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Relação entre os perfis psicológicos de gênero de idosos e os fatores de manutenção da prática de atividade física

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Academic year: 2017

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RELAÇÃO ENTRE OS PERFIS PSICOLÓGICOS DE GÊNERO

DE IDOSOS E OS FATORES DE MANUTENÇÃO DA PRÁTICA

DE ATIVIDADE FÍSICA

Brasília - DF

2011

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RELAÇÃO ENTRE OS PERFIS PSICOLÓGICOS DE GÊNERO DE IDOSOS E OS FATORES DE MANUTENÇÃO DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Educação Física.

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V278r Vasconcelos, Angela Camargo.

Relação entre os perfis psicológicos de gênero de idosos e os fatores de manutenção da prática de atividade física. / Angela Camargo Vasconcelos

– 2011.

74f. Il.; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2011.

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À professora Gislane muito obrigada pela acolhida, carinho e dedicação. Mais do que orientadora, você foi uma amiga;

Ao Serviço Social do Estado do Piauí - SESC e ao Centro de Convivência da Terceira Idade Lineu Araújo- PI, através de suas coordenadoras, que disponibilizaram estes espaços para a minha pesquisa;

Aos voluntários que participaram dessa pesquisa pelo tempo dedicado. Sem vocês nada seria possível;

Às minhas inesquecíveis alunas do “Espaço Hidros” pela força, compreensão e carinho dispensados durante todo esse tempo;

Aos meus colegas do Minter que fizeram de tudo para que essa parceria desse certo;

Às minhas amigas de jornada Jane, Leyla e Virna pelo companheirismo nos momentos árduos;

À Danielle Garcia, “Assistente de Pesquisa”, mais do que isso, amiga de todas as horas;

À minha família, pelo apoio, carinho e compreensão durante todo esse processo;

Em especial, ao meu filho Rodrigo, que sempre esteve ao meu lado ajudando nas “coisas práticas” e dando força quando fraquejava.

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Referência: VASCONCELOS, Angela C. Relação entre os perfis psicológicos de gênero e os fatores de manutenção da prática de atividade física pelo idoso. 2011. 74 páginas. Dissertação. Mestrado em Educação Física. Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2011.

Este estudo teve como objetivo relacionar o perfil psicológico de gênero com os fatores determinantes da manutenção da prática de atividade física de 200 idosos (70,73 ± 5,36 anos) todos participantes de atividade física regular e orientada a mais de 1 ano (5,26 ± 4,87) em dois Centros de Convivência, na cidade de Teresina (PI). Para avaliar o Perfil Psicológico de Gênero (PPG), foram utilizados o Inventário Feminino de Gênero do Autoconceito (IFEGA) e o Inventário Masculino de Gênero do Autoconceito (IMEGA) e um questionário para avaliar os aspectos sócio-demográficos, razões para iniciar a prática de atividade física, tempo de prática, motivos pessoais e externos para manutenção da prática e percepção em relação ao autoconceito geral. Os dados descritivos foram analisados através de média, desvio padrão e frequência e os dados inferenciais, o teste Kruskall Wallis. Os resultados mostram que a maior parte dos sujeitos, 61% são Heteroesquemáticos Femininos (HF); 33% são Isoesquemáticos (ISO) e 6% Heteroesquemáticos Masculinos (HM). Relacionando o PPG com o tempo de prática de atividade física, observa-se que este não influenciou (p= 0,51), embora o tempo de adesão nesta população seja alto. Quanto à modalidade escolhida, observou-se que existe uma relação direta com PPG, uma vez que os indivíduos procuram atividades condizentes com seus esquemas de gênero. O PPG também exerce influência na percepção do autoconceito físico, tendo em vista que os valores apontados denotam uma satisfação com a imagem corporal. Conclui-se que o PPG pode influenciar nos motivos que levam à manutenção da prática da atividade física pelo idoso, considerando que cada esquema de gênero tende a direcionar suas escolhas, de acordo com os traços de sua personalidade.

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The aim of this study was to analyze the relationship between the gender psychological profile and factors that determine physical activity maintenance in the elderly. Therefore, 200 elder individuals (70.73 ± 5.36 years) participated in the study. All of them had been involved in regular physical activity for at least 1 year (5.26 ± 4.87 years) at two Elderly Centers in Teresina (PI). The Female Gender Self-concept Inventory (IFEGA) and the Male Gender Self-concept Inventory, as well as a questionnaire about social-demographic aspects, reasons to begin physical activity practice, years of practice, internal and external reasons to maintain physical activity and a general perception of self-concept were used for the assessments. The results indicate that individuals are mostly Feminine Heteroschematic (61%), followed by isoschematic (33%) and Masculine Heteroschematic (6%). The number of years of physical activity practice were compared according to the Gender Psychological Profile (GPP) and no differences were observed between the profiles (p= 0.51). Regarding the chosen physical activity modality, a positive relationship with the GPP was observed, once the individuals usually choose activities compatible with their gender scheme. The GPP also influences the perception of physical self-concept, as the results indicate a satisfaction about body image among the Masculine Heteroschematic individuals. It is concluded that GPP may influence the reasons that lead to physical activity maintenance among the elderly, considering that each gender scheme determine their choices, according to their personality traits.

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1- INTRODUÇÃO ... 1

2 - OBJETIVOS ... 4

2.1 Objetivo Geral ... 4

2.2 Objetivos Específicos ... 4

3- REVISÃO DE LITERATURA………...5

3.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ... 5

3.1.1 Alterações morfofisiológicas, funcionais e sócio-psicológicas associadas ao processo de envelhecimento ... 6

3.1.2 Envelhecer na contemporaneidade ... 10

3.2 BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA PARA O IDOSO ... 13

3.3 MOTIVOS QUE LEVAM O IDOSO A ADESÃO E PERMANÊNCIA EM PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA ... 14

3.4 PERFIL PSICOLÓGICO DE GÊNERO ... 17

3.4.1 Estruturas centrais do autoconceito ... 18

4 - MATERIAIS E MÉTODOS ... 23

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 23

4.2 AMOSTRA ... 23

4.2.1 Critérios de inclusão ... 23

4.2.2 Critérios de exclusão ... 24

4.2.3 Instrumentos ... 24

4.2.5 Análise Estatística ... 25

5- RESULTADOS E DISCUSSSÕES ... 27

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 35

7- REFERÊNCIAS ... 37

8- ANEXOS ... 48

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1- INTRODUÇÃO

Contemporaneamente, a melhoria das condições gerais de vida, somada aos avanços da ciência e da tecnologia no combate a várias doenças responsáveis pela mortalidade, tem contribuído para aumentar a expectativa de vida e modificar o perfil etário da população. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), estas modificações proporcionaram um aumento vertiginoso de pessoas com 60 anos ou mais nas últimas décadas.

Conforme Eiras; Vendruscolo e Souza (2008) este perfil populacional tem exigido novas políticas e programas sociais que promovam a manutenção da qualidade de vida e favoreça um envelhecer com dignidade. Entende-se o envelhecer como um processo natural de fragilização do organismo que deixa o indivíduo em uma condição vulnerável perante a sua fisiologia e o ambiente, tornando-o propenso a problemas de saúde.

Todavia, envelhecer é um processo individual, uma experiência heterogênea (BANHATO et al, 2009). Fatores como circunstâncias históricas e culturais, incidência de doenças e a interação entre fatores genéticos e ambientais influenciarão o envelhecer de cada indivíduo.

Diante das possíveis trajetórias do envelhecer, a atividade física tem sido apontada como uma opção importante na prevenção e promoção da saúde e da qualidade de vida do indivíduo idoso (OKUMA, 2002). Alguns estudos corroboram este pensamento, reforçando que a prática regular de atividade física, especialmente para idosos, pode promover a manutenção da independência e autonomia, maior longevidade, melhora da capacidade fisiológica, bem como benefícios psicológicos e sociais (MATSUDO et al, 2003; MAZO; CARDOSO; AGUIAR, 2006; JACOB FILHO, 2006; PIRES; BADIA, 2008; RUSCH et al, 2008; SILVA JÚNIOR; VELARDI, 2008; BANHATO et al, 2009; MARCHI NETTO, 2009; FUGULIN et al, 2009).

