• Nenhum resultado encontrado

Fractal, Rev. Psicol. vol.28 número2

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Fractal, Rev. Psicol. vol.28 número2"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

Fractal: Revista de Psicologia, v. 28, n. 2, p. 170-171, maio-ago. 2016. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1984-0292/2143

Editorial v. 28, n. 2 (2016)

Escrevemos tal editorial como forma de luta, como maneira de apontar para as resistências que habitam nosso campo de produção. Temos que comemorar a existência deste espaço tão potente, pois, em meio ao desmonte das Uni-versidades, da redução de verbas públicas para um ensino público, laico e de qualidade, ainda encontramos lugar para divulgar nossas produções. Espaço marcado pelas nossas lutas e pela possibilidade de fazer existir novas possibilida-des de construção de subjetividapossibilida-des marcadas pela singularidade de suas existências. Acreditamos que, em meio a

tan-tas violências, há que se buscar alianças, gerar composições que possam apontar para uma produção cientíica potente,

repleta de força geradora de mudança. Que muitas vozes possam ser ouvidas, que o conhecimento gere deslocamentos e desacomodações, que se multipliquem as conexões e articulações. A escrita deste editorial convida a todos que se sintam, de alguma maneira, convocados a agir em seus campos de trabalho para produzir um mundo mais plural.

Neste sentido, temos orgulho de apresentar, neste volume, o Dossiê Territórios e Paisagens de subjetivação, que conta com artigos nacionais e internacionais que discorrem sobre as relações entre subjetividade e a cidade compre-endida como espaços de habitar, resistir e também, de certa maneira, ocupar. Temas pertinentes em meio a esta forma tão potente de habitar nosso território: resistindo e ocupando. Não há obviedade nisso, ao contrário, há muita potência em desnaturalizar a maneira como nos relacionamos com os lugares que habitamos cotidianamente. No texto Nuevas formas de habitar la ciudad: hacia una conceptualización de la ciudadanía biovigilante, podemos vislumbrar como o conceito de cidadania não cabe mais num mundo em que os instrumentos (paraskeue, nos trabalhos de Michel Fou-cault) e a biovigilância regem nossas relações. Em “Fazer falar o silêncio da história”: a virada narrativa dos museus encontramos a proposta de repensar este lugar como um ajuntamento de diferentes historicidades e de priorizar as narrativas que comumente são excluídas deste espaço. Serão abordados: a mostra RISARCIMENTI [Storie di vita e di attesa], 2011, o Museu Etnomuseo Monti Lepini, o Museu do Brigantaggio di Itri e o Museu do Brigantaggio di Cellere para falar desta perspectiva.

Ainda pensando nas formas de resistir ao convite da domesticação encontramos o artigo Cidades, corpos medi-calizados e o biocapital: o mercado da saúde que nos propõe criticar a maneira como corpos e cidades são vistos como biocapitais. No texto Lixo: outras memórias da/na cidade nos é apresentada uma proposta de pensar o descarte sob duas perspectivas: daqueles que são educados para o descarte e daqueles que constroem outras histórias a partir de sua relação com o que é descartado. Em Cidades Socioeducativas: Nietzsche e a questão da responsabilidade o autor nos convida a pensar a produção do conceito de responsabilidade em Nietzsche e sua relação com a atuação de medidas

sócio-educativas. No artigo Tecnogeograias: modulações nas ecologias e políticas cognitivas a proposta é pensar a articulação entre o jogo e o espaço público como um espaço tecnicogeográico no qual a inserção e participação dos

sujeitos modulam políticas e ecologias cognitivas. Em Tuta e a cidade: arquivos domésticos das infâmias urbanas bus-ca-se acontecimentalizar nossa cidade com fragmentos infames em uma heterotopia doméstica que acontecimentalize os arranjos de subjetivação existentes em nossas cidades desde seu surgimento até a atualidade.

Como dissemos, neste Dossiê encontramos formas potentes de resistência, o que vemos no artigo Cidades-expe-rimentações: para inscrição numa (est)ética da aprendizagem enquanto acontecimento que apresenta a tessitura de composições narrativas que possibilitam um efeito-labirinto de nós em rede-de-nós, que não para de se bifurcar e, paradoxalmente, também não para de, em nós, se condensar como um efeito-cidade-em-nós. Seguindo neste trabalho, temos o artigo A subjetividade, o Fora e a cidade: repensando o sujeito, o espaço e a materialidade no qual o autor, partindo da ideia do Fora em Deleuze e Foucault, e das teorias da “cognição estendida”, explora uma “subjetividade distribuída”, na qual o sujeito não é composto apenas por seu corpo ou interioridade, mas também pela materialidade, espaço e não-humanos. Em seguida, no texto Cidades (in)habituais: considerações sobre neoliberalismo e resistên-cia, encontramos a proposta de discutir os efeitos do neoliberalismo nos modos de vida urbanos, traçando elementos que permitam experimentar e estranhar a cidade para, assim, resistir à lógica econômica e aos arranjos subjetivos

arrimados nos ios do Capitalismo Mundial Integrado. Em Infância e Cidade: inventar espaços e modos de viver as autoras, com pesquisa no âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente, evidenciam práticas institucionais que relacionam o movimento da criança na cidade com práticas de recolher e abrigar em determinados estabelecimentos.

Por im, em Cidades e políticas públicas, é apresentado o tema da cidade no contemporâneo, discutindo e analisando a importância da produção de políticas públicas e, portanto, implicadas com a participação social na elaboração, execução e monitoramento dos espaços urbanos.

(2)

Fractal, Rev. Psicol., v. 28 – n. 2, p. 170-171, 2016 171

modos de subjetivação nos discursos sobre este processo. Temos ainda, o texto Andarilhos de estrada e acesso

institu-cional: relexões sobre estratégias de controle que se propõe a apresentar as condições de acesso dos andarilhos a

es-sas instituições e discutir sobre as estratégias de controle utilizadas por elas sob o luxo da errância no contemporâneo.

Desejamos boa leitura a todos!

Referências

Documentos relacionados

Por último, mas não menos importante, temos os artigos: A pipa como um fé(i)tiche: passando ao largo de dicotomias de autoria de Maria de Fátima Aranha de Queiroz e Melo;

Resolvemos escutar a demanda dos atores sociais com a perspectiva de criar ações instituintes de novas formas de relação entre os membros da comunidade, os proissionais de

The research described here, aside from generating more meaningful epidemiologic results, aligns with seminal documents that establish the importance of public health

The movement at stake, however, is not “uniform movement” (LACAN, 1998a , p. 348) not the move- ment of muscular machinery indifferent to language nor of what Freud (2001, v.

Essa discussão é importante porque, em vários países o liberalismo, na segunda metade do século XVII emerge como gestão econômica e política da maneira de viver, de gerir

a) La gestión no recae exclusivamente sobre el cu- erpo (como puede ser el caso de la ciudadanía bi- ológica de Rose y Novas), sino en las conexiones de este con otras

Neste sentido, esse escrito traça uma trajetória que não é unidirecional: procura entender os percursos das patologias da infância e da adolescência no Hospital Psi - quiátrico

Não mais através da mutualidade, da simetria e da horizontalidade na relação terapêutica, mas do embate e do abismo que separa os que se vinculam, onde pode- mos pensar o inimigo