarda p ertin ên cia - ao m en os direta - ao tem a-título do trabalho, porque o s lim ites o p o sto s à d iv u lg a çã o da im agem em confronto co m o direito fundam ental à in form ação jo rn a lística é assunto que se d istancia das situ a çõ es de afronta à im a g em do em p regado e da em presa.

D estarte, apresentados o s parâm etros do sistem a co n stitu cio n a l b rasileiro, p a ssem o s à an álise das h ip ó teses d e v io la çã o à im agem do em pregado.

6 H IPÓ T E SE S D E O F E N S A À IM A G E M D O E M P R E G A D O

S em pre levan d o em con sid eração o fato de que o direito à im a g em com porta d o is desd obram entos (im agem -retrato e im agem -atributo), in icia rem o s o presen te item p rom oven d o alu são às circun stân cias reveladoras d e reprodução não autoriza­

da da im a g em fisio n ô m ica d os trabalhadores.

Q uanto à prim eira e s p é c ie do direito fundam ental - a im agem -retrato e x is ­ tem h ip ó teses con cretas em q ue p od em se operar transgressões.

Im agin em os cam panha publicitária d ivulgada am plam ente na tele v isã o e q ue m ostre a p lanta industrial da em p resa e o s trabalhadores em atividade.

C o m o o sistem a d o d ireito p o sitiv o trabalhista não autoriza sequ er prévia an u ên cia quanto à d iv u lg a çã o d e sua im agem (ex c eçã o feita aos atletas p ro fissio ­ n ais d e fu teb o l), torna -se p erfeitam en te ca b ív el o p leito reparatório m ed iante ação c iv il c o le tiv a , co n d u zid o n ão a outro órgão ju risd icio n a l, m as à Justiça d o Trabalho, em virtu de d e o fa to gerador da in cid ên cia originária d o p ed ido estar atrelado à relação contratual d e trabalho.

E , n o particular, p o u co im porta en alteça a cam panha publicitária o produto da em p resa, a h ig ie n e n o m e io am biente do trabalho ou a e x c e lê n c ia d os se rv iç o s p restad os p e lo s se u s em pregados; o q ue é d e c isiv o para a reparação do dano à im a g em d o s trabalhadores é a m era propagação.

P or outro lad o, s e h o u v e prévia anuência para a d ifu sã o da im agem , além d o fato d e a p erm issão n o sistem a norm ativo trabalhista se restringir ao atleta p ro fissi­

on al d e fu teb o l ou à própria natureza da ativid ade exercid a p elo em p regado, o ato autorizatório b em p o d e ter sid o co n ceb id o por co a çã o m oral ( v i s c o m p u l s i v a), e s ­ p ecia lm en te em virtu de da d ep en d ên cia eco n ô m ica do em p regado ao em pregador e a su bordin ação ju ríd ica d aq u ele em fa ce deste.

62 Rev. TST, Brasília, vol. 6 9 , n º l ,ja n /ju n 2 0 0 3

(9)

E o q ue d izer da outra e s p é c ie d e im a g em - a im agem -atributo? É p o ssív e l haver o fen sa à garantia n o co n tex to d o contrato d e trabalho?

Para exam inar, co m co n sistên cia , o assu nto, d ev em o s, d e lo g o , distanciar-­

n os da clá ssic a e com u m situação na qual o em pregador im puta ao em p regado .con­

duta d elitu osa, requerendo, in clu siv e , a instauração d e inquérito p o licia l e ex tin ­ gu in d o o contrato de trabalho por ju sta causa, porque in veríd ica a acu sação, a atitu­

de do em presário estará adequada ao p é d o tipo sim p les d o art. 138 d o C ó d ig o P en al, ao tipificar o crim e de calúnia. O trabalhador, en tão, poderá a cio n á -lo para q ue o in d en ize por o fen sa à sua honra, não à im agem -atributo, se m d esp rezo das con seq ü ên cia s pen ais de tal proceder.

