• Nenhum resultado encontrado

Subvariedades isoparamétricas do espaço Euclidiano

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Subvariedades isoparamétricas do espaço Euclidiano"

Copied!
86
0
0

Texto

(1)

Jaime Leonardo Orjuela Chamorro

Dissertac

¸˜

ao apresentada

ao

Instituto de Matem´

atica e Estat´ıstica

da

Universidade de S˜

ao Paulo

para

obtenc

¸˜

ao do t´ıtulo

de

Mestre em Ciˆ

encias

´

Area de Concentra¸c˜

ao: Matem´

atica

Orientador: Prof. Dr. Claudio Gorodski

Durante o desenvolvimento deste trabalho o autor recebeu aux´ılio financeiro da CNPq

(2)

Subvariedades isoparam´

etricas

do espa¸

co Euclidiano

Este exemplar corresponde `a reda¸c˜ao final da disserta¸c˜ao devidamente corrigida e defendida por Jaime Leonardo Orjuela Chamorro e aprovada pela Comiss˜ao Julgadora.

Banca Examinadora:

• Prof. Dr. Claudio Gorodski (orientador) - IME-USP.

• Prof. Dr. Marcos Martins Alexandrino da Silva - IME-USP.

(3)
(4)

“´E preciso notar, no entanto, que, se Deus existe, se criou verdadeiramente a terra, fˆe-la, como se sabe, segundo a geometria de Euclides, e n˜ao deu ao esp´ırito humano sen˜ao a no¸c˜ao das trˆes dimens˜oes do espa¸co. Entretanto, encontraram-se, encontram-se ainda geˆometras e fil´osofos, mesmo eminentes, para duvidar de que todo o universo e at´e mesmo todos os mundos tenham sido criados somente de acordo com os princ´ıpios de Euclides. Ousam mesmo supor que duas paralelas que, de acordo com as leis de Euclides, jamais se poder˜ao encontrar na terra, possam encontrar-se em alguma parte, no infinito.”

(5)

Agrade¸co `a Aurora, minha m˜ae, e ao resto da minha fam´ılia pelo apoio desde a distˆancia. A os meus amigos pela ajuda e est´ımulo. Agrade¸co ao professor Claudio Gorodski, pela paciˆencia e ajuda na elabora¸c˜ao deste trabalho, ao professor Marcos Martins Alexandrino da Silva pela colabora¸c˜ao ao longo do curso de mestrado e ao professor Ruy Tojeiro de Figueiredo J´unior pelas observa¸c˜oes e sugest˜oes.

(6)
(7)

O presente trabalho tem por objeto fazer uma introdu¸c˜ao ao estudo das subvariedades isopa-ram´etricas do espa¸co Euclidiano. Come¸camos com uma introdu¸c˜ao ao desenvolvimento hist´orico desses objetos. A seguir apresentamos os conceitos b´asicos da teoria de subvariedades de formas espaciais. Deduzimos as equa¸c˜oes fundamentais de primeira e segunda ordem e demonstramos o teorema fundamental da teoria de subvariedades. Em seguida damos a defini¸c˜ao de subvariedade isoparam´etrica e desenvolvemos conceitos elementares para o caso do espa¸co Euclidiano como s˜ao normais de curvatura, grupo de Coxeter, cˆamera de Weyl e variedades paralelas e focais. Prova-mos dois teoremas referentes `a decomposi¸c˜ao de subvariedades isoparam´etricas do espa¸co Euclidiano adaptando ferramentas usadas em [HL97] para ocaso de subvariedades isoparam´etricas de espa¸cos de Hilbert. Demonstramos o teorema da fatia e discutimos sobre subvariedades isoparam´etricas desde o ponto de vista cl´assico, a saber, aplica¸c˜oes isoparam´etricas. Conclu´ımos com alguns exemplos: hipersuperf´ıcies isoparam´etricas da esfera e ´orbitas principais da a¸c˜ao adjunta de um grupo de Lie sobre a respectiva ´algebra de Lie.

(8)
(9)

The goal of this dissertation is to present an introduction to the study of isoparametric subma-nifolds of Euclidean space. We begin with an introduction to the history of the subject. Then we present the basic results of submanifold theory of space forms. We compute the fundamental equa-tions of first and second order, and we prove the fundamental theorem of submanifold theory. Next, we define isoparametric submanifolds and discuss some basic constructions, as curvature normals, Coxeter groups, Weyl chambers and parallel and focal submanifolds. We prove two decomposition theorems about isoprametric submanifolds using techniques that we learnt from [HL97], paper in which the case of submanifolds of Hilbert spaces is studied. Then we prove slice theorem. We also discuss those submanifold from the classical point of view, namely, isoparametric maps. We finish by explaining some examples: isoparametric hipersurfaces of spheres and principal orbits of the adjoint action of a Lie group on its Lie algebra.

(10)
(11)

Introdu¸c˜ao 1

1 Preliminares 5

1.1 Subvariedades de formas espaciais . . . 6

1.1.1 Equa¸c˜oes fundamentais de primeira ordem . . . 8

1.1.2 Equa¸c˜oes fundamentais de segunda ordem . . . 10

1.2 Teorema fundamental . . . 12

1.3 Curvaturas principais . . . 16

1.4 Subvariedades totalmente geod´esicas e subvariedades totalmente umb´ılicas . . . 17

1.4.1 Subvariedades totalmente geod´esicas . . . 17

1.4.2 Subvariedades totalmente umb´ılicas . . . 17

1.5 Redu¸c˜ao de codimens˜ao . . . 18

1.6 Submers˜oes Riemannianas . . . 20

(12)

Sum´ario viii

2 Subvariedades isoparam´etricas 23

2.1 Variedades focais e paralelas . . . 25

2.2 Normais de curvatura . . . 29

2.3 O grupo de Coxeter . . . 35

2.3.1 A cˆamera de Weyl . . . 43

2.4 Decomposi¸c˜ao de subvariedades isoparam´etricas . . . 44

2.5 Teorema da fatia . . . 49

2.6 Aplica¸c˜oes isoparam´etricas . . . 50

2.7 Notas adicionais . . . 55

3 Exemplos 57 3.1 Hipersuperf´ıcies da esfera . . . 57

3.2 Orbitas da representa¸c˜ao adjunta . . . 61´

A Pontos cr´ıticos e subvariedades isoparam´etricas 67

Referˆencias bibliogr´aficas 71

(13)

Sejaf uma fun¸c˜ao real definida em uma variedade Riemanniana ¯M. O quadrado do comprimento do gradiente|grad f|2e o Lapaciano ∆f def ao chamados deprimeiro e segundo parˆametro

diferen-cial def, respectivamente. O termofam´ılia isoparam´etrica de hipersuperf´ıcies de M¯ foi introduzido por Levi-Civita, para o caso em que ¯M =E3´e o espa¸co Euclidiano tridimensional, em um artigo pu-blicado em 1937, como sendo a cole¸c˜ao dos conjuntos de n´ıvelNf de uma fun¸c˜aof tal que o primeiro e o segundo parˆametro diferencial de f s˜ao constantes ao longo de cada um dos elementos de Nf. Uma fun¸c˜ao com esta propriedade ´e chamada de fun¸c˜ao isoparam´etrica. Ele estudou a classifica¸c˜ao das fam´ılias de superf´ıcies isoparam´etricas deE3 e obteve resultados que tinhan sido publicados por Somigliana em 1919 e B. Segre em 1924. Estes ´ultimos realizaram seus trabalhos a respeito baseados em estudos de ´otica geom´etrica feitos anteriormente por Laura.

Entre 1938 e 1940 ´E. Cartan publicou quatro artigos onde inicia o estudo da classifica¸c˜ao das hipersuperf´ıcies isoparam´etricas de formas espaciais. Dentre alguns dos resultados obtidos por Cartan est´a a chamadaf´ormula fundamental de Cartan, a saber

g

X

j=1,j6=i

mj

κ−λiλj

λi−λj = 0,

onde λ1, . . . , λg e m1, . . . , mg s˜ao as curvaturas principais e as respectivas multiplicidades de uma

(14)

2

hipersuperf´ıcie isoparam´etrica M de uma forma espacial ¯M com curvatura seccional κ. Cartan estudou tamb´em polinˆomios homogeneos pdefinidos em En+1 cujo primeiro parˆametro diferencial ´e constante na esfera Sn e com segundo parˆametro diferencial nulo (ou seja com p harmˆonico). Em particular ele mostrou que uma fam´ılia isoparam´etrica deSn comgcurvaturas principais, todas com a mesma multiplicidade ´eNf, ondef ´e a restri¸c˜ao `a esfera de um polinˆomio homogeneo e harmˆonico

p satisfazendo

|grad p|2=g2r2(g−1),

sendo r a fun¸c˜ao distˆancia `a origem deEn+1.

S´o a partir de 1971 voltaram a aparecer artigos relacionados com os desenvolvimentos feitos por Cartan. Os primeiros depois permitiram fazer a classifica¸c˜ao das hipersuperf´ıcies isoparam´etricas homogˆeneas da esfera. Em 1972 Takagi e Takahashi mostraram que para hipersuperf´ıcies isopa-ram´etricas homogˆeneas da esfera o n´umero g de curvaturas principais diferentes ´e g = 1,2,3,4,6, eles tamb´em listaram as possibilidades para m1, . . . , mg. Em 1973 M¨unzner escreveu dois artigos, que s´o foram publicados entre 1980 e 1981, nos quais estudou algumas propriedades geom´etricas e topol´ogicas de hipersuperf´ıcies isoparam´etricas da esfera. Ele provou que as multiplicidades das curvaturas principais satisfazem a rela¸c˜ao

mi=mi+2,

com ´ındices m´odulo g. Ele tamb´em generalizou os resultados de Cartan acerca de polinˆomios ho-mogˆeneos. Mais precisamente ele mostrou que se M ⊂Sn ´e isoparam´etrica ent˜ao M ⊂f−1(c)∩Sn ondef ´e um polinˆomio homogˆeneo satisfazendo

|grad f|2=g2r2(g−1)

e

∆f = m2−m1 2 gr

g−2.

Tal vez o resultado mais importante obtido pelo M¨unzner foi a determina¸c˜ao do n´umerog de curva-turas principais de uma hipersuperf´ıcie isoparam´etrica da esfera. Usando argumentos de topologia ele mostrou que g∈ {1,2,3,4,6}.

(15)

subvariedade isoparam´etrica ´e devida `a generaliza¸c˜ao feita por Harle ∗ da no¸c˜ao de fun¸c˜ao isopa-ram´etrica para aplica¸c˜oes com valores vetoriais (vide se¸c˜ao 2.6). De acordo com sua defini¸c˜ao ele verifucou que cada membro de uma fam´ılia de subvariedades isoparam´etricas de uma forma espacial tem fibrado normal raso† e os auto-valores do operador de forma s˜ao constantes ao longo de campos normais paralelos. Terng adotou esta como a defini¸c˜ao de subvariedade isoparam´etrica do espa¸co Eu-clidiano. Posteriormente esta ultima foi generalizada para subvariedades de espa¸cos de Hilbert. Para uma apresenta¸c˜ao mais ampla da hist´oria do conceito de subvariedade isoparam´etrica ver [Tho00].

