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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA FACULDADE DE DIREITO DE CURITIBA JAQUELINE SILVA POLAKOWSKI

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Academic year: 2022

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CURITIBA FACULDADE DE DIREITO DE CURITIBA

JAQUELINE SILVA POLAKOWSKI

OS IMPACTOS DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS, COM A REFORMA TRABALHISTA, AO BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

CURITIBA 2021

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JAQUELINE SILVA POLAKOWSKI

OS IMPACTOS DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS, COM A REFORMA TRABALHISTA, AO BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito do Centro Universitário Curitiba.

Orientadora: Prof.ª Erika Paula de Campos

CURITIBA 2021

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JAQUELINE SILVA POLAKOWSKI

OS IMPACTOS DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS, COM A REFORMA TRABALHISTA, AO BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito do Centro Universitário Curitiba, pela Banca Examinadora formada pelos

professores:

Orientadora: Prof.ª Erika Paula de Campos

___________________________

Prof. Membro da Banca.

Curitiba, ____ de _____________ de 2021.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente dedico esse trabalho a Deus, que sempre me guiou durante toda minha vida e que me deu força, sabedoria e paciência para iniciar o curso de Direito e abençoou para concluir essa trajetória.

Aos meus pais Paulo Alaor e Maria de Fátima que não pouparam esforços para que esse sonho fosse realizado e por terem me mostrado que o estudo sempre é o melhor caminho para vencer na vida.

Ao meu irmão Lúcio, por sempre estar me aconselhando para o melhor caminho a seguir.

Aos meus demais familiares, por estrarem sempre ao meu lado.

Aos meus estimados professores da Faculdade de Direito, por todo empenho e dedicação para nos transmitir seus melhores conhecimentos.

À minha orientadora, Prof.ª. Erika Paula de Campos, pelo total apoio no desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso.

E por fim, ao Centro Universitário Curitiba - UNICURITIBA, que me proporcionou durante a graduação um excelente aprendizado.

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“Não podemos nos acostumar com a injustiça. O estado de acomodação é o primeiro passo para a banalização da desigualdade”. (Renato Collyer)

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a Reforma Trabalhista (Lei 13.467, de 2017), bem como os impactos, gerados pela inserção do artigo 791-A da CLT. Este artigo, permite a condenação aos honorários advocatícios sucumbenciais bem como a sucumbência reciproca. A grande questão, é que até então, a sucumbência, tinha caráter excepcional, uma vez que recaia exclusivamente contra o empregador nas vezes em que o empregado era beneficiário de justiça gratuita, e os honorários caberia somente se a parte fosse assistida pelo sindicato. Portanto com essa mudança passou a ser regra, o ônus de ambas as partes, assim começou a surgir efetivos efeitos, sob os benesse da gratuidade. Além disso, outro fator relevante, no tangente às mudanças trazidas na reforma, é entender se as alterações supracitadas estão em consonância com os princípios constitucionais relacionados ao Direito do Trabalho. Diante desse cenário, faz-se necessário, realizar um aprofundamento teórico geral da Reforma Trabalhista delineando os honorários sucumbenciais ao beneficiário da justiça gratuita. Também, é indispensável, realizar uma análise nos princípios elencados no Direito do Trabalho, ligado a consequência do acesso à justiça. Por fim, este estudo, tem como objetivo compreender de que maneira estão sendo julgados, pelos Tribunais Regionais, os processos que envolvem o tema aplicado neste trabalho.

Palavras – chave: Direito do Trabalho. Reforma Trabalhista. Honorários de sucumbência. Artigo 791-A, CLT. Justiça gratuita.

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ABSTRACT

The present work aims to analyze the Labor Reform (Law 13.467, of 2017), as well as the impacts, generated by the insertion of article 791-A of the CLT. This article allows the condemnation of succumbent attorney fees as well as reciprocal succumbence.

The big question is that, until then, the succumbence had an exceptional character, since it fell exclusively against the employer when the employee was a beneficiary of free justice, and the fees would be due only if the party was assisted by the union.

Therefore, with this change, it became the rule, the burden of both parties, thus effective effects began to emerge, under the benefits of gratuity. In addition, another relevant factor, in terms of the changes brought about by the reform, is to understand whether the aforementioned changes are in line with the constitutional principles related to Labor Law. In view of this scenario, it is necessary to carry out a general theoretical deepening of the Labor Reform, outlining the succumbent fees to the beneficiary of free justice. Also, it is essential to carry out an analysis of the principles listed in Labor Law, linked to the consequence of access to justice. Finally, this study aims to understand how the Regional Courts are judging the processes that involve the theme applied in this work.

Keywords: Labor Law. Labor Reform. Succumbence fees. Article 791-A, CLT. Free justice.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade

ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho Art. – Artigo

CF – Constituição Federal

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CPC – Código de Processo Civil

OAB – Ordem dos Advogados do Brasil STF – Supremo Tribunal Federal

TRT – Tribunal Regional do Trabalho TST – Tribunal Superior do Trabalho

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 DIREITO DO TRABALHO E SUAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS: BREVE HISTÓRICO ... 11

3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NORTEADORES DO DIREITO DO TRABALHO ... 14

3.1 O PRINCÍPIO PROTETOR DO DIREITO ... 14

3.2 O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL ... 16

3.3 O PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA ... 18

4 JUSTIÇA GRATUITA E OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA ... 22

5 ANÁLISE DA MUDANÇA NO ARTIGO 791-A, NO TANGENTE AOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS ... 26

5.1 O BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA E A CONDENAÇÃO DO TRABALHOR AO PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. ... 35

6 COMPOSIÇÃO ENTRE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E CRÉDITOS TRABALHISTAS, E SUA IMPOSSIBILIDADE. ... 43

7 ANÁLISE DO NÚMERO DE DEMANDAS POSTERIORES A REFORMA TRABALHISTA ... 48

8 CONCLUSÃO ... 50

REFERÊNCIAS ... 53

(10)

1 INTRODUÇÃO

Os direitos dos trabalhadores estão previstos e amparados na Consolidação das Leis do Trabalhos (CLT), assim como suas garantias estão asseguradas na Constituição Federal de 1988.