C ontudo, v isu a liza m o s situação ensejadora da reparabilidade d o dano à im a­

gem -atributo, co m o na h ip ótese de em pregador que, ao ser instado por outra em p re­

sa d esejo sa de contratar o ex-em p regado daqu ele, en v ia co m o resp osta, falsa, a in form ação de q ue o laborista é ex c elen te vendedor, não estando preparado, toda­

via, para o ex e rc íc io da gerên cia de recursos h um anos, quando, recon hecidam en te, n os lo n g o s anos de prestação de trabalho, granjeou o trabalhador a adm iração d os c o le g a s d e trabalho e o resp eito do em presário exatam en te nesta função.

N o caso, n em d e lo n g e fora arranhada a honra do trabalhador; p e lo contrá­

rio, até m esm o tev e elo g ia d a a sua atuação co m o ven d ed or na antiga em presa. M as a im agem -atributo, sim , fo i in d iscu tivelm en te ofen did a, já q ue o em p regado s e n o ­ tabilizou co m o geren te de recursos h um anos, cargo para o qual o b te v e con tra-ind i­

cação do ex-em pregador, fato que, além d e conspurcar a garantia in d ivid u al sob com en to, corresp ond e à clara lim itação à liberdade d e ação p rofission al.

6.1 O d ire ito à im a g em d o a tle ta p r o fissio n a l d e f u te b o l

A lgu m as q u estões p ecu liares surgem quando s e prop õe a esquadrinhar o direito à im agem -retrato no caso de relação contratual d e trabalho d e atleta p rofis­

sion al de futeb ol.

E as p ecu liarid ades decorrem da própria d iscip lin a ju ríd ica e s p e c ífic a d e tais em p regados, co n so a n te as p rev isõ es da L ei n° 9 .6 1 5 /9 8 . D en tre e la s, p od em ser destacadas as segu in tes: i) relação contratual form ada obrigatoriam ente por escrito (art, 2 8 , L e i n° 9 .6 1 5 /9 8 ); não se p odend o, con tud o, afastar-se o reco n h ecim en to d o v ín cu lo em p regatício entre o atleta e o clu b e d e futeb ol quando p resen tes o s e le ­ m en tos fix a d o s p e lo art. 3o, da CLT; ii) é contrato d e duração determ inada, d iversa­

m en te d a regra g en érica d o art. 4 4 5 , da CLT, porque, n o ca so d e atleta p ro fissio n a l d e fu teb o l, a duração v a i d e um m ín im o d e 03 m eses a um m áxim o d e c in c o anos;

iii) p o ssib ilid a d e d e celeb ração d e contrato a cessó rio d e lic en ça d e u so d e im agem . E é quanto à ú ltim a característica d o contrato sob in v estig a çã o q u e algu m as d úvid as aparecem , tais com o: outros trabalhadores podem autorizar v e icu la çã o da im agem ? A lic e n ç a d e u so d a im a g em se id en tifica ao direito d e arena? L ice n ç a de u so d e im a g em p o d e ser con sid erada salário?

Rev. T ST , B rasília, vol. 6 9 , n Q 1, ja n /ju n 2 0 0 3 63

(10)

A r e s p e i t o d a p r i m e i r a i n d a g a ç ã o , é i m p o r t a n t e r e s s a l t a r q u e o d i r e i t o à i m a ­ g e m - r e p u t a d o d i r e i t o d a p e r s o n a l i d a d e , f r i s e - s e - é i m p r e s c r i t í v e l , p e r s o n a l í s s i m o , a b s o l u t o ; o c o r r e q u e t a i s c a r a c t e r e s n ã o o b s t a m à i n c l u s ã o d a i m a g e m d a p e s s o a c o m o o b j e t o d e c o n t r a t o e s p e c í f i c o , c o m o i n v a r i a v e l m e n t e a c o n t e c e c o m o s j o g a ­ d o r e s d e f u t e b o l m a i s f a m o s o s e o s s e u s c l u b e s .