Por ser uma ferramenta importante na busca da qualidade de vida, a adesão a essa prática tem sido investigada constantemente em todas as faixas etárias, bem como os motivos que levam as pessoas a buscarem e manter-se nela (ANDREOTTI; OKUMA, 2003; KNIJNIK, 2006; PIRES; BADIA, 2008; RUSCH et al, 2008; SILVA JÚNIOR; VELARDI, 2008; BANHATO et al, 2009; MARCHI NETTO, 2009; ROCHA, 2009; SILVA et al, 2009; SOUZA; MEZZARDI, 2009).

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características peculiares a sua personalidade que definem suas escolhas. Emerge assim, a hipótese de que os esquemas de gênero do autoconceito podem influenciar nos fatores que determinam a manutenção do idoso na prática de atividade física.

Considerando que os esquemas de gênero segundo Markus et al, (1977) são partes constitutivas do autoconceito relacionados aos constructos sociais de masculinidade e feminilidade com características autodescritivas e que estes quando estimulados, de acordo com Giavoni e Tamayo (2005), formam uma rede de funcionamento perceptiva denominada de esquema masculino e esquema feminino que permite ao indivíduo assimilar, organizar e compreender características parecidas à sua e recusar todo aspecto que não corresponda ao seu esquema, parece oportuno investigar se há alguma diferença entre os perfis psicológicos de gênero de idosos e os fatores de manutenção da prática de atividade física.

Tomando por base a teoria do Auto- esquema Giavoni (2000) elaborou o Modelo Interativo, o qual avalia a interação entre os esquemas masculino e feminino, significando que, quanto maior for a interação entre os esquemas, menor será a dicotomia dos estímulos, resultando em cognições, afetos e comportamentos diferenciados por parte dos indivíduos. Assim, o modelo prevê três grupos tipológicos de gênero, sendo eles: Heteroesquemáticos Masculinos (HM), Heteroesquemáticos Femininos (HF) e os Isoesquemáticos (ISO).

Estudos sobre gênero têm sido apontados como novas variáveis nos resultados psicológicos e sociais relacionados à atividade física (KERN; REYNOLDS; FRIEDMAN, 2010). Outros estudos têm indicado diferenças significativas quanto às variáveis, potência, força e fadiga ao serem comparadas aos grupos tipológicos (CUSTÓDIO, 2007; GOMES; SOTERO; GIAVONI, 2011).

Todavia, muitas questões precisam ser analisadas, a fim de se compreender as diferenças perceptivas e, portanto, cognitivas, afetivas e comportamentais dos grupos tipológicos durante o processo de envelhecimento no intuito de se estabelecer estratégias que assegurem não só a adesão como também a manutenção desse grupo à prática de atividades físicas.

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relacionar o tempo de prática, a escolha da modalidade praticada, a percepção do autoconceito físico relacionado às valências físicas de idosos ativos e avaliar se há diferenças significativas entre os fatores determinantes da manutenção da prática de atividade física pelo idoso com os perfis psicológicos de gênero.

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2 - OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Relacionar os perfis psicológicos de gênero de idosos (Heteroesquemático Feminino, Heteroesquemático Masculino, Isoesquemático) com os fatores de manutenção da prática de atividade física.

2.2 Objetivos Específicos

- Identificar os fatores que levam o idoso a aderir e manter-se na prática de atividade física.

- Reconhecer as características da personalidade de idosos ativos.

- Identificar a percepção dos idosos em relação ao autoconceito físico, social e emocional.

- Identificar o perfil psicológico de gênero de idosos que praticam atividade física através dos Inventários Feminino e Masculino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito – IFEGA/IMEGA.

- Relacionar o perfil psicológico de gênero com o tempo de prática, a escolha da modalidade praticada e a percepção do autoconceito físico relacionado às valências físicas (coordenação motora, agilidade, condicionamento cardiorrespiratório e composição corporal) de idosos ativos.

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3- REVISÃO DE LITERATURA

3.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a legislação brasileira, o indivíduo para ser considerado idoso deve ter 60 anos ou mais. Porém, cabe ressaltar que a idade cronológica não deve ser considerada o único indicador para mensurar as mudanças que o organismo sofre durante todo este processo. Sabe-se que há uma interação de fatores complexos que exercem influências sobre o indivíduo e que podem contribuir para ocorrências de intempéries da passagem do tempo e que, biologicamente, os eventos ocorrem ao longo de certo período, mas não necessariamente o tempo é o responsável por estes eventos (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008).

De acordo Matsudo; Matsudo e Barros Neto (2000a) os eventos biológicos que acontecem ao longo dos anos ocorrem em momentos distintos e em ritmos diferentes para cada indivíduo. Corroborando com esta definição, Marchi Netto (2009) conceitua este processo como dinâmico e progressivo, o qual acarreta modificações morfológicas, funcionais e bioquímicas, como também psicológicas. Fatores determinantes da progressiva perda das capacidades de adaptação do sujeito ao meio ambiente e que ocasionam maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos.

Schneider e Irigaray (2008) concordam que a etapa da vida caracterizada como velhice tem suas particularidades e só pode ser compreendida a partir da relação que se estabelece entre os diferentes aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Deve-se ainda considerar a interação das condições da cultura na qual o indivíduo está inserido, portanto, condições históricas, políticas, econômicas, geográficas e culturais são determinantes para entender o processo de envelhecimento.

Algumas áreas do conhecimento, como a Sociologia e a Psicologia, chamam a atenção para o fato de que, além das alterações biológicas, são observadas algumas modificações sociais e psicológicas que podem alterar significativamente estas funções, gerando problemas de integração e adaptação social do idoso (SILVA et al, 2005; ARAÚJO et al, 2006).

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3.1.1 Alterações morfofisiológicas, funcionais e sócio-psicológicas associadas ao processo de envelhecimento

Do ponto de vista biológico, pressupõe-se que o envelhecimento é um processo natural, ou seja, ficar velho é uma conseqüência natural da vida, pois os seres vivos nascem, crescem, amadurem, envelhecem e morrem.

Levando-se em consideração as diversas implicações desse processo, Costa (2003) afirma que é nessa etapa da vida que ocorre o maior número de incidência de doenças crônico-degenerativas e incapacidades funcionais que afetam a qualidade de vida. Este quadro traz conseqüências importantes como a dependência física e a falta de autonomia por períodos prolongados de tempo, tendo em vista, que as capacidades físicas vão se deteriorando progressivamente, limitando o idoso ao desenvolvimento de atividades sociais e profissionais, acarretando uma maior vulnerabilidade.

A intensidade com que essas alterações fisiológicas ocorrem depende, em parte, de cada indivíduo (do seu modo de vida, de sua saúde, etc.) (SCHVEITZER; CLAUDINO, 2010).

Dentre as principais alterações, Marchi Netto (2009) destaca como as mais visíveis, e as que primeiro se manifestam são o ressecamento da pele, a coloração do cabelo, que no geral vão ficando esbranquiçados e caem com maior freqüência, enfraquecimento do tônus muscular e da constituição óssea, acarretando mudanças posturais do tronco e das pernas, alterações nas articulações que comprometem os movimentos e interfere no equilíbrio e na marcha. Alguns aspectos antropométricos também são passíveis de alterações como a composição corporal e a estatura. De acordo com Matsudo; Matsudo e Barros Neto (2000b) as alterações na composição corporal se dão em virtude de mudanças nos neurotransmissores e de fatores hormonais.

Já Costa (2003), Schneider e Irigaray (2008) referem-se à estatura, afirmando que as modificações mais acentuadas acontecem por volta dos 40 ou 50 anos. Por volta dos 70 anos, a coluna sofre um pequeno encurvamento, diminuindo cerca de 2 a 2,5 centímetros, isto se justifica pelo achatamento das cartilagens intervertebrais e, consequentemente, contribuem para que haja uma diminuição na estatura do indivíduo.

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válvulas, aumento de lipofuscina nas fibras miocárdicas e diminuição na elasticidade da aorta e seus ramos principais, acompanhadas por aumento no diâmetro e comprimento. Esclarecem, ainda, que a função cardíaca não decai, ocorrendo um estreitamento na parede cardíaca, aumentando a incidência de doenças cardiovasculares, como arritmias, cardiopatias isquêmicas e o aumento da pressão sistólica.