No presente trabalho faremos uma introdu¸c˜ao ao estudo das subvariedades isoparam´etricas do espa¸co Euclidiano na dire¸c˜ao iniciada por Terng.

No primeiro cap´ıtulo apresentamos algumas no¸c˜oes b´asicas da teoria de subvariedades de formas espaciais. Em particular deduzimos asequa¸c˜oes fundamentais de primeirae segunda ordem e damos uma demonstra¸c˜ao do teorema fundamental (para o caso κ = 0). Al´em disto introduzimos os con-ceitos de curvatura principal,subvariedades totalmente geod´esicas e totalmente umb´ılicas . Fazemos a demonstra¸c˜ao do teorema de redu¸c˜ao de codimens˜ao para caso do espa¸co Eulcidiano assim como o da esfera. Finalmente enunciamos e mostramos algumas propriedades dassubmers˜oes Riemanianas.

No cap´ıtulo segundo introduzimos o conceito de subvariedades isoparam´etricas do espa¸co Eu-clidiano e mostramos que subvariedades isoparam´etricas da esfera tamb´em s˜ao isoparam´etricas no espa¸co Euclidiano e viceversa. Introduzimos o conceito de variedades paralelas e focais e desen-volvemos algumas de suas principais propriedades, em particular deduzimos a chamada f´ormula do tubo. Em seguida iniciamos o estudo de varios conceitos que nos dar˜ao informa¸c˜ao geom´etrica das subvariedades isoparam´etricas do espa¸co Euclidiano, entre otros as normais de curvatura e o grupo de Coxeter. Demonstramos o teorema de Terng que associa a cada subvariedade isoparam´etrica compacta um grupo de Coxeter. Demonstraremos dois teoremas relativos `a decomposi¸c˜ao de sub-variedades isoparam´etricas. A saber, mostramos que uma subvariedade isoparam´etrica completa do espa¸co Euclidiano decomp˜oe-se em um produto de uma subvariedade isoparam´etrica compacta e um factor Euclidiano e que ´e redut´ıvel se e somente se seu respectivo grupo de Coxeter ´e redut´ıvel. Para isto usamos a proposi¸c˜ao (2.2.4). Em [PT88] e [BCO03] s˜ao usados o teorema fundamental e o lema de Moore para mostrar estes fatos, alem disto s˜ao obtidos apenas resultados locais. N´os adaptamos ferramenteas usadas em [HL97] para o caso de dimens˜ao finita, tanto para a decomposi¸c˜ao quanto para a proposi¸c˜ao (2.2.4). Finalizamos este cap´ıtulo com a demonstra¸c˜ao doteorema da fatia e com

(16)

4

uma curta discuss˜ao sobre aplica¸c˜oes isoparam´etricas.

No terceiro e ´ultimo cap´ıtulo daremos alguns exemplos. Demostraremos o resultado de M¨unzner que nos diz como s˜ao exatamante as curvaturas principais de uma hipersuperf´ıcie compacta da esfera e como uma aplica¸c˜ao deste demonstraremos af´ormula fundamental de Cartan. Faremos notar que ´

(17)

Preliminares

Sejaφ:M −→M¯ uma imers˜ao, onde ¯M ´e uma variedade Riemanniana. A equa¸c˜ao

hu, vip=hdφpu, dφpviφ(p),

para todop∈M e todo par u, v∈TpM, define uma m´etrica Riemanniana sobreM que faz com que

φ seja uma isometria local de M sobre φ(M). Em particular toda subvariedade imersa M de um variedade Riemanniana ¯M pode ser equipada, de maneira natural, de uma estrutura de variedade Riemanniana.

Pela forma local das imers˜oes, existem cartas de M e ¯M, nas quais a representa¸c˜ao local de φ

´e uma inclus˜ao. Como faremos apenas c´alculos locais, podemos assumir de antem˜ao, sem perder generalidade, que φ´e uma inclus˜ao. A inclus˜ao ser´a denotada porι.

´

E poss´ıvel generalizar as id´eias utilizadas no estudo da geometria das superf´ıcies do espa¸co Eu-clidiano E3 ao caso das subvariedades imersas de espa¸cos de formas. Neste cap´ıtulo introduzimos os conceitos b´asicos da teoria de subvariedades de variedades Riemannianas assim como as equa¸c˜oes fundamentais das subvariedades de formas espaciais. Tamb´em enunciaremos oTeorema fundamental

(18)

1.1. Subvariedades de formas espaciais 6

de subvariedades de formas espaciais.

Neste cap´ıtulo dim ¯M =ne dimM =m.

1.1

Subvariedades de formas espaciais

Sejam ¯M uma variedade Riemanniana eMuma subvariedade de ¯M. Pela forma local das imers˜oes podemos considerar cartas locais x :A −→ Rm e ¯x: ¯A −→ Rn de M e ¯M, respectivamente, tais queι(A)⊂A¯e

ι(p) = ¯x−1(x1(p), . . . ,xm(p),0, . . . ,0), (1.1)

para todop∈ A. Sejam e1, . . . ,en, campos locais dados por

ei(p) =

∂ ∂x¯i

ι

(p)

,

para todop∈ Ae cadai= 1, . . . , n. Ent˜ao {e1(p), . . . ,en(p)}´e uma base deTpM¯, para cadap∈ A.

Consideremos o fibrado tangente de ¯M

τ :TM¯ −→M .¯

SejamF =τ−1(M) eϕ=τ|F. Ent˜aoϕ:F −→M ´e um fibrado vetorial sobreM tal queFp=TM¯p para todo p ∈ M. Com efeito, definindo t :ϕ−1(A) −→ A ×Rn por t(u) = (p,(a1, . . . , an)), para todo u=P

iaiei(p)∈ϕ−1(A), vemos quet´e uma trivializa¸c˜ao local de (ϕ, F, M).

(19)

Normalmente F ´e denotado porTM¯|M. Tem-se a seguinte decomposi¸c˜ao ortogonal

TM¯|M =T M⊕νM.

Dada uma se¸c˜ao U ∈ Γ(F); U⊤ e U⊥ denotar˜ao as proje¸c˜oes tangencial e normal, induzidas pela m´etrica de ¯M, deU sobre Γ(T M) e Γ(νM) respectivamente.

Seja ¯∇a conex˜ao de Levi-Civita de ¯M. SeX eU se¸c˜oes de T M e F respectivamente, podemos estend´e-las localmente a campos ¯X e ¯U de TM¯ (por exemplo, usando a forma local das imers˜oes (1.1), podemos definir ¯Up¯=Ux¯−1x1p),...,¯xmp),0,...,0), para ¯p∈A¯). Sabemos que para ¯p∈M¯, ( ¯∇X¯U¯)p¯

s´o depende de ¯Xp¯ e da restri¸c˜ao de ¯U a uma curva γ : (−ǫ, ǫ) −→ M¯ com γ(0) = ¯p e γ′(0) = ¯Xp¯.

Em particular, para pontos emM, podemos escolher curvas emM. Desta maneira podemos definir ¯

∇XU sem ambig¨uidade por

( ¯∇XU)p = ( ¯∇X¯U¯)p,

onde ¯X e ¯U s˜ao extens˜oes deX eU, respectivamente, definidos em uma vizinhan¸ca depem ¯M, para todo p∈M.

Observa¸c˜ao 1.1.1. Na verdade a equa¸c˜ao acima define uma conex˜ao sobre F, que por abuso de nota¸c˜ao denotaremos com ¯∇, tal que

XhU, Vi=h∇¯XU, Vi+hU,∇¯XVi,

para se¸c˜oes X∈Γ(T M) eU, V ∈Γ(F). N´os utilizaremos com freq¨uˆencia esta propriedade.

Sejam [|·,·|] e [·,·] os colchetes de Lie de ¯M e M, respectivamente. SeX, Y ∈Γ(T M) ent˜ao

¯

∇XY −∇¯YX= [X, Y],

isto segue da defini¸c˜ao de ¯∇XY e do fato seguinte. Se ¯X e ¯Y s˜ao extens˜oes locais de X e Y, respectivamente, temos qued ιX= ¯Xι e d ιY = ¯Yι, e portanto d ι[X, Y] = [|X,¯ Y¯|]ι (vide [Spi70]).

De outro lado, seja ¯R o tensor de curvatura de ¯M. Dados ¯X,Y ,¯ Z¯∈Γ(TM¯) ep∈M¯

(20)

1.1. Subvariedades de formas espaciais 8

s´o depende de ¯Xp, ¯Yp e ¯Zp. Assim para se¸c˜oesX, Y ∈Γ(T M) eU ∈Γ(F) tem-se

¯

R(X, Y)U = ( ¯∇X∇¯Y −∇¯Y∇¯X −∇¯[X,Y])U.

1.1.1 Equa¸c˜oes fundamentais de primeira ordem

Dada uma subvariedade M de uma variedade Riemanniana ¯M. A m´etrica de ¯M induz a decom-posi¸c˜ao ortogonal

TpM¯ =TpM⊕νpM,

para todo p∈M, onde νpM denota a fibra de νM emp, a qual ´e chamada o espa¸co normal de M

em p. As se¸c˜oes deνM diz-sem-secampos vetoriais normais ou simplesmente campos normais.

A segunda forma fundamental α e ooperador de forma A, de M, s˜ao definidos por

α(X, Y) = ¯∇XY

e

AξX =− ∇¯Xξ⊤,

paraX, Y ∈Γ(T M) e ξ∈Γ(νM) . Claramente A eα s˜ao R-bilineares. Fixando um campo normal

ξ∈νM,Aξ diz-se operador de forma deM na dire¸c˜ao de ξ.

Agora, h∇¯XY, ξi = XhY, ξi − hY,∇¯Xξi = h−∇¯Xξ, Yi, logo a segunda forma fundamental e o operador de forma deM est˜ao relacionados por

hα(X, Y), ξi = hAξX, Yi. (1.2)

(21)

ξp. Assim, na verdade

α : Γ(T M)×Γ(T M)−→Γ(νM) e A: Γ(T M)×Γ(νM)−→Γ(T M)

s˜ao tensores.

Sejam X,Y e Z se¸c˜oes deT M ef :M −→Ruma fun¸c˜ao suave. Temos que

( ¯∇f XY)⊤= (f∇¯XY)⊤ =f( ¯∇XY)⊤

e

( ¯∇Xf Y)⊤= (X(f)Y + ¯∇XY)⊤=X(f)Y + ( ¯∇XY)⊤.

De outro lado

XhY, Zi=h∇¯XY, Zi+hX,∇¯XZi =h( ¯∇XY)⊤, Zi+hY,( ¯∇XZ)⊤i

e

( ¯∇XY)⊤−( ¯∇YX)⊤ = ( ¯∇XY −∇¯YX)⊤= [X, Y]⊤= [X, Y].