M a s , c o m e f e i t o , a s e a r a p e r m i t i d a à d i s p o n i b i l i d a d e d o d i r e i t o à i m a g e m n ã o é i r r e s t r i t a , m á x i m e q u a n d o a L e i n ° 1 0 . 4 0 6 , d e 1 0 d e j a n e i r o d e 2 0 0 2 ( n o v o C ó d i g o C i v i l ) , q u e e n t r a r á e m v i g o r u m a n o a p ó s a s u a p u b l i c a ç ã o , e s t a b e l e c e , n o a r t . 1 1 , q u e , “ c o m e x c e ç ã o d o s c a s o s p r e v i s t o s e m L e i , o s d i r e i t o s d a p e r s o n a l i d a d e s ã o i n t r a n s m i s s í v e i s e i r r e n u n c i á v e i s , n ã o p o d e n d o s e u e x e r c í c i o s o f r e r l i m i t a ç ã o v o l u n t á r i a ” .

P a r e c e - n o s , p o r c o n s e g u i n t e , s u f i c i e n t e m e n t e c l a r a a p r e v i s ã o n o r m a t i v a d o C ó d i g o C i v i l a v i g o r a r a p a r t i r d e j a n e i r o d e 2 0 0 3 p a r a b a r r a r a i n s e r ç ã o d e l i c e n ç a d e u s o d a i m a g e m d e e m p r e g a d o q u a n d o n ã o e x i s t i r n o r m a e x p r e s s a q u e c o n t e m p l e t a l p o s s i b i l i d a d e .

E m e s m o n a s h i p ó t e s e s d e a u t o r i z a ç õ e s c o n s u m a d a s a n t e s d a v i g ê n c i a d o n o v o C ó d i g o C i v i l , o P r i n c í p i o F u n d a m e n t a l a t i n e n t e à d i g n i d a d e d a p e s s o a h u m a ­ n a é i m p e d i t i v o d e t a l d i s p o n i b i l i d a d e .

E ó b v i o q u e s e n ã o i n c l u i n a p r o i b i ç ã o a d i v u l g a ç ã o d a i m a g e m d o a t l e t a p r o f i s s i o n a l d e f u t e b o l , s i m p l e s m e n t e p o r q u e , n o c a s o , a L e i n ° 9 . 6 1 5 / 9 8 a u t o r i z a a v e i c u l a ç ã o .

E t a m b é m s e r i a t o t a l d e s p r o p ó s i t o v e d a r - s e a d i v u l g a ç ã o d a i m a g e m d o ( a ) e m p r e g a d o ( a ) q u a n d o a p r e s t a ç ã o d e t r a b a l h o g u a r d e i m p l í c i t a o u c o n a t u r a l a i n d i g i t a d a p r o p a g a ç ã o , c o m o n o s c o n t r a t o s d e a t o r e s d e t e l e v i s ã o .

F o r a d e t a i s c i r c u n s t â n c i a s a u t o r i z a d a s p e l a l e i o u n a t u r a l m e n t e r e l a c i o n a d a s à e s p é c i e d e p r e s t a ç ã o d e t r a b a l h o , n ã o p o d e o e m p r e g a d o r i n c l u i r n o c o n t r a t o d e t r a b a l h o c l á u s u l a p e r m i s s i v a d e d i f u s ã o d a i m a g e m d o e m p r e g a d o , p o r q u e , n a c o n ­ d i ç ã o d e d i r e i t o d a p e r s o n a l i d a d e , n ã o p o d e s e r i n t e g r a d o a o c o n t r a t o d e t r a b a l h o 8 c o m o a l g o í n s i t o à a t i v i d a d e d o l a b o r i s t a , o q u e , d e f a t o , c o r r e s p o n d e r i a a a s s u m i r -­

s e p o s t u r a i n d i f e r e n t e à d i g n i d a d e d a p e s s o a h u m a n a , c a n t a d a e m p r o s a e v e r s o p e l a d o u t r i n a e c o n s i d e r a d a , c o m o v i s t o , u m d o s f u n d a m e n t o s d o E s t a d o b r a s i l e i r o .

A s e g u n d a i n d a g a ç ã o c o n c e r n e à v i a b i l i d a d e n o i d e n t i f i c a r - s e o c o n t r a t o d e l i c e n ç a d e u s o d a i m a g e m a o c o n h e c i d o d i r e i t o d e a r e n a .