Marchi Netto (2009) destaca que, dentre as conseqüências destas alterações, observa-se o aumento da faobserva-se de ejeção sanguínea; a diminuição do consumo de oxigênio – VO2 máx., a diminuição do débito cardíaco e da freqüência cardíaca máxima, declínio do sistema cardiovascular por volta de 30% entre 30 e 70 anos.

Com relação ao sistema músculo-esquelético, Matsudo; Matsudo e Barros Neto (2000b) descrevem que é entre as idades de 25 e 65 anos onde acontece uma diminuição substancial da massa magra ou massa livre de gordura entre 10 a 16% resultante de perdas na massa óssea, no músculo esquelético e na água corporal total. As principais causas responsáveis por essa perda seletiva da massa muscular são a diminuição, nos níveis do hormônio de crescimento.

Estudos têm demonstrado que a perda da massa muscular e respectivamente da força muscular são a principal responsável pela deterioração na mobilidade e da capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo, comprometendo sua independência (MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2000b; DUARTE et al, 2006). Todavia, os autores ressaltam a importância de se considerar outros fatores, tais como os nutricionais, hormonais, endócrinos e neurológicos, que estão também envolvidos na perda da força muscular que acontece com a idade.

O aparelho respiratório é outro sistema orgânico que, segundo Gorzoni e Russo (2006) pode sofrer alterações anatômicas e funcionais que variam de amplitude, porém são inerentes ao processo normal e natural do envelhecimento. Conforme os autores, as principais alterações deste aparelho, associadas à senescência, são a perda das propriedades da retração elástica do pulmão, enrijecimento da parede torácica e diminuição da potência motora e muscular. As alterações da elasticidade, da complacência e dos volumes pulmonares, que ocorre em virtude das mudanças do tecido conectivo pulmonar, da redução de massa muscular e da acentuação da cifose fisiológica, são consideradas como fatores limitantes na terceira idade, que, usualmente, podem afetar a reserva funcional do idoso.

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(funções biológicas internas), podendo ocorrer no transcorrer da vida dos indivíduos alterações significativas nos aspectos morfofuncional, químico e fisiológico.

As alterações estruturais no sistema nervoso central (SNC) relacionadas à idade podem resultar em decréscimos de várias funções, e há uma contínua perda de neurônios que não são substituídos. Com o passar dos anos, o cérebro diminui de tamanho e passa também a raciocinar menos, existindo ainda uma maior propensão de doenças, como, por exemplo, a demência e a doença de Parkinson. Há ainda a diminuição na velocidade de condução venosa, do fluxo sanguíneo cerebral e do tempo de reação. (TEIXEIRA; PEREIRA, 2008).

Os autores reforçam, ainda, que, com a idade, a capacidade de aprendizagem verbal diminui e ocorre um declínio cognitivo acentuado, porém, natural, contrapondo-se ao mal de Alzheimer, que caracteriza uma situação patológica. Essas perdas estão fortemente ligadas aos hábitos e estimulação deste sistema, uma vez que há indícios de que a memória pode manter sua qualidade se devidamente estimulada.

Referindo-se ao sistema endócrino, Liberman (2006) afirma que a diminuição da reserva funcional dos órgãos, bem como diminuição dos linfócitos e aumento de auto-anticorpos, diminuição das respostas pré e pós-receptores e variação dos valores de referência, são os mais conhecidos efeitos do envelhecimento no sistema endócrino. Estas alterações podem levar ao aumento da incidência de doenças, como diabetes mellitus, a associação de falências de mais de um órgão endócrino, levando à síndrome de falência poliglandular e à apresentação atípica de patologias, tais como o hipertiroidismo e o hipotiroidismo.

Outro sistema também afetado pelo processo de envelhecimento é o sistema imunológico. Veiga (2006) afirma que, com o envelhecimento, há um progressivo declínio na função imune e um subsequente aumento de infecções. A imunidade depende do número de células-filhas que podem ser ativadas e do número de células-filhas que podem ser produzidas por essa ativação no espaço de tempo, entre o período de exposição ao agente agressor e a resolução do processo. Todas essas etapas parecem estar alteradas, havendo perda da função celular e troca na capacidade de resposta aos episódios de ativação, reforça a autora.

Teixeira e Pereira (2008) ressaltam que o sistema imunológico humano decresce em eficiência com a idade, desta forma, aumenta o risco em adultos mais velhos o acometimento de doenças, bem como prolonga o período de recuperação. Somando-se a isso, o sistema imunológico de um indivíduo de maior idade pode, de fato, começar a influenciar órgãos saudáveis e células tissulares como alvos para destruição, como se elas fossem células ruins.

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atividades protetoras do organismo, que perde cerca de 95% de sua massa até os 50 anos de idade do indivíduo.

A redução das capacidades físicas, por sua vez, distancia o idoso da vida social, interferindo nas suas funções cognitivas e sensório-motoras, diretamente responsáveis pela sua adaptação e autonomia à sociedade, demonstrando que os aspectos biológicos, sociais e psicológicos estão interligados, e que o bom funcionamento dos mesmos depende um dos outros (FERREIRA, 2006). Corroborando este pensamento, Alvarenga (2009) afirma que o domínio físico ainda é considerado muito importante na qualidade de vida global do idoso, entretanto não se devem ignorar as alterações psicológicas e sociais, as quais afetam diretamente o estado geral do indivíduo.

Para Silva et al (2005) as alterações no âmbito psicológico acentuam os problemas de saúde e influenciam, diretamente, na auto-estima, nos quadros de depressão, afetando o humor, as habilidades cognitivas (memória, aprendizagem, orientação, concentração, atenção) e a capacidade de resiliência (capacidade de resistir à eventos estressores), influenciando negativamente na qualidade de vida do idoso.

De acordo com Yassuda (2006), uma das funções cognitivas mais importantes do homem é a memória. Esta consiste na capacidade de armazenar informações e conhecimentos de nós mesmos e do mundo que nos cerca. Ela é a base para o desenvolvimento da linguagem, do reconhecimento das pessoas e dos objetos que fazem parte do nosso dia-a-dia.

Segundo a autora, é comum entre pessoas acima de 50 anos a perda significativa da memória, que influencia decisivamente na autonomia e na independência da sua vida cotidiana. Neri (2006) reforça que a manutenção da cognição é um determinante positivo para uma velhice saudável devendo ser constantemente estimulada.

Associado aos déficits cognitivos, como enunciados anteriormente, a depressão, a ansiedade, a solidão, a baixa da auto-estima são aspectos pontuais que colocam em dúvida a saúde do idoso. Guimarães e Caldas (2006) enfatizam que a depressão e os transtornos depressivos são alterações que acometem com bastante freqüência a população, como um todo, destacando-se os idosos, uma vez que, dada a condição de dependência e limitações, há uma tendência do idoso ao isolamento social.

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dentre tantos contatos sociais, selecionar aqueles que garantem as experiências emocionais mais positivas.

Embora na velhice se aprendam regras de como viver bem, o contato social continua ser importante, pois nessa etapa da vida outras pessoas representam uma fonte de segurança, de amor, de sentimento de pertencimento, além de parâmetro para o indivíduo avaliar a adequação de comportamentos, sentimentos e aprendizagens. Isso se deve ao fato de que são os outros que reforçam a idéia que fazemos de nós mesmos quanto à capacidade, valores e competência (ERBOLATO, 2006).

Percebe-se, portanto, que o envelhecimento é um processo que afeta vários domínios do ser humano, gerando doenças que comprometem a qualidade de vida, entendida por Paschoal (2006) como a percepção de bem-estar de uma pessoa perante vida, englobando aspectos ambientais, comportamentais, avaliação da própria vida e a satisfação pessoal.

Esta visão negativa da experiência do envelhecer, associada a doenças e incapacidades, evidencia a visão de decadência associada à velhice, e, contemporaneamente, parece um desafio para idoso gerenciar o envelhecimento biológico, uma vez que a sociedade moderna enfatiza o que é novo, bonito, saudável. Surge então o questionamento: qual a representação do idoso na atualidade?

