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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Informática Graduação em Ciência da Computação

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Informática

Graduação em Ciência da Computação

Uma análise sobre o surgimento de startups a partir de instituições que suportam ecossistemas de empreendedorismo e inovação

Vinícius Marques Lira Trabalho de Graduação

Recife Dezembro 2019

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Informática

Vinícius Marques Lira

Uma análise sobre o surgimento de startups a partir de instituições que suportam ecossistemas de empreendedorismo e inovação

Trabalho apresentado ao Programa de Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciência da Computação.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Andre Guimaraes Ferraz

Recife Dezembro 2019

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Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer aos professores e funcionários do Centro de Informática que construíram e mantêm este centro de excelência em Recife. Sem essas pessoas não formaríamos tantos alunos, professores e funcionários como verdadeiros cidadãos, em busca de uma sociedade mais justa e próspera.

Preciso agradecer também àquelas pessoas que me apoiaram incondicionalmente:

minha mãe, Maria Cristina Marques Barbosa; meu pai, Renato Lira Barbosa; e minha irmã Bárbara Marques Lira. Todos eles me ensinaram, cada um à sua maneira, o caminho e os valores do estudo e de uma boa educação. Vocês me trouxeram até aqui e sou grato de todo o coração por todos os sacrifícios feitos para que este momento chegasse. As noites e torcidas e orações de todos vocês não foram em vão.

Na graduação, fiz amigos que me deram suporte a toda essa jornada e, muito além do CIn, mudaram minha visão de mundo e me fizeram ser, acredito, uma pessoa melhor. Um agradecimento especial aos amigos da turma e a todos os membros do “kwai”, amigos do Partner e à Rádio Pirata. Agradeço também aos amigos e a oportunidade que tive dentro do CITi. Lá tive experiências incríveis durante a graduação, que revelaram um futuro profissional no qual realmente me identifico e acredito que posso gerar um impacto positivo no mundo.

Tive muito amigos que me apoiaram também fora da graduação, desde a infância, ensino fundamental e médio. Sei que vou levá-los para vida. Amigos do colégio Atual e do colégio Marista terão sempre um espaço especial na minha vida, andarão sempre do meu Lado Esquerdo.

Gostaria de agradecer principalmente aos professores Ruy de Queiroz, Cléber Zanchetin, Verônica Teichbert, Adriano Sarmento, Cristiano Araujo, por toda inspiração e amadurecimento proporcionado na graduação e especialmente ao professor Carlos Ferraz, que me orientou nesta dissertação e permitiu que este projeto fosse feito da melhor forma.

Não poderia finalizar todos esses agradecimentos sem uma dedicatória especial a Túlio Paulo Lages da Silva. Muitas pessoas me ajudaram de várias formas e me ensinaram bastante, mas sem Túlio nada do que foi construído até aqui teria sido possível. Obrigado por me ensinar resiliência, foco, humildade e por nunca ter desistido de mim. Obrigado.

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01010100 01110101 01100100 01101111 00100000 01110110 01100001 01101100 01100101 00100000 01100001 00100000 01110000 01100101 01101110 01100001

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Resumo

Neste trabalho vamos entender as conexões existentes entre universidade, empresas, governos e como isso afeta diretamente a sociedade civil e ambiente sócio ecológico. Os empreendedores são o motor da mudança que ocorre na sociedade, pois são os responsáveis por mobilizar o conhecimento e canalizar num problema, transformando-o em oportunidade. Com o passar do tempo, começamos a entender que, assim como qualquer profissional, o empreendedor de tecnologia deveria se preparar, amadurecer e estar conectado com problemas reais da sociedade.

Nos últimos anos, vimos países dar saltos nos índices sociais e econômicos ao aumentarem seus investimentos na educação, ao mesmo tempo que deram condições e ferramentas para a formação de novos empreendedores. Ao acreditar que a formação acadêmica, junto ao incentivo do governo, forma melhores pessoas e melhores empresas, gera-se um retorno direto para essas instituições, além de provocar um impacto positivo para o meio externo.

palavras-chave: startups, empreendedorismo, impacto, inovação, quintupla-hélice

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Abstract

In this work we will understand the connections between universities, companies, governments and how this directly affects civil society and ecological partner environment. Entrepreneurs are the engine of change that occurs in society, as they are responsible for mobilizing knowledge and channeling into a problem, transforming it into opportunity. Over time, we begin to understand that just like any professional, the technology entrepreneur should prepare, mature, and be connected with real problems of society. In recent years, we have seen countries jump in social and economic indices by increasing their investment in education, while providing conditions and tools for the training of new entrepreneurs. By believing that academic training, along with the government's incentive, forms better people and better companies, a direct return to these institutions is generated, as well as having a positive impact on the external environment.

keywords: startups, entrepreneurship, impact, innovation, quintuple helix

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Sumário

1. Introdução 1. Objetivos

2. Estrutura do Trabalho 2. Conceitos fundamentais

1. Empreendedorismo e startups 1. Origem

2. Explosão e consolidação 3. Status quo brasileiro 2. Quintupla-hélice

1. Evolução 2. Cenário Brasil

3. Recife e o Porto Digital como ecossistemas de empreendedorismo e inovação brasileiros

1. O que já construímos?

2. Aportando as empresas e pessoas de amanhã 3. Pilares de avaliação

1. Acesso a capital 2. Ambiente regulatório 3. Mercado

4. Capital Humano 5. Infraestrutura 6. Inovação

7. Cultura Empreendedora

4. Para onde vamos? Para onde podemos ir?

4. Referências globais

1. Uma alternativa ao Vale do Silício e Tel’Aviv 2. Casos de sucesso

1. Acesso a capital - Bangalore (Índia) 2. Ambiente regulatório - Fortaleza (Brasil) 3. Mercado - Kuala Lumpur (Malásia)

4. Capital Humano e Infraestrutura - Santiago (Chile)

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5. Inovação e Cultura Empreendedora - Nairóbi (Quênia) 5. Importando conhecimento num mundo globalizado

6. Conclusão

7. Referências bibliográficas

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1. Introdução

Para se adaptar e sobreviver, a humanidade passou por diversas revoluções. Nossas sociedades, à medida que evoluíram, dominaram o fogo, a pedra, construíram máquinas e indústrias. Demos vários saltos ao dominar novas tecnologias. E, apesar das noções de

“computar” estarem presentes nas civilizações há vários séculos, está cada vez mais claro a importância de entender, aplicar e viver em meio a computação e seus diversos dispositivos portáteis, nossa última grande revolução [1].

Agora, no início do século XXI, começamos a ver o que vem pela frente: os computadores não estão engolindo tudo, eles já engoliram. Nosso transporte [2] virou software, nosso entretenimento [3], nossa saúde [4], nosso consumo [5]. Ou seja, apesar de percebermos ou não, tudo hoje é software. Esses softwares servem ao propósito de resolver nossos problemas, melhorando nossa comunicação, nosso lazer e aspectos fundamentais do nosso dia a dia como locomoção, saúde e educação. É possível fazer software com diferentes finalidades, porém extraímos seu valor real quando eles são direcionados a nossas necessidades. Com um mundo repleto de problemas e desafios, são os empreendedores que conseguem enxergar oportunidades de melhoria possíveis através de softwares.

Mas, então, surgem algumas dúvidas: de onde vêm exatamente os empreendedores?

Apesar de existirem escolas de negócios e formação de executivos, empreender algo do zero é uma missão completamente diferente. Segundo Peter Thiel, no seu livro De Zero a Um [6], o ato de criar é singular, pois necessita de condições especiais do mercado, de ter um empreendedor capaz não só de criar o negócio, mas de evoluir junto ao negócio. Porém os fatores externos ainda são cruciais para a sobrevivência (ou morte) de um novo empreendimento. Durante este trabalho vamos mergulhar nos pilares essenciais para criar, manter um ecossistema que facilita e incentiva o surgimento de novos negócios, que vão gerar impacto para a sociedade, seja através de impostos, propósito da empresa ou geração de empregos.