N o e n t a n t o , i d e n t i f i c a ç ã o d o j a e z e n c e r r a e r r o v i t a n d o .

E e s c l a r e ç a - s e q u e a d i s t i n ç ã o n ã o i n g r e s s a n o a l t i p l a n o d a s d i g r e s s õ e s m e ­ r a m e n t e d o u t r i n á r i a s ; c u m p r e , p e l o c o n t r á r i o , a r e l e v a n t í s s i m a f u n ç ã o d e d e m a r c a r d o i s d i r e i t o s q u e p o d e m c o e x i s t i r n o c o n t r a t o d e t r a b a l h o e p r o d u z e m r e f l e x o s p e c u n i á r i o s s i g n i f i c a t i v o s .

8 A subordinação jurídica não deve se converter em instrumento para que a empresa seja senhora e possuidora da intimidade, privacidade e imagem dos empregados.

6 4 R e u T S T Brasília, vol. 69, n - 1, jan/jun 2 0 0 3

(11)

O b s e r v e - s e , d e i n í c i o , q u e a a l u s ã o f e i t a f o i a o c o n t r a t o d e l i c e n ç a p a r a u s o d a i m a g e m e n ã o “ c o n t r a t o d e i m a g e m ” o u “ c o n t r a t o d e c e s s ã o d a i m a g e m ” .

L u í s A n t ô n i o G r i s a r d e s c l a r e c e q u e “ ( . . . ) n ã o p o d e m o s f a l a r e m ‘c o n t r a t o d e i m a g e m ’ p o r q u e e l a , a i m a g e m , n ã o é o o b j e t o d o c o n t r a t o , m a s , s i m , s u a l i c e n ç a p a r a u s o e , f i n a l m e n t e , n ã o n o s p a r e c e a d e q u a d o f a l a r e m ‘c e s s ã o ’ p o r q u e o s u j e i t o a t i v o n ã o e s t á c e d e n d o a i m a g e m a n i n g u é m , a p e n a s e s t á a u t o r i z a n d o s u a e x p l o r a ­ ç ã o e v e i c u l a ç ã o . N a c e s s ã o , v e r i f i c a m o s o a b a n d o n o - t o t a l o u p a r c i a l - d o d i r e i t o q u e p e r t e n c e a u m d e t e r m i n a d o t i t u l a r . N a l i c e n ç a , p o r s u a v e z , o b s e r v a - s e t ã o -­

s o m e n t e a c o n c e s s ã o d e u m a p e r m i s s ã o p a r a a e x p l o r a ç ã o d a i m a g e m , s e m q u e a t i t u l a r i d a d e s e j a t u r b a d a ” .9

O c o n t r a t o d e l i c e n ç a d e u s o d a i m a g e m n ã o s e c o n f u n d e c o m o d i r e i t o d e a r e n a p o r q u e e s t e s e e n c o n t r a c o n s u b s t a n c i a d o n o a r t . 4 2 d a L e i n ° 9 . 6 1 5 / 9 8 , q u e p e r m i t e a o c l u b e d e f u t e b o l n e g o c i a r , a u t o r i z a r o u p r o i b i r a f i x a ç ã o , t r a n s m i s s ã o o u r e t r a n s m i s s ã o d e e v e n t o s d o s q u a i s p a r t i c i p e m .

O u t r o s s i m , a o c o n s a g r a r o c o m a n d o c o n s t i t u c i o n a l i m p o s i t i v o d a p r o t e ç ã o à i m a g e m h u m a n a , i n c l u s i v e n a s a t i v i d a d e s d e s p o r t i v a s , o § 1° d o a r t . 4 2 d a L e i n ° 9 . 6 1 5 / 9 8 p r e c e i t u a q u e , s a l v o d i s p o s i ç ã o e m c o n t r á r i o , 2 0 % d o t o t a l a r r e c a d a d o c o m a a u t o r i z a ç ã o d a t r a n s m i s s ã o s e r á d i v i d i d o e n t r e o s p a r t i c i p a n t e s d a p a r t i d a , e x c e t u a n d o - s e , o b v i a m e n t e , o s q u e , e s c a l a d o s p a r a c o m p o s i ç ã o d o “ b a n c o d e r e s e r ­ v a ” , n ã o i n g r e s s a r a m n a s “ q u a t r o l i n h a s ” e , c o n s e q ü e n t e m e n t e , n ã o p o d e m s e r c o n ­ s i d e r a d o s p a r t í c i p e s d a p e l e j a e s p o r t i v a .