3.1.2 Envelhecer na contemporaneidade

Na contemporaneidade, o envelhecimento humano passou a ser considerado um importante fenômeno social, devido, sobretudo ao aumento da expectativa de vida da população com à redução da taxa de doenças responsáveis pela mortalidade. Essa questão é fundamental face às repercussões nas diferentes esferas da estrutura social, econômica, política e cultural das sociedades do século XXI, tornando o envelhecer um campo privilegiado de investigação, que vem chamando a atenção de pesquisadores nas mais diversas áreas

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Conforme Uchôa (2003), estudos realizados em sociedades não ocidentais apresentam imagens positivas da velhice, demonstrando que a representação do idoso, ligado à idéia de perda e deterioração, não é universal. À medida que o envelhecimento é documentado em outros povos, constata-se que é um fenômeno bastante influenciado pela cultura. Entretanto, no mundo ocidental, fortemente marcado pelo capitalismo, o envelhecimento ainda aparece associado a doenças e incapacidades, e é na maioria das vezes entendido como um problema médico (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008).

Essa visão negativa acentua-se com a restrição da valorização do ser humano a uma época da vida em que o padrão determinado é o da beleza e da produtividade. Vive-se desta forma, numa sociedade de classe com papéis, funções e status pré-estabelecidos, cuja valorização da figura humana está relacionada à capacidade intelectual e às condições de produtividade. Valoriza-se, sobretudo, o que culturalmente convencionou-se: belo, sadio, forte, eficiente, produtivo. Dessa forma, os idosos vivem um conflito sócio-cultural uma vez que, as qualidades a eles atribuídas se contrapõem ao modelo imposto pela sociedade moderna (MERCADANTE, 2003; FERREIRA; CORRÊA; BANHATO, 2010).

Ao considerar a importância que o “corpo” tem nesse contexto, observar-se-á mais um lócus que reforça a desvalorização do idoso. Silva et al (2009) ressalta que o corpo do idoso é quase invariavelmente associado à doença, invalidez, decrepitude, proximidade da morte, o que o torna distante do ideal de um corpo perfeito.

De acordo com Matsuo et al (2007), a imagem corporal é a maneira como o corpo se apresenta para nós, em outras palavras, é a representação mental que fazemos dele e é o processo avaliativo do autoconceito físico. A percepção que temos de nosso corpo sofre influência dos conceitos e valores da sociedade, e estrutura-se também pelo contato social. Para que a imagem corporal se relacione bem com o corpo é necessário transpor elementos culturais e sociais.

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Nesse sentido, Tulle (2008) enfatiza que a prática da atividade física tem se revestido na busca legítima para as pessoas mais velhas cuidar e valorizar o corpo, melhorar a saúde, nutrir novas redes sociais, renovar propósitos e afetar positivamente a sua identidade.

Desta forma, o idoso de hoje tem a possibilidade de, se consciente, desfrutar de maior prazer, de fazer escolhas e gerenciar o envelhecimento biológico, para recuperar valores sociais (TULLE, 2008). De acordo com Maia (2008), uma nova representação sobre a velhice tem sido incorporada ao cenário contemporâneo, no qual novos estilos de vida estão sendo propostos, culminando na produção de uma nova imagem para a velhice. Esta proposta abre espaço para estratégias de combate à deterioração e decadência do corpo. Um processo que acaba por recodificar a experiência de envelhecer na sociedade contemporânea.

Scharfstein (2006) enfatiza que apesar das intempéries, muitos idosos têm resgatado sua posição no contexto social como sujeitos ativos, participando das universidades abertas para a terceira idade, centros de convivência e espaços sociais que os incentivam a falar, pensar e agir. A atividade física orientada surge como uma das possibilidades de promover ganhos que ajudarão o idoso a gerenciar melhor essa etapa da vida.

Moreira e Nogueira (2008) ressaltam a existência de um movimento para desconstruir a identidade de velhos de outras gerações e reconstruí-la sob a forma de uma velhice autônoma, ativa e bem-sucedida. Com suportes médicos, tecnológicos e mercadológicos, induz-se o surgimento de “uma nova velhice”, vivenciada por homens e mulheres que ganham mais tempo de vida, primam por uma aparência mais jovem, adotam novos valores e revelam comportamentos identificados com o de gerações mais novas. A pressão sócio-cultural atua na negação da velhice tradicional, estimulando aqueles que combatem o envelhecer quer fisicamente, quer psicologicamente ou socialmente. O envelhecer no século XXI torna-se uma experiência profundamente diferente do que foi até aqui. Esse fato propicia que a velhice se torne uma questão de escolha pessoal e de distinção entre os indivíduos que se deixam envelhecer e aqueles que reagem ativamente e rejeitam o envelhecimento.

Streit e Acosta (2011), reforçam que movidos pelo desejo de viver intensamente, muitos idosos tornaram-se mais participantes e reivindicativos, redirecionando a vida e buscando novidades que proporcionam satisfação e os valorizem socialmente, investindo, assim, na mudança de comportamento.

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3.2 BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA PARA O IDOSO

Silva Júnior e Velardi (2008) enfatizam que as questões relativas à saúde, qualidade de vida, bem-estar e longevidade estão surgindo, frequentemente, vinculadas à prática de atividade física durante o envelhecimento, enfatizando a sua importância nesta fase da vida.

Muitas pesquisas científicas têm evidenciado os benefícios que a prática regular de atividade física, incluindo exercícios físicos e mentais, individuais e grupais pode promover, no sentido de prevenir doenças (diabetes, hipertensão, dislipidemias, câncer, doenças cardiovasculares, doenças osteomusculares), melhorar os níveis de aptidão física, diminuir os percentuais de gordura corporal, manter as capacidades funcionais, auxiliar na manutenção dos ossos, músculos e articulações saudáveis, bem como na manutenção da força muscular e do equilíbrio, dando mais mobilidade e reduzindo as quedas. Além de proporcionar maior socialização, promove o bem-estar psicológico e a auto-estima, e outros de ordem subjetiva (MATSUDO et al, 2003; JACOB FILHO, 2006; PIRES; BADIA, 2008; RUSCH et al, 2008; SILVA JÚNIOR; VELARDI, 2008; BANHATO et al, 2009; MARCHI NETTO, 2009).

Com relação aos fatores psicossociais, Rusch et al (2008) enfatizam que a atividade física promove um aumento da auto-estima, amplia a rede de amigos e fomenta um estilo de vida ativo que pode minimizar alguns transtornos psicológicos, como a depressão e a ansiedade, haja vista, que, com a idade, os indivíduos diminuem seus contatos sociais, gerando um estado de solidão e isolamento social. Matsudo; Matsudo e Barros Neto (2000a) e Okuma (2002) também afirmam que atividade física proporciona efeitos psicológicos benéficos a saúde mental do idoso, tais como melhora do autoconceito, auto-estima, imagem corporal, ansiedade, tensão muscular, insônia, diminuição do consumo de medicamentos, melhora das funções cognitivas e da socialização.

De acordo com Banhato et al (2009), a prática de atividades físicas pode melhorar, ainda, o humor, a resistência a doenças, além de evitar e/ou diminuir o estresse. Ressalta ainda, o efeito positivo do exercício nas funções cognitivas, aumentando o tempo de reação e o incremento da memória. Guimarães e Caldas (2006) concordam também que a atividade física está diretamente associada ao bem-estar mental do idoso, tendo em vista favorecer a interação social, melhorar a crença do indivíduo na sua capacidade de desempenho em atividades específicas e proporcionar uma sensação de controle das atividades do meio em que vive.

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sobre si mesmo e o mundo ao seu redor. Acrescentam ainda que a atividade física promove o inter-relacionamento, estabelecendo-se vínculos afetivos entre os pares, a inserção social e, o que é mais importante, leva-o a compartilhar de uma mesma dinâmica grupal com pessoas de idades proporcionais.

Diante dessas evidências, percebe-se que há fortes indícios que apontam para a importância da prática de atividade física para o idoso, por interferir positivamente na saúde, principalmente quando acompanhado de maiores possibilidades de satisfação pessoal e de possibilidades de interação social (JACOB FILHO, 2006).