Neste trabalho vamos abordar um ramo de empresas mais específico, as conhecidas startups, que são negócios nascentes com grande potencial de crescimento. Mais à frente aprofundaremos na definição termo, suas variações e referências sobre o seu surgimento e evolução. É importante entender que, assim como qualquer entidade que é formada por pessoas, startups dialogam e interferem diretamente na sociedade, nos governos, nas instituições de ensino e no meio ambiente. É através desse complexo que analisaremos como cada entidade

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dessas se relaciona uma com a outra, para impulsionar o crescimento das cidades e melhoria de qualidade de vida das pessoas.

1.1 Objetivos

Os objetivos deste trabalho de graduação são:

Colaborar com o ecossistema empreendedor local, incluindo o Porto Digital, na formalização de metodologias, políticas e processos que foram responsáveis para a formação de novas empresas em diferentes geografias;

Contribuir para o Centro de Informática, como instituição formadora de empreendedores, na aproximação entre o conhecimento de ponta produzido na academia e grandes problemas relevantes no mercado;

Conseguir trazer uma visão mais detalhada de como fatores externos e culturais afetam os principais meios de construir negócios e que combinação desses fatores tende a alcançar sucesso para cada um dos cenários propostos, apresentando alternativas ao Vale do Silício ou Tel’Aviv.

Em outros palavras, a proposta é construir uma análise de ecossistemas empreendedores e compará-los a Recife, entendendo quais agentes e aspectos semelhantes existem entre eles e o que pode ser intercambiado.

Assim, acredita-se ser possível posicionar Recife de forma mais concreta, enquanto ecossistema local, entendendo o que pode funcionar e o que vai nos fazer dar novos passos significativos para o desenvolvimento do nosso ambiente.

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1.2 Estrutura do Trabalho

O trabalho é composto por 5 capítulos principais, incluindo este capítulo introdutório.

O capítulo seguinte deve discorrer acerca de noções básicas e introdutórias sobre empreendedorismo, startups e o modelo de quíntupla-hélice [7] proposto por Carayannis, Barten e Campbell, em 2012, e o para o entendimento das argumentos que virão na sequência dos próximos capítulos.

A partir do terceiro capítulo, vamos começar a entender Recife como uma cidade situada no meio de um mundo globalizado. Neste ponto serão apresentados vários critérios de avaliação sobre o potencial da cidade enquanto ambiente formador de startups.

O Capítulo 4 pretende trazer uma visão externa. Dado que temos uma avaliação de Recife, enquanto ecossistema empreendedor, vamos começar a entender um contexto mais global de cidades emergente que passaram ou passam pelo momento de amadurecimento. Com uma visão global mais clara de como Recife está posicionada no mundo, entraremos no capítulo seguinte, que é a parte mais importante do trabalho.

No Capítulo 5, por fim, faremos uma análise comparativa, trazendo um benchmarking entre Recife e as demais cidades propostas. Com isso, tem-se a expectativa de destacar tanto as melhores práticas, quanto qualquer tipo de possível “armadilha” que deve ser evitada, por não ser possível adequar ao cenário local ou por ter sido demonstrado como um insucesso em outras tentativas.

Por fim, no capítulo 6, temos uma breve exposição das conclusões do trabalho. Vamos rever um resumo das propostas, as conclusões finais e um recorte das contribuições fornecidas por ele. Além disso, são mostrados os desafios encontrados, considerações sobre o cenário atual e sugestões de trabalhos futuros para pesquisadores interessados.

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2. Conceitos fundamentais

Para analisar de forma mais objetiva um ecossistema favorável à criação de empresas (startups), vamos, antes de tudo, definir bem os conceitos do termo startup e quíntupla-hélice.

A partir destas definições, teremos uma visão mais clara do que está sendo avaliado e quais serão os critérios usados para definir o sucesso destes modelos propostos. Algumas definições de conceitos de negócios serão omitidas desta seção, mas você poderá consultar o glossário no final do trabalho.

2.1 Empreendedorismo e startups

O primeiro passo do debate é o estabelecimento de uma definição ampla, porém relativamente precisa, dos elementos que compõem o empreendedorismo. Esta mesma definição é adotada pela Endeavor Brasil e pelo IBGE na produção dos relatórios de Estatísticas de Empreendedorismo [8]. São três elementos:

• Empreendedores: são pessoas, necessariamente donos de negócios, que buscam gerar valor por meio da criação ou expansão de alguma atividade econômica, identificando e explorando novos produtos, processos e mercados;

• Atividade empreendedora: é a ação humana empreendedora na busca da geração de valor, por meio da criação ou expansão da atividade econômica, identificando novos produtos, processos e mercados;

• Empreendedorismo: é o fenômeno social associado à atividade empreendedora.

O ato de empreender pode ou não estar ligado ao objeto de estudo deste trabalho, as startups, então, vamos adentrar neste ambiente em busca de solidificar nossa base de definições.

Muito ouve-se falar no termo startup, mas os conceitos se confundem facilmente com outros tipos de empresas. Startups não são MPEs (Micro ou Pequenas Empresas), não são empresas familiares ou Sociedades Anônimas, embora cada empresa desse tipo pode ser também uma startup. Tampouco podemos classificar uma startup puramente como uma

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empresa de base tecnológica. Por isso, vamos adentrar numa série de conceitos sobre o que é e sobre como identificar uma instituição como startup no Brasil e no mundo.

A Harvard Business Review Brasil publicou um artigo de Ranjay Gulati e Alicia DeSantola [9], “Startups que Sobrevivem”, que utiliza-se de uma série de estudos de caso de empresas que cresceram de forma explosiva num intervalo analisado de 75 anos. A pesquisa indica que existem quatro atividades críticas para crescer com sucesso, que seriam:

(i) o foco das empresas deve ser muito mais o crescimento até o próximo patamar do que ao topo numa única vez;

(ii) faz-se necessário criar estruturas de gerenciamento que controlem o fluxo de informações com a entrada de novos funcionários, ao mesmo tempo que possibilitam a manutenção de laços informais;

(iii) deve-se desenvolver planejamento rápido e mutável, capacidades de previsão para identificar tendências de mercado e possíveis dores de crescimento; e

(iv) explicitar, explicar e reforçar diariamente os valores culturais que identificam e sustentam o negócio durante todo o crescimento.

Falamos em escalar, ou crescer rápido, porque startup é, além de outros critérios, definida fortemente por uma cultura de crescimento. Vamos a uma definição do entendimento do Prof. Silvio Meira (Professor Emérito da UFPE em Ciência da Computação), que sintetiza as características apresentadas nas descrições acima e conceitua o termo startup, no Brasil, afirmando que são novos negócios inovadores de crescimento empreendedor. [10]

Novo é um negócio que começou a existir há pouco tempo. Um negócio é novo se ele tem menos de mil dias de vida, ou seja, uns três anos.

Novo negócio inovador é um que muda (ou está tentando mudar) o comportamento de agentes, no mercado.

Crescimento empreendedor, em um mercado que cresce ‘x%’ ao ano, é crescer

‘5x%’, ‘10x%’, ao ano – ou mais.0

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2.1.1 Origem

A origem deste fenômeno econômico denominado Startup veio da segunda metade do Século XX nos EUA, surgido no centro da indústria de venture capital do Silicon Valley (ou Vale do Silício em português), na Califórnia. O capital de risco está relacionado ao investimento e participação societária em startups. Através da aquisição de valores mobiliários (ações, debênture conversíveis, bônus de subscrição, entre outros), com o objetivo de obter ganhos expressivos de capital no médio prazo (5 a 7 anos), Startups são criadas para compartilhar os riscos do negócio (ou venture em inglês), selando uma união de esforços entre empreendedores e investidores para agregar valor à empresa investida. Os investimentos podem ser direcionados para qualquer setor que tenha perspectiva de grande crescimento e alta rentabilidade no longo prazo.

