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LEITURA LITERÁRIA E A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E O ENSINO LEITURA LITERÁRIA A CONTRUÇÃO DO LEITOR

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LEITURA LITERÁRIA E A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E O ENSINO

SENKO, MÔNICA VIEIRA (UNIPAN)1 SOARES, EDNA ANITA LOPES (ORIENTADORA UNIPAN)2

LEITURA LITERÁRIA A CONTRUÇÃO DO LEITOR

Toda leitura é um processo pessoal e intransferível. O trajeto de uma leitura é sempre uma viagem “maravilhosa”. A leitura é um dos aspectos fundamentais para que o homem se desenvolva e transforme a sociedade em que vive.

No ato da leitura, o leitor aciona o seu conhecimento prévio observando conhecimento lingüístico, o vocabulário, além disso, o leitor utiliza o que já está internalizado, e o que é construído no decorrer de sua vida. Esses elementos são considerados essenciais no ato da leitura.

Segundo Ângela Kleiman (2004).

As hipóteses do leitor fazem com que certos aspectos do processamento, essenciais à compreensão, se tornem possíveis, tais como o reconhecimento global e instantâneo de palavras e frases relacionadas ao tópico bem como inferências sobre as palavras não percebidas durante o movimento do olho durante a leitura que não é linear, o que permitiria ler tudo, letra por letra e palavra por palavra, mas é sacádico, o que significa que o olho dá pulos para depois se fixar numa palavra e daí pular novamente uma série de palavras até fazer nova fixação. (KLEIMAN, 2004, pg.36).

É por meio de diversos níveis de conhecimento que é construído o sentido de um texto. A leitura mais “completa” é aquela em que o leitor sentiu prazer da identificação e do desafio enfrentado.

O texto literário é considerado fator estético e social. A obra literária é concretizada no ato da leitura, porém quando analisada as interpretações dependerá do conhecimento de mundo de cada um.

A leitura é considerada uma atividade que produz significados, uma vez que os textos são abertos e entremeados de “não dito” requerendo do leitor um movimento cooperativo e consciente.

A leitura, de fato, parece ser a síntese da percepção e da criação; ela coloca ao mesmo tempo a essencialidade do sujeito e do objeto. O objeto é essencial porque rigorosamente transcendente, porque impõe as suas estruturas próprias e porque se deve esperá-lo e observá-lo; mas o sujeito também é essencial porque é necessário, não só para desvendar

1 Acadêmica do Curso de Letras/ UNIPAN. Cascavel. Pr email: teacher_monica_pio@yahoo.com.br

2 Coordenadora do Curso de Letras/ UNIPAN. Cascavel. Pr Mestre em Letras – UEL. Londrina. Pr

email: ednaanita@unipan.br

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o objeto (isto é, para fazer com que haja um objeto), mas também para que esse objeto seja em termos absolutos (isto é, para produzi-lo). Em suma o leitor tem consciência de desvendar e ao mesmo tempo de criar; de desvendar criando, de criar pelo desvendamento. Não se deve achar, com efeito, que a leitura seja um operação mecânica, que o leitor seja impressionado pelos signos como a placa fotográfica pela luz. (SARTRE, 2006, pg.37).

É no trabalho de parceria entre autor e leitor que há a possibilidade de atribuição de significado a qualquer texto. O autor oferece índices do que pode ser interpretado, mas cabe ao leitor atribuir significados ao que lê. O autor direciona o seu leitor, porém os espaços vazios, as lacunas serão preenchidos conforme a experiência de leitura que este possui.

Como atividade de linguagem a leitura é parte de um processo que se dará pela interação que se desenvolve na dinâmica das relações sociais. Este contexto determinará como o leitor preencherá os vazios determinando os horizontes e justificando a multiplicidade de interpretações de um mesmo texto. A leitura varia de leitor para leitor porque cada um é envolto por um contexto, uma ideologia.

A estética da recepção descrita por Hans Robert Jauss, fundamenta-se teoricamente no relativismo histórico e cultural. Jauss reflete sobre o impasse entre a história e a estética e propõe uma história da arte e da literatura fundada no princípio de que as análises literárias deveriam centralizar-se no que denominou de “terceiro estado”, o leitor, deixando para segundo plano o texto e o autor.

O prazer da leitura somente se efetivará quando for experiência estética, ou seja, quando levar o leitor a tomar certa atitude sobre a obra. Segundo Jauss, na experiência estética é desenvolvida a hierarquia da natureza estética em três atividades importantes, complementares e simultâneas sendo: poíesis, aisthesis, e katharsis. Essas correspondem aos aspectos de produção recepção e comunicação de uma criação literária.