Neste sentido, Falsarella e Salve (2007) mostram que idosos que praticam algum tipo de atividade física regularmente, passam a incorporá-la como algo prazeroso, fazendo parte do seu cotidiano e não mais como uma atividade alheia à sua vida. Conforme Gáspari e Schwartz (2005), ao contrário do jovem e do adulto, que busca a atividade como forma de cultuar o corpo, o idoso a percebe como uma forma de tratar ou prevenir doenças, além da oportunidade de ampliar as relações sociais, através da vivência grupal.

A literatura tem apontado vários estudos mostrando os fatores que podem influenciar na adesão e a permanência dessa população a programas de atividade física, os quais serão apresentados a seguir.

3.3 MOTIVOS QUE LEVAM O IDOSO A ADESÃO E PERMANÊNCIA EM PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA

Há um consenso na literatura que um estilo de vida ativo que inclua a prática de atividades físicas pode influenciar positivamente em vários aspectos da saúde, nas várias etapas da vida, embora o estilo de vida sedentário ainda se faça presente em grande parcela da população, inclusive de idosos (EIRAS et al, 2010).

O valor atribuído à atividade física, através de informações e imagens a respeito da saúde do corpo e das diversas formas de movimento, tem despertado o interesse por essa prática. No entanto, os motivos que levam os indivíduos a aderir à prática de atividade física e a permanecer nela, variam de pessoa para pessoa e dependem das necessidades e expectativas relacionadas a cada etapa da vida.

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Quando se reporta aos fatores de adesão (ato de dar início) e aderência (manutenção) a prática regular de atividade física por crianças e adolescentes, alguns estudos mostram que os principais motivos são os incentivos dos pais, o bem-estar, o gosto pela atividade, a oportunidade de estar com outros colegas (SILVA et al, 2008; SOUZA; MEZZARDI, 2009).

Outro estudo realizado por Rocha (2008), a respeito da adesão e da continuidade da atividade física por indivíduos com idades entre 18 e 50 anos, demonstra que independente de sexo e idade, o motivo pela procura da prática de atividade física está vinculado à estética, seguido da melhoria do condicionamento pela qualidade de vida.

Em outra pesquisa com mesmo objetivo e com uma amostra composta por adultos com idades compreendidas entre 40 e 60 anos, Santos e Knijnik (2006) enfatizam que nesta fase da vida, que antecede a terceira idade, começam muitos dos declínios fisiológicos, e as pessoas passam a encarar a atividade física como um mecanismo capaz de prevenir ou frear as alterações fisiológicas e as doenças crônico-degenerativas que surgem durante o processo de envelhecimento. Concluíram, pois, que os motivos iniciais de adesão são ordem médica, lazer e qualidade de vida, estética, saúde ou condicionamento físico, e o prazer da prática o motivo que influencia a manutenção desta.

Também Gonçalves; Duarte e Santos (2002), com o objetivo de identificar os motivos que conduzem pessoas de meia-idade a participarem de atividades físicas, apontam que o principal motivo de adesão é a saúde do físico e da mente, e os motivos de continuidade são o bem-estar e a disposição, estando intimamente relacionados às atividades da vida diária e a prevenção para um envelhecimento com autonomia.

Os autores citados reforçam ainda que pessoas acima de 50 anos associam a atividade física à prevenção de doenças, a sustentação de um corpo resistente e mais, melhoria nas relações sociais, em virtude da convivência com outras pessoas durante a prática.

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Estudos comprovam que fatores pessoais (sexo, idade, grau de instrução, renda, estado civil), fatores ambientais ou situacionais (apoio social, participação da família, clima, proximidade do local da prática), fatores comportamentais (saúde e aptidão física percebida, conhecimento e crenças nos benefícios da atividade física, fatores fisiológicos como peso corporal e problemas médicos gerais) e fatores relativos à atividade física (características da atividade física, intensidade da atividade, programas individuais ou em grupo, e características do professor) podem interferir na adesão, como também, na permanência em maior ou menor grau das pessoas a programas de atividade física, contudo deve-se considerar o contexto sócio-cultural no qual estão inseridas (ANDREOTTI; OKUMA, 2003; FREITAS et al., 2007; CARDOSO et al., 2008; PEREIRA; OKUMA, 2009).

Pesquisas evidenciam que os motivos que os levam os idosos a aderir à prática de atividade física estão relacionados à busca da manutenção e/ou melhoria da saúde, indicação médica, a influência de vizinhos e parentes. Como motivos de permanência, a promoção da saúde, as amizades desenvolvidas, o sentimento de pertencimento a um grupo e o sentimento de bem-estar. Outros fatores de permanência considerados importantes são à gratuidade do programa e a boa relação com o professor (ANDREOTTI; OKUMA, 2003; MAZO; CARDOSO; AGUIAR 2006; FREITAS et al, 2007; CARDOSO et al, 2008; PEREIRA; OKUMA, 2009; EIRAS et al, 2010; SOUZA; VENDRUSCOLO, 2010).

Os estudos acima mencionados ressaltam, ainda, o fato da participação de idosos em grupos com pessoas da mesma idade, que têm os mesmos anseios e interesses, fomentando a construção de amizades espontâneas e desinteressadas, além da oportunidade de ocupar o tempo livre, sair de casa e interagir com ambientes diferentes. Esta possibilidade permite ao idoso ampliar seus horizontes, dando um novo sentido à sua vida e assim, abrir novas perspectivas de vida, concluindo que a permanência do idoso em programas de atividade física não se dá apenas pela percepção que ele tem sobre os benefícios à saúde física, mental e emocional, mas também pelas possibilidades que esta prática oferece em termos de desenvolvimento pessoal, socialização e troca de vivências, de informações, além da troca de atenção, carinho e afeto.

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de participação, motivo de adesão, benefícios, da continuidade e freqüência da participação na atividade física) e concepção de envelhecimento (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008; EIRAS; VENDRUSCOLO; SOUZA, 2008; GOMES; ZAZÁ, 2009; EIRAS et al., 2010).

Cabe ressaltar que a literatura aponta estudos comparativos entre homens e mulheres mostrando que as mulheres apresentam resultados mais estáveis do que os homens quanto ao desempenho motor e a fadiga em séries múltiplas de exercícios com peso, que as mulheres aderem mais a prática de atividade física quando o motivo é saúde, como também, mulheres idosas valorizam mais a interação social que a atividade física pode proporcionar do que os homens, sendo um dos indicativos para a adesão a programas de atividade física coletivos (SALVADOR et al, 2005; AZEVEDO JÚNIOR et al, 2006; GALVÃO et al, 2008; BALBINOTTI; CAPOZZOLI, 2008; PEREIRA; OKUMA, 2009; TOMAZ et al, 2010), mas não foram encontrados trabalhos que façam referência a diferenças entre gênero, o que objetiva este estudo, cujo item a seguir tratará de explicar.

3.4 PERFIL PSICOLÓGICO DE GÊNERO

O processo de envelhecimento gera inúmeras mudanças nos mais diferentes aspectos. Todavia, as estruturas psicológicas, tanto de ordem genético-biológica, quanto de ordem sócio-histórica, como é a estrutura da personalidade e do self, mudam pouco na velhice, ou

seja, as funções reguladoras do self são mantidas. Estas são responsáveis pelo alcance, pela

manutenção e restauração do equilíbrio psicológico, como também, proporciona o senso de coerência, continuidade e de desenvolvimento integrado à experiência do próprio ser (NERI, 2008).

O termo self induz a pensar em algo subjetivo, incomensurável, introspectivo. Esta

percepção, por sua vez, remete a idéia de auto-observação, de retorno a si mesmo, na qual o próprio sujeito se observa, avalia e interpreta os inúmeros estímulos a que estão expostos no decorrer da vida. O primeiro conceito de self foi abordado por James (1890), sendo este o

precursor dos estudos empíricos nesta área.

