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Os ases do passado e as glórias do presente: projeto museográfico

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Academic year: 2023

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES

Os ases do passado e as glórias do presente

Projeto museográfico

Inês Mendes de Abreu Henriques Nunes

Trabalho de Projeto

Mestrado em Museologia e Museografia

Trabalho de Projeto orientada(o) pelo Prof(a). Doutora Alice Nogueira Alves e pelo Prof. Doutor Jorge dos Reis

2023

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2 DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu, Inês Mendes de Abreu Henriques Nunes, declaro que o presente trabalho de projeto de mestrado intitulada “Os Ases do passado e as glórias do presente”, Projeto Museográfico, é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas na bibliografia ou outras listagens de fontes documentais, tal como todas as citações diretas ou indiretas têm devida indicação ao longo do trabalho segundo as normas académicas.

A Candidata

Lisboa, 2 de janeiro de 2023

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Resumo

No âmbito do presente projeto, são desenvolvidas duas propostas de exposições temporárias a serem realizadas em parceria com o Museu Benfica – Cosme Damião, com o objetivo de documentar e contextualizar a história das modalidades de basquetebol e de voleibol, tanto em Portugal como no clube Sport Lisboa e Benfica.

No primeiro capítulo, é realizado um contexto histórico do clube Sport Lisboa e Benfica, desde a sua criação até aos dias de hoje. Também neste capítulo é feita uma introdução ao Museu Benfica – Cosme Damião, apresentando-se a sua história e o seu programa museológico, tendo em consideração os seus conteúdos e áreas.

Em seguida, são apresentadas as duas modalidades, a partir do momento em que surgiram em Portugal, referindo-se as competições nacionais mais importantes e os organismos responsáveis, assim como o trajeto do basquetebol e do voleibol no Sport Lisboa e Benfica. Ainda neste contexto, julgou-se importante mencionar o percurso profissional de Carlos Lisboa e José Jardim, duas personalidades marcantes de cada modalidade.

No terceiro e último capítulo, é desenvolvido o projeto museográfico dedicado às duas modalidades anteriormente mencionadas, dando-se a conhecer os objetos escolhidos para expor, assim como os textos de sala. É também explicado qual o pensamento e o objetivo do projeto, tendo-se em consideração a utilização do mesmo espaço e projeto museográfico para as duas modalidades serem apresentadas em momentos distintos.

Palavras-chave: museu; basquetebol; voleibol; Carlos Lisboa; José Jardim,

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Abstract

In this context project, two temporary exhibition proposals are developed, to be held in partnership with the Benfica Museum - Cosme Damião, in order to document and contextualize the history of basketball and volleyball, both in Portugal and in the Sport Lisboa e Benfica club.

This first chapter presents a historical context of Sport Lisboa e Benfica, from its creation until the present day is made known. Also in this chapter, an introduction is made to the Benfica Museum - Cosme Damião, presenting its history and museological program, considering its contents and areas.

After this introduction, the two sports are presented, from the moment they emerged in Portugal, referring to the most important national competitions and the responsible bodies, as well as the course of basketball and volleyball in Sport Lisboa e Benfica. Also in this context, it was considered important to mention the professional career of Carlos Lisboa and José Jardim, two outstanding personalities of each sport.

In the third and final chapter, the museographic project dedicated to the two aforementioned sports is developed, considering the objects chosen to the exhibitions, as well as the room texts. It is also explained the thought and objective of the project,taking into account the use of the same space and museographic project for the two sports to be presented at different times.

Keywords: museum; basketball; volleyball; Carlos Lisboa; José Jardim.

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Agradecimentos

Ao longo do tempo foram várias as pessoas sem as quais não teria chegado onde cheguei.

De todos guardo especial carinho e memória por nunca terem deixado que desistisse, e a eles deixo um especial agradecimento.

Aos meus orientadores, a Professora Alice Nogueira Alves e o Professor Jorge dos Reis.

Obrigada por terem tornado realidade este projeto, que nasceu apenas da minha paixão pelo Benfica.

À Maria, obrigada por teres estado presente em todas as etapas deste trabalho e por teres aturado também todas as minhas oscilações de humor, porque sem ti toda esta experiência não tinha sido a mesma.

À Kikas, a minha irmã, só posso dizer que és a minha pessoa favorita. Obrigada por seres sempre quem acredita nas minhas capacidades e a minha fã número um em qualquer que seja circunstância.

Aos meus pais, obrigada por me fazerem gostar do Benfica e por serem o meu maior apoio e porto seguro. Para além de sempre me terem ajudado a suportar todos os custos económicos, se não fossem vocês a lutar comigo e a não me deixarem desistir quando o fim parecia o certo e o mais fácil, eu nunca tinha chegado até e nunca tinha sido capaz de saber enfrentar e lidar com as minhas ansiedades. Vocês são as minhas pessoas preferidas no mundo inteiro. Um obrigado nunca será suficiente por tudo o que fizeram por mim, mas um carinho especial por sempre acreditarem e por serem o meu maior apoio. A dissertação foi um feito meu, mas não existiria sem vocês. Espero ter-vos deixado orgulhosos. Adoro-vos.

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6 Índice

Introdução ... 12

1. O Museu Benfica – Cosme Damião ... 15

1.1 Os museus de desporto em Portugal ... 15

1.2. O Sport Lisboa e Benfica ... 16

1.3. O museu e a criação do seu projeto ... 17

1.4. A exposição permanente: caracterização e particularidades ... 19

2. As modalidades em Portugal e no Sport Lisboa e Benfica... 32

2.1. O início do basquetebol em Portugal ... 32

2.1.1. A Federação Portuguesa de Basquetebol ... 33

2.1.2. Competições Nacionais ... 34

2.2. O basquetebol no Sport Lisboa e Benfica ... 35

2.2.1. A figura de Carlos Lisboa ... 36

2.3. O surgimento do voleibol em Portugal ... 37

2.3.1. A Federação Portuguesa de Voleibol ... 37

2.3.2. Competições nacionais e internacionais ... 38

2.3.3. Presenças internacionais ... 39

2.4. O voleibol no Sport Lisboa e Benfica ... 40

2.4.1. A figura de José Jardim ... 41

3. “Os Ases do passado e as glórias do presente” ... 43

3.1. O Projeto Museográfico ... 45

3.2. Secção 1 – As modalidades em Portugal ... 46

3.2.1. Elementos expositivos da Exposição de Basquetebol ... 46

3.2.2. Elementos expositivos da Exposição de Voleibol... 49

3.3. Secção 2 – As modalidades no Sport Lisboa e Benfica ... 52

3.3.1. Elementos expositivos da Exposição de Basquetebol ... 52

3.2.2. Elementos expositivos da Exposição de Voleibol... 57

3.3. Secção 3 – As personalidades ... 61

3.3.1. Elementos expositivos da Exposição de Basquetebol ... 61

3.3.2. Elementos expositivos da exposição de voleibol ... 66

3.4. Secção 4 – Espaço educativo ... 69

3.4.1 O serviço educativo ... 69

Conclusão ... 71

Fontes e Bibliografia ... 73

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7 ÍNDICE DE FICURAS

Figura 1 – Museu Benfica – Cosme Damião (fotografia tirada pela própria). ... 208

Figura 2 – Estrutura de vidro, que passa pelos três pisos do museu, e é composta pelas várias taças das modalidades do Sport Lisboa e Benfica (SLBenfica, (s.d.f)). ... 239

Figura 3 – Área 1 “Ontem e Hoje” (fotografia tirada pela própria). ... 20

Figura 4 – Área 1 “Ontem e Hoje” (fotografia tirada pela própria). ... 23

Figura 5 – Área 2 “Ídolos de Sempre” (fotografia tirada pela própria).Erro! Marcador não definido. Figura 6 – Área 10 “Tributo ao Mestre” e Área 11 “Semear a Tradição” (fotografia tirada pela própria). ... 21