Portanto a conex˜ao de Levi-Civita ∇ de M esta dada por ∇XY = ( ¯∇XY)⊤. Assim obtemos a

f´ormula de Gauss

¯

∇XY =∇XY +α(X, Y).

Da f´ormula de Gauss e do fato de∇ter tor¸c˜ao nula, segue que

α(X, Y)−α(Y, X) = ( ¯∇XY −∇¯YX)−[X, Y] = 0,

portantoα´e um tensor sim´etrico. A simetria deαe a equa¸c˜ao (1.2) mostram que Av ´e um operador auto-adjunto deTpM para todov∈νpM e todop∈M.

Se X ∈Γ(T M), ξ∈Γ(νM) ef :M −→R´e uma fun¸c˜ao suave, ent˜ao

( ¯∇f Xξ)⊥= (f∇¯Xξ)⊥=f( ¯∇Xξ)⊥

e

(22)

1.1. Subvariedades de formas espaciais 10

Assim a proje¸c˜ao normal de ¯∇Xξ define uma conex˜ao sobre νM chamada conex˜ao normal, que ´e denotada por∇⊥. Desta maneira obtemos aormula de Weingarten

¯

∇Xξ=−AξX+∇⊥Xξ.

As f´ormulas de Gauss e de Weingarten s˜ao as equa¸c˜oes fundamentais de primeira ordem de M.

1.1.2 Equa¸c˜oes fundamentais de segunda ordem

As derivadas covariantes da segunda forma fundamental e do operador de forma de M est˜ao dadas por

∇⊥Xα

(Y, Z) =∇⊥Xα(Y, Z)−α(∇XY, Z)−α(Y,∇XZ)

e

(∇XA)ξY = (∇XAξ)Y −A

XξY =∇X(Aξ)Y −Aξ(∇XY)−A∇⊥XξY,

para X, Y, Z ∈ Γ(T M) e ξ ∈ Γ(νM). Temos uma rela¸c˜ao entre as derivadas covariantes de α e

A, no mesmo sentido de (1.2)

h∇⊥Xα

(Y, Z), ξi = h(∇XA)ξY, Zi. (1.3)

Agora, sejam ¯R e R os tensores de curvatura de ¯M e M, respectivamente, considerados com sinais como na observa¸c˜ao (1.1.1). Temos que

¯

R(X, Y)Z =R(X, Y)Z−Aα(Y,Z)X+Aα(X,Z)Y+

+∇⊥Xα

(Y, Z)−∇⊥Yα

(X, Z).

Suponhamos que ¯M ´e uma forma espacial e seja κ sua curvatura seccional. Ent˜ao a componente tangencial da equa¸c˜ao acima ´e

κ(hY, ZiX− hX, ZiY) = ¯R(X, Y)Z⊤

(23)

e a componente normal da mesma ´e

0 = ¯R(X, Y)Z⊥

=∇⊥Xα(Y, Z)−∇⊥Yα(X, Z).

Se W ∈Γ(T M), as anteriores equa¸c˜oes podem ser escritas assim

hR(X, Y)Z, Wi=κ(hY, ZihX, Wi − hX, ZihY, Wi)

+hα(Y, Z), α(X, W)i − hα(X, Z), α(Y, W)i

e

∇⊥Xα

(Y, Z) =∇⊥Yα

(X, Z).

A primeira ´e chamada equa¸c˜ao de Gauss e a segunda equa¸c˜ao de Codazzi. De (1.3) a equa¸c˜ao de Codazzi ´e equivalente a

h(∇XA)ξY, Zi = h(∇YA)ξX, Zi.

O tensor de curvatura do fibrado normal ´e de notado por R⊥ e definido por

R⊥(X, Y)ξ=∇⊥X∇⊥Yξ− ∇⊥Y∇⊥Xξ− ∇⊥[X,Y]ξ.

Usando as f´ormulas de Gauss e Weingarten obtemos

0 = ¯R(X, Y)ξ

= (∇XA)ξY −(∇YA)ξX+R⊥(X, Y)ξ+α(AξX, Y)−α(X, AξY).

A componente tangencial desta ´ultima equa¸c˜ao ´e a equa¸c˜ao de Codazzi, e a componente normal ´e chamada equa¸c˜ao de Ricci. Usando (1.2), a equa¸c˜ao de Ricci pode ser escrita assim

hR⊥(X, Y)ξ, ηi = h[Aξ, Aη]X, Yi,

onde η ∈ Γ(νM) e [Aξ, Aη] =AξAη−AηAξ. Se R⊥ ≡ 0 dizemos que M tem fibrado normalraso. A interpreta¸c˜ao geom´etrica do fibrado normal raso ´e que o transporte paralelo, em rela¸c˜ao a ∇⊥,

(24)

1.2. Teorema fundamental 12

de homotopia das curvas. Note que da equa¸c˜ao de Ricci, o tensor de curvatura normal R⊥ mede a n˜ao-comutatividade dos operadores de forma de M.

Observa¸c˜ao 1.1.2. Pela simetria de α temos que (∇⊥

Xα)(Y, Z) = (∇⊥Xα)(Z, Y) assim na verdade a equa¸c˜ao de Codazzi diz que a express˜ao h(∇XA)ξY, Zi´e sim´etrica nas trˆes vari´aveis tangenciais, ou seja

h(∇XA)ξY, Zi=h(∇YA)ξX, Zi=h(∇ZA)ξY, Xi.

As equa¸c˜oes de Gauss, Codazzi e Ricci s˜ao as equa¸c˜oes fundamentais de segunda ordem de M.

1.2

Teorema fundamental de subvariedades de formas espaciais

Na se¸c˜ao anterior vimos que em uma subvariedade de uma forma espacial as equa¸c˜oes de Gauss Codazzi e Ricci s˜ao satisfeitas. Localmente uma subvariedade de uma forma espacial fica comple-tamente determinada pela conex˜ao normal, a segunda forma fundamental e o operador de forma mediante estas equa¸c˜oes. Mais precisamente tem-se o seguinte resultado.

Teorema 1.2.1. Sejam M uma variedade Riemanniana de dimens˜ao m, ν um fibrado vetorial Riemanniano sobre M de posto k, ∇ν uma conex˜ao m´etrica sobre ν e α um tensor sim´etrico sobre

M com valores em ν. DefinimosA :ν −→End(T M) porhAvu, wi=hα(u, w), vi, para u, w∈TpM

ev∈νp,p∈M. Suponhamos que α,A e∇ν satisfazem as equa¸c˜oes de Gauss, Codazzi e Ricci para

algum n´umero real κ. Ent˜ao para cada ponto p ∈ M existe uma vizinhan¸ca aberta A de p em M

e uma imers˜ao isom´etrica φ de A em uma forma espacial M¯, de dimens˜ao n=m+k e curvatura seccional constante κ; tais que α eA s˜ao a segunda forma fundamental e o operador de forma de φ, respectivamente e ν ´e isomorfo ao fibrado normal de φ. A imers˜ao φ ´e ´unica salvo uma isometria de M¯. Ainda mais, suponhamos que existem duas imers˜oes isom´etricas ψ1, ψ2 : M −→ M¯ e um isomorfismo de fibrados vetoriais Ψ :ν1M −→ν2M tal que

hΨ(ξ),Ψ(η)i=hξ, ηi, (1.4)

Ψ(α1(X, Y)) =α2(X, Y) (1.5)

e

Ψ(∇⊥1

X ξ) =∇

⊥2

(25)

onde αi e ∇⊥i s˜ao a segunda forma fundamental e a conex˜ao normal de ψi, i= 1,2; para todo par

X, Y ∈Γ(T M) e todo parξ, η∈Γ(ν1M). Ent˜ao existe uma isometria B do espa¸co ambiente M¯, tal

que localmente ψ2 =B◦ψ1 e d B|ν1M = Ψ.

Demonstra¸c˜ao. Daremos uma prova para o casoκ= 0.

Consideremos o fibradoF =T M⊕ν. Definimos a conex˜ao ˆ∇sobre F por

ˆ

∇XY =∇XY +α(X, Y) (1.7)

e

ˆ

∇Xξ=−AξX+∇νXξ, (1.8)

para se¸c˜oes X, Y ∈Γ(T M) eξ ∈Γ(ν). As equa¸c˜oes de Gauss, Codazzi e Ricci implicam que F tem tensor de curvatura nulo. Logo, dadop∈M existe um referencial ortonormal paralelo U1, . . . , Un de

F, definido em uma vizinhan¸ca aberta A′ de p em M. Seja ω

1, . . . , ωn seu referencial dual. Temos que

d ωi(X, Y) =XhUi, Yi −YhUi, Xi − hUi,[X, Y]i

=hUi,∇XY +α(X, Y)i − hUi,∇YX+α(Y, X)i − hUi,[X, Y]i

=0,

para todo i∈ {1, . . . , n} e cada par de se¸c˜oesX, Y ∈Γ(T M). Segue que as 1-formas ω1. . . , ωn s˜ao fechadas, logo existem vizinhan¸cas abertas conexas e simplesmente conexas Ai de p em M e fun¸c˜oes

φi:Ai−→R tais queωi =d φi, para i∈ {1, . . . , n}. Fazendo A=∩ni=1Ai,

φ= (φ1, . . . , φn) :A −→En

´e uma imers˜ao isom´etrica. Com efeito, Dadas se¸c˜oes X, Y ∈Γ(T M) temos que

hX, Yi= n

X

i=1

(26)

1.2. Teorema fundamental 14

Se (x1, . . . , xn) s˜ao as coordenadas usuais deEn ent˜aod φ(X) =Pni=1d φi(X)∂xi, logo

hd φ(X), d φ(Y)i= n

X

i,j=1

d φi(X)d φj(Y)

∂ ∂xi , ∂ ∂xj = n X i=1

d φi(X)d φi(Y)

= n

X

i=1

ωi(X)ωi(Y)

= n

X

i=1

hUi, XihUi, Yi

=hX, Yi.

Note que o referencial U1, . . . , Un ´e ´unico salvo uma isometria linear de En e ωi = d(φi +ai), para todo n´umero realai,i∈ {1, . . . , n}. Assim a aplica¸c˜aoφconstru´ıda desta maneira ´e ´unica salvo uma isometria deEn. Definindo ˜φ:F|A−→TEn|A por

˜

φ(Ui) =

∂ ∂xi

,

paraX ∈Γ(T M) temos que

˜

φ(X) = n

X

i=1

hUi, Xiφˆ(Ui)

= n

X

i=1

ωi(X)

∂ ∂xi = n X i=1

d φi(X)

∂ ∂xi

=d φ(X).

Portanto d φ = ˜φ|T M|A. Agora, ˜φ ´e uma isometria em cada fibra, logo ˜φ(T M|A) e isomorfo a TA

(27)

referencial ortonormal paralelo ∂x

1, . . . ,

∂xn temos que

˜

φ( ˆ∇XY) = ¯∇d φ(X)φ˜(Y) e ˜φ( ˆ∇Xξ) = ¯∇d φ(X)φ˜(ξ),

onde ¯∇ ´e a conex˜ao de Levi-Civita deEn. Portanto A, α e ∇ν ao o operador de forma a segunda forma fundamental e a conex˜ao normal deφ.

