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A GEOGRAFIA DO ESPAÇO E A REGIONALIZAÇÃO NOS SISTEMAS DE INOVAÇÃO.

GEOGRAFIA DEL ESPACIO Y LA REGIONALIZACIÓN EN LOS SISTEMAS DE INNOVACIÓN Dr. Ericê Correia – Universidade de Pernambuco – UPE - Brasil - e-mail ericecorreia@gmail.com

RESUMO:

A geografia analisa o espaço geográfico e caracteriza-se pelo estudo das regiões que têm em estrabão (pesquisador que utilizou os primeiros estudos sobre a geografia regional, séc. i a.c). no séc. xx,vidal de la blache 1845-1918, pesquisador do séc. xx, trabalhou e implementou os conceitos efetivos da geografia regional. a região passa a ser estudada de forma mais contundente, onde regionalizar significa dividir por espaços geográficos com a definição de limites, envolvendo os aspectos das características específicas de cada região com seus aspectos comuns. para isso, considera os aspectos técnicos e sociais existentes, a partir “de meios instrumentais e sociais com os quais o homem realiza a sua vida e, ao mesmo tempo, cria espaço”

(santos, 1996). neste sentido, são criados vários tipos de espaço - técnico, científico, social, informacional, histórico e inovador. o espaço de inovação, considerado um conteúdo denso em formas e funções "técnico-científico-informacionais" (meio técnico-científico-informacional é um meio geográfico no qual o território inclui obrigatoriamente ciência, tecnologia e informação (santos, 1996), reflete os aspectos de mudanças e transformações efetivas ocorridas na sociedade através da escala de tempo e representa um sedimentado processo, nos quais os fatores sociais associados aos sistemas técnicos concebidos agem na realidade do rastro de sua constituição.

este artigo tem o objetivo de analisar o contexto de regiões periféricas e a inovação, a partir dos atores locais e das condições para o desenvolvimento. busca caracterizar os aspectos singulares para a melhoria local.

Palavras- chaves: Geografia do Espaço - Inovação - Periferia ABSTRACT:

Geography analyzes the geographic space and is characterized by the study of the regions that have in Estrabão (researcher that used the first studies on the Regional Geography, century I a.C).

In the century XX, Vidal de La Blache 1845-1918, researcher of the century. XX, worked and implemented the effective concepts of Regional Geography. The region is being studied in a more forceful way, where regionalization means dividing by geographical spaces with the definition of boundaries, involving aspects of the specific characteristics of each region with their common aspects. In order to do so, it considers the technical and social aspects that exist, starting from "the instrumental and social means with which man performs his life and, at the same time, creates space" In this sense, various types of space are created - technical, scientific, social, informational, historical and innovative. The space of innovation, considered as a dense content in "technical- scientific-informational" forms and functions (technical-scientific-informational means is a geographical medium in which territory includes science, technology and information necessarily

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the technical systems conceived act in the reality of the trace of its constitution. This article has the objective of analyzing the context of regions Peripheral and innovation, from local actors and the conditions for development. It seeks to characterize the unique aspects for local improvement.

Keywords: Geography of Space - Innovation - Periphery INTRODUÇÃO

A Geografia analisa o espaço geográfico. A geografia regional caracteriza-se pelo estudo das regiões que têm em Estrabão,1 séc. I a.C., o primeiro pesquisador. No séc. XX, Vidal de La Blache,2 1845-1918, tem a efetivação e a consolidação da chamada “geografia regional”.

A região passa a ser estudada de forma mais contundente, onde regionalizar significa dividir por espaços geográficos com a definição de limites, envolvendo os aspectos das características específicas de cada região com seus aspectos comuns. Para isso, considera os aspectos técnicos e sociais existentes, a partir

“de meios instrumentais e sociais com os quais o homem realiza a sua vida e, ao mesmo tempo, cria espaço” (SANTOS, 1996:15). Neste sentido, são criados vários tipos de espaço - técnico, científico, social, informacional, histórico e inovador. O espaço de inovação, considerado um conteúdo denso em formas e funções "técnico-científico-informacionais",3

1 Pesquisador que utilizou os primeiros estudos sobre a geografia regional.

2 Pesquisador do séc. XX que trabalhou e implementou os conceitos efetivos da geografia regional.

3Meio técnico-científico-informacional é um meio geográfico no qual o território inclui obrigatoriamente ciência, tecnologia e informação (Santos, 1996).

reflete os aspectos de mudanças e transformações efetivas ocorridas na sociedade através da escala de tempo e representa um sedimentado processo, nos quais os fatores sociais associados aos sistemas técnicos concebidos agem na realidade do rastro de sua constituição.