Figura 7 – Área 12 “Honrar o país” (SLBenfica, (s.d.f)). ... 22

Figura 8 – Área 14 “Lisboa e Benfica” (SLBenfica, (s.d.f)). ... 22

Figura 9 – Área 14 “Lisboa e Benfica” (SLBenfica, (s.d.f)). ... 22

Figura 10 – Área 15 “Caminho do Tempo” (fotografia tirada pela própria). ... 23

Figura 11 – Área 15 “Caminho do Tempo” (fotografia tirada pela própria). ... 23

Figura 12 – Área 16 “Outros Voos” (fotografia tirada pela própria).. ... 24

Figura 13 – Área 18 “E Pluribus Unum” (fotografia tirada pela própria). ... 25

Figura 14 – Exemplo do uso de tecnologia presente na Área 3 “Orgulho Eclético” (fotografia tirada pela própria). ... 26

Figura 15 – Exemplo do uso de tecnologia na utilização de códigos QR para aceder a informação sobre qualquer área do museu (fotografia tirada pela própria). ... 26

Figura 16 – Exemplo do uso de tecnologia na utilização de ecrãs táteis (fotografia tirada pela própria). ... 27

Figura 17 – Exemplo do uso de tecnologia na utilização de ecrãs táteis (fotografia tirada pela própria). ... 27

Figura 18 – Espaço dedicado ao serviço educativo na Área 29 “O Voo da Águia” (fotografia tirada pela própria). ... 30

Figura 19 – Espaço dedicado ao serviço educativo na Área 29 “O Voo da Águia” (fotografia tirada pela própria). ... 30

Figura 20 – Símbolo oficial da Federação Portuguesa de Basquetebol (Federação Portuguesa de Basquetebol, (s.d.)). ... 33

Figura 21 – Jogo disputado na época de 1984/85 © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 557

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Figura 22 – Jogo disputado na época de 1984/85 © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB ... 56 Figura 23 – Jogo disputado na época de 1984/85.© Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 56 Figura 24 – Jogo disputado na época de 1985/86.© Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 56 Figura 25 – Jogo disputado na época de 1980/81.© Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 58 Figura 26 – Jogo disputado na época de 1980/81.© Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 58 Figura 27 – Jogo disputado na época de 1981/82.© Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 50 Figura 28 – Jogo disputado na época de 1981/82. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 50 Figura 29 – Jogo disputado na época de 1981/82. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 50 Figura 30 – Jogo disputado na época de 1983/84. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB.. ... 60 Figura 31 – Jogo disputado com o Futebol Clube do Porto na época de 2018/19. No decorrer desta época foram disputados dois jogos na Luz, a 03 de novembro o Sport Lisboa e Benfica venceu por 93-88. No jogo de 07/ de abril foi o Futebol Clube do Porto quem saiu vitorioso, pelos parciais de 79-84. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 60 Figura 32 – Jogo disputado a 10 de outubro, com o clube Dínamo Sassari na época de 2018/19, a contar para a 2.ª eliminatória da FIBA Europe Cup. O Sport Lisboa e Benfica perdeu por 92-111, sendo então eliminado da competição. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 60 Figura 33 – Jogo disputado a 19 de outubro, com o clube União Desportiva Oliveirense na época de 2019/20, a contar para o campeonato nacional. O Sport Lisboa e Benfica venceu por 77-67. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 61 Figura 34 – Jogo disputado a 7 de janeiro com o clube Bakken Bears na época de 2019/20, a contar para a 2.ª fase de grupos da FIBA Europe Cup. O Sport Lisboa e Benfica saiu vitorioso, com os parciais de 90-79. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 63

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Figura 35 – Jogo disputado a 7 de novembro, com o Futebol Clube do Porto na época de 2020/21. O clube da Luz saiu derrotado com os parciais de 79-88. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 63 Figura 36 – Plantel principal do Sport Lisboa e Benfica da época de 2020/21. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 63 Figura 37 – Taça de vencedor da competição de Taça de Portugal da época de 2016/17.

© Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. ... 64 Figura 38 – Taça de vencedor da competição de Campeonato Nacional da época de 2016/17. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. .... 64 Figura 39 – Taça de vencedor da competição de Taça de Portugal da época de 2012/13.

© Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. ... 64 Figura 40 – Plantel do SLB na época de 2007/08. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 65 Figura 41 – Jogo, a contar para a 11.ª jornada do campeonato nacional. Foi disputado com o clube Castêlo da Maia Ginásio Clube na época de 2012/13, saindo o clube da Luz vitorioso, com um parcial de 3-0. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 65 Figura 42 – Jogo disputado com o clube Associação de Jovens da Fonte de Bastardo na época de 2014/15. No decorrer da época o clube da luz disputou dois jogos com a equipa dos Açores. A 15 de janeiro, num jogo a contar para competição europeia Taça Challenge CEV, vence por 3-2, mas a 24 de janeiro, o Sport Lisboa e Benfica acaba por sair derrotado na jornada do campeonato nacional, com os parciais de 0-3. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 65 Figura 43 – Plantel do SLB após a conquista da Supertaça de Voleibol na época de 2015/16. O jogo foi disputado a 3 de outubro com a equipa do Sporting de Espinho, e o clube da Luz venceu com os parciais de 3-0. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 66 Figura 44 – Jogo disputado a 22 de janeiro com o clube Sporting Clube de Portugal na época de 2019/20. O clube da Luz saiu vitorioso com os parciais de 3-0 na jornada a contar para o campeonato nacional. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 67 Figura 45 – Jogo disputado a 10 de outubro com o Clube Kairos na época de 2020/21. O Sport Lisboa e Benfica venceu pelos parciais de 3-0. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 67

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Figura 46 – Taça de vencedor da competição de Campeonato Nacional da época de 2012/13. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. .... 68 Figura 47 – Taça de vencedor da competição de Campeonato Nacional da época de 2013/14. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. .... 68 Figura 48 – Taça de vencedor da competição da Supertaça da época de 2010/11. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. ... 68 Figura 49 – Carlos Lisboa a disputar um jogo na época de 1991/92. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 61 Figura 50 – Carlos Lisboa a realizar um lance livre num jogo na época de 1991/92. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ... 61 Figura 51 – Equipa de Carlos Lisboa na época de 1992/93. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ……… 62 Figura 52 – Carlos Lisboa a segurar o troféu da conquista do Campeonato Nacional da época de 1992/93. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ….. 62 Figura 53 – Carlos Lisboa a disputar um jogo na época de 1992/93. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ……….. 62 Figura 54 – Carlos Lisboa a celebrar a conquista do 23.º Campeonato Nacional, contra o Futebol Clube do Porto, enquanto treinador, na época de 2011/12. © Arquivo do Centro de Documentação e Informação do SLB. ……… 63 Figura 55 – Taça de vencedor da competição do Campeonato Nacional da época de 1991/92. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. … 63 Figura 56 – Taça de vencedor da competição da Taça de Portugal da época de 1992/93.

© Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. ………….. 63 Figura 57 – Taça de vencedor da competição da Supertaça da época de 2011/12. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. ……… 64 Figura 58 – Taça de vencedor da competição do Campeonato Nacional da época de 2011/12. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. … 64 Figura 59 – José Jardim no treino de voleibol. (Jornal Record (s.d.)). ………... 65 Figura 60 – José Jardim, durante uma pausa técnica num jogo. (Jornal OJogo (s.d.)). .. 66

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Figura 61 – José Jardim (SLBenfica (s.d.)). ……… 66 Figura 62 – Taça de vencedor da competição de Campeonato Nacional da época de 1990/91. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. …. 66 Figura 63 – Taça de vencedor da competição da Taça de Portugal da época de 1991/92.

© Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. ……… 67 Figura 64 – Taça de vencedor da competição da Supertaça da Federação Portuguesa de Voleibol da época de 2012/13. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. ……… 67 Figura 65 – Taça de vencedor da competição de Campeonato Nacional da época de 2016/17. © Acervo do departamento de Reserva, Conservação e Restauro do SLB. …. 67

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Introdução

O presente relatório de projeto de mestrado tem o objetivo de propor um ciclo de exposições, cujos temas são duas modalidades de desporto existentes no Sport Lisboa e Benfica: o basquetebol e o voleibol. Esta proposta, designada por “Os Ases do Passado e as Glórias do Presente”, foi desenvolvida com a intenção de ser criada uma parceria com o Museu Benfica – Cosme Damião. Tendo em conta o tipo de museu e a coleção que tem exposta, maioritariamente direcionada para o futebol, achou-se importante explorar a história dessas modalidades no clube e, ao mesmo tempo, dar a conhecer algumas das personalidades mais marcantes do desporto português nas últimas décadas.

