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AS FERRAMENTAS DA WEB 2.0 NA GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

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Academic year: 2019

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PONTIFÍCIA

UNIVERSIDADE

CATÓLICA

DE

SÃO

PAULO

PUC-SP

COORDENADORIA

GERAL

DE

ESPECIALIZAÇÃO,

APERFEIÇOAMENTO

E

EXTENSÃO

-

COGEAE

PATRÍCIA ALINE DOS SANTOS

AS FERRAMENTAS DA WEB 2.0 NA GESTÃO DE

ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

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PATRÍCIA ALINE DOS SANTOS

AS FERRAMENTAS DA WEB 2.0 NA GESTÃO DE

ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Trabalho de conclusão de curso de pós-graduação apresentado como parte das atividades para obtenção do título de especialização em Gestão de Projetos Sociais em Organizações do Terceiro Setor, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (COGEAE).

Área de concentração: Administração, Economia, Ciências Contábeis e Atuariais

Orientador: Prof. Dr. Ladislau Dowbor

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AS FERRAMENTAS DA WEB 2.0 NA GESTÃO DE

ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Trabalho de conclusão de curso de pós-graduação apresentado como parte das atividades para obtenção do título de especialização em Gestão de Projetos Sociais em Organizações do Terceiro Setor, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (COGEAE).

Área de concentração: Administração, Economia, Ciências Contábeis e Atuariais

Orientador: Prof. Dr. Ladislau Dowbor

Data da apresentação: ___/___/____

MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA:

Presidente e Orientador: Prof. Dr. Ladislau Dowbor

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.

Membro Titular:

Membro Titular:

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Agradeço a todos os que de maneira direta ou indireta me ajudaram na elaboração deste trabalho: professores, colegas de curso e de trabalho, amigos, irmãos, principalmente aos que muitas vezes desempenharam mais de uma destas funções. Agradeço especialmente aos

meus pais, ao James Rodrigues, Elenice de Castro e Marcela Sousa pelas conversas, conselhos, livros valiosos, correções e paciência ao me acompanharem de perto ou de longe

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“[...] a vida inventa! A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação - porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada.”

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RESUMO

Este trabalho é resultado de uma revisita a um conjunto de obras relevantes sobre Internet e ferramentas da Web com foco no impacto na gestão de organizações do terceiro setor. Abordamos vantagens e desafios da socialização da Internet, especificando práticas no uso de ferramentas atuais classificadas como versões da Web 2.0 no avanço dos objetivos das organizações do terceiro setor, em uma dimensão maior, em prol de melhores condições de desenvolvimento social e local.

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ABSTRACT

This work is a result of relevant literature review about Internet and Web tools. Its focus is on the impact on third sector organizations management. We aproach advantages and challenges of the Internet socialization, specifying practices on the use of current tools classified as versions of Web 2.0 to foster the organizations goals, and in a wider dimension, to improve conditions of local and social development.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

CEMPRE Cadastro Central de Empresas

CERN European Particle Physics Laboratory

DARPA Defense Advanced Research Projects Agency

FASFIL Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil

FTP File Transfer Protocol

HTTP Hypertext Transfer Protocol

IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

ONG Organização Não-Governamental

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RITS Rede de Informações para o Terceiro Setor

RSS Really Simple Sindication

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

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1 DO SURGIMENTO DA INTERNET À WEB 2.0...p.15 1.1 A criação da Internet ...p.15 1.2 A criação da Web ...p.16 1.3 Nova Web desenvolve novas estruturas e capacidades ...p.17 2 O IMPACTO DAS TICS NAS PRÁTICAS CULTURAIS ...p.20 2.1 Do alfabeto aos meios de comunicação de massa...p.20 2.2 Internet e novas necessidades de TICs ...p.21 2.3 Impacto da Internet nos negócios, governos e educação...p.22 3 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL NA ERA DA

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como foco a análise do uso das ferramentas de informação e comunicação da Web 2.0 para o alcance dos objetivos das organizações do terceiro setor. Buscamos identificar pontos de vista sobre o potencial das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) atuais para a democratização da informação, de forma a potencializar a construção e o compartilhamento de conhecimento, empoderamento e participação cidadã.

