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3. Recife e o Porto Digital como ecossistemas de empreendedorismo e inovação brasileiros

3.1 O que já construímos?

3. Recife e o Porto Digital como ecossistemas de

Estatística e Informática. Foi elaborado em 1985 e idealizado para ser um centro de referência e excelência em Informática da América Latina 15 anos antes dele existir de fato, em meio a um momento no qual não se fazia planos de longo prazo no Brasil dadas as condições econômicas da época. Os idealizadores desse plano tinham como premissa básica a inovação e isso fez com que a UFPE se tornasse a instituição pioneira no Brasil no ensino de tecnologias atuais do mercado e, consequentemente, do empreendedorismo.

Depois do Centro de Informática novos cursos surgiram na UPE (Engenharia da Computação), UFRPE (Ciência da Computação), Unicap (Ciência da computação) e em várias outras faculdades. Ao menos 20 cursos diferentes são ofertados hoje, de ensino superior, além de cursos de formação técnica.

Apesar de termos crescimento e novas ofertas educacionais para formação nas áreas de tecnologia, ainda existe uma deficiência no preenchimento de vagas. De acordo com o Porto Digital e representantes de empresas do parque, há uma lacuna no que diz respeito à formação dos estudantes na área, já que suas qualificações não são compatíveis com os requisitos solicitados para a conquista dos cargos. Segundo o Ministério da Educação (MEC), todos os anos, universidades públicas e privadas de Pernambuco formam 620 profissionais nas áreas requisitadas. Considerando toda a região Nordeste, o número de graduados chega a 2.400 por ano.

Mercado

Como vimos, o mercado é relacionado a capacidade humana de fazer trocas. Pessoas diferentes, em países e cidades diferentes, promovem as trocas de valor, movimentando produtos e serviços no mercado, gerando demanda e oferta. Quando pensamos na economia tradicional, existe uma série de limitações em diferentes empresas: estoque, logística, durabilidade dos produtos, barreiras culturais.

Quando pensamos no novo modelo de economia, temos a realidade de empresas que são cada vez mais globais. Esta tese foi escrita utilizando a plataforma de documentos digitais do Google, com várias referências buscadas no sistema de pesquisas acadêmico, com conhecimento construído em diferentes instituições e academias ao redor do mundo. Economia e conhecimentos globais. Mas as empresas podem atuar e se desenvolver no mesmo modelo econômico mesmo que não sejam o Google.

Olhando para Recife, vemos grandes empresas, como a MV Sistemas, que possui versões de seus produtos para hospitais em mais de 9 países da América Latina,

consolidando-se como uma das maiores empresas brasileiras de software [56]. Porém várias outras empresas têm se destacado: a Tempest, empresa de segurança, tem se destacado pela sua atuação tanto no mercado brasileiro quanto em mercados da América Latina e Europa. A In Loco, empresa que coleta dados anonimizados de localização para solucionar problemas de grandes clientes, que já atendia Brasil, EUA e Europa agora monta uma operação física em São Francisco, além do escritório em São Paulo. Ainda temos empresas como o Mr. Plot que é responsável pelo Mundo Bita, canal que já tem mais de 2 bilhões de views, 500 mil seguidores nas redes sociais, uma indicação ao Grammy Latino, brinquedos licenciados, shows pelo Brasil com três equipes diferentes. O Mr. Plot é uma empresa de economia criativa, mas que utiliza software e mentalidade de startup para produzir e difundir o material.

O mais importante para entendermos sobre o mercado em Recife é que ele nasce em Recife e não tem barreiras físicas. Com as devidas adaptações, software pode ser distribuído para Recife, para o Brasil e para o resto do mundo. O mais importante para definir a natureza da empresa, sua sede e a cultura que ela irá transmitir é referente a capacidade de atrair capital intelectual para aquela região e que ferramentas, incentivos e programas estão disponíveis naquela região. O mercado agora é global.

Meio ambiente

Recife está completamente conectada com o meio ambiente. A cidade nasce cortada por rios, em cima de manguezais. O movimento de pessoas gera impacto direto a natureza e num momento de mudanças climáticas, espécies ameaçadas de extinção, qualidade da água e do solo deteriorados por uso industrial, químico e acúmulo de lixo, faz-se necessário pensar em meio ambiente a cada decisão tomada, seja na criação de políticas públicas, de ações da sociedade ou até mesmo para construir empresas.

O Recife recebeu do Ministério do Meio Ambiente o selo A3P Verde em reconhecimento ao empenho da gestão municipal em implantar a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). O selo é conferido às instituições públicas que fazem a adesão formal ao Programa Agenda Ambiental na Administração Pública, cujo objetivo é promover a divulgação de práticas de gestão baseadas em conceitos de sustentabilidade.

O programa está baseado em cinco eixos temáticos: Uso racional dos recursos naturais e bens públicos; Gestão adequada dos resíduos gerados; Qualidade de vida no ambiente de trabalho; Sensibilização e capacitação dos servidores; Compras Públicas Sustentáveis;

Construções Sustentáveis e oferece uma metodologia para que os órgãos realizem um

diagnóstico, estabeleçam metas e plano de ação. A A3P propõe a mudança de atitude a partir da revisão do modelo de produção e consumo, economizando recursos naturais no dia-a-dia, tais como água, energia, papel, copinhos plásticos; reutilizando ou reciclando os resíduos gerados, optando por insumos ambientalmente corretos, enfim, fazendo escolhas mais conscientes.

