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Fractal, Rev. Psicol. vol.20 número2

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Academic year: 2018

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Fractal: Revista de Psicologia, v. 20 – n. 2, p. 637-640, Jul./Dez. 2008 639

A

CLÍNICA SOBCUSTÓDIA

:

DISCURSOS E PRÁTICAS DOSPSICÓLOGOS EM PRESÍDIOS

Ana Claudia Nery Camuri Nunes

Cristina Mair Barros Rauter

Palavras chaves: clínica, violência, prisões.

O trabalho analisa questões relacionadas a violência e a criminalidade, vis-tas como fenômenos políticos ligados ao modo de produção capitalista e suas ressonâncias no campo da subjetividade. O texto foi construído a partir de uma perspectiva clínica-teórica transdisciplinar. A pesquisa de campo foi realizada através do método cartográfi co. As ferramentas foram: observação participante e entrevista semi-dirigida com Psicólogos do Sistema Penitenciário do Município do Rio de Janeiro. Partimos da hipótese de que neste espaço não só o detento se encontra sob custódia, mas também o psicólogo com seus discursos e práticas. Discutimos ‘para quê’ e ‘a quem’ servem as prisões e a formação do dispositi-vo da delinqüência. Realizamos uma breve análise da Lei de Execuções Penais (LEP) de 1984, de 2003, do Regulamento Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro (RPERJ) de 1986 e documentos produzidos pelos psicólogos com o ob-jetivo de mapear as forças institucionais e compreender os impasses vividos por eles, posto que são sempre convocados a ocupar o lugar de agentes do contro-le social, através da confecção do Exame Criminológico e da participação nas Comissões Técnicas de Classifi cação (CTC). Por último, analisamos o que se

produz no encontro entre a instituição e estes profi ssionais - as difi culdades e possibilidades. Chegamos a formulação de que não há um contrato clínico entre o psicólogo e o paciente-detento e sim do psicólogo com à instituição. Percebe-mos que alguns Psicólogos estão mortifi cados, ou melhor, “envenenados” e isso é um efeito institucional, tendo em vista que todos que estão lá são atravessados constantemente por forças destruidoras das subjetividades, como a violência, a tortura, o desrespeito aos direitos humanos e à vida. Podemos considerar que tais forças são “micro-facismos” que permeiam o campo social. São linhas segmenta-rias que barram os processos de transformação e ajudam a compor subjetividades depressivas, pessimistas, irritadiças, desconfi adas, contraditórias e agressivas. A despeito das difi culdades apresentadas pelos Psicólogos foi possível perceber o empenho de alguns em construir estratégias para escapar à prisionização que os atingem. A idéia de se realizar clinica na prisão pode-se ser tomada como um paradoxo, pois rigorosamente, não podemos tratar de alguém encarcerado. Os Psicólogos não podem negligenciar a condição de encarcerado daquelas pessoas e começar apenas a escutá-los achando que não têm nada a ver com o cárcere e

Aluna de Psicologia da Universidade Federal Fluminense e Bolsista de Iniciação Científi ca

(PIBIC/CNPq)

Professor Associado I da Universidade Federal Fluminense. Instituo de Ciências Humanas e

Filosofi a - Universidade Federal Fluminense. Campos do Gragoatá, Bloco O Sala 214. São

Domingos. CEP: 24220-350 – Niterói, RJ.

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sua lógica perversa, isso seria dissociar a intervenção clínica das questões polí-ticos-institucionais. Não acreditamos que a prisão possa fazer custódia, mas ao pensarmos no desejo como pura positividade e produção podemos falar de linhas de fuga e moleculares que atravessam qualquer lugar, até mesmo a prisão, mas nunca a achar que “a prisão” pode se tornar um lugar ameno. Esperamos que esta pesquisa forneça subsídios para a construção de estratégias resistência aos pro-cessos de mortifi cação que ocorrem no interior da engrenagem carcerária e que apontem para a coletivização e para criação de práticas clínicas que sejam espaço de gestação de novas subjetividades, fazendo emergir novos sentidos, subjetivi-dades, discursos e práticas mais potentes e criativos no sentido de fazer face ao controle social contemporâneo.

Referências

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