Esta proposta foi desenvolvida com uma tipologia e volumetria geral, de forma a ser criado um ciclo de exposições temporárias no mesmo local, onde apenas é necessário mudar a temática específica e os objetos expostos, ou seja, o conteúdo. As secções e as linhas de pensamento mantêm-se e podem vir a ser ampliadas para outras modalidades.

O que torna este projeto peculiar, e até mesmo inovador, é a sua componente museográfica, que se mantem qualquer que seja o tema da exposição, fazendo com que seja apenas necessário alterar o conteúdo de cada exposição.

Toda a informação recolhida, e posteriormente tratada, foi estruturada ao longo de três capítulos. Inicialmente foi contextualizada a história do Sport Lisboa e Benfica, com o começo na criação do clube no ano de 1904 até aos dias de hoje. Também neste primeiro capítulo, foi consolidada a criação do Museu Benfica – Cosme Damião, fazendo-se um enquadramento do percurso e das áreas do museu, que criam uma ligação entre a mensagem transmitida em cada espaço e a própria coleção permanente. Foram também escolhidas algumas imagens para complementar a informação trabalhada, tanto no que diz respeito à história do Sport Lisboa e Benfica, como à história do museu e de todas as suas áreas. Para a elaboração deste capítulo foi essencial o trabalho de Raquel Cristiana Vidigal Ferreira de Oliveira cuja dissertação de mestrado, Oferta Educativa em Museus de Desporto e de Clube. O Museu Benfica – Cosme Damião (2015), apresenta um conteúdo e informação imensamente completo e ainda bastante atualizado.

No que diz respeito ao segundo capítulo, foi realizado um contexto da narrativa das modalidades de basquetebol e voleibol em Portugal e no Sport Lisboa e Benfica.

Considerou-se importante fazer uma referência ao contexto histórico destas modalidades, de modo a reforçar e tornar mais completo o projeto apresentado no último capítulo.

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Foram também incluídas as biografias de Carlos Lisboa, antigo jogador e treinador de basquetebol; e de José Jardim, antigo jogador e treinador de voleibol. Os elementos biográficos que são apresentados foram reunidos tendo em conta a informação e os dados cedidos pelo Centro de Documentação e Informação do SLB, que forneceram também dados estatísticos das épocas de ambas as personalidades, enquanto jogadores e treinadores. Para este segundo capítulo, foram muito importantes as dissertações de mestrado de Ângela Arroja (2012), de Celina Gonçalves (2005) e de Tiago Lacerda (2015), uma vez que são trabalhos cuja informação é essencial e se encontra também muito bem aprofundada.

O último capítulo é dedicado ao projeto do ciclo expositivo. Inicialmente é feita uma breve explicação do tipo de exposições que se apresenta, e o modelo que se pretende seguir no futuro, justificando-se os seus objetivos e mensagens. Em seguida, reflete-se sobre o Museu Benfica – Cosme Damião, a sua coleção e a forma como está exposta.

Este museu foi escolhido como modelo, pois considerou-se que é um dos melhores exemplos de como um museu pode permitir que os seus visitantes aprendam sobre o desporto e, ao mesmo tempo, sobre a sua história. Para uma melhor compreensão das propostas, é explicado cada espaço e os elementos expositivos a incluir. Foi também proposto um percurso a seguir entre cada espaço, e algumas atividades educativas que poderiam ser propostas para a última área desta exposição.

No que diz respeito à escolha dos objetos museológicos, foi tida em consideração a coleção permanente do Museu Benfica – Cosme Damião, o tipo de objetos expostos e a forma como cada um é apresentado para que seja possível contar a sua história. Também neste capítulo, e com o intuito de tornar o projeto mais completo, são incluídos alguns textos de sala, que se apresentam de forma destacada.

Para ser possível chegar ao resultado final aqui apresentado, foi necessário realizar um estudo aprofundado da bibliografia existente sobre o tema da exposição. Para além dos já referidos, entre vários trabalhos académicos, é importante referenciar as dissertações de mestrado de Diana Fragoso (2018), de Mariana Gomes (2020), de Celina Gonçalves (2005), de Raquel Oliveira (2015) e de Helga Costa (2015), que foram as principais fontes de conhecimento utilizadas para reunir informação e o contexto histórico das modalidades escolhidas. Graças ao Centro de Documentação e Informação e à Reserva, Conservação e Restauro do departamento de Património Cultural do Sport Lisboa e Benfica (SLB), foi

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também possível obter uma vasta documentação sobre a narrativa das modalidades no clube, dados e estatísticas de personalidades célebres, e aceder a um vasto número de objetos museológicos extremamente importantes para a construção de todo este projeto.

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1. O Museu Benfica – Cosme Damião

1.1. Os museus de desporto em Portugal

No mundo dos museus desportivos, é importante entender o que os caracteriza, tendo em conta a sua contextualização histórica e a sua evolução ao longo do tempo até aos dias de hoje.

O desenvolvimento deste tipo de museus teve início com as coleções dos próprios clubes, mas ainda assim o “verdadeiro reconhecimento do desporto como património digno de ser mostrado ao público num museu verifica-se mesmo só a partir da década de 1970 e, principalmente, nos últimos vinte anos” (Santos, 2011, p. 44).

É correto dizer que o desenvolvimento dos museus de desporto está marcado por dois períodos, tendo-se iniciado o primeiro no final do século XIX seguindo até ao final da década de 1960. O segundo teve o seu início em 1970 e decorre até aos dias de hoje, sendo neste segundo intervalo que se começou a fazer notar um maior número de novos museus desportivos (Santos, 2011).

É também importante distinguir e categorizar o que são os museus de desporto, que podem variar em grupos distintos, podendo ser museus nacionais, museus de clubes, de uma competição concreta, de uma só modalidade ou dedicado a um atleta. Seja qual for o tipo de museu, as suas coleções tendem sempre a abranger o património material e imaterial. No que diz respeito ao património material, é sempre variado, sendo na sua maioria constituído por troféus, medalhas, documentos e fotografias (Pereira, 2019).

Estes objetos museológicos materializam no museu o património imaterial, pois acabam por mostrar os valores do desporto – sejam eles a sua História, as próprias emoções e memórias, e até mesmo as tradições ou os rituais anteriores a cada jogo. Os objetos conectam-se com uma memória de algo "imaterial": uma vitória, um recorde, um campeão, um clube, uma grande competição, a evolução dos materiais, ou até mesmo as próprias claques e cânticos do clube (Santos, 2011).

O artigo “O futebol na construção das representações identitárias nos museus”, publicado em 2017 por Lúcia Alegrias, é bastante pertinente no que diz respeito à forma como o desporto e os museus se devem relacionar, de modo a ser possível entender como um museu desportivo tem capacidade para preservar e entender todo o seu património e, ao

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mesmo tempo, entender como o adepto ou o visitante interpretam a história e a identidade do clube, usando a sua memória como auxílio (Alegrias, 2017).

Atualmente, é correto dizer-se que o novo modo de observar os museus tem em consideração que estes são espaços que permitem a “transformação de ideias, de indivíduos e conceitos da sociedade. Como uma instituição que funcione para o diálogo intercultural” (Alegrias, 2017, p.147).

1.2. O Sport Lisboa e Benfica

No dia 28 fevereiro do ano de 1904, foi criado o clube Sport Lisboa numa reunião realizada na Farmácia Franco em Belém, contando com 24 elementos, entre os quais foram eleitos como presidente, secretário e tesoureiro: José Rosa Rodrigues, Daniel Brito e Manuel Gourlade, respetivamente. Após a sua criação, o Sport Lisboa dedicou-se apenas à modalidade de futebol nos tempos iniciais. Dois anos mais tarde surgiu um segundo clube, o Grupo Sport Benfica, no qual se incluíram outras modalidades, como ciclismo e o atletismo. Foi apenas no ano de 1908 que os dois clubes tomaram a decisão de se unirem surgindo o clube que atualmente é uma das maiores referências mundiais, o Sport Lisboa e Benfica (Oliveira, 2015).