D u a s s ã o a s s i t u a ç õ e s , e , n e s s e p a s s o , m e r e c e d o r a s d e t r a t a m e n t o d i v e r s i f i ­ c a d o .

S e o c l u b e d e f u t e b o l , c o m l a s t r o n o p r e c e p t i v o l e g a l q u e t e r m i n o u p o r c o n ­ c r e t i z a r o a r t . 5 ° , X X V I I I , a, a u t o r i z a a t r a n s m i s s ã o d a p a r t i d a m e d i a n t e o r e s p e c t i ­ v o p a g a m e n t o , 2 0 % d o t o t a l a r r e c a d a d o s e r á d i v i d i d o e n t r e o s a t l e t a s q u e e f e t i v a m e n t e d e l a p a r t i c i p a r a m , s e m q u e h a j a q u a l q u e r n e c e s s i d a d e d e c e l e b r a ç ã o d e c o n t r a t o d e l i c e n ç a d e u s o d a i m a g e m , p o r q u e o r a t e i o p r o m a n a d e i m p e r a t i v o l e g a l , t o u t c o u r t .

D i s t i n t a é a h i p ó t e s e q u a n d o o a t l e t a e x p r e s s a m e n t e c o n s e n t e c o m a d i v u l g a ­ ç ã o d e s u a i m a g e m i n d i v i d u a l , q u a n d o , n a o p o r t u n i d a d e , f a r á j u s a o p a g a m e n t o e s t i p u l a d o n o c o n t r a t o , i n d e p e n d e n t e m e n t e - r e p i t a - s e - d a d i v i s ã o r e l a t i v a a o d i ­ r e i t o d e a r e n a .

D e c o n t r a p a r t e , a n t e s d e s e t e n t a r u m a r e s p o s t a à d e r r a d e i r a i n d a g a ç ã o , o u s e j a , s e o v a l o r a t i n e n t e à l i c e n ç a d e u s o d e i m a g e m d e v e s e r c o n s i d e r a d a p a r c e l a d e n a t u r e z a s a l a r i a l , a l g u m a s i n f o r m a ç õ e s d e v e m s e r r e p a s s a d a s d e s o r t e a b e m c o m ­ p r e e n d e r o q u e s e s u c e d e n a r e a l i d a d e e m t a i s c o n t r a t o s .

9 Cf. Considerações sobre a relação entre contrato de trabalho de atleta profissional de futebol e contrato de licença de uso de imagem, disponível em: <http://www.internet-lex.com.br>.

Rev. TST, Brasília, vol. 69, n º 1,jan/jun 2003 6 5

(12)

Sendo certo que os clubes de futebol e os atletas tentam invariavelm ente, de com um acordo, reduzir a base de cálculo para incidência das exações fiscais, a licença de uso da im agem termina por configurar “válvula de escape” - porque inconfundível e autônom a relativam ente ao contrato de trabalho - na m edida em que os jogadores constituem em presa para fim esp ecífico de exploração de sua im agem .

Todavia, a em presa que poderia ser regularmente constituída para explora­

ção da im agem , finda por se converter em instrumento à perpetração de fraude, notadam ente porque o salário do atleta acaba sendo incorporado quase que total­

m ente sob a rubrica de “exploração da im agem ”, quando, na verdade, o que se observa é um a parcela com nítida natureza salarial, deixando consignado valor ín­

fim o em carteira d e trabalho com o propósito, com o dito, de escapar à incidência de im posto sobre a renda m ais gravoso ou m esm o das contribuições previdenciárias.

7 A P R O T E Ç Ã O C O N ST IT U C IO N A L À IM A G E M D A E M P R E SA

S e h á o u to rg a d e p ro te ç ã o c o n stitu c io n a l à im a g em d o e m p re g a d o , é irrecu sável re co n h ecer-se, p or sim etria, a p o ssib ilid a d e d e tutela da im agem da em presa.