Agora, como o segundo resultado a ser provado tamb´em ´e local, sem perder generalidade, podemos suporM conexa e ψ1 e ψ2 mergulhos isom´etricos. Seja

Φ :ψ1∗T M =d ψ1(T M)⊕ν1M −→d ψ2(T M)⊕ν2M =ψ2∗T M,

dada por Φ(X) =X e Φ(ξ) = Ψ(ξ), para todoX∈Γ(T M) e todoξ ∈Γ(ν1M). Ent˜ao por (1.4) Φ ´e

um isomorfismo de fibrados vetoriais que preserva a m´etrica; ainda mais das equa¸c˜oes (1.4), (1.5) e (1.6), para todo par X, Y ∈Γ(T M) e todo ξ∈Γ(ν1M), tem-se

Φ( ˆ∇1XY) =∇XY + Ψ(α1(X, Y)) =∇XY +α2(X, Y) = ˆ∇2XY

e

Φ( ˆ∇1XY) =−A1ξX+ Ψ( ˆ∇1Xξ)

=−A2Ψ(ξ)X+∇⊥2Ψ(ξ)

= ˆ∇2XΨ(ξ),

ondeAi e o operador de forma de ψi e ˆ∇i ´e definida como nas equa¸c˜oes (1.7) e (1.8), para i= 1,2. Pela primeira parte da prova sabemos que ˆ∇1 e ˆ2 tˆem tensor de curvatura nulo, assim Φ leva

referenciais ortonormais paralelos em referenciais normais paralelos. Identificando ψ∗1T M e ψ2∗T M

com M ×En, Φ leva campos ortonormais constantes em campos ortonormais constantes, logo ´e da forma (p, u)7→(p, B0u), ondeB0 ´e uma isometria linear de En. Portanto

d B0|(ν1)pM = Ψp

e

(28)

1.3. Curvaturas principais 16

para todo p∈M. Em particulard(B0◦ψ1−ψ2) = 0 e comoM ´e conexa B0◦ψ1−ψ2 =−bpara

algumb∈En. Logo

ψ2=B◦ψ1,

ondeB ´e a isometria de En dada por B(x) =B0x+b,x∈En.

1.3

Curvaturas principais

Seja M uma subvariedade de uma forma espacial ¯M. Dados p ∈ M e v ∈ νpM sabemos que

Av ´e um operador auto-adjunto de TpM. Os auto-valores, auto-vetores e auto-espa¸cos de Av s˜ao chamados curvaturas principais, vetores de curvatura e espa¸cos de curvaturas principais de M na dire¸c˜ao dev, respectivamente.

Observa¸c˜ao 1.3.1. Como as curvaturas principais s˜ao as ra´ızes de um polinˆomio (a saber o polinˆomio minimal deAv), s˜ao fun¸c˜oes cont´ınuas, mas nem sempre s˜ao diferenc´ıaveis. Por exemplo seS ´e uma superf´ıcie deE3,K eH s˜ao suas curvaturas Gaussiana e m´edia, respectivamente, ent˜ao as curvaturas

λde S est˜ao dadas por

λ=H+pH2K,

logo λ n˜ao ´e diferenc´ıavel no conjunto dos pontos umb´ılicos de S (dizemos que p ∈M ´e umponto umb´ılico de M se as curvaturas principais nesse ponto coincidem). Por´em, se as multiplicidades das curvaturas principais s˜ao constantes sobre o fibrado normal unit´ario, as curvaturas principais s˜ao fun¸c˜oes suaves.

Seja ξ um campo normal unit´ario local de M definido em um subconjunto aberto e conexo A

de M. Ent˜ao Aξ ´e suavemente diagonaliz´avel sobre um subconjunto aberto e denso B de A. So-bre cada componente conexa C de B temos g curvaturas principais λ1, . . . , λg, com multiplicidades

m1, . . . , mg. Os espa¸cos de curvatura principal associados a cada λi, i = 1, . . . , g, definem g dis-tribui¸c˜oes E1, . . . , Eg, chamadas distribui¸c˜oes de curvatura. Para cada p ∈ M o subespa¸co linear

E0(p) =Tv∈νpMkerAv deTpM ´e chamadoespa¸co de nulidade deM em p. A cole¸c˜ao dos espa¸cos de

(29)

sobre M. Se alguma curvatura principal ao longo deξ ´e nula, a distribui¸c˜ao de curvatura associada coincide com a distribui¸c˜ao de nulidade. Para uma apresenta¸c˜ao detalhada destes fatos vide [Rec79] e [Nom73].

Uma subvariedade conexa S de M diz-se superf´ıcie de curvatura se existe um campo normal paralelo ξ tal queTxS est´a contido em um espa¸co de curvatura principal deAξx para todox∈S.

1.4

Subvariedades totalmente geod´

esicas e subvariedades

totalmen-te umb´ılicas

1.4.1 Subvariedades totalmente geod´esicas

Uma subvariedade M de uma variedade Riemanniana ¯M diz-se totalmente geod´esica se toda geod´esica de M ´e uma geod´esica de ¯M. Pela f´ormula de Gauss M ´e totalmente geod´esica se e somente se a segunda forma fundamental deM ´e nula.

Uma distribui¸c˜aoDsobre uma variedade Riemanniana ¯M diz-seauto-paralela se para cada par de se¸c˜oesXeY deDtem-se que ¯∇XY ´e uma se¸c˜ao deD. Pelo Teorema de Frobenius toda distribui¸c˜ao auto-paralela ´e integr´avel. Uma distribui¸c˜ao integr´avelDde ¯M ´e auto-paralela se e somente se suas folhas s˜ao subvariedades totalmente geod´esicas de ¯M.

As subvariedades conexas, completas e totalmente geod´esicas de En e Sn s˜ao precisamente os subespa¸cos afins e as hiperesferas equatoriais, respectivamente.

1.4.2 Subvariedades totalmente umb´ılicas

Uma subvariedade M de uma variedade Riemanniana ¯M diz-se umb´ılica em p ∈ M na dire¸c˜ao de v ∈ νpM seAv ´e m´ultiplo da identidade de TpM. Um campo ξ ∈Γ(νM) tal que Aξ ´e m´ultiplo da identidade diz-se campo normal umb´ılico e dizemos que M ´e umb´ılica na dire¸c˜ao de ξ. Se M ´e umb´ılica em toda dire¸c˜ao normal dizemos queM ´e umasubvariedade totalmente umb´ılica de M¯.

O campo de curvatura m´edia H de M ´e dado por

H = 1

(30)

1.5. Redu¸c˜ao de codimens˜ao 18

h=|H|´e a fun¸c˜ao de curvatura m´edia de M. Dizemos que M ´em´ınima seh= 0.

Suponhamos que M ´e totalmente umb´ılica. Dado p ∈ M, seja e1, . . . , em uma base ortogonal paraTpM. Seu, w ∈TpM,v ∈νpM e λ´e a curvatura principal deAv. Por (1.2) temos que

hα(u, w)− hu, wiHp, vi=hAvu, wi − hu, wihHp, vi

=hu, wi(λ− hHp, vi)

=hu, wi(λ− 1 m

X

i

hα(ei, ei), vi)

=hu, wi(λ− 1 m

X

i

h Avei, eii)

=hu, wi(λ− 1 m

X

i

λhei, eii) = 0.

Reciprocamente, seα=h ·,·iH, ent˜ao usando de novo (1.2), paraX, Y ∈Γ(T M) eξ ∈Γ(νM)

hAξX, Yi=hα(X, Y), ξi=hhH, ξiX, Yi,

logo M ´e totalmente umb´ılica. PortantoM ´e umb´ılica se e s´o se α=h ·,·iH.

As subvariedades conexas, completas e totalmente umb´ılicas de En s˜ao os espa¸cos afins e as intersec¸c˜oes de espa¸cos afins com hiperesferas. As subvariedades conexas, completas e totalmente umb´ılicas deSn s˜ao as intersec¸c˜oes de Sn com subespa¸cos afins deEn+1.

1.5

Redu¸

ao de codimens˜

ao

Dizemos que uma subvariedade M de uma variedade Riemanniana ¯M ´esubstancial∗ se M ao

est´a contida em uma subvariedade totalmente geod´esica de ¯M de dimens˜ao menor do quen.

M ´e substancial em En se e somente se n˜ao existe um hiperplano afim de En contendo M. Se

M n˜ao ´e substancial emEn seja F a intersec¸c˜ao dos hiperplanos afins que o contem. F ´e o menor subespa¸co afim de En que contem M. Assim poderemos considerar M como uma subvariedade de El onde l= dimF.

(31)

Dado p ∈ M seja Np o subespa¸co linear de νpM gerado por {α(u, w) : u, w ∈ TpM}. Dizemos que Np ´e o primeiro espa¸co normal de M em p. Tem-se que Np ´e o complemento ortogonal de

{v ∈νpM :Av = 0} emνpM. Se a dimens˜ao de Np independe de p∈M, ent˜aoN ={Np :p∈M} ´e um subfibrado vetorial deνM.

Teorema 1.5.1(Redu¸c˜ao de codimens˜ao). SejaM uma subvariedade conexa de uma forma espacial

¯

M. Suponhamos queN ´e invariante pelo transporte paralelo deνM. Ent˜ao existe uma subvariedade totalmente geod´esica N de M¯, contendo M, comdimN =l+m, onde l ´e a dimens˜ao das fibras de

N.

Demonstra¸c˜ao. Sem perder generalidade podemos supor que a curvatura seccionalκ de ¯M ´e 0, 1 ou

−1. S´o faremos a prova para o casoκ= 0,1; a prova do caso κ=−1 ´e similar.

Sejap∈M fixo. Dadoq ∈M, comoM ´e conexa, existe uma curva suave por partesγ : [0,1]−→ M comγ(0) =p eγ(1) =q. Sejamv∈ N⊥e ξ o transporte paralelo dev ao longo deγ. Temos que

νM =N ⊕ N⊥. Ent˜ao Ntamb´em ´e invariante pelo transporte paralelo deνM. Assim

¯

∇γ′(t)ξ(t) =−Aξ(t)γ′(t) +∇⊥γ(t)ξ(t) = 0,

para todot∈[0,1].

a. Suponhamos que ¯M =En. Ent˜ao

ξ′(t) = ¯∇γ′(t)ξ(t),

para todo t ∈ [0,1]. Segue que ξ ´e constante, logo hγ(t), ξ(t)i = hp, vi, para todo t ∈ [0,1], em particular hq −p, vi = 0. Portanto, se v1, . . . , vn−m−l ´e uma base ortogonal de Np⊥, tem-se

hq−p, vii= 0 para todoq ∈M e todoi= 1, . . . , n−m−l. FazendoN =p+∩in=1−m−lv⊥i obtemos

M ⊂N,

com dimN =m+l.

b. Suponhamos que ¯M =Sn. Temos que

(32)

1.6. Submers˜oes Riemannianas 20

para todot∈[0,1]. De outro lado hξ(t), γ(t)i= 0, logo

0 = d

dthξ(t), γ(t)i=hξ

(t), γ(t)i+(t), γ(t)i=(t), γ(t)i,

ent˜ao ξ(t) = v para todo t ∈ [0,1], em particular hq, vi = 0. Portanto, se v1, . . . , vn−m−l ´e uma base ortogonal de N⊥

p , tem-se hq, vii= 0 para todo q ∈M e todo i= 1, . . . , n−m−l. Fazendo

N =Sn∩(∩in=1−m−lvi⊥) obtemos

M ⊂N ⊂Sn,

com dimN =m+l.