A poíesis (momento de produção) – ocorre o preenchimento dos vazios do texto na interação do autor e leitor/receptor, correspondendo ao prazer se sentir-se co-autor da obra.

A aisthesis (momento da recepção) - a obra causa um efeito sobre o leitor. Ela age sobre o leitor que reconhece os elementos apresentados transformando em uma nova percepção de mundo.

A katharsis (comunicação) – experiência subjetiva. Primeiro tem-se a conquista do leitor depois provoca-lhe um choque, e como resultado de atitude, causa-lhe um sentimento forte diante da obra. É um processo de identificação que transforma o expectador fazendo com que assuma novas maneiras de comportamento social, numa reflexão de idéias expostas anteriormente.

Autor e obra estão relacionados num contexto da história no momento em que se dá a leitura. Faz se necessário, também refletir sobre as sete teses desenvolvidas por Jauss em sua teoria a respeito da Estética da Recepção.

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A primeira tese é a relação dialógica entre texto e leitor: Um texto nunca é monológico ou atemporal, pois sempre ocorrerá a atualização no ato da leitura.

Na segunda tese, Jauss comenta sobre “o saber prévio”. A obra literária não se apresenta exatamente o que está como novidade absoluta, ela se reporta ao já conhecido. Uma obra constitui eco de outras e isso despertará no leitor expectativas determinando uma postura emocional.

Na terceira tese há a referência à reconstituição do horizonte de expectativa: o que determina como a obra foi recebida pelo público leitor. As expectativas podem ser: satisfeitas, frustradas, ou rompidas. Segundo Jauss, a reação do público estabelecerá o valor da obra literária.

Na quarta tese, refere-se à relação dialógica, do texto relacionado a diferença de compreensão que a obra suscitou na época em que surgiu, e no momento presente de sua leitura. A reconstituição do horizonte de expectativa dá-se a partir da lógica de pergunta e resposta que é o mecanismo da hermenêutica, demonstrando como se dá as analises vistas em épocas distintas.

Pode-se dizer que para se entender um texto é necessário compreender a pergunta para qual ele, constitui uma resposta.

Na quinta tese, Jauss discute a leitura de um texto literário sob o enfoque diacrônico, conhecido como a linha do tempo.

A sexta tese compreende a obra literária sob o enfoque sincrônico que engloba o momento de cada época, tendo um entendimento de leitura. Para este autor é do encontro entre o corte diacrônico e sincrônico que se verificará a historicidade da literatura. A importância da obra pode ser definida por meio das diversas compreensões por leituras em fases diferentes, podendo em determinado período, ser mais valorizado que em outros.

Na sétima tese, Jauss comenta sobre o caráter emancipatório da obra literária apresentando uma nova realidade, rompendo os horizontes de expectativa do leitor, tendo a possibilidade de formar um leitor crítico e desta forma, desenvolver novos caminhos para diversas ações futuras.

Terry Eagleton (2006) afirma que toda leitura é na verdade fazer uma re-escritura, para escrever algo é de fundamental importância entender o texto, por isso é necessário um leitor atento.

Pode-se dizer que a escritura é feita com embasamento em um livro anterior servindo como apoio.

O leitor autor competente é considerado um bom escritor. É possível afirmar, então, que a riqueza pela leitura não está enfocada somente nas obras, mas no conhecimento global do leitor para coma obra.

O leitor idealizado pelo modelo ascendente é aquele que analisa cuidadosamente o input visual e que sintetiza o significado das partes menores para obter o significado do todo. O leitor idealizado pelo modelo descendente é aquele que se apóia principalmente em seus

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conhecimentos prévios e sua capacidade inferencial para fazer predições sobre o que o texto dirá, utilizando os dados visuais apenas para reduzir incertezas. Tanto no primeiro como no segundo modelo pretendem descrever os comportamento do leitor ideal e são calcados em observações empíricas de sujeitos leitores tanto proficientes como também ineficientes. (KATO, 1999, pg.66).

Existem dois aspectos dentro de um texto, o rico aquele que após a leitura o leitor aumentará sua produção e o pobre, não há nenhum traço enriquecedor para que o leitor possa extrair e ampliar seus conhecimentos.

A teoria do efeito por Wolfang Iser é possível dizer que todo leitor deve ser flexível e ter a mente aberta, preparados para criticas e estar disposto a seguir as normas do texto.