A tu alm en te, g a sta m -se v a lo res extraordinários co m o o b jetiv o d e c o n so lid a ­ çã o d e um a im a g em d e em presa eficien te, responsável p ela produção d e bens ou prestação de serv iço s d e qualidade. E m sum a: é crescen te a preocupação d o s grupos em presariais co m a construção d e um a “boa” im agem perante o s consum idores.

P elo s caracteres a sso c ia d o s às p esso a s ju ríd icas, p arece ev id e n te q u e a ú n ica o fen sa p o ssív e l é à im agem -atribu to, ou seja, às co n d içõ e s e q ualidad es e s p e c ia is incorporadas à im a g em d a em presa.

O utrossim , p o sta -se in discrep ante q ue a aludida transgressão à im agem -atri­

buto so m en te é su sc e tív e l de o corrên cia se a in form ação e/o u fa to d iv u lg a d o s n ão corresp ond erem à realidade.

Por exem p lo: determ inada em presa d o ram o a lim en tício fo i den un ciad a p or órgão p ú b lico em virtude d e não adotar técn icas h ig iên ica s para a m anip ulação d os alim en tos por e la p rod uzidos, M ais d o q ue co n v en ien te, é im p ositiva a in form ação, a fim de que o s con su m id ores não tenham a saúde prejudicada; não obstante, a reparação à im agem -atribu to decorrerá in exoravelm en te do fato de ser in veríd ica a n o tícia d ivulgada.

Outra h ip ótese: o em pregado que exerceu fun ção de d ireção co m eça a d iv u l­

gar fa to s ou in fo rm a çõ es q ue ob tivera em razão do p o sto ocupado na unidade em ­ presarial, q ue, por sua v e z , atingem gravem en te a im agem da em presa.

E m ais uma: sin d icato p ro fissio n a l que, a pretexto d e pression ar a em presa em p eríod o anterior à celeb ração de acordo co letiv o , v eicu la nos órgãos de im pren­

sa ou m esm o no b oletim inform ativo do grêm io sindical, fatos in verídicos atentatórios à b oa reputação em presarial.

66 R e v . T S T B ra s ília , v o l, 6 9 , n º 1 , ja n /ju n 2 0 0 3

(13)

C om o não seria de outra form a, o elen co das circun stân cias apontadas é m eram ente e x e m p lific a tiv o , p odendo se consum ar um núm ero in con tável d e situa­

ç õ e s o fen siv a s à im agem -atributo em presarial.

8 C O M P E T Ê N C IA D A JU ST IÇ A D O T R A B A L H O PA R A O JU L G A M E N T O D A A Ç Ã O D E R E PA R A Ç Ã O

Im p õ e-se, em p rim eiro p lano, a rem issão à b a se co n stitu cio n a l da co m p etên ­ cia d o s órgãos ju risd icio n a is trabalhistas: “C om p ete à Ju stiça d o Trabalho con cilia r e ju lg a r o s d issíd io s in d ivid u ais e co le tiv o s entre trabalhadores e em p regadores, abrangidos o s en tes d e d ireito p ú b lico extern o e da ad m inistração p ú b lica direta e indireta d o s M u n icíp io s, d o D istrito Federal, d o s E stad os e da U n ião, e, na form a da le i, outras con trovérsias decorrentes da relação d e trabalho, b em c o m o o s litíg io s que tenham origem n o cum prim ento d e suas próprias sen ten ças, in clu siv e co letiv a s” . D e ss e m od o, atrai a com p etên cia da Justiça d o Trabalho às con trovérsias originárias da relação d e em prego.

S e a cau sa d e pedir, ainda q ue m ediatam ente, está relacion ad a ao contrato d e trabalho pactuado ou à relação d e em p rego h avida entre a s partes, n ã o h á c o m o se im pedir a ap reciação da con trovérsia p elo j u iz d o trabalho.