O capital de risco pode ser apresentado de através de várias instituições, que veremos mais à frente, dependendo principalmente do contexto da startup em cada momento. Através do venture capital, Startups que pretendem crescer rápido e se transformar em grandes companhias passam a dispor de oportunidades para financiar o seu crescimento, com apoio para a criação de estruturas de governança, lucratividade e sustentabilidade futura do negócio.

Definições externas de startup

Faz-se necessário compreender, em todo o seu significado, este recente fenômeno econômico denominado Startup. Selecionamos algumas definições do termo Startup por diferentes atores do ecossistema de empreendedorismo e inovação local e global. Abaixo o quadro com as definições que selecionamos para reflexão e estudo:

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FONTE

CONCEITO

Wikipedia “A startup company (startup or start-up) is an entrepreneurial venture which is typically a newly emerged, fast-growing business that aims to meet a marketplace need by developing or offering an innovative product, process or service. A startup is usually a company such as a small business, a partnership or an organization designed to rapidly develop a scalable business model.”[11]

Paul Graham

“a Startup is a company designed to grow fast. Being newly founded does not in itself make a company a Startup. Nor is it necessary for a Startup to work on technology, or take venture funding, or have some sort of 'exit'. The only essential thing is growth. Everything else we associate with Startups follows from growth.” [12]

Dave McClure

"A startup is a company that is confused about: (1) what its product is (2) who its customers are; (3) how to make money." [13]

Steve Blank

“Your startup is essentially an organization built to search for a repeatable and scalable business model. As a founder you start out with: 1) a vision of a product with a set of features, 2) a series of hypotheses about all the pieces of the business model: Who are the customers/users? What’s the distribution channel. How do we price and position the product? How do we create end user demand? Who are our partners? Where/how do we build the product? How do we finance the company, etc. Your job as a founder is to quickly validate whether the model is

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correct by seeing if customers behave as your model predicts. Most of the time the darn customers don’t behave as you predicted.” [14]

Eric Ries "A startup is a human institution designed to deliver a new product or service under conditions of extreme uncertainty." [15]

Investopedia “A startup is a company that is in the first stage of its operations. These companies are often initially bankrolled by their entrepreneurial founders as they attempt to capitalize on developing a product or service for which they believe there is a demand. Due to limited revenue or high costs, most of these small-scale operations are not sustainable in the long term without additional funding from venture capitalists.” [16]

Endeavor Brasil

“uma empresa emergente de grande potencial.” [17]

Startup Brasil

“Empresas que tenham até quatro anos de constituição e desenvolvam produtos ou serviços inovadores usando ferramentas de software, hardware e serviços de TI como parte da solução proposta.” [18]

Sebrae “Um grupo de pessoas iniciando uma empresa, trabalhando com uma ideia diferente, escalável e em condições de extrema incerteza.” [19]

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Anjos do Brasil

“O Investimento Anjo é o investimento efetuado por pessoas físicas com seu capital próprio em empresas nascentes com alto potencial de crescimento (as startups).” [20]

In Revista

Exame

“Muitas pessoas dizem que qualquer pequena empresa em seu período inicial pode ser considerada uma startup. Outros defendem que uma startup é uma empresa com custos de manutenção muito baixos, mas que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. Mas há uma definição mais atual, que parece satisfazer a diversos especialistas e investidores: uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.” [21]

ACE

“uma organização temporária com um modelo de negócios escalável e repetível.”

[22]

Todavia repito que, por mais que hajam muitos pontos de contato, não devemos confundir uma startup com uma Micro ou Pequena Empresa (MPE). Uma startup pode, ou não, ao longo da sua história se comportar como uma MPE. Caso obtenha sucesso no seu crescimento, pode atingir o patamar de Sociedade Anônima (S/A). Mas algumas startups já nascem como S/As, por exemplo, pois podem necessitar de uma determinada robustez para captar investimentos ou ter algum respaldo para iniciar suas atividades, como é o caso de muitas fintechs, startups que estão ligadas ao ramo do mercado financeiro e podem precisar de vários selos e auditorias para dar início a suas operações.

O ponto importante é entendermos que a startup é um ente mutável, ágil e com características muito fortes de cultura e crescimento, que inova em hábitos e processos e está inserida num ambiente de incerteza e descoberta. Vamos entender, a seguir, algumas outras características práticas que diferem startups de empresas tradicionais.

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Aspectos clássicos de startups

Com uma definição do termo startup é importante listar algumas especificidades que vão fazer com que a startup seja diferente de uma empresa tradicional. Com essa base, podemos observá-las de acordo com os pilares de quíntupla hélice, conceito que veremos na próxima seção deste capítulo.

I. Mão de obra altamente especializada

Startups necessitam de profissionais muito qualificados, ou seja, de alto valor agregado.

É comum dizermos que estes profissionais têm empregabilidade global [23] e possuem, no caso da startup, um poder de barganha alto, devido a sua importância para a manutenção do negócio.

São profissionais de destaque que, dado seu conhecimento técnico especializado, tornam-se vitais para uma startup. Podemos dizer que muitas vezes os funcionários são tão importantes que eles mesmos representam um diferencial competitivo daquela empresa no mercado.

II. Participações societárias

Comumente funcionários de startups, devido ao seu valor agregado ao negócio, recebem convites para integrar a participação societária do negócio, como sócios minoritários. Embora não detenham o controle, esses sócios possuem uma relevância que vai além das suas ações, pois conhecem muito bem o negócio e apresentam um desafio considerável para serem substituídos.

III. Rápidas e múltiplas trocas de acionistas

Segundo dados do Sebrae e do IBGE, empresas familiares geram 65% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e empregam 75% da força de trabalho, além de representarem 90% dos empreendimentos no Brasil. No caso das Startups é muito diferente. Ao evoluir e, principalmente, ao passar de um patamar para o outro, é normal que aconteça uma transição entre sócios. É natural que, nesta evolução, fundos de investimento e outros tipos de acionistas assumam controle da Startup, diluindo os sócios fundadores e excluindo os investidores-anjo.

Temos duas operações financeiras que representam essas atividades, conhecidas como cash in e cash out. No cash in o aporte financeiro é voltado para o desenvolvimento do negócio:

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contratação de novos funcionários, investimentos em marketing, comercial, produto, ou qualquer característica do negócio identificada como essencial para o seu crescimento.

Já o cash out está relacionado aos sócios que desejam se retirar parcial ou totalmente da operação, reduzindo suas atribuições dentro do negócio, recebendo o pagamento devido. É muito comum que aconteçam modificações desta natureza, com a entrada e saída de sócios, sejam investidores-anjo, incubadoras, fundos de investimento, sócios fundadores, executivos e funcionários estratégicos. Essa característica requer conhecimento sobre o processo de evolução de uma startup e, acima de tudo, exige que haja amadurecimento entre os sócios para que entendam a hora de entrar ou o momento de sair do negócio

IV. “Go big or go home”

Startups devem ter calculado seu risco, devem buscar um crescimento rápido enquanto negócio ou devem buscar seu fechamento. Na criação de uma startup, falhar faz parte e fechar também faz parte.

A figura abaixo resume o ideal de crescimento para um negócio nos moldes de uma Startup: custos crescendo de forma linear e receitas crescendo de forma exponencial. [24]

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2.1.2 Explosão e consolidação

O boom da Internet em 1995 fez com que todos os olhares de investimento se voltassem para o Vale do Silício. Com empresas escalando numa velocidade altíssima, trazendo taxas de ROI (return over investment) muito atrativas para o mercado de investimento, formando numa velocidade muito rápida o que viria a ser o mercado de venture capital como o conhecemos hoje, com os EUA se mostrando o player mais maduro deste segmento.