A reforma trabalhista, mais conhecida como Lei nº 13.467/17, alterou mais de uma centena de dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, tendo como objetivo regular novas relações de trabalho. No âmbito processual, uma das principais modificações foi a inclusão do artigo 791 – A, que permite a cobrança dos honorários sucumbenciais mesmo àqueles que, recorrem da justiça gratuita, em razão da sua hipossuficiência econômica. Acerca desse cenário as alterações nas normas, resultaram em uma grande mudança no procedimento processual.

O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é debater e analisar as questões controversas do artigo 790, §3º e a inclusão do §4º, que trata da concessão da justiça gratuita, bem como a inserção do artigo 791-A da CLT, que traz a possibilidade da condenação sucumbencial e a recíproca recaindo sobre o beneficiário da justiça gratuita, os quais não acarretam qualquer inconstitucionalidade.

Dessa maneira, uma das finalidades deste estudo é propor um esclarecimento que seja mais compatível com os direitos exposto na Constituição Federal de 1988 e seus principais princípios do Direito Trabalhista.

A metodologia aplicada é a dedutiva, na qual foi feito um levantamento bibliográfico, estudos de artigos científicos, análises de estatísticas processuais sobre os efeitos da reforma trabalhista e uma análise jurisprudencial a respeito do tema, assim buscando compreender de que maneira estão sendo julgados, pelos Tribunais Regionais.

Assim, o presente trabalho tem como finalidade analisar os impactos da condenação dos honorários sucumbenciais ao beneficiário da justiça gratuita. Para alcançar o referido objetivo, faz-se necessário abordar a evolução histórica do direito trabalhista, bem como suas garantias constitucionais e legais, atualizadas ao longo do tempo. O capítulo 2, trata especificamente destas questões acima mencionadas.

Na sequência, no capítulo 3 serão abordados os principais princípios constitucionais norteadores do Direito do Trabalho aos quais estão correlacionados com o tema, neste capitulo será evidenciado a importância da proteção especial às

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relações laborais, ao trabalhador, em especifico o acesso à justiça no Brasil e seu dever legal.

O 4º capítulo, versa sobre os reflexos do artigo 790 da CLT, bem como a justiça gratuita e a condenação dos honorários advocatícios de sucumbência, entrando em confronto com o texto constitucional brasileiro.

Será explanado, nos capítulos 5 e 6, as alterações processuais trazidas pela reforma trabalhista, no tangente aos honorários sucumbenciais, introduzido pelo artigo 791-A. Ainda, serão analisados os benefícios e a inconstitucionalidade da nova mudança, em especial a condenação dos beneficiários da justiça gratuita, bem como a compensação do ônus da sucumbência e a impossibilidade dos créditos trabalhistas decorrente da demanda. Para isso, serão apresentadas posições doutrinarias sobre o referido problema, e no tópico subsequente, um levantamento doutrinário e jurisprudencial acerca da hipótese da sucumbência recíproca.

E por fim, no capítulo 7, serão analisados os números de demandas posteriores a Reforma Trabalhista aplicados nos Tribunais Regionais.

(12)

2 DIREITO DO TRABALHO E SUAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS:

BREVE HISTÓRICO

Os direitos dos trabalhadores estão previstos e amparados pela Consolidação Trabalhista (Lei n° 13.467, de 2017), assim como suas garantias estão elencadas na Constituição Federal de 1988.

A Constituição Federal tem como finalidade garantir a dignidade da pessoa humana, ou seja, ela indica que o Estado deve estar voltado aos indivíduos nela inseridos, e não apenas de uma coletividade social e econômica, assim tendo o foco no cidadão como detentor de direitos e deveres. Ainda nesse contexto, ressalta-se o artigo 7° do dispositivo legal acima mencionado. O referido artigo, é composto por 34 incisos, onde estão elencados os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, buscando a melhoria da condição social.

O direito do trabalho em si, visa a identificação do tipo de trabalho, sendo ele prestado de modo subordinado ou por conta alheia, por uma pessoa física, sendo de forma não eventual e que haja uma retribuição. Foi criado para proteger o trabalhador e garantir que não haja futuras violações nas garantias constitucionais. Amauri Mascaro Nascimento1, entende que, o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua estrutura e atividade.

Diante do exposto, faz-se necessário analisar a origem histórica do direito do trabalho, que teve como seus primeiros indícios a Revolução Industrial do século XVIII, destacando-se a economia propriamente dita, a política, transformando o Estado Liberal em Estado Social, gerando intervenção estatal na autonomia dos sujeitos da relação de emprego. Ainda nessa fase, houve a justa reivindicação dos trabalhadores no sentido de se implantar um sistema de direito destinado à proteção, como o direito de união, do qual resultou o sindicalismo, o direito de contratação individual e coletiva, conforme Bezerra Leite2 ressalta em suas lições.

1 NASCIMENTO, Amauri Mascaro; MASCARO, Sônia. Curso de Direito do Trabalho. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 232

2 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p. 40

(13)

Naquele momento histórico do Brasil, é evidente que os patrões não se importavam em zelar pela qualidade de vida dos seus empregados. Isso se dava, principalmente, por não haver um direito regulamentando as relações, assim se vislumbrou uma série de exigências abusivas em prol da classe trabalhadora. Nesse sentido, Mascaro Nascimento3 explica que:

A imposição de condições de trabalho pelo empregador, a exigência de excessivas jornadas de trabalho, a exploração das mulheres e menores, que eram a mão de obra mais barata, os acidentes com os trabalhadores no desempenho das suas atividades e a insegurança quanto ao futuro e aos momentos nos quais fisicamente não tivessem condições de trabalhar foram as constantes da nova era no meio proletário, às quais podem-se acrescentar também os baixos salários.