Há, assim, a criação de novos espaços, seja numa escala de materialidade e/ou virtualidade, com processos dinâmicos caracterizados por “diversas densidades de objetos e ações” (SÁ, 1998:15) no estabelecimento do território, como forma de espaço de desenvolvimento que tem na escala produtiva do contexto a dinâmica socioeconômica e espacial a sua vertente de base. Este sentido de análise condiciona-se à realidade capitalista, com aspectos estruturados na questão da produção, divisão territorial do trabalho, “fixos e fluxos”,4 e caracteres informacionais (SANTOS, 1994). A realidade do espaço inovador conduz a uma nova dinâmica sócio espacial, caracterizando a efetivação de uma geografia de "globalização e inovação" (STORPER e SCOTT, 2003), cuja busca se evidencia a partir das condicionantes de informação, comunicação, “fixos e fluxos”, e mesmo um novo olhar geográfico a partir de

4 Fixos e fluxos, permitindo entender a dinâmica dos circuitos da economia, na visão de Milton Santos (1994).

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questões como a "proximidade geográfica"5 (MORGAN, 2004) e a localidade, funcionando como um impulso para a realidade do capital na geografia regional e global. Talvez seja este o desafio da atual sociedade globalizada, no sentido de entender em que arranjos estruturais - sociais, econômicos e políticos - deve ser construída, considerando

as diferenças e realidades específicas dos países, lugares, regiões e localidades. Esta é a nova ordem da geografia global.

Esses países, lugares, regiões e localidades, na constituição dessa nova dinâmica informacional e de consumo, estarão na condição e na procura da formação de estratégias específicas, que atendam às suas reais necessidades, consolidando as estratégias econômicas e políticas implantadas pelos atores hegemônicos da globalização (SÁ, 1998) e pelos “vetores da integração hierárquica, doravante necessária em todos os lugares da produção globalizada e controlada a distância” (SANTOS, 1994:54), que irão permitir um novo “modus operandi” dos sistemas sócio espaciais e das estruturas organizacionais de empresas, instituições e até mesmo indivíduos, consolidando-se na busca de uma melhor adequação as suas realidades.

Esse novo momento da geografia global vincula-se às questões dos espaços

5A relação entre as fronteiras gerando relações (Morgan, 2004).

geográficos produtivos (territórios), proporcionando oportunidades diferenciadas àqueles que busquem consolidarem a sua ação, a partir de conhecer e imprimir um novo ritmo de operação, considerando as escalas local e global, efetivando assim uma interação no que tange ao aumento de suas especializações, forte divisão territorial e social do trabalho, modelos de produtividade mais eficazes, regulação dos atores hegemônicos e avanços de processos globais (SANTOS, 1994). Nesse novo cenário, as localidades e regiões, no aspecto do espaço geográfico, condicionam-se a um grau hierárquico, estabelecido nos processos econômicos capazes de partilhar a sua realização, mediante a capacidade produtiva e vinculada a aspectos como produção, distribuição e consumo, permitindo desta forma uma nova dinâmica para umas regiões em detrimento de outras.

Esse grau de desenvolvimento e/ou capacidade produtiva faz com que haja a caracterização do “espaço-valor”6 (MORAES e COSTA, 1996:122), enfatizando que o grau desses espaços produtivos, relacionam-se com

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O espaço-valor representa os locais que se desenvolvem, apresentando condições que permitem melhores desempenhos para pessoas e empresas, agregando novas formas de crescimento e desenvolvimento, principalmente na escala local (MORAES e COSTA, 1996).

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as condições deliberadas para tal, investidas em tecnologia, comunicação, pesquisas científicas e sistemas funcionais.