A partir do que aconteceu no Vale do Silício e levando a lógica para grandes pólos de tecnologia, os principais fundos, empresas e investidores começaram a perceber o Brasil como um potencial mercado de boas Startups. O movimento também incentivou a criação dos primeiros fundos brasileiros que viriam a olhar para o mercado de software e internet.

No Brasil, a primeira onda que identificamos das Startups surgiu por volta de 1998, durante a bolha da Internet global. Depois do estouro, já por volta dos anos 2000, apenas alguns poucos empreendimentos sobreviveram. Muito pouco se fez em toda a América do Sul até que, em 2005, ocorre a venda da Akwan para o Google [25] e, em 2009, a venda do Buscapé para a Naspers [26]. Estas operações marcaram o início de uma onda de interesse por Startups em todo o Brasil, o que contribuiu para outros casos de sucesso [27].

A partir da busca e do estudo do mercado de investimentos no Brasil, selecionamos alguns dos principais cases de Startups no país, com deals realizados entre 1999 e 2019. Várias dessas empresas receberam novos aportes, foram compradas, fundidas ou até descontinuadas, mas os deals aqui listados representaram, no seu tempo, relevância no cenário de Startups do país. Trata-se de um recorte simbólico-ilustrativo e não uma listagem exaustiva. Nosso intuito é trazer a baila alguns dos principais deals que influenciaram o desenvolvimento do cenário de investimentos em Startups no Brasil.

A base de informações cruzadas é composta pelo material histórico do CrunchBase [28]

e dos principais fundos de investimento de venture capital no Brasil, como Monashees [29], Kaszek Ventures [30] e Redpoint eventures [31].

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Ano Investimentos Investidor Valor 1999 BuscaPé

Akwan Radix.com

Investidor anjo Fir Capital CVC/Opportunity

US$ 500k Sem valores

US$ 5MM

2000 Movile Rio Bravo US$ 1MM

2004 NetMovies IdeiasNet Sem valores

2007 Boo-box Monashees US$ 300k

2008 Samba Tech Movile

FIR Capital/Draper Fisher Naspers

US$ 3MM Sem valores

2009 MoIP IdeiasNet Sem valores

2010 Kekanto Investir anjo US$ 60k

2011

GetNinjas Kekanto Peixe Urbano

iFood

Kaszek Ventures Kaszek Ventures

Monashees

Warehouse Investimentos

US$ 700k

Sem valores Sem valores R$ 1.56MM

2012 Viva Real Runrun.it Easy Taxi

Kaszek Ventures Monashees Rocket Internet

US$ 3.2MM Sem valores U$ 5MM

2013 iFood

Jusbrasil ZeroPaper

uMov.me In Loco Media

ZUP

Resultados Digitais

Movile Partners Monashees TOTVS Ventures TOTVS Ventures

BuscaPé BuscaPé Monashees

R$ 2.6MM

Sem valores Sem valores R$ 3.2MM

Sem valores Sem valores R$ 5MM

2014 Netshoes Apontador

Nubank

GIC Movile Sequoia Capital

US$ 170MM R$ 15MM US$ 14.3MM 2015 Contabilizei

Contentools Neemu Chaordic

Kaszek Ventures Investidor anjo

Linx Linx

Sem valores US$ 300k R$ 34.1MM R$ 44.5MM

2016 QuintoAndar Kaszek Ventures U$ 7MM

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Passei Direto BankFacil

Chegg Kaszek Ventures

R$ 23MM R$ 15MM

2017 99

Gupy GuiaBolso

CargoX

Softbank Canary Vostok Goldman Sachs

U$ 100MM U$ 1.5MM U$ 15MM R$ 66MM 2018 Pipefy

Volanty Conta Azul

OpenView Partners Monashees Tiger Global

U$ 16MM U$ 19MM R$ 100MM

2019 Nubank

Ebanx Loggi

TCV FTV Capital

SoftBank

U$ 400MM Sem valores U$ 150MM

No Brasil, entretanto, a grande maioria das Startups falham antes de dois anos de sua criação, segundo a seguinte pesquisa da Fundação Dom Cabral [32]:

2.1.3 Status quo brasileiro

Mesmo com dificuldades o ecossistema de Startups no Brasil cresceu e se encontra em sua fase inicial de formação – ou ‘primeira infância’.[33] O Brasil é um mercado em formação para as Startups, especialmente quando tratamos do tema sob a ótica da inovação através de investimentos de capital de risco. Diz-se que o primeiro fundo especializado nessa área nasceu em 1994, por iniciativa da GP Investimentos [34]. Isso significa que conceitos, regras de boas práticas e definições sobre o tema estão em desenvolvimento entre nós a pouquíssimo tempo.

Mesmo assim, como é o esperado para um cenário de crescimento explosivo e com muitas oportunidades, diversos setores da economia apresentaram saltos significativos nos últimos anos, como é o caso dos setores financeiros, de saúde e educação.

Fintechs

O relatório “Fintech na América Latina 2018: crescimento e consolidação” [35], publicado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aponta crescimento de 66%

de novos empreendimentos Fintech em comparação ao primeiro levantamento, realizado em

(24)

2017. Os segmentos que mais cresceram no Brasil desde 2017 foram score de crédito, identidade e fraude, registrando 750%, mostrando mais uma vez a necessidade de que o mercado incorpore soluções para conter riscos associados ao maior desenvolvimento tecnológico; e de empréstimos, com 132% de aumento de novos negócios. O segmento de gestão de finanças empresariais também apresentou alto crescimento no Brasil, registrando 89%. Os números de 2019 foram consolidados pelo FINNOVATION [36], um dos maiores portais sobre Fintechs do país e já apresenta um crescimento de 34% sobre os números de 2018, ou seja, somamos mais de 500 fintechs só no Brasil este ano.

Healthtech

Segundo dados da Conta-Satélite de Saúde Brasil 2010-2015 [37], divulgados pelo IBGE no fim de 2017, o consumo final de bens e serviços de saúde no país cresceu e atingiu R$ 546 bilhões, o equivalente a 9,1% do PIB. Seguindo o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), a inflação cai enquanto o custo hospitalar se incrementa. Isto ocorre porque mesmo havendo melhor tecnologia para diagnóstico e tratamento, as pessoas continuam imunes à doenças. As tecnologias focadas no diagnóstico e tratamento irão melhorar a precisão e atuação da doença, mas não irão prevenir que o usuário fique doente. Por isso que mesmo melhorando tecnologicamente, o papel do médico continuará a ser essencial.

O custo econômico hospitalar continuará a crescer nos próximos anos, e de forma quase exponencial, devido ao número de pessoas de maior idade será cada vez maior – e segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a taxa de incidência em doenças acontece com pessoas sedentárias a partir dos 35 anos.

Em resposta às deficiências na área de saúde, estão surgindo empresas com propostas inovadoras para esse segmento. O mercado de Health Tech se divide em 3 grandes blocos:

prevenção, diagnóstico e tratamento. Elas podem estar em diferentes plataformas, focos de negócios e modelos de negócios. O volume de investimentos na área de health tech no contexto mundial aumentou 90% entre os anos de 2010 e 2017. Os dados são do relatório de inteligência do Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae-SC (2019).

Segundo um relatório da KPMG, existem hoje 288 startups no Brasil focadas no segmento de health tech. Além disso, em 2017, o setor das health techs foi o segundo segmento da economia com o maior crescimento na América Latina, com um valor acumulado de 250%

em relação ao ano anterior.