1.6

Submers˜

oes Riemannianas

Sejam M e N duas variedades Riemannianas. Una aplica¸c˜ao sobrejetora e suave π : M −→ N

diz-se submers˜ao Riemanniana se

d πp|(kerd πp)⊥ : (kerd πp)

−→T

π(p)N, (1.9)

´e uma isometria linear para todop∈M. As distribui¸c˜oesV e H sobre M dadas porVp = kerd πp e

Hp = (Vp)⊥, para todo p∈M, s˜ao chamadas distribui¸c˜oesvertical e horizontal de M em rela¸c˜ao a

π, respectivamente. As componentes conexas das fibras deπ s˜ao variedades integrais de V. Temos a decomposi¸c˜ao ortogonal T M =V ⊕ H. Hnem sempre ´e integr´avel.

Uma curva γ :I −→ M diz-se levantamento horizontal da curva β : I −→ N, se β =π◦γ e γ

´e horizontal, isto ´eγ′(t) ∈ Hγ(t), para todo t ∈ I. Dada β : I −→ N, se to ∈I e p0 ∈π−1(β(t0)),

existe um ´unico levantamento horizontal γ : I0 ⊂ I −→ M de β|Io passando por p0, ou seja, com t0 ∈I0 eγ(t0) =p0. Seγ ´e uma curva emM ent˜ao|γ| ≥ |d(π◦γ)|e tem-se a igualdade se e somente

se γ ´e horizontal, isto segue da equa¸c˜ao (1.9). Portanto o comprimento de γ ´e maior ou igual ao comprimento de d(π◦γ) e d´a-se a igualdade se e somente seγ ´e horizontal. Assim o levantamento horizontal de uma geod´esica ´e uma geod´esica. Em particular se H´e integr´avel ent˜ao suas folhas s˜ao totalmente geod´esicas.

(33)

isto ´ed πpXp =Zπ(p), para todop∈M. LogoX ´e projet´avel se e somente se d π(X) ´e constante ao

longo das fibras deπ. Dado um campo Z ∈Γ(T N) existe um ´unicocampo horizontal X∈Γ(H) que ´eπ-relacionado com Z. Dizemos que X ´e o levantamento horizontal de Y. Um campo projet´avel e horizontal diz-secampo vetorial b´asico. Note que seU ´e umcampo vertical, isto ´eU ∈Γ(V), ent˜aoU ´e

π-relacionado com o campo nulo, ademais sabemos que para dois pares de camposπ-relacionados seus respectivos colchetes s˜aoπ-relacionados. Assim o colchete de dois campos projet´aveis ´e projet´avel e o colchete de um campo vertical por um campo projet´avel ´e vertical.

Sejam U ∈Γ(V) e X, Y ∈Γ(H) dois campos b´asicos. Ent˜ao

h[U, X], Yi= 0 =h[U, Y], Xi. (1.10)

ComoX eY s˜ao constantes ao longo fibras deπ, temos queUhX, Yi= 0. Logo da f´ormula de Koszul obtemos

h∇XY, Ui= 1

2h[X, Y], Ui. (1.11)

Proposi¸c˜ao 1.6.1. Seja π:M −→N uma submers˜ao Riemanniana. Ent˜ao as seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes

a. A distribui¸c˜ao horizontal ´e integr´avel

b. A distribui¸c˜ao horizontal ´e totalmente geod´esica

c. Sobre cada fibra de π os campos b´asicos s˜ao normais paralelos.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que H ´e integr´avel. Pelo teorema de Frobenius H ´e involutiva, ent˜ao o membro direito da equa¸c˜ao (1.11) anula-se. Segue que H ´e auto paralela e portanto tem folhas totalmente geod´esicas.

Suponhamos que a distribui¸c˜ao horizontal ´e totalmente geod´esica. Assim o lado esquerdo da equa¸c˜ao (1.11) anula-se. Os campos b´asicos s˜ao se¸c˜oes normais das fibras de π, combinando os membros esquerdos das equa¸c˜oes (1.10) e (1.11) segue que estas s˜ao paralelas.

(34)
(35)

Subvariedades isoparam´

etricas

Como ficou esclarecido na introdu¸c˜ao deste trabalho, o conceito de subvariedade isoparam´etrica nasce junto com o de aplica¸c˜ao isoparam´etrica dado por Harle. Mas estes dois s˜ao bem posteriores aos trabalhos feitos sobre fun¸c˜oes isop´arametricas e fam´ılias de hipersuperf´ıcies isoparam´etricas. Neste cap´ıtulo damos a defini¸c˜ao no sentido de Terng e desenvolvemos varias propriedades b´asicas destes objetos. Deixamos para a ´ultima se¸c˜ao a discuss˜ao sobre aplica¸c˜oes isoparam´etricas.

SejaM uma subvariedade de uma forma espacial ¯M. Dizemos que M temcurvaturas principais constantesse para cada campo normal paralelo ao longo de uma curva suave por partes, as curvaturas principais na dire¸c˜ao desse campo s˜ao constantes. Se aindaM tem fibrado normal raso dizemos que

M ´e umasubvariedade isoparam´etrica de ¯M.

Proposi¸c˜ao 2.1. Seja M uma subvariedade de Sn⊂En+1. Ent˜ao M ´e isoparam´etrica vista como subvariedade de Sn se e somente se ´e isoparam´etrica vista como subvariedade de En+1.

Demonstra¸c˜ao. Denotemos comAe ˆA os operadores de forma, com∇⊥ e⊥ˆ as conex˜oes normais e

com νM e ˆνM os fibrados normais de M, vista como subvariedade de En+1 e Sn, respectivamente. SejaP ´e o campo vetor posi¸c˜ao de En+1 restrito a Sn. Seja ζ ∈ Γ(νM), ent˜ao ζ =−f P +ξ, onde

(36)

24

ξ∈Γ(ˆνM) e f :M −→R´e una fun¸c˜ao suave. Como hX, ξi= 0, temos que

h(d ξ)X, PiP = (Xhξ, Pi − hξ, Xi)P = 0,

logo da f´ormula de Weingarten

−AζX+∇⊥Xζ =d ζ(X)

=d ξ(X)−X(f)P−f X

=d ξ(P)− hd ξ(X), PiP−X(f)P−f X

=−AˆξX+∇

ˆ

Xξ−X(f)P −f X.

Portanto

AζX = ˆAξX+f X (2.1)

e

∇⊥Xζ =∇

ˆ

Xξ−X(f)P. (2.2)

Por (2.2)ζ ´e paralelo em rela¸c˜ao a∇⊥ se e somente seξ ´e paralelo em rela¸c˜ao a⊥ˆ ef e constante.

Neste caso, a equa¸c˜ao (2.1) implica que os auto-valores de Aζ s˜ao da forma ˆλ+µ onde ˆλ ´e um auto-valor de ˆAξ e µ´e um n´umero real. Ent˜ao M tem curvaturas principais constantes em rela¸c˜ao a

Sn se e somente se tem curvaturas principais constantes em rela¸c˜ao a En+1

Finalmente se Y ∈Γ(T M), da equa¸c˜ao (2.2) temos que

(∇⊥X∇⊥Y − ∇⊥Y∇⊥X− ∇⊥[X,Y])ζ =(∇ ˆ

X∇

ˆ

Y − ∇

ˆ

Y∇

ˆ

X− ∇

ˆ

[X,Y])ξ+

−(XY −Y X−[X, Y])(f)P

=(∇⊥Xˆ∇

ˆ

Y − ∇

ˆ

Y∇

ˆ

X− ∇

ˆ

[X,Y])ξ,

ent˜aoνM ´e raso se e somente se ˆνM ´e raso.

(37)

2.1

Variedades focais e paralelas

SejaM uma subvariedade deEn. Suponhamos que existe um campo normal paralelo n˜ao trivial

ξ definido em M. Consideremos a aplica¸c˜ao π : M −→ En dada por π(p) = p+ξ(p). Temos que

dπp = idTpM −Aξp, para cada p ∈ M. Seja υ(p) = dim(ker(dπp)), p ∈ M. Um ponto π(p) diz-se

ponto focal na dire¸c˜ao de ξ seυ(p)>0. Se υ´e constanteMξ=π(M) ´e uma subvariedade imersa de

En, com dimMξ =m−υ. Se υ > 0 ´e constante dizemos que Mξ ´e uma variedade focal de M. Se

υ= 0,Mξ diz-sevariedade paralela de M.

Nesta se¸c˜ao ˆ∇ e ˆAdenotar˜ao a conex˜ao de Levi-Civia e o operador de forma de Mξ, respectiva-mente.

Observa¸c˜ao 2.1.1. Na verdadeMξ ´e focal se e somente seAξ tem um auto-valor constanteλ= 1, ao longo do campo paraleloξ. Com efeito, sep∈M, ent˜aoυ(p)>0 se e s´o se ker(d πp) ´e o auto-espa¸co associado ao auto-valor 1 deAξp.

Seja Mξ uma variedade focal de M, claramente π :M −→ Mξ ´e uma submers˜ao. SejamV e H, as distribui¸c˜oes definidas sobre M ondeVp= ker(d πp) eHp=Vp⊥ ´e o complemento ortogonal deVp em rela¸c˜ao a TpM, para todop∈M. Dadop∈M, seu∈ Vp e w∈TpM, como Aξp ´e auto-adjunto

hd πpw, ui=hw−Aξpw, ui=hw, ui − hw, Aξpui= 0.

LogoTπ(p)Mξ⊂ Hp e dim(Tπ(p)Mξ) = dim(Hp), portantoTπ(p)Mξ =Hp eνπ(p)Mξ =Vp⊕νpM. Em particular se Mξ´e paralela tem-se Tπ(p)Mξ=TpM e νπ(p)Mξ =νpM, para todop∈M.

Lema 2.1.2. Seja Mξ uma variedade focal de M ⊂En. Consideremos a proje¸c˜ao π :M −→ Mξ.

Ent˜ao as componentes conexas das fibras de π s˜ao subvariedades totalmente geod´esicas de M e os operadores de forma de M preservam a decomposi¸c˜ao ortogonal T M =V ⊕ H.