Nos dias de hoje, além de ter reconhecimento em todos os cantos do mundo, é também uma verdadeira referência nacional, sendo representado em mais de 30 modalidades de desporto feminino e masculino, com variadas conquistas marcantes ao longo dos anos.

Ainda assim, o futebol é o elo mais comum de associação ao clube, pois foi uma das modalidades responsáveis por grandes e variados méritos alcançados, entre eles a conquista de uma Taça Latina, na época de 1949/50, duas Taças dos Clubes Campeões Europeus, em 1961 e 1962, 37 Campeonatos Nacionais, 26 Taças de Portugal, 8 Supertaças Cândido de Oliveira e 7 Taças da Liga. Nas épocas de 2012/13 e 2013/14, conseguiu ainda o grande feito de chegar à final da Liga Europa.

O Sport Lisboa e Benfica é também conhecido pela intensidade e pelo grande número de adeptos, que se pode ver através das inúmeras casas e delegações que existem por todos os continentes. No ano de 2006, chegou mesmo a conquistar o prémio de associação de desporto com o maior número de sócios ativos (com as quotas todas em dia), do Guinness World Record.

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Um dos acontecimentos que mais marcou a história deste clube acabou por ser a intensa procura de um campo de futebol de propriedade própria. No entanto, e apesar de haver um historial de sete campos pelos quais o clube passou (tanto devido à falta de condições dos relvados e instalações, como também devido à incapacidade financeira), nos dias de hoje, o Sport Lisboa e Benfica conta com os seus próprios campos e infraestruturas, que foram inaugurados no ano de 2003 e fazem parte do mundialmente conhecido Estádio da Luz. Este estádio contém uma capacidade para cerca de 65 000 espectadores e conta ainda com dois pavilhões desportivos e um complexo de piscinas, um local dedicado aos negócios da marca do Benfica e o Museu Benfica e Cosme Damião. Todas estas instalações se localizam na proximidade do estádio (SLBenfica, (s.d.a)).

1.3.O museu e a criação do seu projeto

Desde o seu ano de fundação, o Sport Lisboa e Benfica tem vindo a juntar um grande número de objetos e bens com valor patrimonial, seja por conquistas de competições nas variadas modalidades, ou por presentes oferecidos por outros clubes (galhardetes e outros), ou até por doações de sócios e de antigos jogadores (camisolas, bolas, etc.). Face ao vasto acervo que se foi constituindo ao longo dos anos, o clube acabou por reconhecer a necessidade de preservar o seu património, considerado como uma representação de como se define a própria identidade do Sport Lisboa e Benfica. Neste contexto, o projeto do museu surgiu de forma natural e espectável (Costa, 2015).

Antes da criação e abertura deste museu, já existia um espaço dedicado à apresentação dos troféus do Benfica desde 1927, que inicialmente se localizou na primeira sala dedicada à secretaria do clube. Essa mesma sala foi sofrendo várias transferências até chegar aos anos 1980.

Essa década foi marcada por várias remodelações nas infraestruturas do clube, o que acabou por levar ao encerramento do espaço dedicado às taças. No entanto, estas reformas acabaram por permitir que finalmente existisse um espaço próprio dedicado a este acervo no primeiro estádio do Sport Lisboa e Benfica. Foi ainda no ano de 1989, nas comemorações do 85.º aniversário do clube, que surgiu a exposição “Benfica – 85 Anos de História”, que marcou a inauguração do que pode ser considerado como um “pré- museu”.

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Esse projeto de museu não teve uma duração longa, acabando por cair em esquecimento ao ser eleita a nova presidência, que demoliu o edifício escolhido anteriormente para o acolher.

O novo e atual Estádio da Luz foi fundamental na história do Museu Benfica – Cosme Damião, uma vez que, após a sua inauguração no ano de 2003, tornou possível encontrar uma casa definitiva para todo o acervo do clube. Este novo espaço permitiu que fossem desenvolvidas algumas exposições entre 2005 e 2010, com o intuito de dar a conhecer uma parte do acervo.

Entre os anos de 2009 e 2010, o antigo presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira, tomou a decisão de criar um museu. Para isso ser possível, foi necessário criar o departamento de Património Cultural, cujas funções passavam por preservar e dar a conhecer o acervo cultural, através da conservação, investigação e restauro dos bens pertencentes ao património do clube.

Atualmente, o departamento de Património Cultural é constituído por três divisões, tendo como objetivo trabalhar em função do acervo e auxiliar a melhorar o museu e a sua exposição. Os seus três departamentos são o Serviço de Mediação e Educação (SME), que diz respeito ao museu e as todas as suas premissas; o Centro de Documentação e Informação (CDI), cujas funções estão focadas nos serviços de recolher, atualizar e criar todos os conteúdos que se encontrem relacionados com o Sport Lisboa e Benfica (tais como a investigação da história dos troféus e objetos do acervo, ou a recolha de documentos e dados estatísticos do clube); e Reserva, Conservação e Restauro (RCR), que é o responsável por inventariar, conservar e restaurar todos os objetos pertencentes ao acervo do clube, ao mesmo tempo que garante o acondicionamento correto de todas as peças (Costa, 2015). A criação da secção de Reserva, Conservação e Restauro foi um passo bastante importante e indispensável, uma vez que o acervo do clube se encontrava em condições desapropriadas e apresentava ainda profundas lacunas no que dizia respeito aos seus registos e inventários.

A 26 de julho de 2013, O Museu Benfica – Cosme Damião foi inaugurado, contando com as presenças dos então presidentes do Sport Lisboa e Benfica, o referido Luís Filipe Vieira, e da Câmara Municipal de Lisboa, e atual primeiro-ministro, António Costa. É constituído por três andares e um total de 29 áreas temáticas.

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Tal como o nome indica, o museu faz referência e presta também homenagem a Cosme Damião (1885-1947), que foi uma das personalidades mais marcantes e importantes na história do Sport Lisboa e Benfica. Além de ter sido um dos fundadores do clube, também foi jogador, capitão e treinador de equipa durante dez épocas consecutivas, chegando Ainda a ser um dos seus dirigentes. Apesar de nunca ter aceitado ser presidente do clube, foi um líder essencial após a crise de 1907, quando a associação Sport Lisboa perdeu cerca de oito jogadores para o eterno rival Sporting Clube de Portugal. Face a essa crise, foi Cosme Damião quem teve a ideia de juntar o clube Sport Lisboa com o Grupo Sport Benfica, com o intuito de reduzir os danos causados.

Apenas um ano depois da sua inauguração, o Museu Benfica – Cosme Damião venceu o prémio “Museu Português do Ano”, atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM). Esta vitória foi importante, pois resultou numa maior visibilidade e no reconhecimento dos profissionais da área e do público.

Figura 1 – Museu Benfica – Cosme Damião © Inês Nunes..

1.4.A exposição permanente: caracterização e particularidades

O lema principal do Museu Benfica – Cosme Damião é “O Passado inspira o Futuro”, sendo percetível ao longo das suas salas que existe claramente a preocupação de manter o acervo que se encontra exposto sempre o mais atualizado possível. Esta particularidade vai sendo comprovada com a entrada frequente das novas taças conquistadas pelo Sport Lisboa e Benfica (um dos locais principais onde se encontram expostas é na estrutura de vidro que passa pelos três pisos do museu) e também pela atualização que é realizada sobre os dados e estatísticas desportivos. Toda a exposição é organizada e preparada de forma que o visitante possa aprender a história e a evolução do clube, tal como as suas

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conquistas e derrotas, sejam elas no futebol ou em qualquer outra modalidade, tanto as já extintas, como as que ainda se encontram em atividade (Costa, 2015).