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Edtech

O setor de edtechs vem crescendo mundialmente e, no Brasil, as startups educacionais estão impactando positivamente os modelos de ensino e aprendizagem. Atualmente, elas representam 7,8% do total de startups no Brasil, crescendo em média 20% ao ano, segundo o mapeamento [38] da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb).

O mapeamento mostrou ainda, que o mercado brasileiro de edtechs encontra-se em um momento de evidência devido à sua capacidade de impacto social neste mercado em expansão.

Hoje, já são mais de 350 edtechs espalhadas por 25 dos 26 estados brasileiros, dos quais 19 deles possuem, pelo menos, três startups educacionais. Elas vêm se desenvolvendo com capital próprio, investimentos-anjo e através de fundos de venture capital.

Investimento de risco

Independente da vertical que estamos analisando, acessar capital é algo muito importante para os empreendedores. Este ponto será mais detalhado no próximo capítulo deste trabalho, mas como já abordamos a relevância do capital de risco para o crescimento das startups, vamos adiantar alguns números para que o cenário Brasil fique claro.

O Brasil lidera, de longe, o caminho dos investimentos de risco [ou venture capital] na América Latina [39]. Quando conversamos com algumas startups de países vizinhos, estabelecendo comparações, vemos que o Brasil realmente tem um mercado gigantesco. Este grande potencial tem atraído muitos investidores estrangeiros, assim como alguns empreendedores de fora também. Temos visto, desde 2013, o volume de investimento de risco aumentar quase 10 vezes, e o número de rodadas tem ficado levemente menor nos últimos dois anos, o que revela uma maturação da tese de venture capital onde temos visto um menor número de rodadas, porém, com maior capital investido.

Nada está perfeito

Mesmo com um cenário aparentemente favorável, ainda existem vários desafios para os empreendedores no Brasil [40]. O número de empreendedores tem crescido, mas o número de mortalidade vai acompanhando o crescimento de perto. Ou seja, os desafios não estão presentes

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apenas na geração de empreendedores, mas em como dar suporte para que esse empreendedor continue empreendendo.

As oportunidades e problemas estão postos em áreas de todo tipo, como citamos educação, saúde e finanças. O próximo passo é descobrir a melhor forma de conectar o conhecimento, os incentivos e as oportunidades.

Em qualquer lugar do mundo a realização do sonho da startup precisa dos pilares propostos pelo modelo de quíntupla hélice: (i) governo, (ii) educação/universidades, (iii) sociedade e (iv) meio ambiente. No Brasil, nenhum desses itens é trivial.

2.2 Quintupla-hélice

Carayannis et al. (2012) acreditam que um ecossistema empreendedor deve ser orientado pelo conceito de Quíntupla Hélice. Este conceito evoluiu a partir do conceito Tripla Hélice e mais tarde da Quádrupla Hélice. A Tripla Hélice liga o desenvolvimento de um ecossistema empresarial inovador às interações entre governo, empresas e universidades [41]

[42]. A Quádrupla Hélice acrescenta a perspectiva da Sociedade interagindo diretamente com conhecimento gerado e sua divulgação, contribuindo também para sua construção. Finalmente, a Quíntupla Hélice coloca em perspectiva os temas ecologicamente sensíveis do meio ambiente.

Destacam Autio [43] e Holienka [44] que, ao se corrigir deficiências de um

ecossistema empreendedor, evolui-se na estruturação para a formação de um ambiente propício à negócios inovadores, potencializados por instrumentos como as incubadoras, aceleradoras, fundos de investimento de risco e outras entidades que contribuem para formação de empresas [45] e que poderão contribuir diretamente com os pilares da sociedade e meio ambiente.

2.2.1 Evolução

O grande ponto da quíntupla hélice é de incluir o meio ambiente como uma nova subárea do conhecimento e dos modelos de inovação, assim, então, a natureza é posicionada como um elemento central e equivalente aos demais elementos durante a produção de conhecimento.

A necessidade de incluir este ponto, deu-se exatamente a partir da evolução dos modelos anteriores com o contexto de mundo atual. O modelo de tripla hélice observa apenas os campos do mercado: (i) universidades, (ii) mercado e (iii) governo. Apesar de serem pontos essenciais,

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ainda apresentam lacunas ao encarar um mundo cada vez mais globalizado e no qual essas três instituições se misturam diariamente com o próximo pilar (iv) sociedade.

Com o modelo de quádrupla hélice, por que aumentar a complexidade de um modelo que possui agentes tão grandes e não triviais? Carayannis começa a entender que a valorização do ambiente natural, para o processo de produção de conhecimento e a construção de inovação, é particularmente importante porque serve para a preservação, sobrevivência e revitalização da humanidade. Ou seja, começou-se a entender a importância da humanidade aprender mais com a natureza (especialmente em tempos de mudança climática).

Com a hélice do ambiente natural, o "desenvolvimento sustentável" e a "ecologia social"

tornam-se constituintes da inovação social (societária) e da produção de conhecimento

O elemento constituinte mais importante da Hélice Quíntupla - além dos "agentes humanos" ativos - é o recurso do "conhecimento", que, através de uma circulação (ou seja, circulação de conhecimento) entre subsistemas sociais, provocam mudanças na inovação, aumentam know-how em uma sociedade e trazem benefícios para a economia [46].

A Quíntupla Hélice, assim, visualiza a interação coletiva e a troca de conhecimento em um cenário que se dá por meio dos cinco subsistemas seguintes (isto é, hélices):

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(1) sistema de ensino, (2) sistema econômico, (3) sistema político,

(4) público baseado na mídia e na cultura, (5) e o ambiente natural,

Analisar a sustentabilidade neste modelo significa que o desenvolvimento sustentável determine o progresso significa que cada um dos cinco subsistemas descritos (hélices) tem um recurso especial e necessário à sua disposição, com uma relevância social e acadêmica (científica), do seguinte modo:

(i) O sistema de ensino: O sistema de educação, como o primeiro subsistema, define- se em referência a "academia", "universidades", "sistemas de ensino superior" e escolas. Nesta hélice, o necessário "capital humano" (por exemplo: estudantes, professores, cientistas / pesquisadores, empreendedores acadêmicos, etc.) de um estado (estado-nação) está sendo formado pela difusão e pesquisa do conhecimento. Quanto mais investimento é realizado na hélice de educação, maior é a vazão de inovação, pesquisa e ciência obtida. Isso significa um desenvolvimento sustentável com capital humano qualificado, servindo como entrada da segunda hélice.

(ii) O sistema econômico: O sistema econômico, como o segundo subsistema, consiste em "indústria / indústrias", "empresas", serviços e bancos. Esta hélice concentra e concentra o

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"capital econômico" (por exemplo: empreendedorismo, máquinas, produtos, tecnologia, dinheiro, etc.) de um estado (estado-nação). Com a entrada de novos conhecimentos de um capital humano mais especializado, temos uma valorização do conhecimento econômico. Com o enriquecimento do conhecimento, são produzidos novos tipos de trabalho, novos produtos e serviços sustentáveis [verdes]. Neste subsistema, novos valores, como responsabilidade corporativa-social, são demandados, suportando aprendizados e inovações diretamente das questões econômicas para a hélice do ambiente natural.

(iii) O ambiente natural: O ambiente natural como terceiro subsistema é decisivo para um desenvolvimento sustentável e proporciona às pessoas um "capital natural" (por exemplo:

recursos, plantas, variedade de animais, etc.). Assim, recebemos, do sistema econômico, um motor de desenvolvimento que se comunica melhor com a natureza e resulta em menos exploração, destruição, desperdício e contaminação. Com isso, o ambiente natural pode se regenerar e fortalecer o seu valor, proporcionando também aprendizado humano. O objetivo é levar a sociedade a viver em balanço com a natureza e ao mesmo tempo se desenvolver, usando recursos finitos de forma sustentável. Este conhecimento verde é a entrada da hélice cultural.