(38)

2.1. Variedades focais e paralelas 26

de Codazzi temos que

h∇UV, Xi=h∇U(AξV), Xi

=h(∇UA)ξV, Xi+hAξ(∇UV), Xi

=h(∇XA)ξV, Ui+h∇UV, AξXi

=h∇X(AξV), Ui − hAξ(∇XV), Ui+h∇UV, AξXi

=h∇XV, U−AξUi+h∇UV, AξXi

=h∇UV, AξXi.

Ent˜ao h∇UV, dπ(X)i = h∇UV, X −AξXi = 0, para toda se¸c˜ao X de H. Logo ∇UV ∈ Γ(V) para todo par de se¸c˜oes U, V ∈Γ(V). Ou seja V ´e uma distribui¸c˜ao auto-paralela, assim suas folhas (que s˜ao precisamente as componentes conexas das fibras de π) s˜ao subvariedades totalmente geod´esicas de M.

De outro lado, como ξ ´e paralelo a equa¸c˜ao de Ricci implica queAη comuta com Aξ, para todo

η ∈Γ(νM). Logo os operadores de forma de M preservam V e por serem auto-adjuntos preservam

H.

Observa¸c˜ao 2.1.3. SejaDuma distribui¸c˜ao suave sobreM. Ent˜ao as seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equi-valentes

a. Os operadores de forma de M preservam D.

b. α(u, w) = 0, para todou∈Dp,w∈(Dp)⊥ e todop∈M.

c. Os operadores de forma de M preservam D⊥.

Com efeito, sejav∈νpM, ent˜ao

hα(u, w), vi=hAvu, wi=hu, Avwi.

Seja β: (−ǫ, ǫ) −→Mξ uma curva suave com β(0) = ˆp. Dado p∈π1−(ˆp), seja γ : (−ǫ, ǫ) −→M o levantamento horizontal de β passando por p. Se ζ ´e um campo normal ao longo de β com

(39)

define um campo normalη ao longo deγ. Reciprocamente, seη ´e um campo normal ao longo deγ, ent˜aoζ(t) =η(t), define um campo normalζ ao longo deβ comζ(t)∈νγ(t)M ⊂νβ(t)Mξ, para todo

t∈(−ǫ, ǫ).

Lema 2.1.4. Com a nota¸c˜ao acima temos que

ˆ

Aζ(t)β′(t) =Aη(t)γ′(t), (2.3)

e

( ˆ∇⊥β′ζ)(t) = (∇⊥γ′η)(t), (2.4)

para todo t ∈ (−ǫ, ǫ). Em particular o transporte paralelo, de vetores de νpM, ao longo de γ e ao

longo de β coincidem.

Demonstra¸c˜ao. Pela equa¸c˜ao de Weingarten temos que

−Aˆζ(t)β′(t) + ( ˆ∇⊥β′ζ)(t) =ζ′(t) =η′(t) =−Aη(t)γ′(t) + (∇⊥γ′η)(t),

para todot∈(−ǫ, ǫ). Do lema (2.1.2) sabemos que os operadores de forma deMdeixamHinvariante. Assim como γ ´e o levantamento horizontal de β, ent˜ao −Aη(t)γ′(t) ∈ Hγ(t) = Tβ(t)Mξ, para todo

t∈(−ǫ, ǫ). Daqui seguem as equa¸c˜oes (2.3) e (2.4).

Corol´ario 2.1.5 (“F´ormula do tubo”). Suponhamos que Mξ ´e uma variedade paralela ou focal de

uma subvariedadeM do espa¸co Euclidiano. Ent˜ao se p∈M ev∈νpM, temos que

ˆ

Av =Av((idTpM −Aξp)|Hp)

−1.

Demonstra¸c˜ao. Com a nota¸c˜ao do lema acima, sejamv=η(0) =ζ(0) ew=β′(0) =, ent˜ao a equa¸c˜ao (2.3) e o fato de que γ ´e o levantamento horizontal deβ implicam que

ˆ

Avw=Avγ′(0) =Av((idTpM −Aξp)|Hp)

−1w.

Seja M uma subvariedade do espa¸co Euclidiano, com fibrado normal raso. Para cada p ∈ M

(40)

2.1. Variedades focais e paralelas 28

ondev∈νpM tal queAv tem um autovalor igual a 1.

Proposi¸c˜ao 2.1.6. SejaM ⊂Enuma subvariedade com fibrado normal raso. Suponhamos que existe uma campo normal paraleloξ ∈Γ(νM) tal que Mξ ´e uma variedade paralela deM. Consideremos a

proje¸c˜aoπ :M −→Mξ, ent˜ao para todo p∈M tem-se

a. p+νpM =π(p) +νπ(p)Mξ

b. FM(p) =FMξ(π(p))

Demonstra¸c˜ao. a. Temos que ξp∈νpM e νpM =νπ(p)Mξ. Ent˜ao

p+νpM =p+ξp+νpM =π(p) +νpM =π(p) +νπ(p)Mξ.

b. Seja v∈νpM, da f´ormula do tubo temos que

ˆ

Av−ξp = ˆAv−Aˆξp

=Av(idTpM −Aξp)

−1A

ξP(idTpM −Aξp)

−1

=(Av−Aξp)(idTpM −Aξp)

−1

=(idTpM −AξP −(idTpM −Av))(idTpM −Aξp)

−1

=idTpM −(idTpM −Av)(idTpM −Aξp)

−1

=idTπ(p)Mξ−(idTpM −Av)(idTpM −Aξp)

−1.

Ent˜aoidTπ(p)Mξ−Aˆv−ξp ´e singular se e s´o seidTpM −Av ´e singular, logo

FM(p) ={p+v:idTpM −Av ´e singular}

={π(p) + (v−ξp) :idTπ(p)Mξ −Aˆv−ξp ´e singular}

(41)

2.2

Normais de curvatura

SejaM uma subvariedade isoparam´etrica do espa¸co Euclidiano. Como o tensor de curvatura do fibrado normal deM´e nulo, a equa¸c˜ao de Ricci implica que para todop∈M,{Av :v∈νpM}´e uma fam´ılia comutativa de operadores auto-adjuntos deTpM. Logo s˜ao simultaneamente diagonaliz´aveis com auto-valores λ1(p), . . . , λg(p) ∈(νpM)∗ e auto-espa¸cos comuns E1(p), . . . , Eg(p). Como as cur-vaturas principais s˜ao constantes ao longo de campos paralelos obtemosg distribui¸c˜oes de curvatura

E1, . . . , Eg, mutuamente ortogonais com T M =⊕iEi. Comoλ1, . . . , λg ∈(νM)∗, existem g campos normais n1, . . . ,ng, tais que λi(p, v) = λi(v) = hni(p), vi, para todo i ∈ {1, . . . , g}, todo v ∈ νpM e todo p ∈ M. Estes campos s˜ao chamados normais de curvatura. Quando exista uma normal de curvatura nula para distinguir-la das outras ser´a denotada porn0.

As normais de curvatura s˜ao campos paralelos. Com efeito, dadoi∈ {1, . . . , g}seja ξ um campo normal paralelo. Sabemos queλi(ξ) ´e constante, ent˜ao para todoX ∈Γ(T M) tem-se

h∇⊥Xni, ξi=Xhni, ξi − hni,∇⊥Xξi=X(λi(ξ)) = 0.

Observa¸c˜ao 2.2.1. Se M ⊂ En ´e uma subvariedade isoparam´etrica ent˜ao o primeiro espa¸co normal ´e gerado pelas normais de curvatura. Com efeito, dados p ∈M e v ∈νpM ent˜aov ´e ortogonal ao primeiro espa¸co normal deM emp se e somente se o operador de forma na dire¸c˜ao dev e nulo, se e somente sev e ortogonal a todas as normais de curvatura emp, se e somente sevpertence ao espa¸co ortogonal ao espa¸co gerado pelas normais de curvatura emp.

Proposi¸c˜ao 2.2.2. Seja Mξ uma variedade paralela de uma subvariedade isoparam´etrica M do

espa¸co Euclidiano. Ent˜ao Mξ ´e isoparam´etrica.

Demonstra¸c˜ao. Consideremos a proje¸c˜aoπ:M −→Mξ. Dados camposX, Y ∈Γ(T M) eη ∈Γ(νM), sejam Z, W ∈Γ(T Mξ) e ζ ∈Γ(νMξ), com Zπ(p) =d πpXp, Wπ(p) = d πpYp e ζπ(p) = ηp, para todo

p∈M. Note que as se¸c˜oes tangentes e normais deMξ s˜ao desta forma. Pelo lema (2.1.4) temos que

(42)

2.2. Normais de curvatura 30

Assim, denotando com ˆR o tensor de curvatura normal deMξ, tem-se

( ˆR(Z, W)ζ)π(p)= (R(X, Y)η)p,

para todop∈M. LogoMξ tem fibrado normal raso se M tem fibrado normal raso.

Seja p ∈ M, fixo. Sabemos que TpM = Tπ(p)Mξ e νpM = νπ(p)Mξ. (idTpM −Aξp)

−1 ´e um

operador auto-adjunto de TpM que comuta com Av, para todov∈νpM. Ent˜ao da f´ormula do tubo a fam´ılia {Av,Aˆv :v∈νpM}´e simultaneamente diagonaliz´avel. Portanto existe uma permuta¸c˜ao σ do conjunto {1, . . . , g} tal que Ej(p) = Eσ(j)(π(p)) =d πpEj(p). Seja u∈Ej(p) ent˜aou′ =d πpu∈

Eσ(j)(π(p)). Assim se ˆλ1, . . . ,ˆλg s˜ao as curvaturas principais de Mξ, dado v∈νpM novamente pela f´ormula do tubo tem-se

λj(v)u=Avu

=Av(d πp)−1u′

=Av(idTpM −Aξp)

−1u

= ˆAvu′

=ˆλσ(j)(v)u′

=ˆλσ(j)(v)d πpu

=ˆλσ(j)(v)(idTpM −Aξp)u

=ˆλσ(j)(v)(1−λj(ξp))u.

Da observa¸c˜ao (2.1.1)ξp6∈FM(p), logo 1−λj(ξp)6= 0 e portanto

ˆ

λσ(j)(v) = λj(v) 1−λj(ξp)

, (2.5)

para todo j ∈ {1, . . . , g}. Portanto Mξ tem curvaturas principais constantes ao longo de campos normais paralelos.

Lema 2.2.3. Dados i, j, k ∈ {1, . . . , g} e se¸c˜oesXl de El, l=i, j, k, tem-se

(43)

Assim da equa¸c˜ao de Codazzi obtemos

h∇XiXj, Xki(nj−nk) =h∇XjXi, Xki(ni−nk). (2.7)

Demonstra¸c˜ao. Sejaξ um campo normal paralelo. λi, λj e λk s˜ao constantes ao longo de ξ. Ent˜ao pela equa¸c˜ao (1.3) temos que

(λj−λk)h∇XiXj, Xki=h∇Xi(AξXj), Xki − h∇XiXj, AξXki

=h∇Xi(AξXj), Xki − hAξ(∇XiXj), Xki

=h(∇XiA)ξXj, Xki

=h(∇⊥Xiα)(Xj, Xk), ξi.