Dentre diversos anos marcados por grandes mudanças e avanços, deve-se ressaltar o ano de 1930, quando na Era Vargas, houve uma, sedimentação de um modelo trabalhista que perdurou até a Constituição Federal de 1988. Neste marco histórico, ainda, a primeira Constituição a se tratar do direito trabalhista foi a de 1934, que garantia, a liberdade sindical, salário mínimo, jornada de oito horas de trabalho, proteção do trabalho das mulheres e menores, repouso semanal e férias remuneradas. Já em 1939, com a evolução do direito do trabalho, surgiu um grande marco na história, uma vez que pela primeira vez, de maneira efetiva, foi criado um modelo jus trabalhista profissional e protetivo.

Nascimento4, ainda, conceitua o direito do trabalho como “O ramo da Ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade”

Desta forma, a Justiça do Trabalho foi criada, e em 1943, Getúlio Vargas, outorgou a Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto – Lei n° 5.452 de 1943, a qual sistematizou e reuniu as leis trabalhistas em um único documento.

Desde sua criação, conforme supracitado, houve poucas alterações dos dispositivos vigentes do direito do trabalho. Entretanto a legislação laboral no Brasil passou por profundas mudanças com a nova Lei n°13.467 de 2017, conhecida como

3 NASCIMENTO, 2014, p. 233

4 Ibidem.

(14)

reforma trabalhista, a qual trouxe alterações na Consolidação das Leis do Trabalho, como define Carvalho5:

O Brasil, por meio da Lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017, acaba de passar pelas mais profundas alterações no ordenamento jurídico que regula as relações trabalhistas desde a instituição da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. A lei, amplamente reconhecida como reforma trabalhista, altera, cria ou revoga mais de cem artigos e parágrafos da CLT e mudará de forma substancial o funcionamento do mercado de trabalho brasileiro quando entrar em vigor em novembro de 2017.

Antes de se fazer uma análise mais profunda nas mudanças acarretadas pela reforma trabalhista, é preciso entender alguns dos principais princípios norteadores do direito do trabalho. Há uma série de princípios e garantias constitucionais que foram delineados na história, e que são essenciais para a interpretação de suas normas.

Vista a grande importância desses princípios, será estudado a garantia de acesso à justiça e seus principais princípios.

5 CARVALHO, Sandro Sacchet. Uma visão geral sobre a reforma trabalhista. Repositório IPEA, Instituto de pesquisa econômica aplicada, v. 63, out. 2017. Disponível em:

<http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8130/1/bmt_63_visão.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.

(15)

3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NORTEADORES DO DIREITO DO TRABALHO

Os princípios do direito do trabalho são os que guiam o direito em seu todo, eles atuam legitimamente para buscar o equilíbrio, a resguarda e proteção do empregado. Nesta relação jurídica, as partes possuem distanciamento do âmbito jurídico, ou seja, o empregado é tratado como hipossuficiente da relação, assim, o trabalhador será a parte mais frágil neste âmbito jurídico.

Delgado6 em sua obra afirma que os princípios são, “proposições gerais inferidas na cultura e ordenamento jurídicos que conformam a criação, revelação, interpretação e aplicação do direito”. Por serem tão importantes, os princípios devem ser resguardados a qualquer custo, buscando sempre à justiça.

O direito do trabalho, possui princípios específicos, não sendo, portanto, tangentes as demais ramos do direito. Nesse sentido, Rodriguez7 afirma que:

Os princípios do Direito do trabalho, por definição, aplicam-se a um ramo – o direito trabalhista – e não se aplicam a outros ramos. Não são necessariamente exclusivos de uma especialidade, mas não podem servir para todos os ramos, em outras palavras, serem gerais, pois deixariam de ser específicos.

Como, existem uma série de princípios exclusivos ao direito do trabalho, serão estudados especificamente o princípio da proteção, que visa assegurar uma igualdade jurídica entre o empregado e empregador, sendo que o empregado é considerado hipossuficiente na relação, princípio da vedação do retrocesso social objetivando garantir e consolidar os progressos alcançados pela sociedade democrática brasileira e o princípio do acesso à Justiça.

3.1 O PRINCÍPIO PROTETOR DO DIREITO

Nas relações trabalhistas que se formam, o empregado é a parte economicamente mais fraca, necessitando de uma proteção estatal especial, para ser amparado. Esta proteção, é alcançada através da aplicação do princípio protetor do

6 DELGADO, Maurício Godinho. Princípios de Direito Individual e Coletivo do Trabalho. São Paulo:

LTr, 2010, p.14

7 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2000, p. 29

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direito que está elencado no artigo 5°, Caput, da Constituição Federal de 1988 “todos são iguais perante a Lei.” 8

É nítido que existem conflitos nas relações empregatícias entre o empregador e o empregado. Isso se dá, uma vez que a relação entre as partes é extremamente desequilibrada em razão do poder econômico. Buscando reduzir este desequilíbrio, o legislador criou o princípio protetor, o qual tem como finalidade resguardar a parte mais fraca, ou seja, o empregado. Este é o pensamento de Rodriguez9:

Se o legislador se propôs a estabelecer por meio da lei um sistema de proteção ao trabalhador, o interprete desse direito deve colocar-se na mesma orientação do legislador, buscando cumprir mesmo proposito. Sob este aspecto, o princípio não aparece como estranhos aos critérios, que se aplicam em qualquer ramo do direito.

Ainda, de acordo com Rodriguez, o princípio protetor pode ser subdividido em três modos distintos. O primeiro modo é o princípio da norma mais favorável. Entende- se que se houver mais de uma norma em vigor, deve ser aplicada a que seja mais favorável ao empregado. O referido princípio pela visão do Ministro Delgado10, dispõe que “no direito do trabalho deve optar pela regra mais favorável ao obreiro em três situações distintas: no instante da elaboração da regra ou no contexto de confronto de regras concorrentes, ou por fim, no contesto de interpretação das regras jurídicas”.