(iv) O público baseado na mídia e na cultura: o quarto subsistema, público baseado na mídia e na cultura, integra e combina duas formas de "capital". Por um lado, esta hélice, através do público baseado na cultura (por exemplo: tradição, valores, etc.), é um "capital social". Por outro lado, a hélice do público baseado na mídia (por exemplo: televisão, internet, jornais, etc.) contém também "capital da informação" (por exemplo: notícias, comunicação, redes sociais). O capital da informação está balanceado com o estilo de vida desenvolvido na hélice anterior. Desenvolvimento social e cultural estão em harmonia com uma consciência sustentável. Todo o conhecimento, desejos, necessidades e modos de vida são a entrada para a próxima hélice: o sistema político.

(v) O sistema político: O sistema político, como um quinto subsistema, também é de importância crucial, porque formula a 'vontade', para onde o estado (estado-nação) está caminhando no presente e no futuro, definir, organizar e administrar as condições gerais do estado (estado-nação). Portanto, esta hélice tem um "capital político e legal" (por exemplo:

idéias, leis, planos, políticos, etc.). Entre outras palavras, a questão midiática e cultural é somada a todo o restante dos motores das hélices, influenciando diretamente o sistema político.

As discussões, com toda bagagem adquirida, objetivam a criação de um capital político e

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jurídico que mantenha as hélices funcionando harmonicamente, fazendo com que o modelo de hélice quíntupla seja eficaz e sustentável. Ou seja, sugestões de investimentos sustentáveis levam a circulação do conhecimento de volta ao sistema educacional.

2.2.2 Cenário Brasil

I. Universidades

A universidade deve potencializar e inspirar o empreendedorismo e a capacidade de inovar dos seus alunos, a fim de gerar desenvolvimento econômico e social na comunidade.

Porém, as instituições não estão atendendo às necessidades dos alunos: de acordo com uma pesquisa do SEBRAE [47] enquanto cerca de 65% dos professores estão satisfeitos com iniciativas de empreendedorismo dentro das universidades, a média de satisfação entre alunos é de 36%. Há sinais para explicar o descompasso. Entre os principais problemas e dificuldades estão:

(i) As universidades não têm uma estrutura que apoie a jornada completa do empreendedor;

(ii) A universidade está desconectada do mercado;

(iii) A atuação da universidade não estimula a inovação e o sonho grande nos alunos;

As universidades precisam conectar os seus alunos com o mercado e com a comunidade.

É preciso interligar suas iniciativas a uma visão estratégica de médio e longo prazo, visando a uma gama de atividades e espaços que acompanham a jornada do empreendedor em um pro- grama robusto de empreendedorismo.

Porém, a universidade não demonstra ser ativa no mercado e na comunidade, já que poucos professores são empreendedores ativos e se atualizam por meio do contato com empreendedores externos à instituição de ensino, além de haver poucas iniciativas abertas ao público ou que envolvam agentes empreendedores da comunidade.

Há uma relação direta entre cursar uma disciplina de empreendedorismo e o seu perfil empreendedor. Quanto maior o envolvimento com a temática empreendedora, maior a proporção de alunos que realizaram disciplinas do tipo. Cerca de 46% de alunos empreendedores já cursaram as disciplinas, número superior ao de potenciais empreendedores

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(38,8%), por sua vez superior ao de alunos que não pensam em ter um negócio (24%). Entre os alunos, observou-se:

(i) O grupo que cursou disciplinas de empreendedorismo é o mesmo que pretende empreender nos próximos três anos;

(ii) Cursar disciplinas de empreendedorismo diminui as dúvidas e os desafios entre alunos empreendedores;

(ii) O aluno valoriza iniciativas empreendedoras em sua universidade;

Porém, ao mesmo tempo que os números gerais mostram o descompasso das universidades com a cultura de empreendedorismo e startups, existem algumas exceções que revelam o potencial das instituições na formação de bons empreendedores.

Assim como o animal mitológico, que é considerado raríssimo, as startups que são avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais são chamada de "unicórnios". Ainda assim, essas empresas já fazem mais parte da realidade do que o belo cavalo de um chifre só — são 416 delas no mundo todo de acordo com a plataforma CB Insights [48]. Dos unicórnios espalhados pelo mundo, 9 deles estão no Brasil: arco, Gympass, iFood, Loggi, movile, 99, Nubank, Stone e, mais recentemente, o Ebanx.

Na liderança de unicórnios brasileiros, há egressos de instituições tradicionais como a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV). Saíram da USP dois fundadores da Gympass (Cesar Carvalho e João Thayro); todos os fundadores do iFood (Eduardo Baer, Felipe Ramos, Patrick Sigrist e Guilherme Bonifácio); os três criadores da 99 (Ariel Lambrecht, o já mencionado Renato Freitas e Paulo Veras), além de Cristina Junqueira, do Nubank.

Assim, vemos que há potencial de gerar inovação e impacto socioeconômico em saltos significativos, mas tem se mostrado imprescindível para universidades se manterem mais conectadas com problemas da sociedade civil que representam, ao mesmo tempo, boas oportunidades de mercado. Basta conectá-los e fornecer as ferramentas e incentivos corretos, como tem feito a USP com a criação de disciplinas focadas em marketing, finanças, recursos humanos, pensadas diretamente para empreendedores [49].

(32)

II. Mercado

Os sinais da crise econômica foram evidenciados no crescimento pouco expressivo do Produto Interno Bruto (PIB) e do número de empresas exportadoras, decorrente do ritmo fraco de diversos setores no período analisado - com desempenho regular apenas do setor de serviços – e do número de empresas que decretaram falência ou que sofreram aquisições e fusões nos últimos anos [50].

Adicionalmente, o Brasil segue como um dos países mais fechados em termos de comércio internacional, sendo o que menos exporta entre as 20 principais economias do mundo.

Um estudo do Banco Mundial [51] identificou que os custos para empreender e se internacionalizar no país continuam altos, sendo necessários investimentos para desenvolver o ambiente de negócios e atrair mais empresas capazes de exportar e aumentar a competitividade do país.

Após a pior crise de sua história, o Brasil mostra sinais de lenta recuperação econômica.

Entretanto, várias cidades foram afetadas, seja pelo desaquecimento dos setores econômicos ou pela queda da renda da população. De toda forma, vale ter em mente que, quando se trata dos dados do PIB, as informações divulgadas pelo IBGE são defasadas em alguns anos. Ou seja, não é possível analisar e detalhar as dinâmicas econômicas dos municípios no contexto atual.

De qualquer maneira, as previsões mais atuais são previsões de melhorias, apesar de lentas. Segundo o relatório do Banco Central (BC), a expectativa de crescimento da economia em 2019 passou de 0,88% para 0,91%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Há quatro semanas, a estimativa de alta era de 0,87%. Para 2020, o mercado financeiro manteve a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), em 2,00% [52].

III. Meio ambiente

O Brasil é um dos principais atores nas discussões internacionais sobre o meio ambiente.

As características naturais do país o tornam uma referência no tema: o Brasil conta com a maior biodiversidade do mundo; a maior extensão de floresta tropical e 12% das reservas de água doce do planeta.

Como país em desenvolvimento, o Brasil defende também a necessária conciliação entre a conservação do meio ambiente, a erradicação da pobreza e o desenvolvimento econômico. Essa visão, consolidada no conceito de desenvolvimento sustentável, tem levado

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a resultados expressivos no Brasil, como a queda nas taxas de desmatamento florestal, a expansão das matrizes energéticas limpas e o aumento da produção e da produtividade agrícola.