Ou seja

hh∇XiXj, Xki(nj−nk)−(∇

Xiα)(Xj, Xk), ξi= 0,

para todo campo normal paralelo ξ. Esta ´ultima equa¸c˜ao ´e equivalente a (2.6).

Dado p0 ∈M consideremos um subespa¸co afim P de νp0M. Introduzimos a seguinte nota¸c˜ao

DP(p) =

M

ni(p0)∈P

Ei(p),

νP(p) =

X

ni(p0)∈P

Rni(p),

FP(p) =DP(p)⊕νP(p)

e

LP(p) =p+FP(p),

para cadap∈M.

Proposi¸c˜ao 2.2.4. Seja M uma subvariedade isoparam´etrica de En. Com a nota¸c˜ao acima temos que

(44)

2.2. Normais de curvatura 32

b. DP ´e invariante pelos operadores de forma de M.

c. Se SP(p) denota a folha de DP passando porp, ent˜ao SP(p) ´e uma subvariedade isoparam´etrica substancial do espa¸co Euclidiano LP(p). E para cada q∈SP(p) temos LP(p) =LP(q).

Demonstra¸c˜ao. a. Sejami, j, k ∈ {1, . . . , g}tais queni(p0),nj(p0)∈ Penk(p0)6∈ P. Sei6=j, temos

quenj(p0)−nk(p0) eni(p0)−nj(p0) s˜ao linearmente independentes. Agora, o transporte paralelo

´e uma isometria linear de νpM sobre νqM, para todo par p, q∈M. Ent˜ao nj(p)−nk(p)6= 0 e se

i6=j,nj(p)−nk(p) e ni(p)−nj(p) s˜ao linearmente independentes para todo p ∈M. Trocando os ´ındices na equa¸c˜ao (2.7) obtemosh∇XiXj, Xki(nj−nk) =h∇XkXj, Xii(nj −ni), assim

h∇XiXj, Xki= 0.

Logo se X =P

ni(p0)∈PXi e Y =Pnj(p0)∈PYj s˜ao duas se¸c˜oes de DP e Z ´e uma se¸c˜ao de Ek, comnk(p0)6∈ P, temos que

h∇XY, Zi=

X

ni(p0),nj(p0)∈P

h∇XiYj, Zi= 0.

Assim DP ´e auto paralela.

b. ComoR⊥= 0, ent˜ao os operadores de forma de M comutam, logo preservam as distribui¸c˜oes de curvatura. Em particular deixamDP invariante.

c. Sejap∈M fixo. Dadoq ∈SP(p) seja γ[0,1]−→SP(p) uma curva suave por partes comγ(0) =p

e γ(1) =q. Sejam u∈DP(p)⊥∩TpM um vetor normal aSP(p), vista como subvariedade deM,

e U(t) o transporte paralelo de u ao longo deγ. ComoSP(p)⊂M ´e totalmente geod´esica temos

que ∇γ′(t)U(t) = 0 e do item b. e da observa¸c˜ao (2.1.3), temos queα(γ′(t), U(t)) = 0. Logo pela

formula de Gauss tem-se

U′(t) =∇γ′(t)U(t) +α(γ′(t), U(t)) = 0,

para todot∈[0,1]. Ent˜aoU ´e constante e como u ´e arbitr´ario

(45)

Por outro lado

d

dthγ(t)−p, U(t)i=hγ

(t), U(t)i+(t), U(t)i= 0,

para todot∈[0,1]. Logohγ−p, Ui´e constante e assimhq−p, vi= 0. Comoq∈SP(p) ´e arbitr´ario

obtemos

SP(p)⊂p+ (DP(p)⊥∩TpM)⊥=p+DP(p)⊕νpM

e de (2.8)

DP(p)⊕νpM =DP(q)⊕νqM, (2.9)

para todoq∈SP(p).

Consideremos SP(p) como subvariedade de p+DP(p)⊕νpM. Pelo item b. los operadores de forma de M preservam DP, logo para cada q ∈ SP(p) e cada v ∈ νqM o operador de forma de

SP(p) na dire¸c˜ao de v´eAv|DP(q), o qual ´e nulo parav∈νP⊥∩νpM. Assim, por um razonamento an´alogo ao usado acima

FP(p) =FP(q), (2.10)

para todoq∈SP(p) e

SP(p)⊂LP(p).

De (2.10) segue queLP(p) =LP(q), para todoq ∈SP(p). ConsideremosSP(p) como subvariedade de LP(p) denotemos seu operador de forma por ˆA, de novo pelo item b. se tem-se

ˆ

Av=Av|DP(q), (2.11)

para todo q ∈ SP(p) e todo v ∈ νP(q). Suas normais de curvatura s˜ao nj|SP(p), para j ∈ {i :

ni(p0)∈ P}. Assim SP(p) ´e uma subvariedade isoparam´etrica e substancial do espa¸co Euclidiano

LP(p).

Observa¸c˜ao 2.2.5. Note que no item c. da demonstra¸c˜ao acima est´a impl´ıcito que SP(p) ´e uma subvariedade isoparam´etrica de p+DP(p)⊕νpM, onde p+DP(p) ⊕νpM = q +DP(q) ⊕νqM, para todoq∈SP(p). Al´em dissoPni(p0)∈PRni(p) ´e o primeiro espa¸co normal de SP(p) vista como

subvariedade do espa¸co Euclidianop+DP(p)⊕νpM.

(46)

2.2. Normais de curvatura 34

Corol´ario 2.2.6. Seja M uma subvariedade isoparam´etrica de En. Ent˜ao as distribui¸c˜oes de cur-vatura deM s˜ao auto paralelas e portanto tˆem folhas totalmente geod´esicas. Dado p∈M, sejaSi(p)

a folha de Ei passando por p, i∈ {1, . . . , g}. Ainda

a. Se ni(p) = 0, ent˜aoSi(p) ´e um aberto de p+Ei(p) =q+Ei(q), para todo q∈Si(p).

b. Se ni(p) 6= 0, ent˜ao Si(p) ´e um aberto de uma hiperesfera de centro em p+|ni(1p)|2ni(p) e raio

1

|ni(p)| no espa¸co afim p+Ei(p)⊕Rni(p) =q+Ei(q)⊕Rni(q),para todo q∈Si(p).

Demonstra¸c˜ao. Fazendo P ={ni(p0)}, da proposi¸c˜ao anterior temos que DP =Ei ´e auto-paralela. Tamb´em que Si(p) ´e uma subvariedade isoparam´etrica de Li(p) = p+Ei(p)⊕Rni(p) (neste caso

Si(p) ´e uma subvariedade totalmente umb´ılica deLi(p)), com normal de curvatura ni|Si(p).

a. Se ni(p) = 0, ent˜ao Si(p)⊂p+Ei(p).

b. Se ni(p) 6= 0, seja r = |ni1(p)|. Ent˜ao dado q ∈ Si(p), sejam γ : [0,1]−→ Si(p) uma curva suave

por partes comγ(0) =p e γ(1) =q. Comoni ´e paralelo temos que

d

dt(γ(t) +r

2n

i(γ(t))) =γ′(t)−r2hni(γ(t)),ni(γ(t))iγ′(t)

=γ′(t)−r2hni(γ(t)),ni(γ(t))iγ′(t)

=γ′(t)−γ′(t)

=0,

para todot∈[0,1]. Logo γ+r2ni◦γ ´e constante, em particular

p+r2ni(p) =γ(0) +r2ni(γ(0)) =γ(1) +r2ni(γ(1)) =q+r2ni(q).

Comoq ´e arbitr´ario e |ni|´e constante, temos que |q−(p+r2ni(p))|=r, para todoq ∈Si(p)

Observa¸c˜ao 2.2.7. SejaM uma subvariedade isoparam´etrica do espa¸co Euclidiano.

a. Sejam p,q ∈ M e τ : νpM −→ νqM o transporte paralelo. Se v ∈ Np⊥, da observa¸c˜ao (2.2.1) tem-se

(47)

para todoi∈ {1, . . . , g}. LogoN⊥´e preservado pelo transporte paralelo.

b. Seja p ∈M fixo. Se v∈νpM com hni(p), vi= 0, para todo i∈ {1, . . . , g}, do item anterior e do item a. na demonstra¸c˜ao do teorema (1.5.1) tem-seM ⊂p+v⊥.

c. Suponhamos queM ´e substancial. Ent˜ao pelo item anterior e a observa¸c˜ao (2.2.1) tem-seνpM =

P

iRni(p), para todo p∈M.

d. Suponhamos queM ´e substancial e compacta. Ent˜ao de b. M tem uma normal de curvatura nula se e somente se sua correspondente curvatura principal ´e nula. Neste caso sejaE0a distribui¸c˜ao de

nulidade. ComoM ´e completa as folhas deE0 s˜ao completas logo do item a. do corol´ario anterior

s˜ao subespa¸cos afins do espa¸co Euclidiano, os quais s˜ao triviais j´a queM ´e limitada. LogoM tem normais de curvatura n˜ao nulas.

Observa¸c˜ao 2.2.8. SejaM uma subvariedade isoparam´etrica do espa¸co Euclidiano. Oposto de M ´e o n´umero m´aximo de normais de curvatura linearmente independentes. Do item a. da observa¸c˜ao acima, do teorema (1.5.1) e do item c. da mesma observa¸c˜ao podemos considerar, M ⊂ En com

n=m+londel´e o posto de M. Em diante somente consideraremos subvariedades isoparam´etricas substanciais do Espa¸co Euclidiano.

2.3

O grupo de Coxeter

Um subgrupo grupo finito e essencial∗ do grupo ortogonal de um espa¸co vetorial finito dimensio-nal com produto interno gerado por um conjunto de reflex˜oes ´e chamadogrupo de Coxeter. Oposto

do grupo de Coxeter ´e o n´umero m´aximo de vetores linearmente independentes do conjunto finito de vetores tais que as reflex˜oes s˜ao feitas em rela¸c˜ao aos seus espa¸cos ortogonais. Dada uma subva-riedade isoparam´etrica do espa¸co Euclidiano podemos associar-lhe um grupo de Coxeter. Para isto consideraremos reflex˜oes de subespa¸cos afins do espa¸co Euclidiano em rela¸c˜ao a certos hiperplanos; a saber, os espa¸cos normais afins e os hiperplanos focais, respectivamente. Este grupo ser´a uma ferra-menta importante no estudo da geometria da subvariedade. Em particular o posto da subvariedade coincidir´a com o posto do respectivo grupo de Coxeter.

Essencial no sentido de que o conjunto dos pontos fixos do grupo ´e a origem. Na verdade os grupos de Coxeter em

(48)

2.3. O grupo de Coxeter 36

Sejam M ⊂ En uma subvariedade isoparam´etrica e n1, . . . ,ng suas normais de curvatura n˜ao nulas. Dadop∈M para i∈ {1, . . . , g}definimos o i-´esimohiperplano focal de M em p,li(p) por

li(p) ={p+v:v∈νpM e hni(p), vi= 1}.