Entre as medidas adotadas no órgão, estão a substituição de copos plásticos por copos de vidro; a implantação da coleta seletiva em unidades da prefeitura; a utilização de papéis reciclados; curso sustentabilidade socioambiental com A3P, com a finalidade de sensibilizar e capacitar os servidores e público externo em relação ao tema e a construção do Econúcleo Jaqueira, que foi implantado com base nos preceitos da arquitetura sustentável, através do reaproveitamento e da reutilização de materiais para a confecção e customização dos mobiliários.

Mas a questão ambiental também trespassa a administração pública e tange o mercado de tecnologia. O Porto Digital mantém projetos de sustentabilidade e mobilidade urbana, através do ITGreen e PortoLeve. A política de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) do Porto Digital atua em quatro eixos temáticos: (i) Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (em especial de TIC); (ii) Acessibilidade Digital; (iii) Formação para Inclusão de Jovens no Mercado de Trabalho; e (iv) Mobilidade Urbana.

Como suporte à política de RSE do Porto Digital, o ITgreen desenvolve as seguintes atividades:

1. Realização de estudos e pesquisas

2. Produção e disponibilização de informações estratégicas 3. Sensibilização e mobilização empresarial

4. Realização de eventos técnico-científicos

5. Apoio ao desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentáveis

Já o Porto Leve procura conciliar o desenvolvimento económico das empresas do Parque do Porto Digital, a melhora da acessibilidade a este e a melhora da qualidade de vida.

Os serviços oferecidos procurando uma mobilidade mais sustentável são os seguintes:

Bicicleta Pública;

Carro elétrico;

Estacionamentos inteligentes;

Zona Azul;

Transporte Público;

Informação Estacionamento.

O Porto Leve, por exemplo, acontece em parceria com a Mobilicidade, uma startup local que é responsável pelo desenvolvimento e gestão de toda a infraestrutura de acesso e mobilidade do Porto Digital. É o exemplo de empresas nascendo em torno da sustentabilidade na região, colaborando para o surgimento de mais negócios.

Sociedade

A sociedade também se mostra como um pilar ativo e que interage diretamente com todo o ecossistema, como interface para criação de soluções para seus próprios desafios. Apesar de ter instituições públicas e privadas auxiliando no desenvolvimento econômico social da cidade, seus próprios integrantes, como civis, organizam-se para promover conexões entre problemas do dia a dia, empreendedores e outras instituições.

Recife apresenta-se como entidade socialmente ativa, contando com o apoio de instituições formais e movimentos orgânicos, que nasceram da necessidade de complementar o que é desenvolvimento pelo governo, academia e mercado. O Manguezal é um movimento que nasce de empreendedores para empreendedores e, mais recentemente, agregando outros profissionais, civis, membros e líderes de comunidades, que apresentam realidades, trocam experiências e promovem uma troca de conhecimento e influência que possibilita a criação de negócios altamente conectados com o cenário local, ao mesmo tempo que têm potencial global.

Manguezal

Esta comunidade reúne as startups de Recife para apoiar práticas colaborativas para aprendizagem de tecnologia, design e empreendedorismo, através de palestras, eventos e programações educacionais que fomentam o crescimento econômico na região.

A Manguezal promove, também, visibilidade às startups novatas da região, com conexões a investidores anjos e fundos de capital de risco, além de promover o intercâmbio entre os negócios locais e startups ao redor do mundo.

Recentemente, os empreendedores voluntários do grupo se reuniram para administrar mais uma edição do evento Mangue.bit, conferência regional de startups e empreendedorismo,

em um ambiente onde empresas de inicialização nordestina puderam trocar experiências, estudar soluções e entrar em contato com investidores.

Importante ressaltar que todo o movimento não fala apenas de geração de negócios e empregos, mas também da relação dos empreendedores com a academia, com o mercado e meio ambiente. É um exemplo que ilustra todo o modelo de hélice quíntupla, partindo de moradores da cidade e promovendo o desenvolvimento, ao mesmo tempo que colabora com as demais instituições.

Governo

O Porto Digital teve início não só como um polo de empresas, mas foi associado desde suas origens a um plano governamental de desenvolvimento territorial e urbanístico o qual teve importante papel no investimento deste projeto. Araújo (2006) destaca que os governos municipal e estadual atuaram abrindo linhas de financiamento, fundos, programas de incentivos fiscais, além de atuar na governança do cluster visando aumentar a competitividade das empresas e atrair negócios inovadores. Além disso, incentivos Federais como a Lei da Informática geraram importantes benefícios locais.

Em Recife, os órgãos municipais e estaduais estiveram desde o início na origem e estruturação do Porto Digital com incentivos fiscais, planejamento de curto e longo prazo, apoio institucional e um projeto de revitalização urbanística. Ainda hoje, o apoio governamental é fundamental para seu desenvolvimento e expansão, uma vez que órgãos governamentais participam ativamente da governança do ecossistema [57].

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