A tal situação analítica acorre a questão de que se terá o espaço produtivo desenvolvido, o espaço produtivo em desenvolvimento e o espaço produtivo periférico. No espaço produtivo desenvolvido, ocorre a caracterização de um cenário perspectivo de pesquisa avançada, novos processos informacionais e desenvolvimento de programas e projetos com produtos e serviços de ponta. O espaço produtivo em desenvolvimento é caracterizado pela ação de pesquisas iniciais, desenvolvimento gradativo

de processos informacionais e

desenvolvimento de subprojeto de produto e serviço em fase inicial de análise. Por fim, o espaço produtivo periférico caracteriza-se por pequena ou nenhuma ação de pesquisa, fraco processo informacional e pouca ou nenhuma ação de desenvolvimento de produtos e serviços. Então, ao se considerar a busca de uma análise geográfica do presente trabalho, ver-se que esta reflete a preocupação com a questão do desenvolvimento regional e local, a partir da perspectiva da existência de um processo inovativo (novas formas de atuação – inovação tecnológica) nas atividades econômicas desenvolvidas em "regiões periféricas"7 de países “desenvolvidos” (na pesquisa representados pela região de Aveiro, Baixo Vouga, em Portugal) e “em desenvolvimento” (na pesquisa representados

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pela região de Garanhuns, no Nordeste do Brasil).

Esse olhar para as questões geográficas do local, referem-se às densas transformações no cenário global, obstante uma escala mundial de produção (desenvolvimento de produtos/serviços para o mundo), ocorrendo no local, processos de transformação na escala produtiva. Estabelece- se neste sentido uma realidade empírica em que algumas regiões e locais se desenvolvem e outros não. Entender esse processo através da ótica da Geografia, numa dinâmica de desenvolvimento regional (BACELAR, 2004), caracteriza este livro. Para tal, busca-se analisar o que ocorre no local, a partir de ações que proporcionem desenvolvimento como os aspectos considerados num "sistema de inovação regional/local",8 com enfoque empírico na “bacia do leite"9 da região de

Regiões periféricas não representam um conceito físico, relacionado à posição no núcleo ou na periferia nem uma medida simples de quantidade de conhecimento que tenha sido adquirida;

representa a participação plena para se denotar o grau de engajamento na comunidade (LAVE e WENGER, 1991). As regiões periféricas ficam à margem do processo em países “em desenvolvimento”.¹ Já no caso dos países “desenvolvidos”,² são condicionadas por ficarem fora do eixo na participação de oportunidades (Organização das Nações Unidas – ONU, 2014 ) (autor, 2015).

8 Conjunto de “atores” composto pela sociedade, governo e

empresas, que investem em processos de inovação na realização de pesquisas e no desenvolvimento de um determinado espaço geográfico (LOPES, 2002).

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Garanhuns e da região de Aveiro, objeto de pesquisa deste trabalho. Trata-se de analisar uma atividade primária (produção de leite) que requer uma estrutura sistêmica para o seu desenvolvimento; por outro lado, a análise de um sistema de inovação regional/local (bloqueios e possibilidades) caracteriza-se a partir de “atores” locais que atuam de forma singular na sua consolidação.

Assim, deve-se identificar que atores fazem parte desse sistema, quais as atuais condições existentes, que aspectos caracterizam os seus bloqueios e possibilidades, quais os fatos históricos, econômicos e sociais na região, que tipo de inovação ocorre e se há ou não um sistema de inovação na região.

A bacia do leite é uma zona geográfica caracterizada por propriedades agrícolas e produtoras de leite, localizada numa determinada região e que destina a sua produção para o consumo (autor, 2015).

SISTEMA DE INOVAÇÃO – RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO LOCAL EM REGIÕES PERIFÉRICAS.

A construção de um sistema de inovação é ponto basilar para a implantação de uma política de desenvolvimento numa região (FREEMAN e NELSON, 1993) e, em particular, nas regiões periféricas, conforme o objeto de estudo em questão: a região de Garanhuns, no Agreste meridional de Pernambuco, Brasil, país em desenvolvimento; e a região de Aveiro, no Baixo Vouga, Portugal, país desenvolvido, mas também constituído de regiões periféricas no aspecto da produção leiteira mundial. O sistema de inovação tem sua efetivação envolvendo três aspectos principais: a) envolvimento do setor produtivo com investimentos em P&D em suas atividades internas; b) viabilização de investimentos pelo setor financeiro privado, com novos modelos de operação em setores inovativos para a empresa privada; c) ampliação da infraestrutura científica, capacitando-a para a absorção de conhecimentos gerados em regiões que tenham pesquisas mais avançadas nacional e internacionalmente (FREEMAN e NÉLSON, 1993). A inovação constitui-se de processo cultural com caráter coletivo e de processo cumulativo de conhecimento e aprendizagem, onde atores nas escalas local, regional, nacional e/ou supranacional irão apresentar características próprias de lugar para lugar (STORPER, 2003). Envolve, portanto, um

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processo de coordenação, cooperação e parceria com estrutura sistêmica.