A segunda regra é a da condição mais benéfica, com esta regra tem-se que aquelas mais vantajosas ao trabalhador, devem ser preservadas durante toda a vigência do vínculo empregatício, ou seja, nunca deverá reduzir condições favoráveis a qual o trabalhador já se encontrava. E por fim o princípio in dubio pro operário,possui como finalidade proteger a parte mais frágil na relação jurídica, considerando-se que as leis trabalhistas, por princípio, são protetivas do hipossuficiente, ou seja, norma que favoreça o trabalhador. Este princípio foi criado, mediante a necessidade de equilibrar a relação entre capital e trabalho, conforme o pensamento de Teixeira Filho:

(...) o princípio in dubio pro operário não incide em matéria de apreciação da prova (...). Convém frisar: ou se prova ou não se prova. Se em determinado caso, entretanto, as provas forem insuficientes (de ambos os lados), o resultado do provimento jurisdicional deve ser desfavorável a quem incumbia o ônus probandi.

8 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out. 1988 Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 11 abr. 2021.

9 RODRIGUEZ, 2000, p. 86.

10 DELGADO, 2010, p. 76

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Sobre isto, Martins explica que “o in dubio pro operário não se aplica integralmente ao processo do trabalho, pois, havendo dúvida, à primeira vista, não se poderia decidir a favor do trabalhador, mas verificar quem tem o ônus da prova no caso concreto.” 11 Essas três regras, uma vez derivadas do mesmo princípio, atuam como protetoras ao empregado.

Perante tudo o que foi exposto, acerca da proteção no sistema trabalhista, deve se buscar a tutela litigantes, ou seja, através da prestação jurisdicional para ambos, para que cada um possa exercer seu direito a fim de se manter o equilíbrio.

3.2 O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL

O princípio da vedação do retrocesso social, tem por finalidade garantir que as conquistas sociais obtidas pelo empregado, para que não sofram um retrocesso ao longo do tempo, ou seja, o referido princípio é uma norma limitadora da atuação do poder público, uma vez que reprime atos retroativos em relação aos direitos do trabalhador, e atua como protetor destes direitos adquiridos. Com isso, evita a criação de normas que venham a ferir os direitos destacados. Em decisão proferida no Agravo em Recurso Extraordinário, o Ministro Celso de Mello12, relata que:

O princípio da proibição do retrocesso impede, em tema de direitos fundamentais de caráter social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação social em que ele vive. – A cláusula que veda o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou o direito à segurança pública, v.g.) traduz, no processo de efetivação desses direitos fundamentais individuais ou coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. Doutrina. Em consequência desse princípio, o Estado, após haver reconhecido os direitos prestacionais, assume o dever não só de torná-los efetivos, mas, também, se obriga, sob pena de transgressão ao texto constitucional, a preservá-los, abstendo-se de frustrar – mediante supressão total ou parcial – os direitos sociais já concretizados.

11 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 76

12 BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. 2ª Turma. AREsp nº 639337. Agravante: Município de São Paulo. Agravado: Ministério Público do Estado de São Paulo. Relator: Ministro Celso de Melo, j. 23 ago.

2021, DJe. 14 set. 2011. Disponível em: <

https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=627428>. Acesso em: 12 abr.

2021.

(18)

Ainda que haja, com o decorrer do tempo, necessidade de adaptações, mudanças em normas jurídicas, como é visto em uma sociedade contemporânea, em momento algum se deve deixar de lado os direitos e garantias constitucionais já conquistados pelas partes mais frágeis. Sendo assim nenhum argumento deve justificar a supressão do que já se foi adquirido, ou seja, fica ao legislador proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem a criação do mesmo equivalente. Para conservar o que já foi conquistado, o legislador deve zelar pela matéria no instante em que ela elaborar o conteúdo de lei e ser cauteloso para que a nova lei não deprecie os seus direitos sociais, nos quais estão elencados no artigo 6°, da Constituição Federal de 1988: “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição”. Sendo, portanto, estes acima mencionados, direitos indisponíveis que merecem todo tipo de proteção. Realizando uma análise em face do contexto jus trabalhista, além do artigo 6°, o artigo 7° da Constituição Federal traz uma série de direitos sociais que são proibidos de serem retirados da Lei Maior.

Pode-se perceber, que o princípio por ora mencionado, dentre os princípios implícitos na Constituição, é o de maior importância, no que tange a proteção de direitos sociais, tem de ressaltar que há uma proteção máxima, para que não ocorra o retrocesso em relação ao que já foi conquistado. Atuando assim como protetor desses direitos. Segundo Canotilho13:

A ideia aqui expressa também tem sido designada como proibição da (contra revolução social) ou da (evolução reacionária). Com isto, quer dizer-se que os direitos sociais e econômicos (ex: direito dos trabalhadores, direito à assistência, direito à educação), uma vez obtido um determinado grau de realização, passam a construir, simultaneamente, uma garantia institucional, e um direito subjetivo.

Assim, para melhor compreensão a vedação do retrocesso social protege os direitos fundamentais, tais esses elencados na Constituição Federal de 1988, será analisado em continuidade do princípio, que é também considerado de suma importância para o direito do trabalho, o princípio do acesso à justiça.

13 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 7. ed.

Coimbra: Almedina, 2007, p. 432

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3.3 O PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA

O acesso à justiça no direito brasileiro, foi garantido por primeiro na Constituição de 1934, depois na Constituição de 1967 e por fim na Constituição de 1988. Principiando do pressuposto de que a sociedade deve ser sempre justa, e adquirindo o bem estar digno para seus indivíduos, faz necessário assegurar o acesso à justiça para todos aqueles que se sentem violados em seus direitos, tornando aptos a efetivar o exercício de cidadania plena. Nessa perspectiva o acesso à justiça, que também pode ser chamado de princípio da inafastabilidade da jurisdição, representa a possibilidade de alcançar algo, ou seja, justamente a ideia de justiça, com objetivo de garantir o respeito pelo Estado e sociedade aos demais direitos assegurados pelo ordenamento jurídico. Dentre os artigos que compõe no Decreto n° 678 de 06 de novembro de 1992, o artigo 8.114 mostra a seguinte redação:

Garantias judiciais 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.