Desta forma, o objetivo central deste trabalho é identificar e interpretar teorias e práticas no uso de ferramentas de comunicação na Internet, especificamente aquelas conhecidas como parte da Web 2.0, e como estes recursos podem ser usados na gestão de organizações do terceiro setor.

De maneira mais específica, os objetivos a serem desenvolvidos são:

a) identificar teorias que originaram a Internet, a Web e sua evolução para as atuais TICs;

b) buscar relações, momentos-chave e impacto nas práticas culturais, com o desenvolvimento social e o papel do terceiro setor neste contexto ;

c) apontar desafios da gestão no terceiro setor relacionadas ao uso de TICs;

d) identificar usos potenciais das TICs como oportunidades para a gestão das organizações do terceiro setor;

e) destacar estratégias e boas práticas no uso das ferramentas Web 2.0 em prol dos objetivos das organizações do terceiro setor.

Portanto, no primeiro capítulo deste trabalho contextualizamos o conceito de Internet, de Web e sua evolução até chegar às novas tecnologias que vêm sendo classificadas como Web 2.0. No segundo capítulo, a presença e impacto das TICs na cultura são, por sua vez, abordados em momentos históricos e como têm mudado a estrutura da comunicação humana, da criação do alfabeto à evolução de mundos virtuais na Internet. A questão do desenvolvimento social atrelada ao acesso às TICs é o foco no terceiro capítulo. Por fim, o quarto capítulo, que trata do conceito de terceiro setor, dos principais desafios e oportunidades em relação ao uso das TICs, especificamente da Web 2.0.

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informação em diversos meios na Web. Retratamos primeiramente a construção histórica da Internet e da Web, do impacto das TICs, a relação com o desenvolvimento social e finalmente o conceito, dimensão atual e as problemáticas da gestão no terceiro setor no Brasil. A análise descritiva da informação coletada e sua interpretação dão sequência à metodologia adotada e, como quarta e última parte deste trabalho, citamos experiências que vão em direção ao objetivo deste projeto. Por meio da informação e ferramentas disponibilizadas na Web por organizações do terceiro setor, analisamos experiências no uso das ferramentas da Web 2.0 e avançamos para propostas de como podem ser utilizadas de forma a convergir para as necessidades de gestão no terceiro setor.

Na literatura revisada para este trabalho, as abordagens de Manuel Castells (1999), Pierre Lévy (2000), Antônio Carlos Carneiro de Albuquerque (2006), e relatórios do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), de 2001 e 2007, fornecem subsídios básicos já que são referências na área, bem como bastante atuais. As ideias de Gilbert Rist (2000) ampliaram a visão sobre a história do desenvolvimento social assim como Lawrence Lessig (2001) sobre as perspectivas para o futuro no uso das TICs. Como subsídios importantes para a discussão central, trabalhos de Ladislau Dowbor (2000, 2008) contribuiram com a proposição do paradigma da colaboração trazido pelas novas TICs. A partir de ideias de Bernardo Sorj (2003) também obtivemos informação para fomentar as discussões sobre o tema da luta contra a desigualdade na sociedade da informação.

O tema deste trabalho se justifica pela importância da evolução dos processos de comunicação e das TICs, além das possibilidades que a globalização da conectividade traz, portanto, com possibilidades de impacto e transformação social e cultural. Estas tecnologias facilitam a transmissão de influências entre indivíduos independentemente de onde estejam. Ainda que não equitativamente distribuídos, os recursos de informação e comunicação como a Internet reduziram as distâncias, ampliaram as formas de interação que favoreceram o acesso à informação e conhecimento, além do desenvolvimento de novas inteligências.

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informação para a intervenção sobre a realidade. Isto é particularmente significativo para a gestão no terceiro setor porque o conhecimento, por meio de ferramentas adequadas, impulsiona a dinâmica de interação e colaboração que são da natureza deste seguimento.

Novas tecnologias Web 2.0 estão surgindo e, se conhecidas e bem aproveitadas, podem favorecer o fluxo de comunicação permitindo que muitos se comuniquem com muitos e, ao mesmo tempo, de forma a corresponder aos objetivos das organizações do terceiro setor. O grande desafio diante disso ainda é a popularização do acesso e uso produtivo de computadores, da própria Internet, além da disponibilidade de conexão de banda larga.