Conforme James em (1890), o self pode ser decomposto em dois importantes aspectos

I self e Me self. O I self é considerado como sujeito, o conhecedor, enquanto o Me self é o

objeto, o conhecido, um agregado de coisas e conceitos que, objetivamente, são considerados como pertinentes ao self. Enquanto conhecedor, o I self é um centro ativo que avalia, associa e

interpreta as experiências e que, além disso, constrói o Me self. O Me self, por sua vez, pode

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A propriedade reflexiva do self permite tanto a auto-avaliação, como a autocriação

induzindo a uma concepção dialógica do mesmo. James em (1890) considera o eu, enquanto sujeito (I self), como propriedade do subjetivo, cabendo ao Me self a propriedade empírica de

avaliação. Compartilhando deste pensamento, Harter em (1996) descreve o Me self como

sendo um conceito análogo e precursor do autoconceito, e afirma que os trabalhos empíricos nesta área vêm estudando a complexidade do mesmo.

Levando em consideração a perspectiva dialógica do self, Epstein (1973, p. 407)

descreve o autoconceito como sendo uma autoteoria que o indivíduo, enquanto sujeito, elabora a respeito de si mesmo. Para o autor, esta autoteoria tem por finalidade: “a) otimizar o equilíbrio prazer/sofrimento durante o curso da vida, b) proteger e conservar a auto-estima e c) organizar as experiências, de tal forma que estas possam vir a ser enfrentadas com eficácia”.

Segundo Harter (1996), esta autoteoria é construída a partir das interações sociais, sendo reflexo das percepções e conjecturas que o indivíduo realiza a respeito da influência que a sua imagem exerce sobre os outros, assim como, do julgamento que os outros fazem sobre o indivíduo, somados a uma espécie de auto-sentimento (orgulho ou vergonha) resultante desta interação social.

Vários estudos referem-se a este tema como sendo algo complexo e dinâmico, uma estrutura multifacetada e maleável, formada por núcleo de conceitos importantes relacionados à identidade, além de uma série de auto-representações que variam quanto à acessibilidade, dependendo do estado afetivo ou motivacional e da condição social na qual se encontra o indivíduo. Assim, o autoconceito é elaborado a partir de um sistema que associa, organiza e coordena a variedade de imagens, esquemas, teorias, conceitos, metas e ideais que possuímos de nós mesmos (MARKUS; NURIUS, 1986; MARKUS; KUNDA, 1986; MARSH; BARNES; RICHARDS, 1986; MARKUS; WURF, 1987; BRACKEN, 1996; SHOWERS; ABRAMSON; HOGAN, 1998 GIAVONI, 2000; GIAVONI; TAMAYO, 2005).

Considerando a necessidade de se compreender as estruturas centrais do autoconceito para a realização dessa pesquisa, a seguir estas serão abordadas de forma mais pormenorizada.

3.4.1 Estruturas centrais do autoconceito

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Segundo Markus; Crane e Bernstein (1982), a teoria do auto-esquema considera o autoconceito como um conjunto de esquemas cognitivos, denominados de auto-esquemas. Estes, por sua vez, são construções que agregam nossas experiências passadas, possibilitando aos indivíduos vivenciar suas próprias experiências sociais e a organizar as inúmeras informações que possuem de si mesmos.

Dentre os auto-esquemas encontram-se aqueles relacionados aos constructos sociais de masculinidade e feminilidade, os quais geram estruturas cognitivas complexas, compostas por uma série de imagens, símbolos, traços, valores, normas, papéis e experiências adquiridas ao longo da vida e que serão utilizadas para compreender e avaliar todo e qualquer estímulo relacionado ao gênero. Estas estruturas maiores e complexas foram denominadas de esquemas de gênero (BEM, 1981, 1982, 1984; MILLS, 1983; MARKUS, 1977).

Desta forma, a vivência de traços, valores, normas e papéis pertinentes à masculinidade e à feminilidade geram o esquema masculino e o esquema feminino, respectivamente. O esquema masculino permite ao indivíduo perceber os estímulos, assimilar, organizar e compreender apenas características parecidas à sua estrutura e rejeitar todo aspecto que não corresponda com este esquema. Processo semelhante acontece com o esquema feminino (GIAVONI; TAMAYO 2003).

O esquema masculino é constituído por características autodescritivas provenientes do conceito de masculinidade, cujos fatores principais são: Egocentricismo (reúne os fatores Agressividade e Indiferença), Racionalidade e Ousadia. O esquema feminino é constituído por características autodescritivas provenientes do conceito de feminilidade, cujos fatores principais são: Integridade (reúne os fatores Tolerância e Responsabilidade), Insegurança, Sensualidade, Emotividade e Sensibilidade. (GIAVONI; TAMAYO, 2000).

Nota-se que os constructos sociais de masculinidade e feminilidade são formados por estruturas multidimensionais - e estes auto-esquemas, quando estimulados, tendem a se agrupar, formando unidades de funcionamento específicas, os esquemas de gênero (GIAVONI; TAMAYO, 2000).

Assim, Markus em (1977) mostrou que pode haver indivíduos portadores, a) do esquema masculino, b) do esquema feminino, c) dos dois esquemas e d) aesquemáticos. Utilizando os grupos tipológicos do Modelo Aditivo (SPENCE; HELMREICH; STAPP, 1975), estes indivíduos foram identificados como Masculino Típico, Feminino Típico, Andrógino e Indiferenciado, respectivamente (GIAVONI, 2000).

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CRANE; BERNSTEIN,1982; MILLS, 1983); b) no engajamento de comportamentos (FRABLE,1989) e c) na percepção do outro/evento (LIPPA, 1997). Estes estudos mostram que os indivíduos tendem a memorizar e atribuir mais rapidamente para si palavras consistentes ao esquema dominante, assim sendo, engajam comportamentos considerados consistentes e evitam os comportamentos considerados inconsistentes. Da mesma forma, percebem os eventos de acordo com a estrutura do esquema dominante.

Em relação aos grupos Andrógino e Indiferenciado, Markus ; Crane e Bernstein em (1982) observaram que os mesmos não apresentavam diferenças significativas quanto ao endosso, a memorização e latência ao julgar itens masculinos e femininos. Entretanto, estes grupos foram rápidos quanto os masculinos típicos ao endossar e memorizar itens masculinos, assim como, foram rápidos quanto os femininos típicos ao endossar e memorizar itens femininos. Estes dois grupos diferenciavam-se, apenas, quanto à confiabilidade de suas respostas, sendo as respostas do grupo andrógino mais consistentes do que aquelas emitidas pelo grupo indiferenciado (GIAVONI, 2000).

Tomando por base a Teoria do Auto-Esquema Giavoni (2000) elaborou o Modelo Interativo, o qual avalia a interação entre os esquemas masculino e feminino do autoconceito. Este modelo prevê que quanto maior for à interação entre os esquemas, menor será a percepção dualista ou dicotomizada dos estímulos, resultando em cognições, afetos e comportamentos diferenciados por parte dos indivíduos.

Para avaliar a interação entre os esquemas de gênero, o modelo pode ser decomposto em três variáveis matemáticas (Ângulo, Distância e Intensidade de Interação) que, psicologicamente, explicam as diferenças perceptivas, cognitivas, afetivas e comportamentais (GIAVONI, 2000; GIAVONI; TAMAYO, 2011).

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esquemas, bem como, os seus sentimentos, afetos, julgamentos e inferências (GIAVONI, 2000; GIAVONI; TAMAYO, 2003, 2005, 2011).

A variável Distância avalia o nível de desenvolvimento dos esquemas de gênero, o que, psicologicamente, se encontra correlacionado à consistência comportamental (MARKUS; CRANE; BERNSTEIN, 1982; BURKE; KRAUT; DWORKIN, 1984; GIAVONI, 2000; GIAVONI; TAMAYO, 2005). E a variável Síntese, resultante do cruzamento das variáveis Ângulo e Distância, está associada a uma maior flexibilidade cognitiva, afetiva e comportamental. Do cruzamento das três variáveis, surge uma série de grupos tipológicos que variam quanto às suas percepções, cognições, afetos, comportamentos e atitudes (GIAVONI, 2000; GIAVONI; TAMAYO, 2011).