Diante disso Cappelleti15, debruçou sobre o tema, de uma forma defensora:

A expressão “acesso à Justiça” é reconhecidamente de difícil definição, mas serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico – o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos.

Além das mais variadas teorias desenvolvidas a respeito de justiça, é necessário citar o artigo 5° da Constituição Federal de 198816, o qual elenca os direitos fundamentais individuais, bem como os coletivos, principalmente elencado no inciso XXXV:

14 BRASIL, Decreto n° 678, de 6 de novembro de 1992. Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969. Diário Oficial [da]

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 06 nov. 1998. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d0678.htm>. Acesso em: 12 abr. 2021.

15 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris Editor, 1988, p. 8

16 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, loc. cit.

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Artigo 5°: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

A acessibilidade à justiça bem como a um procedimento mais justo, não é algo exclusivo do direito brasileiro. Esta garantia está presente nos mais variados países ao redor do mundo, sendo, portanto, uma garantia fundamental internacional, reconhecida por diversos tratados internacionais e por políticas criadas pela ONU.

Isso ocorre, pois o mínimo que se deve disponibilizar, é a dignidade ao ser humano.

Para Carlos Henrique Bezerra Leite, o acesso à justiça também pode ser considerado como uma série de orientações jurídicas, fornecidas a sociedade, e todos os meios alternativos para resolução do conflito, ainda cita que “o acesso à ordem jurídica justa é, antes de tudo, uma questão de cidadania, trata-se da participação de todos na gestão do bem comum por meio do processo.” 17

O acesso à justiça é o passo mais árduo e importante para a garantia do cidadão no referido contexto, pois é o passo para se conquistar os direitos violados.

Nesta perspectiva que o referido autor18 cita os três subsistemas de acesso à justiça, o de acesso individual, o do acesso coletivo e por fim o subsistema de acesso metaindividual.

Nessa visão Cappelletti e Garth19 explicam que o acesso à justiça tem dois objetivos essenciais que devem- se destacar para o sistema jurídico: o primeiro é a reivindicação dos direitos por meio de um sistema, o outro é a resolução dos interesses de forma justa.

Para postular os direitos, é necessário possuir o acesso à justiça. Entretanto, cada vez mais, os trabalhadores encontram dificuldades para ter acesso de maneira ilimitada à justiça, muito pelas mudanças trazidas na Reforma Trabalhista, bem como por dificuldades econômicas. Com isso, ao se limitar o acesso à justiça dos trabalhadores, os direitos e garantias a eles, já assegurados, são violados, ou seja, configura a transgressão de direitos já adquiridos, uma vez que se deve partir do ideal de que a sociedade deve ser justa.

17 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do trabalho. 11.ed. São Paulo:

Saraiva Educação, 2019, p.135

18 Ibidem.

19 CAPPELLETTI, 1988, p. 8

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Para Schiavi20, entende-se que “acesso à justiça impulsiona que o processo produza resultados justos, solução integral da lide”. Pode-se perceber que o princípio do acesso à justiça é tornar o procedimento justo para ambas as partes, e é visível que o mencionado está ligado de alguma forma ao princípio da igualdade. Portanto, igualdade e justiça vão caminhar uma ao lado da outra, quando as partes tiverem um conflito para sanarem e adquirirem um acesso à justiça de um modo igualitário.

A jurisprudência, cada vez mais, demonstra a importância da aplicação do princípio do acesso à justiça no direito do trabalho, cabe destacar, que ao longo do presente trabalho, serão abordados os impactos gerados pelos honorários sucumbenciais ainda que com a assistência da justiça gratuita, no entanto como o foco atual são os princípios norteadores, cabe demonstrar que desde já ocorre um impacto deste princípio:

RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA REGIDO PELO LEI N° 13.015/2014. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA EM LOCALIDADE DISTINTA DA CONTRATAÇÃO E PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. TERMINO DAS ATIVIDADES. PRINCIPIOS DO ACESSO À JUSTIÇA, DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. DIREITOS DE ACESSO À JUSTIÇA E DE DEFESA. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. As normas definidoras da competência emanam do princípio da proteção que norteia o Direito do Trabalho e garantem a efetivação do princípio do livre acesso à justiça, pois, no local onde prestou serviço, em regra, tem acesso com maior facilidade aos elementos de convicção necessários a demonstração do que efetivamente ocorreu durante a execução do contrato de trabalho. Da mesma forma e em linha de princípio, o empregador exerce plenamente o seu direito de defesa, com o acesso à documentação existente no estabelecimento vinculado a prestação de labor por partes do empregado. Contudo, há muito, esta subseção firmou tese no sentido de relativizar-se em casos excepcionais –a aplicação rígida de tais normas, a partir da interpretação conforme a Constituição do artigo 651 da CLT, nos casos em que a atribuição da competência ao foro da prestação dos serviços ou da contratação inviabiliza o exercício do direito de ação (...) portanto, para a autora, o processamento do feito na cidade em que reside atualmente garante-lhe o acesso à justiça (...). Recurso de embargos conhecido e provido. (TST – E – RR:

117279020155030043, Relator: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de julgamento: 18/10/2018, subseção I especializada em dissídios individuais, data de Publicação: DEJT 07/12/2018).

E é através deste, que o Estado poderá prestar a assistência da justiça gratuita a qualquer indivíduo, ainda que estes não tenham disponível os recursos econômicos para custear tais procedimentos judiciais. Na justiça do trabalho, tanto com a vigência da reforma trabalhista, a assistência judiciaria gratuita é um direito inquestionável. E

20 SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016, p. 93

(22)

como mencionado, a justiça é promover a proteção para todos, inclusive os trabalhadores economicamente insuficientes.