Os sistemas de inovação dependem da interação entre os fatores constitutivos (ALBUQUERQUE, 1997) representados por instituições locais e regionais que interajam entre si, na troca e na retroalimentação, através de informações, processos e pesquisas para a efetivação do desenvolvimento local.

Considera-se que, para o desenvolvimento do sistema de inovação, a região ou país deve ter capacidade de absorção e aperfeiçoamento de suas instituições e empresas. Assim, desenvolver um sistema informacional (SANTOS, 1994) que proporcione interação e cooperação entre os atores é outro pré- requisito para a sua efetivação.

Construir as bases na educação superior, investir em pesquisa básica e criar setores e empresas estratégicas como software, biotecnologia e nichos de tecnologia de ponta são exemplos de elementos tangíveis para a execução e estruturação de um sistema de inovação (STORPER, 2003). Some-se a isto que a revolução da economia está trazendo mudanças significativas no cenário global, com grande ênfase na habilidade de criar, estocar, distribuir e aplicar o conhecimento. Neste sentido, a competitividade, a cooperação, o conhecimento e o aprendizado tornam-se elementos importantes, pois são aplicados à inovação, em função de seus múltiplos aspectos para a geração do desenvolvimento.

É neste cenário que as regiões estão envolvidas, sejam periféricas ou não. As regiões, movidas por seus sistemas de

inovação, irão possibilitar às pessoas a construção deste ambiente de busca do conhecimento como fator preponderante na sua relação com as questões globais (PORTER, 1998). A configuração do espaço territorial, seja em escala local, regional, nacional e até supranacional, será construída a partir de elementos tangíveis e intangíveis na formação do sistema de inovação, permitindo a mobilidade, abstração, agilidade e flexibilidade como instrumentos reflexivos e de apoio à inovação (STORPER e SCOTT, 2003).

Mas, na verdade, o que é inovação10 e processo inovativo? Para Schumpeter (1934), a inovação prediz a sistematização de “novas combinações” que irão permitir um novo “olhar”

para o desenvolvimento. Esse novo desenvolvimento virá condensado em função dos atores caracterizados por sua atividade e desempenho quanto ao processo inovativo.

Outros autores como Lundvall (1998) enfocam a função dos atores existentes, no surgimento de uma nova forma de fazer, isto é, no processo de mudança.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (Organization for Economic Cooperation and Development - OCDE, 1997) fez um trabalho de pesquisa para definir inovação, chegando a elaborar o Manual

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A inovação representa as combinações e a junção do desenvolvimento de aspectos técnicos, mercadológicos (novas combinações comerciais) e organizacionais (nas estruturações de novos negócios) (Schumpeter, 1934).

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de Oslo,11 utilizando a análise das dimensões de espaço e conteúdo, conforme o tipo de inovação tecnológica estabelecida. Alguns autores veem a inovação como uma “novidade”

(Drucker, 1987). Segundo os autores desta lógica, a tipologia espacial considera os fatores de mercado sem se ater apenas às diferenças de escalas geográficas, enquanto a tipologia de conteúdo considera aspectos tangíveis e intangíveis com as diferentes formas de novidades que podem ser ofertadas pelas organizações. Assim, na dimensão espacial, a inovação pode ser nova e representada no mundo, comunidade, setor, mercado, empresa.

Já na dimensão de conteúdo, a inovação pode ser nova e representada por tecnologia, linhas de produto, processos, padrões de consumo, usos, habilidades, aprendizado, conhecimento.

