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Rev. bras. estud. popul. vol.24 número2

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Academic year: 2018

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Notas de Pesquisa

R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 337-338, jul./dez. 2007

Avaliação dos riscos

para ocupação

urbana: proposição

metodológica baseada

em geotecnologias

Diego Rodrigues Macedo*

Antônio Pereira Magalhães Jr.**

Esta pesquisa se insere na atual dis-cussão do GT População e Meio Ambiente, recentemente renomeado para População, Espaço e Ambiente. O estudo desenvolveu-se, até o momento, sob dois aspectos princi-pais: como foco, os riscos e vulnerabilidades da ocupação urbana; como metodologia, a utilização de indicadores censitários e sua integração a Sistemas Informativos Geográficos.

Neste contexto, o trabalho utiliza indi-cadores presentes no Censo Demográfico do IBGE, para a composição de um Índice de Vulnerabilidade da Ocupação UrbanaIVOU e sua espacialização, utilizando como unidade de análise os setores censitários. O objetivo deste índice é contrapô-lo às condições físicas naturais, identificadas por meio de modelagem cartográfica, afim de estabelecer áreas prioritárias para a in-tervenção do poder público. Neste sentido, a pesquisa tem um enfoque metodológico, propondo uma análise mais detalhada da questão dos perigos e riscos para a ocupação urbana em grandes centros. No Brasil, cada estação chuvosa constitui-se em novo ciclo de desastres – atingindo um expressivo contingente populacional –, que estão relacionados, sobretudo, a dois processos naturais potencializados pela ocupação urbana desordenada: desliza-mentos de encostas e enchentes.

Utilizou-se, como área-piloto, a micro-bacia do córrego da Abolição, localizada ao norte do município de Belo Horizonte, com uma área aproximada de 600.000m2 e um contingente populacional de cerca de 11.000 habitantes. Para o desenvolvimento dos trabalhos, consideram-se duas premis-sas básicas. A primeira refere-se ao meio físico, o qual engloba elementos formadores da paisagem que possuem fragilidades ine-rentes à ocorrência de processos naturais, colocando em perigo as populações locais. Nesta mesma linha de raciocínio, a segunda premissa considera que o risco se constitui na probabilidade de este perigo efetiva-mente atingir alguém. Assim, a metodologia desenvolvida segue estes dois pressupos-tos, contrapondo-se na análise final para buscar identificar as áreas prioritárias para a intervenção do poder público.

Na proposta metodológica para ava-liação da fragilidade do meio físico, utilizou-se como técnica cartográfica a análiutilizou-se booleana para identificar a suscetibilidade aos eventos analisados na microbacia. A se-gunda etapa metodológica, de caráter mais demográfico, correspondeu à elaboração do IVOU, utilizando-se três indicadores básicos: renda, escolaridade e número e faixa etária dos habitantes. Com isso, elaborou-se um mapa mesclando as duas concepções estudadas.

Em relação aos resultados do primeiro estudo, observaram-se dois problemas. O primeiro refere-se à forma como a metodo-logia de análise do meio físico foi concebida, apresentando dificuldade para replicá-la. Deve-se considerar que, em uma área maior, a diversidade de componentes do sistema tornará o modelo mais complexo, dificultando a interpretação das condicio-nantes do meio físico aos eventos estuda-dos. Já o segundo diz respeito ao índice: foram utilizados poucos indicadores, além do fato de ser mais interessante compô-lo para todo o município de Belo Horizonte,

* Geógrafo, mestrando em Geografia pelo Instituto de Geociências – IGC, da Universidade Federal de Minas Gerais –

UFMG.

** Geógrafo, professor adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Doutor

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338 R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 337-338, jul./dez. 2007 A avaliação dos riscos para a ocupação urbana Macedo, D.R. e Magalhães Jr., A.P.

e, se possível, considerando uma faixa de variação entre 0 e 1.

Desta maneira, buscou-se, em um se-gundo momento, rever e desenvolver a me-todologia, procurando simplificar a análise do meio físico e reelaborar o índice. Assim, utilizaram-se áreas maiores: em primeiro lugar a regional administrativa de Venda Nova, na qual a microbacia estudada se insere; e posteriormente todo o município de Belo Horizonte.

Para simplificar a análise do meio físico, adotaram-se critérios restritivos encontrados na legislação vigente, especificamente na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo de Belo Horizonte, a qual, para definir as áreas edificáveis e adensáveis, considera fatores naturais aqueles relativos a: áreas hidricamente sensíveis (nascentes), corpos d’água e declividade do terreno. Estes fatores resultaram em uma Compartimentação dos Fatores Físicos Naturais, visando o enqua-dramento das condicionantes do terreno, com base em parâmetros dinâmicos previa-mente definidos conforme as necessidades da área e os objetivos da pesquisa. Neste aspecto, cada município possui uma neces-sidade específica; portanto, em cada nova área de estudo, estes fatores podem variar.

O novo índice foi elaborado mantendo-se os mantendo-setores censitários do IBGE como unidade espacial mínima. Foram utilizados, para a composição do novo IVOU, cinco indicadores: renda, escolaridade, serviços sanitários, densidade etária populacional e condição da habitação. Os indicadores de renda, escolaridade e serviços sanitários (coleta de lixo e de esgotos) foram consi-derados inversamente proporcional ao índice elaborado. A densidade etária popu-lacional foi calculada atribuindo pesos ao total de habitantes do setor censitário. Para isso, levaram-se em conta dois aspectos: a capacidade motora e o tempo estimado de

permanência no domicílio, para cada faixa etária, sendo o indicador considerado direta-mente proporcional ao índice. A condição da habitação é uma característica disponível no censo por setor censitário. Neste caso, para os setores especiais subnormais, adotou-se o valor 1 e, para os demais, 0 (observa-se que grande parte dos setores em Belo Hori-zonte possui a condição comum). Os cinco indicadores tiveram valores padronizados e compreendidos entre 0 e 1 (com três casas decimais), de forma a tornar os resultados mais compreensíveis. O índice temático foi obtido a partir da média simples dos seus indicadores.

Com as duas etapas metodológicas finalizadas, propôs-se integrar os dois resultados, valendo-se das facilidades ope-racionais das ferramentas de geoprocessa-mento. Decidiu-se empreender um processo de análise objetivando eleger as áreas prio-ritárias para intervenções no município de Belo Horizonte. Foi realizada uma análise cartográfica de multicritérios, atribuindo pesos às classes da Compartimentação dos Fatores Físicos Naturais e do IVOU. Por meio de técnicas de álgebra de mapas, chegou-se ao resultado final. Deste, foram excluídas as áreas não ocupadas, identificadas e disponi-bilizadas pela prefeitura de Belo Horizonte, mas que poderiam ter sido obtidas por uma interpretação manual de uma imagem ETM Landsat 7.

Cabe ressaltar, finalmente, que esta pesquisa resultou em uma monografia de graduação, uma monografia de pós-graduação lato sensu (especialização em geoprocessamento), um trabalho apresen-tado no XII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, um trabalho apresentado no II Seminário de Geoprocessamento da UFMG e uma exposição no workshop Popu-lação e Meio Ambiente: novas metodologias de abordagem, realizado pelo GT.

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