S e a fo to g ra fia d o in d iv íd u o fo i d ivu lgad a em virtude d e su a co n d içã o d e em p regado, fá c il é recon h ecer a co m p etên cia da Justiça d o Trabalho.

T odavia, n o e s p e c ífic o ca s o d e o fen sa à im agem -atribu to, é d e c is iv o para o recon h ecim en to da co m p etên cia d a Ju stiça d o Trabalho perquirir s e o ataque ao direito in d ivid u al som en te se con su m ou e m razão d o contrato d e trabalho m antido entre o autor e o réu da ação d e reparação. E x em p lifica n d o , s e o ex-em p reg a d o , p or tal co n d içã o , tev e a ce sso a in fo rm a çõ es p rivilegiad as e fe z m au u so d ela s ao p onto de ferir in sid io sa m en te a im agem da em presa; o u s e o em pregador em itiu in form a­

çã o q ue atingiu a im agem -atributo do ex-em p regad o. E m am bas situ a çõ es n ão seria outro o órgão ju d icia l com p eten te para o ex a m e da lid e m as a Justiça d o Trabalho.

N e ss a lin h a de com p reen são, torna-s e claro q ue o p rim eiro ex e m p lo in d ica­

do no item anterior n ão serviria para dem onstrar a co m p etên cia d o m agistrad o tra­

b alh ista, porquanto a le sã o à im agem s e su cedera fora d o s d o m ín io s da relação de em p rego.

E , n o particular, p o u c o im porta q u e a q u estão s e reso lv a n o co n tex to d o dano m aterial o u m oral por o fen sa às im a g en s retrato ou atributo. A m b as as circu n stân ci­

as são p a ssív e is d e ex a m e p ela ju stiç a trabalhista.

Q uanto ao dano m oral, já s e tom ou co n h ecid a a d ecisã o d o Sup rem o Tribu­

n al Federal: “C om p ete à Justiça d o Trabalho o ju lgam en to d e ação d e in d en iza çã o , por d anos m ateriais e m orais, m o v id a p elo em p regado contra seu em pregador, fu n ­ dada em fa to decorrente d a relação d e trabalho (.„ ), nada im portando q ue o d issíd io ven h a a ser r e so lv id o co m b a se nas norm as d e d ireito c iv il” .

N ad a ob sta, entretanto, q ue o em pregador assu m a o p ó lo a tiv o da relação ju r íd ica p ro ce ssu a l, d esd e q u e certo restar a d m issív e l, d e m o d o se m e lh a n te, a Rev. T S T Brasília, vol. 69, ns 1, ja n /ju n 2003 67

(14)

p r o p o s i t u r a d e a ç ã o d e r e p a r a ç ã o d e d a n o s p e l a e m p r e s a à v i s t a d e a t o c o m e t i d o p o r e x - e m p r e g a d o q u e v u l n e r o u a i m a g e m - a t r i b u t o d a p e s s o a j u r í d i c a .

9 C O N C L U S Õ E S

É s u r p r e e n d e n t e o f a t o d e o s e s t u d i o s o s d o d i r e i t o d o t r a b a l h o n ã o t e r e m s e l a n ç a d o a i n d a à i n v e s t i g a ç ã o m a i s c u i d a d o s a a r e s p e i t o d o d i r e i t o à i m a g e m , e s p e ­ c i a l m e n t e p o r q u e a s u a t r a n s g r e s s ã o s e c o n v e r t e e m p r o b l e m a d e r e a l d e n s i d a d e n o â m b i t o d a r e l a ç ã o d e e m p r e g o f a c e à c o n h e c i d a s u b o r d i n a ç ã o j u r í d i c a d o e m p r e g a ­ d o a o e m p r e g a d o r .

A i m a g e m - r e t r a t o e s t á v i n c u l a d a à f o t o g r a f i a , p i n t u r a e e s c u l t u r a r e p r e s e n t a ­ t i v a s d a i m a g e m f í s i c a d a p e s s o a .

A i m a g e m - a t r i b u t o e s t á r e l a c i o n a d a à v i d a e m s o c i e d a d e ; à s q u a l i d a d e s o u d e f e i t o s i n c o r p o r a d o s a o i n d i v í d u o c o m o i n t e g r a n t e d e u m a c o m u n i d a d e .