A inovação tem várias formas de análise. Tem um caráter de taxonomia (FREEMAN e NELSON, 1993), distinguindo-se em inovações incrementais (pequenas alterações de produtos ou de processos com a melhoria da qualidade e a diminuição dos custos), inovações radicais (transformações estruturais movidas pelas pesquisas de setores de I&D de empresas, governos e universidades), mudanças de sistemas tecnológicos (oriundos das alterações em tecnologia que criam setores novos) e mudanças de paradigmas econômicos (mudanças técnicas que mudam um sistema

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Proposta de Diretrizes para a Coleta e Interpretação de Dados sobre a Inovação Tecnológica (OCDE, 1997).

econômico). Assim, é importante destacar que a inovação se consolida por aspectos tangíveis e intangíveis no espaço a que se destina. Por outro lado, ocorre na inovação o processo de difusão,12 onde há uma comunicação social daquela inovação. As inovações de produto obedecem ao processo do ciclo de vida13 e, neste sentido, essa relação da inovação se dá dentro dos aspectos de espaço e tempo, efetivados nos processos e nos produtos.

Dicken (2011:98) assevera: “In general, in so far as the cycle progresses, the emphasis changes technologies related to the

product and process technologies, in particular, ways of minimizing the cost of production. In this regard, the relative importance of labor costs [...] increases. In a manner more generally, different geographic locations are relevant to different stages of the product cycle”.

No sentido explanado, a lógica da inovação passa pelos aspectos de espaço e tempo de maneira fundamental no processo de introdução no mercado. À medida que ocorrem as mudanças de tecnologias, tem-se uma redução do custo de produção, influindo no

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Difusão da inovação: “processo de expansão na relação tempo-espaço, em um sistema sociogeográfico” (HUBNER, 1996:328).

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É o processo de desenvolvimento do produto no mercado, constituído pelas fases de desenvolvimento inicial, crescimento, maturidade, declínio e obsolescência (autor, 2015).

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custo do trabalho. Na proporção que existem áreas geográficas distintas, têm-se comportamentos diferentes para os ciclos dos produtos e serviços, criando uma relação específica de identificação na região. A região estabelece, por assim dizer, a sua identidade na perspectiva da técnica espaço-tempo, criando novas formas de agir, como diz Milton Santos:

A cada lugar geográfico concreto, corresponde em cada momento um conjunto de técnicas e instrumentos de trabalho, resultado de uma combinação específica que também é historicamente determinada (SANTOS, 2006:35).

As organizações no território, portanto, terão maior ou menor grau de comercialização, à proporção que tenham na inovação um elemento-chave na relação temporal da criação de produtos e serviços condicionados a um processo de difusão. A inovação caracteriza-se por um processo coletivo com graus de complexidade variada, interativo e sistêmico, com vários atores territoriais proporcionando a condição para a captação e criação com a difusão do conhecimento. A inovação base das vantagens competitivas usa a análise sistêmica para entender os aspectos da escala supranacional, nacional, regional e local, onde o território precisa utilizar com mais intensidade as questões condicionadas no conhecimento e na aprendizagem.

Essa análise conceitual leva-nos a uma visão que se configura no espaço geográfico,

numa delimitação territorial, com a formação da estrutura de um Sistema de Inovação Territorial, onde os atores locais exercerão seu papel nos mais variados aspectos de importância, dependendo-se dessa interação para o sistema ser mais ou menos exitoso.

SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO.

O que então vem a ser um Sistema Nacional de Inovação? Os aspectos abordados por um Sistema Nacional de Inovação consolidam-se nas interações dos diversos atores envolvidos, considerando questões de conhecimento, pesquisa, investimento e desenvolvimento num território, uma vez proporcionada ou não uma interação para que as condicionantes locais sejam efetivadas.

Outra questão é que, ao entender esses sistemas, os agentes locais terão possibilidade de desenvolver o aprendizado, criando condições competitivas através do conhecimento. O Sistema Nacional de Inovação considera as questões da inovação numa análise dos atores locais e das condições estruturais, tendo como base os fatores determinantes do processo. Sem dúvida, a inovação é um processo interativo de competitividade, mas também de cooperação, conhecimento e aprendizado pelos atores locais numa relação de política socioeconômica evidente. A análise de um eficiente sistema de inovação caracteriza-se pela interação dos atores na relação de conhecimento, informação, aprendizado, todos no interesse de

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gerar um novo “modus operandi” de aprender e saber fazer numa escala de conhecimento teórico e tácito, com a interação entre as pessoas principalmente.