Figura 2 – Estrutura de vidro, que passa pelos três pisos do museu, e é composta pelas várias taças das modalidades do Sport Lisboa e Benfica (SLBenfica, (s.d.f)).

A exposição permanente do Museu Benfica – Cosme Damião apresenta cerca de 900 objetos museológicos variados; que vão sendo escolhidos tendo em conta a importância para a história do clube e das modalidades, mas também pelo seu valor estético. No caso dos troféus, é importante perceber que um dos principais critérios de relevância é o facto de representarem a vitória relacionada com a conquista dessa taça. No entanto, existem visitantes que também se deixam impressionar pela qualidade formal do objeto e todo o seu trabalho manual, ou seja, a sua apreciação dos troféus vai para além do seu simbolismo desportivo.

A exposição encontra-se organizada de forma a possibilitar aos visitantes a liberdade de explorarem as suas 29 áreas temáticas, cada uma devidamente identificada com colunas de cor vermelha e com o número e nome dado à área temática, acompanhados por um pequeno texto introdutivo à área. Face ao tempo de pandemia, essa liberdade de gerir a visita foi ligeiramente alterada ao terem sido adicionadas setas no chão para indicar um possível caminho a seguir, que tem o intuito de evitar um aglomerado de visitantes e para se poder manter a distância de segurança.

Na primeira área temática da exposição, “Ontem e Hoje”, é possível perceber-se que o referido lema “O passado inspira o futuro”, se encontra inserido na própria identidade do museu. Esta área permite ao visitante visualizar e compreender o Sport Lisboa e Benfica dos dias de ontem e o dos de hoje. Dá a conhecer o caminho percorrido pelo clube local ao longo de mais de um século, a sua luta e como alcançou um poderio desportivo nacional e internacional impossível de negar.

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Figura 3 – Área 1 “Ontem e Hoje” © Inês Nunes..

Figura 4 – Área 1 “Ontem e Hoje” © Inês Nunes.

As áreas da exposição 2, 3 e 4, “Ídolos de Sempre”; “Orgulho Eclético”; “Momentos Únicos”, respetivamente, são dedicadas às modalidades do clube, às suas vitórias e conquistas, bem como às grandes personalidades que as marcaram.

Figura 5 – Área 2 “Ídolos de Sempre” © Inês Nunes.

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No entanto, apesar de ao longo do tempo as modalidades se terem tornado ainda mais impactantes e conquistarem cada vez mais títulos nacionais e internacionais (como acontece, por exemplo, com o basquetebol, o voleibol, o futsal ou o hóquei em patins), as vitórias conseguidas pelo futebol são as que acabam por suscitar o maior interesse para a maioria dos visitantes do museu, sendo as outras um pouco secundarizadas.

Esta predominância explica-se por o Sport Lisboa e Benfica ser reconhecido como uma potência nacional desportiva na modalidade, seja por ser recordista na conquista de Taças de Portugal (26 no total), de Taças da Liga (vitorioso em sete edições) e de Campeonatos Nacionais (atualmente são 37), ou pelo grande número de títulos no futebol de formação e em outras competições desportivas, como o Campeonato de Lisboa, a Taça de Honra ou a Supertaça Cândido de Oliveira. Todas estas conquistas são evidenciadas entre a área 5, “A Taça”, e a área 11 “Semear a Tradição”. Já a área 12, “Honrar o País”, expõe e celebra as conquistas internacionais do futebol, entre elas as duas mais marcantes para a história do futebol do Sport Lisboa e Benfica: as duas Taças dos Clubes Campeões Europeus (de 1961 e 1962).

Figura 6 – Área 10 “Tributo ao Mestre” e Área 11 “Semear a Tradição” © Inês Nunes.

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Figura 7 – Área 12 “Honrar o país”

(SLBenfica, (s.d.f)).

A área 14, “Lisboa e Benfica”, é a zona onde a exposição dá a conhecer mais do que a narrativa e os factos desportivos do clube. Aqui se evidencia, através de uma cronologia que vai desde 1904 até ao ano de 2016, aquilo que foi a história da cidade de Lisboa e, ao mesmo tempo, se exaltam factos que relacionam a capital e o clube. Nessa cronologia, a cada década é apresentado um objeto que a represente.

Figura 8 – Área 14 “Lisboa e Benfica”

(SLBenfica, (s.d.f)).

Figura 9 - Área 14 “Lisboa e Benfica”

(SLBenfica, (s.d.f)).

O “Caminho do Tempo”, que diz respeito à área 15, também é uma espécie de cronologia, mas neste espaço o que se pretende é levar o visitante numa viagem no tempo através da visualização de objetos que marcaram acontecimentos impactantes do clube, em Portugal

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e também no mundo, sejam eles de critério cultural, económico, desportivo ou até científico.

Figura 10 – Área 15 “Caminho do Tempo” © Inês Nunes..

Figura 11 – Área 15 “Caminho do Tempo” © Inês Nunes.

Estas duas áreas temáticas são bastante importantes na exibição e na própria identidade do Museu Benfica – Cosme Damião, pois evidenciam o cuidado que se teve na organização e na montagem da exposição para que os visitantes tivessem acesso a um contexto histórico e evolucionário do país e do mundo, que acompanhasse a própria evolução do clube, mas, ao mesmo tempo, que também permitisse aos visitantes terem acesso a temas que muito dificilmente seriam esperados num museu de desporto e de um clube.

A área 16, “Outros Voos”, que se encontra no piso 1 do museu, é a responsável por se estabelecer uma relação entre o Benfica e a cultura portuguesa, ao mesmo tempo em que é feita uma homenagem aos sócios do clube, sendo evidenciadas todas as casas do Sport Lisboa e Benfica através de ecrãs interativos, além de se mostrarem todos os pontos do

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mundo onde existem sócios. Em tempos normais, sem a atual pandemia de Covid19, este espaço é um dos mais interativos, pois permite que os visitantes, através da abertura de armários e de gavetas, do folhear de livros e da visualização de excertos de filmes, explorem e encontrem informação relacionada com a literatura, o teatro, o cinema, a rádio, entre outras fontes.

Figura 12 – Área 16 “Outros Voos”

© Inês Nunes.

Os restantes espaços desse piso (da área 17 à 28) também fazem referência a outras temáticas, tais como: a aventura de encontrar um campo definitivo para treinar, a homenagem a Cosme Damião, Manuel Gourlade e Félix Bermudes, que, tal como referido antes, foram personalidades impactantes na história do clube; um mural interativo com excertos de treinos, jogos e entrevistas de todos os treinadores de futebol ao longo dos anos; a consagração de vários jogadores, estrangeiros e não só, que marcaram a história do futebol benfiquista; e, também, as várias excursões realizadas pelo mundo, com presentes oferecidos ao clube em todos esses locais, e ainda algumas das distinções honrosas do Sport Lisboa e Benfica.

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Figura 13 – Área 18 “E Pluribus Unum” © Inês Nunes.

Um dos aspetos importantes a retirar desta exposição permanente é a sua constante multiplicidade. Em qualquer um dos espaços temáticos do museu, é possível encontrar essa diversidade, seja ela de conteúdos (tanto se pode observar e aprender sobre o clube, como também sobre a história e a cultura de Portugal e do mundo); seja ela referente aos objetos museológicos expostos, que tanto podem ser de caráter desportivo – como camisolas, bolas, chuteiras ou taças –, como podem ser de caráter cultural – desde as grafonolas portuguesas, a elementos representantes de outras culturas (Indonésia, Índia, Timor-Leste, entre outras). Existe uma clara e notória preocupação em tornar este museu em algo mais do que apenas um espaço de aprendizagem de desporto ou da história do Sport Lisboa e Benfica. Há uma vontade indiscutível de dar a oportunidade ao visitante de aprender sobre variados temas diferentes.