A p e s s o a j u r í d i c a p o d e t e r a s u a i m a g e m - a t r i b u t o o f e n d i d a .

O a r t . 5 o, X , d a C o n s t i t u i ç ã o p o s i t i v o u , a i n d a q u e i m p l i c i t a m e n t e , o “ p r i n c í ­ p i o d a r e p a r a ç ã o i n t e g r a l ” , a s s i n a l a n d o a p o s s i b i l i d a d e d e v i r a s e r r e p a r a d o n ã o s o m e n t e o d a n o d e c o m p o s t u r a m a t e r i a l , m a s t a m b é m o d e n a t u r e z a m o r a l .

A d i g n i d a d e d a p e s s o a h u m a n a ( a r t . 1o, I I I , d a C o n s t i t u i ç ã o ) s e r i a s u f i c i e n t e , p e r s e , p a r a f a z e r e c l o d i r u m a r e d e d e p r o t e ç ã o d o s d i r e i t o s d a p e r s o n a l i d a d e n o â m b i t o d a r e l a ç ã o d e e m p r e g o , i m p e d i n d o - s e f o s s e m p e r p e t r a d a s c o n t r a o s e m p r e ­ g a d o s t r a n s g r e s s õ e s d e s t i n a d a s a l i m i t a r o s d i r e i t o s à i n t i m i d a d e , p r i v a c i d a d e , i n c o l u m i d a d e f í s i c a e i m a g e m ; e n t r e t a n t o , p o r r e s t r i t a à p e s s o a h u m a n a , a d i g n i d a ­ d e n ã o p o d e r i a t e r a a m p l i t u d e p a r a p r o t e g e r a e m p r e s a n o t o c a n t e à s u a i m a g e m , o q u e a p e n a s s e a p r e s e n t a p o s s í v e l p o r f o r ç a d a i n c i d ê n c i a d a t u t e l a e s p e c í f i c a à i m a ­ g e m - a t r i b u t o , i s t o é , o c o n j u n t o d e q u a l i f i c a ç õ e s i n e r e n t e s à u n i d a d e e m p r e s a r i a l q u e p o s s i b i l i t a m o ê x i t o d o e m p r e e n d i m e n t o .

C o m o r e c u r s o a o a r t . 5 o, X , é a d m i s s í v e l a p r o p o s i t u r a d e a ç ã o d e i n d e n i z a ç ã o p e l o e m p r e g a d o q u e t e v e a s u a i m a g e m - r e t r a t o i n d e v i d a m e n t e d i v u l g a d a p e l o e m ­ p r e g a d o r , r e s o l v e n d o - s e a q u e s t ã o n o s d o m í n i o s d a r e p a r a ç ã o d o d a n o m a t e r i a l ; m a s , d e m o d o s e m e l h a n t e , a f i g u r a - s e - n o s t a n t o c a b í v e l m e d i d a j u d i c i a l a p t a a e x i ­ g i r d a e m p r e s a i n d e n i z a ç ã o p o r d a n o m o r a l à v i s t a d e o f e n s a à i m a g e m c o m o , p o r o u t r o l a d o , a ç ã o d o e m p r e g a d o r c o n t r a e x - e m p r e g a d o o u s i n d i c a t o p r o f i s s i o n a l q u e v e i c u l a n o t í c i a i n v e r í d i c a a t e n t a t ó r i a à i m a g e m d o e s t a b e l e c i m e n t o e m p r e s a r i a l .

É d e c i s i v o p a r a o r e c o n h e c i m e n t o d a c o m p e t ê n c i a d a J u s t i ç a d o T r a b a l h o p e r q u i r i r s e o a t a q u e a o d i r e i t o i n d i v i d u a l s o m e n t e s e c o n s u m o u e m r a z ã o d o c o n ­ t r a t o d e t r a b a l h o m a n t i d o e n t r e o a u t o r e o r é u d a a ç ã o d e r e p a r a ç ã o .

6 8 Rev. T S T B rasília, vol. 6 9 , n º 1, j a n / j u n 2 0 0 3

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