O tipo de leitor que a literatura afetará mais profundamente é o que já está equipado com a capacidade e as reações “adequadas”; aquele que é eficiente em operar certas técnicas de critica e reconhecer certas convenções literárias. Mas este é precisamente o tipo de leitor que menos precisa ser atingido. Tal leitor é “transformado” desde o inicio, e está pronto a arriscar-se a novas transformações exatamente pó esta razão. Para ler

“eficientemente” a literatura devemos exercer certas capacidades críticas, que sempre são definidas de maneira problemática. Mas são precisamente essas capacidades que a

“literatura” não poderá colocar em questão, porque a sua existência depende delas. Aquilo que definimos como a obra “literária” estará sempre relacionada de perto com aquilo que consideramos técnicas criticas “adequadas”: uma obra “literária” significará, aproximadamente, a obra que pode ser utilmente esclarecida por esses métodos de indagação. (EAGLETON, 2006, pg.121).

Uma obra literária pode ser analisada por diferentes maneiras, não há exclusivamente uma única interpretação, no entanto é necessário que passe por uma fundamentação teórica. O texto que foi analisado tem que ser interpretado de forma coerente.

À medida que prosseguimos a leitura, deixamos de lado suposições, revemos crenças, fazemos deduções e previsões cada vez mais complexas; cada frase abre um horizonte que é confirmado, questionado ou destruído pela frase seguinte. Lemos simultaneamente para trás e para frente, prevendo e recordando, talvez conscientes de outras concretizações possíveis do texto que a nossa leitura negou. Além do mais, toda essa complicada atividade é realizada em muitos níveis ao mesmo tempo, pois o texto tem “segundos e primeiros planos”, diferentes pontos de vista narrativos, camadas alternativas de significação, entre as quais nos movemos constantemente. (EAGLETON, 1997, pg.106).

Para Iser (1999, p.11) o leitor não é capaz de “apreender um texto num só momento,” mas sim em fases consecutivas da leitura. É um constante ir e vir ao texto, pois as informações ali presentes nunca são esgotadas num só momento.

Hans Robert Jauss e Wolfanf Iser partem da idéia de que o texto só existe a partir da atuação do leitor. No entanto, enquanto para Jauss o texto está ancorado no momento histórico- a historicidade literária – para Iser, o texto apresenta uma estrutura de apelo que colabora para o efeito e reação do leitor frente à obra.

Partindo dos pressupostos nas teorias da Estética da recepção e Teoria do Efeito o alemão Hnas Kügler estabelece níveis de Recepção Literária no ensino. Para ele, a leitura passa por três

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estágios denominados: leitura primária; constituição coletiva do significado; e modos de ler secundário. Para demonstrar sua teoria desenvolve o seguinte gráfico.

Leitura crítica e crítico-ideológica, etc.

Texto – contexto 3. MODOS DE LER Autor – texto – leitor SECUNDÁRIOS Formação de hipóteses (Explicar)

3. Elaboração de perspectiva para a leitura seqüente

2. CONSTITUIÇÃO 2. Confronto com outras propostas de COLETIVA significação DO SIGNIFICADO 1. Articulação da experiência de leitura

(Proposta de significação)

Ruptura da formação da ilusão

3. Deslocamento e condensação do texto

2. Projeção e auto-inserção simulativa 1. LEITURA 1. Leitura não-duplicada: silenciosa PRIMÁRIA compreensão afetiva e formação da ilusão

Leitor---Texto

Na leitura primária, são definidas três aspetos: a não - duplicada que é a interação entre leitor e texto caracterizada por uma leitura pessoal e silenciosa.

Na segunda etapa é projeção e auto - iserção simulativa, o leitor se projeta, identificando-se com algum personagem e se joga para dentro do texto.

Na terceira etapa o leitor se desloca para a história, saindo do personagem e começando a se entender, interagindo com o texto.

No segundo momento de leitura, ocorre a constituição coletiva do significado este aspecto é considerado como ponto principal no ato da leitura, porque o leitor começa a atribuir significados ao texto.

No terceiro momento, modos de ler secundário, o leitor atribui críticas sobre o texto, ele não vê mais o texto ficcional, mas, uma leitura real entre autor/texto/leitor.

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Para a maioria das pessoas o contato com o livro se dá na escola e é de fundamental importância o professor como mediador incentive e oriente o aluno a aprender a técnica da leitura e escrita, considerando um processo linear, formando um indivíduo letrado para a sociedade.

REFERÊNCIAS

EAGLEATON, T; Teoria da Literatura: Uma introdução. 03 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

EAGLEATON, T; Teoria da Literatura: Uma introdução. 06 ed. São Paulo: Martins Fonte, 2006.

KATO, M; O Aprendizado da Leitura. 05 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

KLEIMAN, A; Texto e Leitor Aspectos Cognitivos da Leitura. 09 ed. Campinas.SP: Pontes, 2004.

SARTRE, J. P; Que é Literatura? 03 ed. São Paulo: editora ática, 2006.

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