Uma outra particularidade presente ao longo de toda a exposição é a forte presença da tecnologia, sendo possível observar na forma como é transmitida a informação para o público (em tempos de pandemia é realizada através de códigos QR junto de cada objeto museológico exposto), como na exibição de pequenos filmes com conquistas ou momentos das várias modalidades e de jogadores (é possível ver no piso 0 do museu, onde existe uma mesa com ecrã tátil para os visitantes poderem descobrir factos e curiosidades, e no piso 1 onde existem também vários ecrãs a mostrar momentos marcantes de jogos de futebol, de jogadores históricos do Sport Lisboa e Benfica, e também dos vários treinadores que já passaram pelo clube), ou até como no caso dos troféus das provas da Taça de Portugal e Campeonato Nacional, fazendo-se cada um acompanhar por uma pequena passagem que dá a conhecer ao público o contexto sobre a conquista, o plantel que a jogou, entre outras informações interessantes. O uso destes

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dispositivos multimédia permitiu que o museu, em vez de utilizar o texto e legenda mais comuns, pudesse oferecer aos visitantes a oportunidade de explorarem esses conteúdos por eles mesmos, o que torna toda a visita mais interessante e interativa para o público.

Esta tecnologia presente em todos os pisos da exposição também é mais um dos fatores que contribui para a distinção do Museu Benfica – Cosme Damião dos demais.

Figura 14 – Exemplo do uso de tecnologia presente na Área 3 “Orgulho Eclético” © Inês Nunes.

Figura 15 – Exemplo do uso de tecnologia na utilização de códigos QR para aceder a informação sobre qualquer área do museu © Inês Nunes.

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Figura 16 – Exemplo do uso de tecnologia na utilização de ecrãs táteis © Inês Nunes.

Figura 17 – Exemplo do uso de tecnologia na utilização de ecrãs táteis © Inês Nunes.

A área 13, “Viagem ao Coração Benfiquista”, é um dos exemplos que mostra como o uso dessa tecnologia beneficia os visitantes. Neste núcleo foi criado um simulador, composto por uma plataforma rodeada de ecrãs, que se eleva até ao segundo piso do museu. No interior desta área, os visitantes são convidados a assistir a um vídeo que apela ao sentimento do que significa ser benfiquista, despertando um misto de emoções sentidas num dia de jogo no Estádio da Luz (o vídeo vai passando ao mesmo tempo que o simulador vai subindo e descendo de forma bastante lenta). Sendo ou não adeptos do clube, esta área também acaba por invocar aquilo que é a paixão pelo futebol a todos os visitantes. Um outro exemplo da mesma tecnologia, é a área 24, “Eusébio e Outras Lendas”, que contém um holograma de Eusébio (1942-2014), onde é contada aquela que foi a história de um dos jogadores mais importantes do clube; desde a sua chegada a

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Portugal, ao sentimento de representar o Benfica, até ao que significou conquistar uma Taça dos Clubes Campeões Europeus. O último espaço do museu, a área 29, “Outros Voos”, através do mesmo apoio tecnológico, dá a oferecer um contexto histórico do Sport Lisboa e Benfica e de todas as suas dificuldades e conquistas.

Um outro detalhe característico deste museu de desporto e deste clube é o facto de um dos principais objetivos passar por permitir ao seu público explorar e apelar às emoções de cada um e à sua própria memória. Para isso, há um cuidado em transmitir um sentimento nostálgico através dos objetos postos em evidência.

A área 12, “Honrar o País”, é um dos vários espaços onde é possível observar esses detalhes, encontrando-se aqui expostos 16 troféus, que dizem respeito às conquistas internacionais do futebol e mostram a grandiosidade daquilo que é o Sport Lisboa e Benfica. Olhando novamente para as duas taças dos Clubes Campeões Europeus que se encontram neste espaço, entende-se que a sua importância é marcada pelo que significaram na história da instituição e por representarem o mais alto patamar que qualquer clube de futebol europeu ambiciona conquistar.

No entanto, o que está em causa não é apenas o facto de serem dois troféus com um peso e um impacto inestimáveis, mas também o valor sentimental e nostálgico que trazem a quem os visita no museu. São conquistas que apelam à memória e às emoções dos visitantes, numa linha temporal que abarca várias gerações. Enquanto os mais velhos relembram a época das conquistas e a vibração do momento, a geração seguinte conta aos mais novos que são taças que nenhum clube trocava por nada (mesmo não sendo tão exuberantes como as de outras competições), enquanto os mais novos sonham com o que dia em que o clube volte a conquistar mais troféus internacionais.

Os temas da memória e da nostalgia acabam por ser algo que faz parte da própria identidade do Museu Benfica – Cosme Damião. De facto, o apelo aos sentimentos vai sendo notório em vários pontos da exposição. Todos os visitantes recebem o convite de explorar essa nostalgia, seja qual for a sua geração, relembrando ou aprendendo sobre as antigas lendas do clube, títulos conquistados e golos marcados, ou até mesmo sobre características particulares de alguns jogadores (como as que são invocadas pelas luvas pretas do jogador João Alves, ou pela camisola rasgada de Shéu).

O Museu Benfica – Cosme Damião explora esta potencialidade através de uma comunicação verdadeira e coesa ao longo de toda a exposição, escolhendo cuidadosamente o acervo que expõe.

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Como um museu deste tipo não recebe sempre um tipo de público que conhece ou gosta do clube, como é o caso de turistas ou até de rivais de outros clubes, nem todos os visitantes vão sentir as mesmas emoções, e muito menos da mesma forma. No entanto, o que esta exposição também tem de positivo é a sua diversidade de conceitos, que não são apenas clubísticos, mas estão relacionados com a História do Desporto em Portugal.

Neste contexto, é importante mencionar alguns dos parceiros do Museu Benfica – Cosme Damião que acabam por contribuir para essa mesma diversidade ao longo da exposição permanente, muitas vezes através da cedência de peças, tal como são os casos do Museu Nacional do Azulejo, do Museu Militar, do Museu da Farmácia, da Fundação Amália Rodrigues ou da Fundação Calouste Gulbenkian, entre tantos outros.

Este museu apresenta ainda um enorme cuidado em respeitar a inclusão de públicos com necessidades especiais, o que se percebe pelas duas parcerias que tem com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e a Associação Portuguesa de Surdos (APS). Além de qualquer sócio ou colaborador da ACAPO ter entrada gratuita no museu, a exposição inclui ainda alguns conteúdos tecnológicos com tradução para língua gestual portuguesa.

Para o público com necessidades físicas, o museu tem cadeiras de rodas para emprestar em caso de necessidade para utilizar ao longo de toda a exposição. Além disso, as infraestruturas do museu permitem que do piso 0 para o piso 1 a passagem seja feita através de uma rampa (corresponde à área número 15), e que do piso 1 para o piso 2, e do piso 2 para a saída do museu, esses acessos sejam efetuados através do elevador (estes visitantes são sempre acompanhados por um assistente do museu).

No que diz respeito à acessibilidade de conteúdos para os visitantes estrangeiros, o museu apresenta um conjunto de soluções. Na entrada, disponibiliza brochuras em quatro línguas (português, inglês, francês e espanhol), que fazem um breve sumário de todas as áreas temáticas da exposição, mencionando a localização de outro tipo de serviços. Ao longo da exposição quase todos os conteúdos apresentam uma tradução para inglês.

Uma das outras solução disponibilizada pelo museu está relacionada com a equipa do Serviço de Mediação e Educação. Para além de ter elementos com conhecimentos em diferentes áreas (História, Comunicação, Turismo, Línguas e Literatura, entre outras), tem mediadores culturais que falam português e inglês, e alguns o italiano, francês ou espanhol. Tudo isto contribui para que possam oferecer ao público a melhor e mais inclusa experiência possível quando se visita a exposição permanente.

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Além deste serviço, o Museu Benfica – Cosme Damião tem também o Serviço Educativo, que conta com um leque de atividades para todos os níveis escolares, e com atividades especiais consoante as épocas festivas. As atividades são várias e vão sendo moldadas tendo em conta os anos escolares. Por exemplo, para o pré-escolar, o museu realiza a atividade Primeiros Voos, onde “Pela voz de Cosme Damião, conhecemos a origem do clube vermelho e branco. Nas asas da Vitória, investigamos sobre as três mascotes do Benfica. À boleia do poderoso remate de Eusébio, descobrimos o percurso do ‘Pantera Negra’” (SLBenfica, (s.d.b)). Para o terceiro ciclo, é já preparado um tipo de visita mais interativa e onde permita que os alunos vão utilizando várias áreas de saber distintas, como a matemática e a geografia (SLBenfica, (s.d.e)). Enquanto para os alunos do secundário, o serviço educativo prepara um “peddy-paper que incentiva a competição e o espírito de equipa” (SLBenfica, (s.d.c)).