Porém a sustentabilidade é um fator importante e nada trivial. As práticas sustentáveis envolvem custos não incorridos pelas práticas tradicionais mas ao mesmo tempo podem oferecer vantagens competitivas e reduções em custos advindos da reutilização dos resíduos ou dos custos do descarte, etc. Portanto a sustentabilidade também é complexa. E é claro que a combinação de sustentabilidade com inovação é mais complexa ainda. Finalmente, inovação (especialmente inovação tecnológica) e startups frequentemente ocorrem juntos acarretando complexidade geometricamente maior se também maior valor e impacto potencial.

As empresas devem ter um bom desempenho simultâneo em todos os quatro quadrantes do modelo, e em uma base contínua, caso queiram maximizar o valor ao acionista ao longo do tempo. A atuação em um ou dois quadrantes é sinal de um desempenho inferior e até mesmo de fracasso [53].

Existem algumas diretrizes do governo para avaliar negócios e suas políticas de sustentabilidade:

(i) NBR ISO 26000: norma que sugere práticas de responsabilidade social empresarial, com foco em accountability; transparência; comportamento ético;respeito aos interesses dos stakeholders; respeito ao Estado de Direito; respeito às normas internacionais de comportamento; e direitos humanos.

(ii) Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3: iniciativa da B3, antiga BM&FBOVESPA, mensura o retorno de uma carteira composta das ações mais líquidas da bolsa que passam por uma avaliação voluntária em relação à sustentabilidade. A base para essa avaliação são as respostas a um questionário que trata de sete dimensões: geral, natureza do produto, ambiental, social, econômica, governança e mudança do clima. Ao sugerir boas práticas, o questionário também serve como guia para empresas que almejam avançar nessas dimensões.

(iii) Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis: ferramenta que permite diagnosticar o estágio organizacional em relação à responsabilidade social corporativa. Também em formato de questionário, o guia é organizado em quatro grandes dimensões – (i) Visão e Estratégia; (ii) Governança e Gestão; (iii) Dimensão Social; e (iv) Dimensão Ambiental.

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O grande ponto sobre sustentabilidade é que apesar de existirem diretrizes e incentivos, precisamos entender que negócios são partes integrantes da sociedade e devem estar de acordo com as boas práticas que promovem a preservação do meio ambiente, para que o impacto causado seja positivo e de longo prazo, gerando mais valor social e permitindo que a sociedade evolua como um todo, sem prejudicar o ecossistema natural.

IV. Sociedade

Olhar para o pilar de sociedade, na relação de quíntupla hélice, leva-nos a olhar para tudo aquilo que constitui as relações humanas, os anseios sociais, a evolução de grupos de indivíduos. Sendo as startups entidades criadas por pessoas e refletindo aspectos culturais locais, podemos perceber que as startups possuem uma relação muito próxima com as principais necessidades das pessoas, seja num ambiente urbano ou rural. Elas são uma forma de expressão.

O papel do empreendedor, ao criar um negócio que visa o crescimento, é dar sentido ao negócio e se integrar como um objetivo social em essência. Ou seja, startups são tanto um meio de expressão de uma determinada construção social, quanto um agente modificador que se relacionada diretamente com a sociedade, mudando hábitos, culturas e se misturando no dia a dia das pessoas.

Quando observamos para o cenário brasileiro, é natural vermos todo impacto, já citado no capítulo 1, sobre aspectos como saúde, educação, mercado financeiro. Várias startups vêm cumprindo o quesito de preencher as lacunas deixadas por instituições como o governo e outros mercados, por exemplo. Se olharmos para os últimos anos, houve um aumento significativo de empresas atuando em setores básicos e mudando diversas realidades.

Temos startups como o Dr. Consulta, fundada em 2011, responsável por providenciar atendimento médico de qualidade, voltado para diagnósticos, a um preço acessível. Desta forma, a população que não tem acesso a planos de saúde e precisa de um diagnóstico rápido, sem passar pela fila do Sistema Único de Saúde (SUS), pode utilizar um serviço de baixo custo.

Outros exemplos de startups como o Nubank vêm revolucionando a relação dos consumidores com instituições financeiras, ao oferecer produtos de crédito a custo zero, permitindo que mais pessoas consigam abrir contas no banco, sem pagar tarifas e sem enfrentar filas. Ou ainda empresas como a Geekie, que atua diretamente na preparação de jovens estudantes para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), auxiliando com sugestões de estudo, conteúdos complementares e ocupando uma brecha que existia na formação daquele aluno, que não consegue acesso direto ao professor ou aos pais durante o processo de estudo e aprendizado.

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Pensar em necessidades sociais e na forma dessa necessidade emergir como problema ou oportunidade de mercado, faz com que startups sejam criadas em torno delas e provoquem uma mudança positiva na sociedade, dado que existe um mercado rentável e um problema real que, ao ser resolvido, tem como consequência a melhoria do bem estar social. O Brasil tem evoluído bastante em formatar problemas reais como oportunidades para startups, o que também é uma consequência natural do tempo e aprendizado dos negócios e empreendedores, além de termos exemplos espalhados ao redor do mundo que servem como modelos de inspiração no nosso ambiente.

V. Governo

Pensar na relação entre governo e startups exige pensar em toda relação entre política e empresas na história do Brasil. Novos perfis de negócios começaram a integrar o mercado, porém existe um arcabouço de leis, programas e adaptações muito extenso na evolução dessa relação. Por isso vamos nos limitar a uma linha temporal mais recente, suprimindo algumas etapas da evolução das políticas governamentais com as empresas de alto crescimento, as startups.

Como mostramos até aqui, startups são empresas com características muito particulares e é esperado que apresentem necessidades diferentes. O governo, como uma instituição que busca promover o desenvolvimento econômico e o bem estar social, pode encarar startups como um meio de deste desenvolvimento. Assim, faz-se necessário se aproximar e entender as principais necessidades. No modelo de hélice quíntupla, negócios só são viabilizados e geram impacto positivo quando bem conectados com outras hélices, como o governo e a sociedade.

Logo, temos um governo que buscou desenvolver diversas iniciativas que pudessem servir de auxílio e incentivo às startups. Na sequência vamos falar um pouco desses programas e da participação do governo na construção de uma comunidade mais madura e bem contextualizada com as necessidades sociais.

Entre os anos 2012 e 2014, três iniciativas que incentivam startups foram lançadas pelo governo federal. Apesar de lançadas e executadas em curto espaço de tempo, foram elaboradas por ministérios diferentes e de forma independente entre si. Embora as três experiências se voltem para o setor de startups e empresas nascentes e busquem incentivar esse ecossistema, cada uma tem seu objetivo e estratégia de atuação específica. A análise do desenho e instrumentos de cada programa foi realizada com base no estudo e tipologias propostas por Rammer e Müller [54]. É preciso destacar que cada iniciativa surgiu sob a influência dos valores

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e objetivos próprios de seus órgãos responsáveis. Ainda que tivessem atribuições próximas, os Ministérios apresentavam ênfases e focos distintos em suas atribuições formais, que se refletiram e influenciaram as estratégias implementadas em cada programa e também serviram de justificativa para a criação de programas diferentes, com instrumentos e metodologias diferentes.

O Startup Brasil foi criado e implementado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) e seu objetivo se vinculava à promoção do desenvolvimento tecnológico e da inovação e à política de desenvolvimento de informática e automação. O Inovativa Brasil, por sua vez, foi formulado e gerido pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), relacionando-se à sua atribuição de executar políticas públicas para a promoção da competitividade e da inovação nas empresas. Já o Inovapps foi desenhado e lançado pelo Minicom, com a preocupação de promover o acesso aos serviços de comunicações, contribuindo para o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inclusão social no Brasil.