(23)

4 JUSTIÇA GRATUITA E OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA

A justiça gratuita sofreu inúmeras alterações decorrentes da reforma trabalhista. Sendo que a maioria das vezes estas, geram uma divergência quanto a sua aplicabilidade, pois, o direito do trabalho é reconhecido pelo seu caráter de protetor. Satisfazer o acesso à justiça dentro de um direito, onde as partes são economicamente distintas é uma particularidade do direito do trabalho, portanto se desvirtuar do seu sentido não terá mais a função designada para o direito do trabalho.

Dentro desta visão, serão analisadas as alterações significativas da reforma trabalhista (Lei n° 13.467 de 2017), com ênfase nos artigos 790, e 791-A da Consolidação das Leis Trabalhistas.

4.1 REFLEXOS DO ARTIGO 790 E O BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA.

Deve-se partir do pressuposto de qual é o real significado da justiça gratuita. A justiça gratuita, nada mais é do que o benefício concedido ao cidadão que não tem condições financeiras, demande em juízo, sem pagar pelas despesas processuais. O referido benefício encontra-se elencado e fundamentada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5°, inciso XXXV21, “a Lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, como já mencionado anteriormente. Assim, a integração do sujeito trabalhador à justiça tende-se ser justa. Já a assistência judiciária, inerente ao acesso à justiça, está elencada no artigo 5°, inciso LXXIV22, segundo o qual, cabe ao Estado prestar assistência jurídica e gratuita aos que comprovarem insuficiência, como conceitua Jorge Neto e Quadros23, “a assistência judiciária consiste no benefício concedido ao necessitado de, gratuitamente, utilizar os serviços profissionais do advogado e demais auxiliares da Justiça e movimentar o processo”. Ressalva-se que a assistência judiciária gratuita se difere da justiça gratuita. Dentro deste entendimento Teixeira Filho24 diz que:

21 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art.5°, XXXV – a Lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out. 1988 Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 11 abr. 2021.

22 Ibidem.

23 JORGE NETO, Francisco Ferreira; QUADROS, Jouberto Pessoa Cavalcante de. Manual de Direito Processual do Trabalho. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2014, p. 368.

24 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. O processo do trabalho e a reforma trabalhista: as alterações introduzidas no processo do trabalho pela Lei n. 13.467/2017. São Paulo: LTr, 2017, p. 75

(24)

Justiça gratuita e assistência judiciária são expressões que não se confundem. A primeira significa a isenção de despesas processuais, como:

custas, emolumentos, etc., as pessoas que não possuem condições financeiras de suporta-las; a segunda traduz o ato pelo qual determinada entidade, pública ou particular, fornece advogado, gratuitamente, para a pessoa que não possui condições de pagar honorários advocatícios, ingressar em juízo.

Mauro Schiavi25, na mesma linha de raciocínio, aduz que “A justiça gratuita é o direito à gratuidade de taxas judiciárias, custas, emolumentos, honorários de perito, despesas com editais, etc.”

Em 2017, entrou em vigor a nova legislação trabalhista, mais precisamente, incluída pela lei n° 13.467, de 2017. A referida reforma, entrou modernizando as relações de trabalho, para que a economia do país fosse estimulada assiduamente, razão pela qual se explicam as centenas de alterações em dispositivos trabalhistas.

A mudança supramencionada provocou inúmeros conflitos entre os novos dispositivos e a garantia fundamental de acesso à justiça gratuita, para muitos especialistas, inconstitucionalidade. Bem como, gerou retrocesso ao direito do trabalho.

O pagamento de custas processuais sempre foi regulado pelo artigo 79026. Acontece que, com a nova CLT, surgiu uma nova redação deste artigo, primeiramente, em 1943, quando aprovada a CLT, a redação do artigo era: “nos casos de dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas”. Com isso, é possível perceber que o pagamento recai sobre o vencido, sendo que a lei era omissa acerca da justiça gratuita, bem como do procedimento a ser realizado para comprovar a hipossuficiência.

Como mencionado, a Lei n° 13.467/2017, traz um novo entendimento ao artigo 790, principalmente ao se analisar o §3° da CLT27:

25 SCHIAVI, 2016, p. 76

26 BRASIL, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 jul 2017. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso em: 11 abr. 2021.

27 BRASIL, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 jul 2017.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso em:

11 abr. 2021.

(25)

Art.790 (...) §3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instancia conceder, a requerimento ou de oficio, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%

(quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Em contrapartida, o acesso à justiça, que está previsto no artigo 5º, inc. XXXV, da CF, segundo o qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”. Diante dessa relevância crítica, o fato de conceder ao juiz a facultatividade, confronta com o texto constitucional.

A redação antiga do §3º era28:

Art.790 (...) §3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instancia conceder, a requerimento ou de oficio, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem sob, as penas da lei, que não estão em condições de pagar às custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.

Fica nítido que ambas as redações tem o mesmo entendimento legal, entretanto nota-se que a redação dada pela reforma, no que tange à gratuidade da justiça, substituiu o limite de dois salários mínimos por um limite máximo de 40%, bem como eliminou a possibilidade de o benefício da justiça gratuita ser concedido mediante declaração do próprio interessado de que não se encontra em condições de arcar com as despesas processuais sem detrimento pessoal ou de sua família, como menciona Teixeira Filho29 em sua obra.

Além da mudança por ora mencionada, outra mudança bastante significativa, foi a inclusão do artigo 790, §4º, que visa a dar ênfase ao princípio da gratuidade, ou seja, trata da concessão do benefício da justiça gratuita, dispondo em seu texto o seguinte, “o beneficiário da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.”30

Esta nova redação afirma que a parte deverá comprovar que não possui condições econômicas para arcar com o processo, mesmo com o entendimento da súmula n.463 do TST31, que não haveria a necessidade, ressalta-se que a

28 BRASIL, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, loc. cit.

29 TEIXEIRA FILHO, 2018, p. 190

30 BRASIL, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, op. cit.

31 BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 463 do TST. Assistência judiciária.

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015). I – A partir de 26.06.2017, para a

(26)

Consolidação das Lei do Trabalho regula as relações de trabalhos. Antes da inclusão desta redação exposta anteriormente, era necessário apenas a mera declaração do trabalhador de que não tinha condições econômicas para arcar com as despesas processuais sem prejudicar o seu próprio sustento e de sua família.