Embora, previstas matematicamente e apresentando correspondência com os Modelos do Equilíbrio (BEM, 1974), Aditivo (SPENCE; HELMREICH; STAPP, 1975) e Unidimensional (HEILBRUN; PITMAN, 1979) estudados em psicologia do gênero, as variáveis Ângulo, Distância e Síntese do Modelo Interativo precisam de estudos empíricos que permitam avaliar as suas abrangências, bem como, analisar as diferenças que estas produzem nos grupos tipológicos.

Estudo realizado com mulheres subdivididas em grupos tipológicos do Modelo Interativo revelou que mulheres heteroesquemáticas masculinas difere dos grupos de mulheres isoesquemáticas e heteroesquemáticas femininas em relação à aquisição de força de resistência e força máxima, sendo que as heteroesquemáticas masculinas apresentam maior ganho de força quando comparados aos demais grupos (CUSTÓDIO, 2007). O estudo demonstrou ainda que o grupo heteroesquemático feminino apresenta menor nível de satisfação ao realizar treinamentos de força máxima quando comparados aos demais grupos tipológicos.Isto comprova a relação dos esquemas de gênero com variáveis fisiológicas já que mulheres HM se sentem melhor ao trabalhar com o ganho de força (musculo) que aquelas com perfil heteroesquemáticos feminino. Assim, suas atitudes são compatíveis com seus esquemas de gênero.

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4 - MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa se caracteriza como descritiva, com abordagem quantitativa, de cunho exploratório, através de um corte transversal. Foi desenvolvida em dois Centros de Convivência na cidade de Teresina (PI) os quais desenvolvem programas sociais e incluem a prática de atividades físicas para idosos.

4.2 AMOSTRA

A amostra foi constituída por 200 idosos, com média de idade de 70,73 ± 5,36 anos, todos participantes de atividade física regular e orientada a mais de 1 ano (5,26 ± 4,87anos). Destes, 68% são do sexo feminino, 63% casados e 33% apresentaram como nível de escolaridade de maior predominância o 2º grau. A renda foi igual a 1 a 3 salários mínimos (55,5%) e a ocupação principal destes está relacionada ao cuidado com a casa (22,5%) para as mulheres e a construção civil (20,6%) para os homens.

Para garantir que não haveria nenhum procedimento invasivo e que todos os dados seriam de responsabilidade das pesquisadoras, os sujeitos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa, de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre regulamentação em pesquisas em seres humanos, cuja aprovação foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Católica de Brasília, recebendo parecer favorável para realização do estudo (Parecer 193/2010).

4.2.1 Critérios de inclusão

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4.2.2 Critérios de exclusão

Foram excluídos da pesquisa indivíduos com tempo de prática de atividade física regular inferior a 12 meses.

4.2.3 Instrumentos

Foram utilizados dois instrumentos psicométricos para identificar os esquemas de gênero, o Inventário Feminino de Gênero do Autoconceito – IFEGA, contendo 75 perguntas para as mulheres do tipo (Luto por aquilo que desejo; busco minhas metas com determinação; preocupo-me com minha aparência) e o Inventário Masculino de Gênero do Autoconceito – IMEGA, contendo 71 perguntas para os homens como (Sou do tipo racional; busco prazer em tudo que faço; trato os assuntos com objetividade) . As respostas foram avaliadas pela escala de LIKERT, onde 0= Não se aplica; 1= Aplica-se pouco; 2= Aplica-se moderadamente; 3= Aplica-se muito; 4= Aplica-se totalmente).

Para identificar os fatores que influenciam na adesão e manutenção da atividade física, foi elaborado um instrumento com perguntas abertas e fechadas, no qual se buscou identificar aspectos relativos ao sexo, idade, estado civil, nº de filhos, escolaridade, ocupação principal, aposentadoria, renda, tipo de residência, entre outros, bem como caracterizar o dia-a-dia do sujeito, indagando sobre horas de sono, alimentação, preocupação em ter uma vida saudável.

Perguntas relativas à prática da atividade física, como modalidade, freqüência, intensidade, horário, local, tempo de participação, benefícios e malefícios percebidos, por que começou a prática, razão atual, motivos pessoais e externos, entre outras. Por último, avaliou-se a percepção dos sujeitos em relação ao autoconceito social e emocional através de perguntas fechadas, acerca do grau de contato social e sobre o aspecto emocional, finalizando com atribuição de nota de 0 a 10 para a percepção tanto do autoconceito social quanto emocional.

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E uma Escala de Silhueta Masculina proposta por Sousa e Melo (no prelo), constituída por 11 figuras ilustrativas iniciando por uma imagem muito musculosa (1, 2, 3), em seguida caminha para a imagem eutrófica (4, 5, 6, 7) e finaliza com as imagens de sobrepeso e obesidade respectivamente (8, 9, 10, 11). Ao final, os sujeitos responderam sobre a concepção de envelhecimento.

4.2.4 Procedimentos

Inicialmente, foram escolhidos, aleatoriamente, dois Centros de Convivência na cidade de Teresina (PI), que desenvolvem programas sociais, incluindo a prática de atividades físicas para idosos. Estes foram visitados e concordaram em colaborar com a pesquisa. Posteriormente, foi comunicado aos idosos o objetivo do estudo e todos consentiram em participar assinando um termo de compromisso.

Tanto o IFEGA, IMEGA quanto o questionário foram explicados e preenchidos pela amostra, individualmente, no próprio local, antes de se iniciar a prática. As dúvidas eram esclarecidas à medida que surgiam. A média de duração para a coleta de dados de cada sujeito amostral foi de 30 minutos.

4.2.5 Análise Estatística

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5- RESULTADOS E DISCUSSSÕES

Quanto aos dados sócio-demográficos da amostra, os resultados apontam a idade média de 70,73 ± 5,36 anos, sendo todos participantes de um projeto de atividade física orientada há mais de 1 ano (5,26 ± 4,87), em que 68% são do sexo feminino, 63% casados e 25% viúvos, com nível de escolaridade de maior predominância o 2º grau (33%). A renda foi igual a 1 a 3 salários mínimos (55,5%) e de 4 a 6 salários (37,5%), a ocupação principal durante toda a vida está relacionada ao cuidado com a casa (22,5%) para as mulheres e a construção civil (20,6%) para os homens. Do total da amostra, 95,5% são aposentados.

Prática de Atividade Física Orientada

No que diz respeito à prática de atividade física orientada, as modalidades mais aderidas foram à musculação (40%), hidroginástica (29,5%) e ginástica (19,5%), com tempo médio de prática de 5,26 ± 4,87 anos e 23% com mais de 10 anos de prática. A freqüência semanal predominante é de 3 vezes (68%), em uma intensidade moderada (99,5%) e de forma contínua (100%), sendo o horário da manhã o de maior adesão (87%). Interessante ressaltar que 53,5% da amostra afirmam ter familiares praticantes de atividade física, o que ficou claro ser um importante ponto para adesão a esta.

Os beneficios percebidos estão relacionados ao bem estar físico, mental e social, bem como a diminuição de dores e maior disposição para realização das Atividades da Vida Diária (AVDs). Para estes idosos estão englobados no bem estar geral a melhora da auto-estima, a qualidade do sono, o ser mais ativo, dentre outros fatores. Nenhum dos sujeitos amostrais apontou malefícios percebidos.

Motivos Iniciais

Quando investigado sobre o porquê do início da prática da atividade física, (43,5%) relataram que foi por indicação médica, (15%) para melhorar a saúde e (14,5%) por incentivo familiar.

Motivos Intrínsecos e Externos

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Os motivos externos enfatizados foram fazer novas amizades e ter maior contato social (58,5%) e o ambiente ser agradável e ter uma boa infra-estrutura e as aulas serem motivantes e ter bons professores (40,5%).

Corroborando estes resultados, estudos apontam que as pessoas são impulsionadas a praticar atividade física por diversas razões, mas o principal motivo é a crença nos benefícios que ela pode proporcionar, tanto no aspecto fisiológico quanto psicológico e social. Estes aspectos geram um bem-estar emocional no idoso, constituindo-se num fator importante para motivá-lo a permanecer nos programas de atividade física (ANDREOTTI; OKUMA, 2003; MAZO, CARDOSO; AGUIAR, 2006; FREITAS et al, 2007; CARDOSO et al, 2008; EIRAS et al, 2010).