Figura 18 – Espaço dedicado ao serviço educativo na Área 29 “O Voo da Águia” © Inês Nunes.

Figura 19 – Espaço dedicado ao serviço educativo na Área 29 “O Voo da Águia” © Inês Nunes.

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2. As modalidades em Portugal e no Sport Lisboa e Benfica

2.1. O início do basquetebol em Portugal

A modalidade do basquetebol apareceu em Portugal no ano de 1913, quando Rodolfo Horney, professor de Educação Física, iniciou a sua implementação no ginásio da Associação Cristã da Mocidade (Lacerda, 2015). A cidade de Lisboa foi o grande núcleo do desenvolvimento deste desporto nos primeiros anos da modalidade, uma vez que só em 1921 é que foram feitos alguns progressos noutras cidades, tais como o Porto e Coimbra.

A evolução do basquetebol foi um processo algo demorado, sendo os seus recursos escassos. Este fator evidenciou-se com a falta de campos apropriados que contribuiu para que muitas equipas se vissem na obrigação de jogar e treinar em campos de futebol. Como alguns clubes de futebol não apreciavam qualquer tipo de concorrência, dificultavam imenso esta prática, ao criarem todo o tipo de barreiras para emprestar os seus espaços.

Anos mais tarde, os clubes foram conseguindo obter mais recursos e, consequentemente, a capacidade de adquirirem os seus próprios espaços que se encontravam em terrenos adjacentes a campos de futebol. A visibilidade que esses terrenos ofereciam permitiu que se angariassem mais atletas e admiradores (Gonçalves, 2005).

O basquetebol, que foi pensado para se jogar em campos fechados, com o intuito de não necessitar de paragem em tempos de inverno, viu, a partir de 1966, serem finalmente criados pavilhões adequados e dedicados à sua prática em Portugal.

Os anos de 1926 e 1927 distinguiram-se pela concretização das primeiras competições oficiais: os campeonatos regionais das cidades de Lisboa, Coimbra e Porto. Já o ano de 1931 ficou marcado pela realização do primeiro jogo de caráter internacional na cidade do Porto, ainda jogado num campo de futebol, o Estádio do Lima, que pertencia ao Académico Futebol Clube. Dois anos mais tarde, disputou-se o primeiro campeonato nacional, cuja vitória sorriu ao clube Sport Clube Conimbricense.

Em 1934, realizou-se a disputa do primeiro encontro de basquetebol feminino, apesar de o primeiro jogo da competição da Taça de Portugal (designada por Taça de Honra até ao ano de 1954) só ter acontecido dez anos mais tarde.

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A década de 1990 foi das mais importantes para a modalidade relativamente às internacionalizações; conseguindo as seleções nacionais de cadetes, juniores e seniores femininos qualificar-se pela primeira vez para os Campeonatos da Europa dos seus escalões na época de 1994. Quatro anos depois, dava-se a estreia da portuguesa Ticha Penicheiro na liga profissional de basquetebol feminino dos Estados Unidos, conhecida como Women's National Basketball Association (WNBA), na altura chamada para integrar a equipa dos Sacramento Monarchs (Lacerda, 2015).

2.1.1. A Federação Portuguesa de Basquetebol

No dia 17 de agosto de 1927, fundou-se a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), o que acabou por incentivar o início de um desenvolvimento importante na história deste desporto. Durante o seu período inicial, a sua liderança foi assumida pela Associação Cristã da Mocidade, que tinha sede na cidade do Porto, onde se juntaram vários representantes de clubes para a organização do projeto da Federação fosse posto em prática.

Num congresso em 1930, foi proposto que a Federação transferisse a sua sede para a capital. No entanto, houve uma forte oposição das associações do Norte, o que levou a que a cidade de Lisboa criasse a Liga Portuguesa de Basquetebol, com a intenção de ter objetivos e serviços parecidos com os da Federação (Lacerda, 2015). Apenas cinco anos mais tarde, a sede da Federação acabou mesmo por vir para a cidade de Lisboa após a realização de um congresso da Confederação Portuguesa dos Desportos, levando a que a Liga criada anteriormente fosse terminada e desmantelada.

Em 1932, foi criada a Federação Internacional do Basquetebol Amador (FIBA), da qual fez parte a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), uma das oito federações escolhidas como fundadoras (Lacerda, 2015).

Nos dias atuais, a sede da Federação ainda se encontra instalada na capital, e todos os seus regulamentos, e até mesmo as regras de jogo, têm vindo a ser atualizados e melhorados com o passar do tempo. Segundo estas, a modalidade de Basquetebol joga- se com duas equipas, cada uma composta por cinco jogadores, sendo o objetivo de cada uma meter a bola no cesto da adversária, tentando sempre defender o próprio cesto ao mesmo tempo para que não lhe sejam marcados pontos.

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A Federação defende vários objetivos como o de promover e representar os interesses da modalidade, tanto a nível internacional (na FIBA) como nacional, e o de assegurar a representação do basquetebol português e de respeitar os interesses dos seus participantes, entre outros.

Segundo os estatutos da FPB, existem alguns critérios a cumprir (Lacerda, 2015):

 Assegurar a organização de competições nacionais em todos os escalões de idades em ativo;

 O planeamento de provas, tanto a nível nacional como internacional, que promovam a modalidade cumprindo um dos objetivos da FPB.

O símbolo da Federação Portuguesa de Basquetebol é uma bola de basquetebol em tons dourados com uma faixa azul com a sigla FPB, coroada pelo escudo nacional, assente sobre uma estilização da bandeira nacional.

Figura 20 – Símbolo oficial da Federação Portuguesa de Basquetebol (Federação Portuguesa de Basquetebol, (s.d.)).

2.1.2. Competições Nacionais

Existem várias competições nacionais organizadas pela Federação e pelas associações a nível distrital, variando desde os escalões de formação até ao sénior. As associações distritais têm a seu cargo a organização das competições que digam respeito aos escalões desde o minibasquete até aos de formação. Por norma, existem algumas regras consoante a facha etária e a localidade, quase sempre divididas e regulamentadas em “ligas”

distritais. Numa segunda fase, as melhores equipas podem alcançar outros torneios do seu escalão, competindo contra equipas de diferentes localidades e associações (Lacerda, 2015).

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A FPB é a responsável pela organização de provas a nível sénior, tanto no escalão masculino, como o Campeonato Nacional da 1.ª Divisão, a Taça de Portugal, a Supertaça, etc.; como no escalão feminino, o Campeonato Nacional 1.ª Divisão, o Campeonato Nacional 2.ª Divisão, a Taça de Portugal, etc. (Lacerda, 2015).

2.2. O basquetebol no Sport Lisboa e Benfica

Quando fazemos menção à modalidade de basquetebol, é quase impossível não mencionar o Sport Lisboa e Benfica, uma vez que foi um dos primeiros clubes a praticar este desporto em Portugal, e teve como jogador e treinador o célebre Carlos Lisboa, seu atual diretor desportivo.

O primeiro jogo de basquetebol do clube deu-se no dia 20 de março do ano de 1927, contra a antiga Escola Académica. O início da prática deste desporto datou do mesmo ano, e o campo utilizado era uma adaptação feita a um terreno perto do antigo Campo das Amoreiras.

Ainda que a conquista do primeiro troféu pelo clube tenha ocorrido apenas dois anos mais tarde, a Taça Dr. Lindolphe Bravo – Intersócios, o primeiro título só foi alcançado quase uma década mais tarde, no ano de 1937, sagrando-se então como campeão regional.