Schiavi 32entende que:

A alteração mais significativa se refere à comprovação da insuficiência econômica por parte do empregado, pois a lei exige a comprovação da miserabilidade, não sendo suficiente apenas a declaração de pobreza, firmada pelo trabalhador, ou por procurador com poderes especiais. (...), a declaração de pobreza firmada pelo próprio empregado, sob as

“consequências da lei” é suficiente para comprovar a insuficiência econômica do empregado e o deferimento dos benefícios da justiça gratuita. Caso haja impugnação, o Juiz do Trabalho poderá exigir do trabalhador outros documentos, como juntada pela CTPS, declaração de imposto de renda, etc.

Segundo o relatório elaborado pelo Relator do PL n.6787/2016, Deputado Rogério Marinho, faz-se necessária a análise, em casos que existam dúvidas persistentes.

Ressalte-se que o objetivo não é dificultar o acesso à Justiça, mas, pelo contrário, torná-la efetiva, evitando-se as ações em que se solicita, e muitas vezes é concedida, a justiça gratuita para pessoas que dela não poderiam usufruir, mediante mero atestado de pobreza. Com essa medida, afastam-se as pessoas que não se enquadram nos requisitos de “pobreza” e se garante que o instituto seja utilizado por aqueles que realmente necessitam.

concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo. Brasília, DF, DEJT 30 jun. 2017 – republicada – DEJT 14 jul. 2017. Disponível em:

<https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_451_600.html#SUM-463>.

Acesso em: 12 abr. 2021.

32 SCHIAVI, 2016, p. 81

(27)

5 ANÁLISE DA MUDANÇA NO ARTIGO 791, NO TANGENTE AOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Ainda que, o presente capítulo tenha como objeto de estudo, a alteração dada pela Lei n. 13.467/2017, no tangente aos honorários sucumbenciais, é mais do que necessário relembrar o que são os referidos honorários. Pode-se dizer que os honorários advocatícios sucumbenciais, são regidos pelos princípios da sucumbência e da causalidade, são aqueles pagos pela parte sucumbente no processo, ou seja, a parte perdedora deve pagar um valor (honorários) ao advogado da parte vencedora.

Este valor a ser pago, é direito previsto em lei, aos advogados e possui natureza alimentar.

O artigo 791, Caput, disposto na Consolidação das Leis do Trabalho, consagra a garantia do livre acesso à justiça, “Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final”33, assim configura-se o jus postulandi, ou seja, o direito das partes de ajuizarem uma reclamação trabalhista sem a assistência de um advogado, podendo, assim, o indivíduo postular em causa própria. A questão do jus postulandi, sempre foi um tema de muita relevância no âmbito jurídico, e por isso, também muito polêmico. O artigo 133, da Constituição Federal, nos traz que: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. Com isso, é essencial o posicionamento do TST, na súmula nº 42534.

Súmula nº 425 do TST JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO.

ALCANCE. Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010 O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

33 BRASIL, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, loc. cit.

34 BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 425 do TST. JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

Brasília, DF, DEJT 04 maio 2010. Disponível em: <

http://www.coad.com.br/busca/detalhe_16/2392/Sumulas_e_enunciados>. Acesso em: 12 abr. 2021.

(28)

Para Mascaro Nascimento35 a presença do advogado também tem grande efetivação da justiça. “O advogado é indispensável à administração da justiça, princípio cuja amplitude pode levar à exigibilidade da sua participação em todos os processos judiciais, independentemente da natureza e expressão econômica das causas”.

No estatuto da OAB, conhecido como Lei n. 8906, de 4.7.1994, o artigo 22, revela que “a prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionais, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência”. O referido artigo demonstra as três modalidades de honorários advocatícios cabíveis.

Observa-se que os honorários convencionais são aqueles que se firmam entre o cliente e o seu advogado, geralmente constam de contratos escritos, estabelecidos em cláusulas. Os arbitrados judicialmente, são os fixados pelo juiz nas ações de arbitramento de honorários advocatícios. E por último, não menos especial, e sim o mais discutido, os honorários sucumbenciais, são aqueles que devem ser pagos pelo vencido na causa, sendo fixados pelo juiz na sentença, de acordo com o art. 791-A, Caput, §2°, da CLT36.

Percebe-se que durante muitos anos, a jurisprudência, antes da reforma trabalhista, rejeitava a condenação ao pagamento de honorários advocatícios apenas pela incidência do princípio de sucumbência de maneira isolada. A Súmula 21937 do TST, consolidou o referido entendimento.

Súmula 219/TST - 19/09/1985 - Honorários advocatícios. Hipótese de cabimento na Justiça do Trabalho. Ação rescisória. Cabimento. Lei 1.060/1950, art. 11. Lei 5.584/1970, art. 14 e Lei 5.584/1970, art. 16.

CPC/1973, art. 20 e CPC/1973, art. 485. Lei 8.906/1994, art. 23 (EAOAB).

CLT, art. 836 (alterada a redação do item I e acrescidos os itens IV a VI na sessão do Tribunal Pleno realizada em 15/03/2016).

I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a

35 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 21.ed. São Paulo:

Saraiva, 2002, p. 348

36 BRASIL, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Art. 791-A, Caput §2°. Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 jul 2017. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso em: 11 abr. 2021.

37 BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 219 do TST. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

CABIMENTO (alterada a redação do item I e acrescidos os itens IV a VI em decorrência do CPC de

2015). Brasília, DF, 21 mar. 2016. Disponível em: <

https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_201_250.html#SUM-219>.

Acesso em: 12 abr. 2021.

(29)

parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família (Lei 5.584/1970, art. 14, § 1º). (ex-OJ 305 da SBDI-I).