Souza e Vendruscolo (2010) sugerem que fatores relacionados à prática da atividade física, como os identificados neste estudo, devem ser observados levando em conta o desenvolvimento pessoal, social, troca de experiências, atenção, carinho e afeto, uma vez que, se estes forem contemplados não há porque abandonar a atividade que se está realizando.

Perfil Psicológico de Gênero e Manutenção da Prática da Atividade Física

Como um dos objetivos específicos deste estudo foi avaliar se o perfil psicológico de gênero poderia influenciar na manutenção da prática de atividade física, buscou-se, primeiro reconhecer as características da personalidade e a percepção dos idosos em relação ao do autoconceito social, emocional e físico. Depois, identificar o Perfil Psicológico de Gênero (PPG), para, então, relacioná-lo com o tempo de prática, a escolha da modalidade praticada e a percepção do autoconceito físico relacionado às valências físicas de idosos ativos. Os resultados encontrados estão descritos e discutidos a seguir:

Auto Atribuição de Característica de Personalidade

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Estes resultados corroboram os estudos que evidenciam uma relação positiva entre o nível de atividade física e traços da personalidade, mostrando que indivíduos extrovertidos, isto é, comunicativos, sociáveis, expansíveis, tendem a ser mais ativos (RHODES; SMITH, 2006; KERN; REYNOLDS; FRIEDMAN, 2010).

Avaliação do Autoconceito

Sabendo que o autoconceito está relacionado ao conceito físico, social e emocional que temos de nós mesmos, e que esse tem influência em como nos sentimos e nos relacionamos com os outros (SANTANA, 2003), foram elaboradas questões abertas (notas de 0 a 10) e fechadas, na intenção de investigar qual a percepção dos sujeitos amostrais em relação ao autoconceito geral e se este constructo está bem definido. Os valores encontrados demonstram que idosos que se mantém na prática de atividade física apresentam conceitos altos em relação ao autoconceito físico (8,58±1,55), autoconceito social (9,30±1,07) e o autoconceito emocional (9,08±1,20).

Estes dados corroboram outros estudos (TAMAYO et al, 2001; KUWANO; SILVEIRA, 2002; ROLIM, 2005; AMARAL et al, 2007) mostrando que indivíduos ativos, engajados em programas de atividades físicas sistematizadas tendem a ter uma percepção mais positiva em relação aos aspectos físicos, psicológicos e sociais do que indivíduos sedentários, consequentemente tornam-se mais sociáveis, saudáveis, com mais prazer de viver.

Sabe-se que algumas pesquisas têm apresentado resultados fidedignos relacionados à avaliação da aptidão física com idosos, porém, os instrumentos utilizados nestas investigações têm por finalidade apenas mensurar as valências físicas (MATSUDO et al, 2004; ALVES et al, 2004; BENEDETTI et al, 2007). Este estudo procurou enfatizar a percepção do autoconceito físico pelo idoso, levando em consideração a sua relação com a coordenação motora, agilidade, condição cardiorrespiratória e composição corporal.

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baixa na imagem real e ideal, em que 39 sujeitos (19,5%) apresentaram discrepância que variam de 3-5 silhuetas abaixo do ideal.

Cabe ressaltar que embora a percepção dos sujeitos em relação a cada uma dessas variáveis não corresponda ao real, uma vez que muitos dos idosos apresentavam visivelmente quadros de obesidade, dificuldades respiratórias, estes apontam dados positivos quanto à percepção do autoconceito físico, podendo ser um dos indicativos para sua permanência no programa de atividade física, tendo em vista que, na maioria das vezes, tomamos decisões através das percepções que temos.

Estudos similares enfatizam a relação positiva entre atividade física e a satisfação com a imagem corporal de idosos, identificando-a como fator essencial para o idoso compreender as mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais decorrentes do envelhecimento (OKUMA, 2002; BALESTRA, 2002; FUGULIN et al, 2009).

Os resultados referentes à composição corporal demonstram uma satisfação da amostra com a autoimagem relacionada-a com a atividade física, tendo em vista que está influencia na autopercepção, sendo um elemento importante na reorganização desta imagem (MATSUO et al, 2007).

Para Tamayo et at (2001) os benefícios da atividade física vão além dos efeitos fisiológicos, pois afetam positivamente o psicológico e o social através das modificações, reais ou imaginárias, da aparência do corpo, que com o passar dos anos vão se transformando e gerando insatisfações.

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Identificação do Perfil Psicológico de Gênero

A tabela 1 apresenta a separação dos grupos por perfil psicológico de gênero. Tabela 1 – Grupos Tipológicos de Gênero x sexo

Nota: HF= heteroesquemático ISO= isoesquemático

HM= heteroesquemático masculino

A hipótese inicial deste estudo era de que as mulheres idosas teriam mais características dos perfis isoesquemático e masculino, uma vez em que elas, em sua maioria, ficam viúvas e passariam a assumir tarefas atribuídas socialmente aos homens. Porém, observou-se que as idosas investigadas ainda possuem perfil de mulheres que nunca trabalharam fora de casa e que os maridos assumiam seus papéis na sua totalidade. Sendo assim, a hipótese foi rejeitada, já que a maioria das mulheres investigadas (75,9%) encontra-se no perfil heteroesquemático feminino (HF).

Com relação aos homens, os resultados apontaram que o perfil predominante é o isoesquemático (58,7%) seguido pelo feminino (30,2%) e o masculino (11,1%). Estes resultados demonstram que com o processo de envelhecimento, os idosos tendem a se tornar mais sensíveis, fragilizados, dependentes, o que pode ter levado a maiores características da feminilidade, tornando-os heteroesquemáticos femininos (HF) e isoesquemáticos (ISO).

Perfil Psicológico de Gênero e o Tempo de Prática de Atividade Física

Relacionando o PPG com o tempo de prática de atividade física, os resultados da tabela 2 mostram que independente do perfil psicológico, o tempo de adesão é alto nesta população.

A tabela 2 apresenta a relação entre o perfil psicológico de gênero e o tempo de prática de atividade física

PPG/SEXO HF ISO HM

Homens 30% 59% 11%

Mulheres 76% 20% 4%

(42)

Tabela 2 – PPG e Tempo de Prática de Atividade Física

O perfil psicológico de gênero não exerceu influência (p= 0,49), ressaltando que a manutenção não está vinculada ao perfil de gênero e sim na crença dos benefícios que essa prática pode proporcionar no aspecto biopsicossocial (ANDREOTTI; OKUMA, 2003; MAZO; CARDOSO; AGUIAR, 2006; FREITAS et al, 2007; CARDOSO et al, 2008; EIRAS et al, 2010).

Perfil Psicológico de Gênero e a Modalidade Esportiva

Relacionando o PPG com a opção da modalidade esportiva, observa-se na tabela 3 que existe uma relação direta deste perfil com a modalidade escolhida, já que os dados revelam que indivíduos HM preferem modalidades culturalmente masculinas.

A tabela 3 apresenta a relação do perfil psicológico de gênero com a opção da modalidade esportiva.

Tabela 3 – Relação do PPG com Modalidades Esportivas

PPG FEMININAS

Dança- Hidroginástica-Ginástica

MASCULINA Musculação

HF 67% 33%

ISO 52% 48%

HM 17% 83% TOTAL 58,7% 41,3%

Os dados confirmam que os esquemas de gênero influenciam diretamente as escolhas, dos sujeitos amostrais uma vez que estes funcionam como lentes que filtram as informações, assimilando e priorizando os estímulos pertinentes a estrutura do esquema (GIAVONI; TAMAYO, 2010). As atividades físicas escolhidas são condizentes com os esquemas de gênero, independentes do sexo, em que 67% dos indivíduos HF preferem modalidades que tenham características mais femininas e 83% dos indivíduos HM preferem modalidades com

1 – 3 anos

4 – 6 anos

7 – 9 anos

≥ 10 anos

HF 1% 16% 15% 68%

ISO 1% 12% 8% 79%

Imagem

Tabela 2  –  PPG e Tempo de Prática de Atividade Física
Tabela 4  –  Relação do PPG com Autoconceito das Valências Físicas

Referências

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