Os períodos entre 1960 e 1966 e entre 1984 e 1995 ficaram marcados pela enorme supremacia do clube na modalidade. Chegando o segundo período a ser conhecido como os “anos de ouro” do basquetebol do Sport Lisboa e Benfica que, além de ter uma das melhores equipas portuguesas de sempre, tinha como capitão o gigante e incrível Carlos Lisboa, o eterno número sete.

O Sport Lisboa e Benfica é também o clube de Portugal que há mais tempo pratica esta modalidade sem interrupção alguma. No entanto, apesar de ter sido o primeiro clube a trazer a modalidade feminina para Portugal, na época de 1933/34, e de ter conseguido conquistar o Campeonato de Lisboa na época seguinte, o basquetebol feminino do clube acabou por sofrer uma interrupção durante 24 anos. Regressou entre as épocas de 1961/62 e 1975/76, conquistando variados títulos e troféus, mas voltou a sofrer um intervalo até ao ano de 2011. A 29 de setembro de 2019, a equipa de basquetebol feminino conseguiu conquistar a sua primeira taça a nível do escalão sénior de sempre, a Taça Vítor Hugo.

A formação desta modalidade foi desde muito cedo tida com um dos pilares mais importantes no clube, e ainda hoje é vista como algo essencial, tendo em conta as vitórias conseguidas pelo basquetebol do Sport Lisboa e Benfica. Logo na época de 1934/35, iniciaram-se os treinos do primeiro escalão infantil do clube.

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Desde o início da prática de basquetebol, o clube teve alguns problemas relativamente aos campos, à disputa dos jogos e à realização dos treinos dos diferentes escalões. Face às dificuldades, as equipas iam treinando em campos variados (Liceu Gil Vicente, Instituto Superior Técnico, entre outros). Só a partir do ano de 1971, foi possível encontrar um espaço para poderem treinar sem qualquer obstáculo, com a construção de um recinto por baixo do terceiro anel do antigo Estádio da Luz. No ano de 1982, foi inaugurado outro pavilhão com cinco campos. Atualmente, o novo Estádio da Luz tem o Pavilhão Fidelidade, também conhecido como Pavilhão n.º 1, dedicado à prática da modalidade.

2.2.1. A figura de Carlos Lisboa

Carlos Humberto Lehmann de Almeida Benholiel Lisboa Santos nasceu no dia 23 de julho de 1958, em Cabo Verde. Foi aos 9 anos de idade que iniciou aquilo que seria a sua incrível carreira pelo basquetebol. Começou a sua prática no Sporting de Lourenço Marques, onde foi passando pelos vários escalões infantis. Em 1974, mudou-se para Portugal e iniciou a sua carreira profissional no Sport Lisboa e Benfica. Nessa altura, com 16 anos, Carlos Lisboa deixou momentaneamente o desporto e o clube, acabando por voltar a jogar no Sporting Clube de Portugal, o eterno rival, onde se manteve entre 1975 e 1982.

Em 1984, regressou ao Benfica, onde ficaria durante 12 épocas. O seu primeiro jogo foi no dia 10 de novembro desse mesmo ano, marcado pela vitória ao Conimbricense, por 113-80. Nesse dia, Carlos Lisboa destacou-se dos demais ao ser o melhor marcador com 37 pontos.

Desde muito cedo foi um dos jogadores mais acarinhados do plantel, fazendo com que os adeptos lhe dedicassem um cântico “cheira bem, cheira a Lisboa”. Fez parte da equipa de sonho do Benfica, que alcançou o heptacampeonato durante o período de 1984 e 1995.

Carlos Lisboa foi tão importante e carismático que o Sport Lisboa e Benfica deixou de usar a camisola número 7 em definitivo, após o jogador se retirar da modalidade. Ainda hoje lhe é reconhecido o seu enorme talento, sendo identificado por muitos como o melhor basquetebolista português de sempre.

Após o fim da sua carreira como jogador, Carlos Lisboa tornou-se treinador, passando por várias equipas como o Estoril Praia e o Aveiro Basket, chegou a treinar o Benfica

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durante diferentes períodos. No ano de 2008 foi eleito Diretor Geral das Modalidades, cargo que mantém até os dias de hoje, que conjugou com o de treinador da equipa principal entre 2011 e 2017 e entre 2018 e 2020.

Com 1,81 metros de altura, ocupando a posição base/extremo, conta com 103 internacionalizações por Portugal. Enquanto jogador do Sport Lisboa e Benfica durante 12 temporadas, conquistou 26 troféus pelo clube: 10 correspondentes a campeonatos nacionais, 5 a Taças de Portugal, 5 Supertaças e 6 Taças da Liga. Dessas durante as últimas quatro épocas, Carlos Lisboa foi capitão de equipa.

Enquanto treinador, Carlos Lisboa também esteve 12 épocas no Benfica e conquistou 17 títulos: 5 Campeonatos nacionais, 4 Taças de Portugal, 4 Supertaças, 4 Taças Hugo Santos e 4 Troféus António Pratas/LPB.

2.3. O surgimento do voleibol em Portugal

O voleibol foi introduzido em Portugal pelas tropas norte-americanas que se encontravam fixadas na Ilha Terceira dos Açores durante o período que correspondeu à Grande Guerra.

Apesar disso, foi António Cavaco, engenheiro e natural dos Açores, que acabou por ser o grande impulsionador desta modalidade, juntamente com a Associação Cristã da Mocidade, responsável pela divulgação deste desporto, e pela publicação daquele que foi considerado o primeiro livro existente das regras do voleibol (Gonçalves, 2005).

A Associação de Voleibol de Lisboa, formada em 1938, foi a responsável por criar o primeiro campeonato da cidade de Lisboa entre os anos de 1939 e 1940, do qual saiu campeã a equipa da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST).

Poucos anos depois, vários clubes do Norte juntaram-se e criaram a sua própria associação também na cidade do Porto, a Associação de Voleibol do Porto (Gonçalves, 2005).

2.3.1. A Federação Portuguesa de Voleibol

Foi no ano de 1947 que acabou por finalmente se criar a Federação Portuguesa de Voleibol. Inicialmente com sede na capital, mais tarde foi transferida para a cidade do Porto, que se veio a revelar essencial no papel instigador da modalidade em campos internacionais.

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A Federação Portuguesa de Voleibol é o órgão máximo responsável pela organização e gestão deste desporto, bem como por todas as suas competições. As suas outras funções passam pela procura e estabelecimento de “alianças” com os media, para garantir uma forte divulgação dos acontecimentos do voleibol nacional e para se criar uma maior atração pela modalidade; e com empresas de teor comercial para que os espectadores, e até mesmo os atletas, associem o voleibol a valores dignos, sem qualquer teor violento, e a uma prática saudável de desporto (Gonçalves, 2005).

Vale a pena referir que a Federação Portuguesa de Voleibol inaugurou uma nova sede em 2004, cujo propósito principal é representar a inovação e a intenção de adaptar a federação aos novos e atualizados objetivos que a modalidade do voleibol exige, tanto a nível nacional, como a nível internacional.

2.3.2. Competições nacionais e internacionais

O Campeonato Nacional de Voleibol é a principal competição da modalidade em Portugal, e é organizado pela Federação Portuguesa de Voleibol. O campeão nacional e o vice-campeão têm direito à qualificação para a competição internacional Challenge Cup.

Enquanto o primeiro Campeonato Nacional de Seniores Masculinos só se começou a disputar em 1946, tornando a primeira equipa vencedora a ser a AEIST, o Campeonato Nacional de Seniores Femininos só teve início anos mais tarde, na época de 1959/1960, sendo o clube Sporting Clube de Espinho o grande vencedor dessa primeira edição (Gonçalves, 2005).

A Taça de Portugal de Voleibol é uma competição disputada todos os anos em que podem participar todas as equipas dos três principais escalões da modalidade. Foi criada no ano de 1964, e o primeiro vencedor desta competição foi o Sporting de Espinho. A equipa com mais títulos nesta competição é Sport Lisboa e Benfica, que conta com 18 troféus.

A Challenge Cup é uma competição internacional organizada pela Confederação Europeia de Voleibol (CEV). Atualmente é umas das mais importantes a nível europeu.

Referências

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