Quanto aos objetivos estratégicos, percebe-se que o Startup Brasil e o Inovapps explicitam a busca por desenvolvimento tecnológico. O Inovapps traz de forma subjacente a ideia de aumento da competição e da eficiência do mercado, enquanto o Inovativa volta-se com mais ênfase à criação de novas oportunidades de trabalho e promoção de mudanças no setor industrial. Esses objetivos se relacionam com as missões formais de seus órgãos executores e se traduzem também nos instrumentos e serviços oferecidos por cada programa.

Segundos os números do próprio StartupBrasil, 5 turmas já foram realizadas e mais de 200 startups apoiadas, fazendo parceria com 17 aceleradoras do país. Já o InovAtiva apoiou mais de 900 startups, conectando-as com mentores e investidores.

Iniciativas desta natureza mostram o amadurecimento do Governo como instituição apoiadora do empreendedorismo. Criação de programas a partir do governo, ligado a instituições de ponta, como aceleradoras, com mentores locais e externos; investidores buscando novas oportunidades de negócios; empreendedores gerando novos postos de trabalho e devolvendo valor para o governo.

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3. Recife e o Porto Digital como ecossistemas de empreendedorismo e inovação brasileiros

Como vimos até aqui, o Brasil se apresenta como um cenário bastante complexo, revelando diferentes realidades e desafios. Nosso objetivo agora é analisar mais de perto as particularidades de um dos seus pedaços marcantes: Recife.

Recife é uma das cidades mais antigas do país, fundada em 1537, e a cidade nordestina com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M). É a quarta capital brasileira na hierarquia da gestão federal, após Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo [55]. Com uma cultura forte, tipicamente bairrista, algumas das universidades mais tradicionais e prestigiadas do país, formada por uma planície aluvial, tendo as ilhas, penínsulas e manguezais como suas principais características geográficas, Recife se apresenta como um prato cheio para analisar relações com os pilares de hélice quíntupla.

3.1 O que já construímos?

Ao observamos Recife como ecossistema empreendedor, ligado aos conceitos já citados da Quíntupla Hélice, podemos isolar os pilares e avaliar como cada um deles evoluiu e se apresenta atualmente. Com isso, é possível entendermos o comportamento da cidade e quais as instituições que dão suporte a formação de novos negócios. A seguir, veremos um pouco do que já foi construído em Recife e como cada pilar impacta nos novos empreendedores.

Universidades

Chegando até aqui, entendemos que as universidades têm o papel de incentivar empreendedorismo e a capacidade de inovar dos seus alunos. Ao compreender startups como entidades que dependem de escala, partimos do pressuposto que elas dependerão de software para crescer de maneira saudável. Assim, focaremos na análise de cursos de Ciência da Computação, Engenharia da Computação, Sistema de Informação e Engenharia de Software, como motores do crescimento de uma comunidade empreendedora sustentável.

O primeiro centro dedicado ao ensino de Computação em Recife foi na UFPE e o plano para a criação do centro, dentro do padrão que ele é hoje, nasceu no antigo Departamento de

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Estatística e Informática. Foi elaborado em 1985 e idealizado para ser um centro de referência e excelência em Informática da América Latina 15 anos antes dele existir de fato, em meio a um momento no qual não se fazia planos de longo prazo no Brasil dadas as condições econômicas da época. Os idealizadores desse plano tinham como premissa básica a inovação e isso fez com que a UFPE se tornasse a instituição pioneira no Brasil no ensino de tecnologias atuais do mercado e, consequentemente, do empreendedorismo.

Depois do Centro de Informática novos cursos surgiram na UPE (Engenharia da Computação), UFRPE (Ciência da Computação), Unicap (Ciência da computação) e em várias outras faculdades. Ao menos 20 cursos diferentes são ofertados hoje, de ensino superior, além de cursos de formação técnica.

Apesar de termos crescimento e novas ofertas educacionais para formação nas áreas de tecnologia, ainda existe uma deficiência no preenchimento de vagas. De acordo com o Porto Digital e representantes de empresas do parque, há uma lacuna no que diz respeito à formação dos estudantes na área, já que suas qualificações não são compatíveis com os requisitos solicitados para a conquista dos cargos. Segundo o Ministério da Educação (MEC), todos os anos, universidades públicas e privadas de Pernambuco formam 620 profissionais nas áreas requisitadas. Considerando toda a região Nordeste, o número de graduados chega a 2.400 por ano.

Mercado

Como vimos, o mercado é relacionado a capacidade humana de fazer trocas. Pessoas diferentes, em países e cidades diferentes, promovem as trocas de valor, movimentando produtos e serviços no mercado, gerando demanda e oferta. Quando pensamos na economia tradicional, existe uma série de limitações em diferentes empresas: estoque, logística, durabilidade dos produtos, barreiras culturais.

Quando pensamos no novo modelo de economia, temos a realidade de empresas que são cada vez mais globais. Esta tese foi escrita utilizando a plataforma de documentos digitais do Google, com várias referências buscadas no sistema de pesquisas acadêmico, com conhecimento construído em diferentes instituições e academias ao redor do mundo. Economia e conhecimentos globais. Mas as empresas podem atuar e se desenvolver no mesmo modelo econômico mesmo que não sejam o Google.

Olhando para Recife, vemos grandes empresas, como a MV Sistemas, que possui versões de seus produtos para hospitais em mais de 9 países da América Latina, consolidando-

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se como uma das maiores empresas brasileiras de software [56]. Porém várias outras empresas têm se destacado: a Tempest, empresa de segurança, tem se destacado pela sua atuação tanto no mercado brasileiro quanto em mercados da América Latina e Europa. A In Loco, empresa que coleta dados anonimizados de localização para solucionar problemas de grandes clientes, que já atendia Brasil, EUA e Europa agora monta uma operação física em São Francisco, além do escritório em São Paulo. Ainda temos empresas como o Mr. Plot que é responsável pelo Mundo Bita, canal que já tem mais de 2 bilhões de views, 500 mil seguidores nas redes sociais, uma indicação ao Grammy Latino, brinquedos licenciados, shows pelo Brasil com três equipes diferentes. O Mr. Plot é uma empresa de economia criativa, mas que utiliza software e mentalidade de startup para produzir e difundir o material.

O mais importante para entendermos sobre o mercado em Recife é que ele nasce em Recife e não tem barreiras físicas. Com as devidas adaptações, software pode ser distribuído para Recife, para o Brasil e para o resto do mundo. O mais importante para definir a natureza da empresa, sua sede e a cultura que ela irá transmitir é referente a capacidade de atrair capital intelectual para aquela região e que ferramentas, incentivos e programas estão disponíveis naquela região. O mercado agora é global.

Meio ambiente

Recife está completamente conectada com o meio ambiente. A cidade nasce cortada por rios, em cima de manguezais. O movimento de pessoas gera impacto direto a natureza e num momento de mudanças climáticas, espécies ameaçadas de extinção, qualidade da água e do solo deteriorados por uso industrial, químico e acúmulo de lixo, faz-se necessário pensar em meio ambiente a cada decisão tomada, seja na criação de políticas públicas, de ações da sociedade ou até mesmo para construir empresas.

O Recife recebeu do Ministério do Meio Ambiente o selo A3P Verde em reconhecimento ao empenho da gestão municipal em implantar a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). O selo é conferido às instituições públicas que fazem a adesão formal ao Programa Agenda Ambiental na Administração Pública, cujo objetivo é promover a divulgação de práticas de gestão baseadas em conceitos de sustentabilidade.

O programa está baseado em cinco eixos temáticos: Uso racional dos recursos naturais e bens públicos; Gestão adequada dos resíduos gerados; Qualidade de vida no ambiente de trabalho; Sensibilização e capacitação dos servidores; Compras Públicas Sustentáveis;

Construções Sustentáveis e oferece uma metodologia para que os órgãos realizem um

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