II- é cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista.

III – são devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego.

IV – na ação rescisória e nas lides que não derivem de relação de emprego, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios da sucumbência submete-se à disciplina do Código de Processo Civil (arts.

85,86,87 e 90).

V – Em caso de assistência judiciaria sindical ou de substituição processual sindical, excetuados os processos em que a Fazenda Pública for parte, os honorários advocatícios são devidos entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (CPC de 2015, art.85, §2º).

VI – nas causas em que a Fazenda Pública for parte, aplicar-se-ão os percentuais específicos de honorários advocatícios contemplados no Código de Processo Civil.

Já o Código de Processo Civil de 2015, no artigo 8538, consagrava este princípio, regulando em seu dispositivo:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado vencedor.

§2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: [...]

Esta disposição se rege pelo artigo 8639, “se cada litigante, em parte, for vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas.”

Segundo Teixeira Filho40, a não aplicação deste princípio resultaria em uma certa fraqueza a justiça:

A não aplicação do princípio civilista da sucumbência ao processo do trabalho fazia com que certos advogados se sentissem à vontade para formular pedidos a que o autor não fazia jus, pois não havia, nisso, risco de este pagar honorários advocatícios à parte contraria, desde que fosse vencedor no tocante a um ou a outro pedido – que não aqueles formulados de maneira temerária ou infundada. Foi, justamente, com esse cenário que levou o relator do Projeto n. 6787/2016 a afirmar: “pretende-se com as alterações sugeridas inibir a propositura de demandas baseadas em direitos ou fatos inexistentes.

38 BRASIL, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Dispõe sobre normas de Código de Processo Civil.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 mar. 2015. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 11 abr. 2021.

39 Ibidem.

40 TEIXEIRA FILHO, 2017, p. 84 a 85

(30)

Com a vigência da Lei n°13.467/2017, Teixeira Filho, questiona que o autor passa a ter um certo cuidado para não formular pedidos desnecessários, que faça com que ele se desincumba do ônus da prova dos fatos alegados na sua inicial, sob pena de vir a ser condenado a pagar honorários à parte contrária, ele ainda cita que

“é necessário que haja bom-senso, comedimento, boa-fé, e não, excesso de irresponsabilidade”. Os legisladores incluíram o artigo 791 – A41, no qual versa sobre a aplicação dos honorários de sucumbência e sucumbência recíproca, assim, determina em seu texto o seguinte:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá- lo, sobre o valor atualizado da causa. [...]

§3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários.

A inclusão deste artigo à lei, garante ao advogado o recebimento de honorários sucumbenciais recíprocos sobre “o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa”. Ribeiro da Rocha42, comenta:

Assim, como na legislação processual civil e prestigiando o princípio da isonomia no que tange à atuação do advogado em qualquer ramo do Poder Judiciário, a Lei n. 13.467/2017 estabeleceu serem devidos os honorários de sucumbência, entre 5% e 15% sobre o valor de liquidação da sentença, sobre o proveito econômico obtido ou sobre o valor atualizado da causa, excluindo o entendimento jurisprudencial consubstanciado nas Súmulas n. 219 e 329 do C.TST, que deverá ser revisado ou cancelado.

Ainda no mesmo artigo, no seu parágrafo 4°43, dispõe que ainda que beneficiário da justiça gratuita a parte vencida, seja ela total ou parcialmente procedente será submetido ao pagamento dos honorários sucumbenciais, se caso não houver créditos capazes, a partir do trânsito em julgado terá um período de 2 anos para que ele possa ser executado.

41 BRASIL, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, loc. cit.

42 ROCHA, Fabio Ribeiro da. Lei 13.467/2017 e os aspectos controvertidos do benefício constitucional da gratuidade judicial. Revista do Tribunal Regional do Trabalho, 3ª Região, Belo Horizonte, v. 64, nº 97, 2018.

43 BRASIL, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, op. cit.

(31)

§4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

A Reforma Trabalhista gerou um grande impacto, quanto à sua constitucionalidade e aplicação ao processo do trabalho. A respeito dessas divergências, Schiavi44, ao analisar a nova CLT, não poupou críticas à cobrança dos honorários sucumbenciais recíprocos:

A previsão da sucumbência reciproca configura a alteração mais significativa da novel legislação, pois altera, em muito, o protecionismo processual que é um dos pilares de sustentação do processo trabalhista e, pode em muitos casos inviabilizar ou ser um fator inibitório do acesso à justiça da parte economicamente fraca.

Ainda para Schiavi, com a determinação no §3º, do art. 791-A, ele defende que a sucumbência a justificar a condenação ao pagamento de honorários advocatícios é a rejeição total dos pedidos, ou de algum destes, não basta apenas a rejeição em partes de um dos pedidos. Ou seja:

A sucumbência reciproca é cabível na justiça do trabalho em caso de indeferimento total do pedido especifico; ou acolhimento do pedido com valor inferior ao postulado, não caracteriza sucumbência parcial, pois a pretensão é acolhida.45

Mara de Oliveira Dias46 afirma, que a reforma trabalhista, não regularizou todos os aspectos em si, aqueles que envolvem a responsabilidade e exigibilidade dos honorários sucumbenciais no Processo do Trabalho. Assim, no caso de omissão, aplicam-se supletivamente os artigos 85 a 90 do CPC, como disposto no artigo 769 da CLT.

Neste sentido, o Enunciado n°9947 da 2ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho, evento para debater temas relativos à reforma trabalhista:

44 SCHIAVI, 2016, p. 84-85.

45 DIAS, Sandra Mara de Oliveira. Justiça gratuita onerosa e honorários advocatícios sucumbenciais na justiça do trabalho. Revista Eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho Nona Região. Curitiba, Paraná, ano IX, nº. 84, jan. 2020.

46 Ibidem.

47 ANAMATRA, Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho. Reforma trabalhista:

Anamatra divulga integra dos Enunciados aprovados na 2ª jornada. 19 de outubro de 2017.Disponível

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