Temos que o conjunto focal de M emp´e a reuni˜ao dos hiperplanos focais emp.

No que resta desta se¸c˜ao utilizaremos a seguinte nota¸c˜ao. Dados p, q ∈ M τpq : νpM −→ νqM denotar´a o transporte paralelo (ao longo de uma curva suave por partes unindop e q) em rela¸c˜ao `a conex˜ao normal de M. Definimos otransporte paralelo afim τˆpq:p+νpM −→q+νqM por

ˆ

τpq(p+v) =q+τpqv,

para todo v ∈ νpM. Rpi e ρpi denotar˜ao as reflex˜oes de νpM e p+νpM em rela¸c˜ao aos hiperplanos

ni(p)⊥∩νpM e li(p), respectivamente, para p ∈ M e i ∈ {1, . . . , g}. Ademais, consideraremos M completa, assim as folhas das distribui¸c˜oes de curvatura associadas a normais de curvatura n˜ao nulas s˜ao hiperesferas de subespa¸cos afins do espa¸co Euclidiano. ai :Si(p)−→Si(p) denotar´a a aplica¸c˜ao ant´ıpoda, isto ´eai(q) ´e o outro ponto de intersec¸c˜ao entre a reta unindoqao centro deSi(p) eSi(p), para todoq∈Si(p).

Lema 2.3.1. Com a nota¸c˜ao acima temos que para todo i∈ {1, . . . , g}

a. ρpi(p) =ai(p)

b. ρpi = ˆτai(p)

p

c. ρpi(lj(p)) =lj(ai(p)), para todo j∈ {1, . . . , g} e portantoρpi(FM(p)) =FM(ai(p))

Demonstra¸c˜ao. Com efeito,

a. Temos que

li(p) =p+{v∈νpM :hni(p), vi= 1}

=p+

v∈νpM :

ni(p), v− 1

|ni(p)|2

ni(p)

= 0

=p+

1

|ni(p)|2

ni(p) +ni(p)⊥∩νpM

(49)

Rpi est´a dada por

Rpiv=v−2hni(p), vi

|ni(p)|2

ni(p), (2.12)

para todov∈νpM. Assim

ρpi(p+v) =p+ 1

|ni(p)|2

ni(p) +Rpi

v− 1 |ni(p)|2

ni(p)

=p+v+ 2(1− hni(p), vi)

|ni(p)|2

ni(p), (2.13)

para todov∈νpM. Agora sejar(t) = (1−t)p+t(p+|ni(1p)|2ni(p)),t∈R, a reta unindo p ao centro

de Si(p), com r(0) =p er(1) =p+ni(1p)2ni(p). Ent˜aoai(p) =r(2) =p+|ni(2p)|2ni(p) =ρpi(p).

b. Pela observa¸c˜ao (2.2.5) temos queSi(p) ´e uma subvariedade totalmente umb´ılica dep+Ei(p)⊕νpM e tamb´em que o transporte paralelo normal deSi(p), vista como subvariedade deste espa¸co afim, coincide com o transporte paralelo normal de M restrito aSi(p). Ent˜ao

ni(ai(p)) =τpai(p)ni(p) =−ni(p) (2.14)

e τai(p)

p v =v, sev ∈νpM com hni(p), vi= 0. Portanto τpai(p) coincide com Rpi, assim da equa¸c˜ao (2.13) tem-se

ρpi(p+v) =p+ 2

|ni(p)|2

ni(p) +Rpiv (2.15)

=ai(p) +τpai(p)v

=ˆτai(p)

p (p+v),

(50)

2.3. O grupo de Coxeter 38

c. Da equa¸c˜ao acima temos que

ρpi(lj(p)) ={ρpi(p+v) :hnj(p), vi= 1}

={ai(p) +τpai(p)v:hnj(p), vi= 1}

={ai(p) +τpai(p)v:hnj(ai(p)), τpai(p)vi= 1}

=lj(ai(p))

Consideremos os g campos paralelos ξi = |n2i|2ni e as respectivas proje¸c˜oes πi : M −→ Mξi.

Temos queπi(p) =p+|ni(2p)|2ni(p) =ai(p). Logo Mξi =M. Portanto da proposi¸c˜ao (2.1.6) item b.

e do item c. do lema acima temos que

FM(p) =FMξi(πi(p))

=FM(ai(p))

=ρpi(FM(p)),

para todop∈M.

Note que para cada i∈ {1, . . . , g}fazendo σi =σ na equa¸c˜ao (2.5) como M =Mξi obtemos

nσi(j)(ai(p)) =

1

1− hnj(p), ξi(p)i

nj(p), (2.16)

para todoj∈ {1, . . . , g}.

Observa¸c˜ao 2.3.2. Note que a existˆencia das permuta¸c˜oes σi imp˜oe uma forte restri¸c˜ao `as multipli-cidades das curvaturas principais, a saber

mj = dim(Ej) = dim(Eσi(j)) =mσi(j).

(51)

Lema 2.3.3. As reflex˜oesρp1, . . . , ρpg permutam os hiperplanos focais deM emp. Ainda ρpi(lj(p)) =

lσi(j)(p)

Demonstra¸c˜ao. Do item c. do lema (2.3.1) e das equa¸c˜oes (2.16) e (2.14) tem-se

ρpi(lj(p)) =lj(ai(p))

={ai(p) +v:hnj(ai(p)), vi= 1}

={p+ξi(p) +v:h−nj(p), vi= 1}

={p+w:−hnj(p), w−ξi(p)i= 1}

=

p+w: h−nj(p), wi 1− hnj(p), ξi(p)i

= 1

={p+w:h−nσi(j)(ai(p)), wi= 1}

={p+w:hnσi(j)(p), wi= 1}

=lσi(j)(p).

Lema 2.3.4. Seja M uma subvariedade isoparam´etrica do espa¸co Euclidiano. Dadop∈M sejaW˜p

o subgrupo de GL(νpM) gerado pelas reflex˜oes Rp1, . . . , Rpg. Ent˜aoW˜p ´e um grupo de Coxeter finito.

Demonstra¸c˜ao. Um ponto deνpM ´e fixado por todo elemento de ˜Wp se e somente se ´e fixado pelas reflex˜oesRp1, . . . , Rpg. Logo a intersec¸c˜ao dos conjuntos de pontos fixos de todos os elementos de ˜Wp ´e a intersec¸c˜ao dos hiperespa¸cos deνpM ortogonais `as normais de curvatura. Agora, como as normais de curvatura geramνpM, temos que νpM = ∩ig=1νpM ∩ni(p)⊥

. Logo ˜Wp ´e essencial.

De outro lado, como Rpi = τai(p)

p (demonstra¸c˜ao do item b. do lema (2.3.1)), a equa¸c˜ao (2.16) pode ser reescrita assim

Rpinσi(j)(p) =

1−2hnj(p),ni(p)i |ni(p)|2

−1

nj(p),

ent˜ao

|nσi(j)(p)|=

1− 2hnj(p),ni(p)i |ni(p)|2

−1

(52)

2.3. O grupo de Coxeter 40

e como (Rpi)2 =idνpM temos que

Rpi

1

|nj(p)|

nj(p)

=

+

−1

|nσi(j)(p)|

nσi(j)(p).

Logo as reflex˜oesRp1, . . . , Rpg permutam o conjunto

∆p =

( +

−1

|ni(p)|

ni(p) :i= 1, . . . , g

)

,

portanto existe um homomorfismo de ˜Wp no grupo de permuta¸c˜oes de ∆p. Este homomorfismo ´e injetor j´a que se um elemento de ˜Wp restrito a ∆p ´e a identidade, ent˜ao ´e a identidade de νpM (as normais de curvatura geramνpM). Segue que ˜Wp ´e finito.

Teorema 2.3.5 (Terng). Seja M uma subvariedade isoparam´etrica compacta do espa¸co Euclidiano. Ent˜ao o subgrupo Wp, do grupo de isometrias de p+ν

pM, gerado pelas reflex˜oes ρp1, . . . , ρpg ´e um

grupo de Coxeter, para cadap∈M. Dizemos que Wp ´e o grupo de Coxeter de M em p.

Demonstra¸c˜ao. Como M ´e compacta da observa¸c˜ao (2.2.7) item d. segue que suas normais de curvatura s˜ao n˜ao nulas. Seja ϕ : Wp −→ W˜p a aplica¸c˜ao dada por ϕ(ρp

i1· · ·ρ

p

is) = R

p i1· · ·R

p is.

Vejamos que ϕ ´e um homomorfismo injetor. Com efeito, pela equa¸c˜ao (2.15) temos que para todo

v∈νpM

ρpi

1· · ·ρ

p

is(p+v) =p+ξ(i1,...,is)(p) +R

p i1· · ·R

p

isv, (2.17)

onde

ξ(i1,...,is)(p) =ξi1(p) +R

p

i1ξi2 +R

p i1R

p

i2ξi3 +. . .+R

p i1· · ·R

p is−1ξis

e ξij =

2

|nij|2nij, com j ∈ {1, . . . , s}. Assim ϕ(ρ) = d ρx, para todo x ∈νpM e para cada ρ ∈ W

p,

portantoϕest´a bem definido e ´e um homomorfismo de grupos. Agora suponhamos queϕ(ρpi

1· · ·ρ

p is) = idνpM. Como as reflex˜oes R

p

1, . . . R

p

g permutam ∆p, tamb´em permutam os hiperespa¸cos ortogonais `

as normais de curvatura, ent˜ao σi1· · ·σis ´e a permuta¸c˜ao identidade. De outro lado as reflex˜oes ρp1, . . . , ρpg permutam os hiperplanos focais, assim dado p+v ∈ lj(p) temos que ρpi1· · ·ρ

p

is(p+v) ∈ lσi1···σis(j)(p) =lj(p). Ent˜ao da equa¸c˜ao (2.17) tem-se

Referências

Documentos relacionados

Enquanto pedagoga em processo de formação, minha preocupação mais latente são os educandos e o universo escolar, para tanto, compreendo que a infância, assim

soa que observe qualquer caso suspeito o denunciem de modo imediato, para que se possa trabalhar desde cedo em função da família como um todo. Agindo assim,

F REQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO ( MÉTODO ANALÍTICO ) ... O RIENTAÇÃO PELAS EQUAÇÕES DE PROPAGAÇÃO DE VIBRAÇÕES ... P REVISÃO DOS VALORES MÁXIMOS DE PPV ...

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

psicológicos, sociais e ambientais. Assim podemos observar que é de extrema importância a QV e a PS andarem juntas, pois não adianta ter uma meta de promoção de saúde se

TÑÉáà|Ät wx W|Üx|àÉ wÉ gÜtutÄ{É „ `öÜv|t cxÄ|áátÜ| a Subordinado b Avulso c Voluntário d Eventual e autônomo 15 ESAF/FISCAL TRABALHO/98 Numa relação