Na verdade, a teoria da inovação tem seus registros sistêmicos iniciais nas teorias sistêmicas de List (1983), com o seu trabalho sobre sistemas nacionais de produção e aprendizado, estabelecendo o conceito dos diversos atores nacionais, incluindo os aspectos de educação e treinamento na formação de infraestrutura de redes no transporte de pessoas e produtos. Vale ressaltar que vários outros trabalhos foram desenvolvidos por autores como Dosi (1991), Lundvall (1992), Nélson (1993), Edquist (2001), todos abordando as questões do sistema de inovação.

As interações entre os atores de um Sistema Nacional de Inovação irão se configurar na lógica do interesse, aprendizado e conhecimento, onde se destacam os processos produtivos e do conhecimento através da participação, por exemplo, das indústrias e universidades (Lundvall, 1992) na troca de conhecimento tácito e conceitual, da pesquisa até o lançamento de novos produtos e serviços. Neste sentido, ocorre a interação do processo produtivo na busca de solução e do processo de conhecimento na parte conceitual da pesquisa acadêmica. Desta forma, a interação do processo de conhecimento e do processo produtivo se condicionará aos pressupostos estabelecidos no território como condição primordial para o sucesso de um

sistema de inovação a partir de uma ação de difusão.

Freeman (1995) condicionou a visão de um Sistema Nacional de Inovação à interação e relação dos atores territoriais com importância vital na evidência da propagação em novos conhecimentos e tecnologias para a formação de uma rede, permitindo a entrada de novas formas de conhecimento no sistema.

Figura 1 - Sistema Nacional de Inovação.

Fonte: Rede Social para o Compartilhamento Acadêmico – USP, Inovação e Desenvolvimento, 2011.

CONCLUSÃO.

A visão estrutural de um Sistema Nacional de Inovação constitui-se de elementos que são considerados atores do processo. Ainda segundo Freeman (1995), as relações sistêmicas se desenharam a partir desses atores, onde na relação entre empresas e governo o traço motivador se consolida com o mercado de trabalho e as instituições de apoio a este segmento; já as relações entre governo e instituições de ensino se consolidam através

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pesquisa e ao desenvolvimento, com a formação de mão de obra qualificada; e, na relação entre instituições de ensino e empresas, configura-se a busca de pesquisas e ensino para uma formação profissional adequada às necessidades do sistema. Então, o papel dos atores locais, também, se relacionará com outras instituições, formando uma estrutura de base em conhecimento, aprendizado e cooperação. Na atualidade, na consolidação dos processos de interações globais, tem-se nos Sistemas Nacionais de Inovação a visão evidente que fatores políticos, econômicos e sociais se relacionam e permitem um processo competitivo, mas também de cooperação e interação, dados as necessidades específicas das questões do desenvolvimento.

O Sistema de Inovação Nacional, terá vertentes de articulação com outros sistemas de natureza regional e local, proporcionando relações de combinação de fatores para o desenvolvimento local se assim for configurado. Dependo do uso de políticas públicas efetivas, pode ser que ocorra maiores oportunidades para os atores locais em criar mecanismos de interação num sentido de gerar novos e singulares meios para que regiões periféricas tenham a possibilidade de efetivarem ações e atividades que possam a vir permitirem melhorias na localidade. O vértice do desenvolvimento nacional, deve partir da localidade com os instrumentos de aspectos sócio- econômicos - culturais evidenciados e criados no espaço da geografia local, uma vez que fatores endógenos cruciais na lógica do

desenvolvimento. A incorparação de fatores exógenos a localidade, serão instrumentos importantes, desde que afeitos a realidade e necessidade especificos dessas regiões periféricas.

Condiciona-se, portanto, uma singular necessidade de desenvolvimento local nas áreas periféricas que permita no Sistema de Inovação Nacional, se consolidarem através de políticas públicas evidenciadas a partir de estudos de impactos efetivos nos critérios sócios-econômicos-culturais, permitindo aos atores locais a própria criação de reais configurações para o desenvolvimento.

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uma introdução à discussão sobre o papel dos sistemas nacionais de inovação na periferia.

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Referências

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