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1 DO SURGIMENTO DA INTERNET À WEB 2.0

A proeminência da Internet como marco radical não é a intenção deste trabalho. Vale ressaltar que mudanças já vinham ocorrendo com a presença do computador, mas como nova tecnologia de comunicação, a Internet se juntou a diversos outros instrumentos que foram modificando a sociedade como o telégrafo, telefone, telex, rádio, televisão e fax, de acordo com Sorj (2003). O mundo vivia um momento de transição do sistema produtivo e social no capitalismo e a Internet surge de forma favorável a estas transformações. A mudança principal é que a informação e a comunicação que eram espacialmente localizadas passaram a ser disponibilizadas no mundo virtual, permitindo a comunicação de muitos para muitos e a criação de uma memória online dos computadores presentes nesta rede.

1.1A criação da Internet

Primeiramente, é importante contextualizar os significados, momentos históricos e culturais de surgimento da Internet que levaram ao nosso principal tema a ser abordado, a Web 2.0.

Apesar de muitas vezes serem usados como sinônimos, Internet e Web (sigla para World Wide Web ou www) estão relacionadas, mas têm significados distintos. A Internet é uma infraestrutura em rede. Uma rede de redes de computadores conectados de forma global, permitindo que se comuniquem uns com os outros se estiverem conectados à Internet. Já a Web é uma forma de acessar informação na Internet, utiliza o protocolo http como se fosse sua linguagem para transmitir informações. Além da Web, há outras formas de acessar a Internet como e-mail, FTP (File Transfer Protocol), mensagens instantâneas, entre outras.

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independentes conectados formando uma rede que, de fato, não poderia ser controlada a partir de nenhum centro.

1.2 A criação da Web

Em 1989, Tim Berners-Lee, então pesquisador no laboratório suíço CERN (European Particle Physics Laboratory), inventou a World Wide Web, uma iniciativa baseada na Internet para permitir acesso universal a uma ampla área de documentos interligados. Como a Internet utiliza uma variedade de linguagens denominadas protocolos para disponibilizar informação, o protocolo usado na Web é o http. Os usuários conectados na Internet utilizam browsers, como o Mozilla Firefox ou Internet Explorer para chegar até os documentos ou “páginas na Internet” que procuram, sendo que estas são iniciadas por um endereço http. Um fato importante é que neste momento de criação da Web foi aplicado o conceito de hipertexto, que é a ligação entre documentos, ou seja, um documento de referências cruzadas inseridas automaticamente para direcionar o usuário a outros documentos por meio de hiperlinks. Como as páginas estão ligadas umas às outras por meio de hiperlinks, uma pessoa conectada pode então “navegar” pelo imenso ciberespaço de clique em clique nos conteúdos em textos, vídeos, áudios e outros formatos (Berners-Lee, 2009).

“Aqui começam a se delinear duas tendências para a utilização de computadores na comunicação: na primeira, a tecnologia serve para a cooperação, na outra objetiva a colaboração.” (SPYER, 2007, p.23). Spyer diferencia: o segundo vai além do primeiro por empoderar indivíduos para seu crescimento na Web.

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1.3Nova Web desenvolve novas estruturas e capacidades

No decorrer do século XX e na chegada ao século XXI, as mudanças provocadas pela Internet se contrapuseram de forma marcante à disputa concentrada em propriedade dos meios de produção que marcou o século anterior. A Internet fortaleceu a ideia de que a informação e conhecimento agregam valor percebido do produto. Como reforça Dowbor (2008, p 95), “[...] o conhecimento, a informação organizada, representam um fator de produção, um capital econômico de primeira linha”. No entanto, a lógica econômica destes tempos é produção e consumo inesgotável, diferente daquela que rege a produção física de bens de consumo.

A lógica econômica da Internet tem outro diferencial importante, pois, por ter um status de bem público como meio de produção da informação, pode ter sua arquitetura transformada por qualquer indivíduo, a partir dos códigos livres e abertos. Assim os meios físicos de transmissão de informação e a gestão dos conteúdos podem ser apropriados pela sociedade; o conhecimento desenvolvido a partir da Internet pode ser infinitamente reproduzível, inclusive também sob a ótica do terceiro setor: o conhecimento de alguém pode ser compartilhado e por sua vez estimular a inovação de uma ideia com base naquela experiência compartilhada.

O resultado é que “A batalha do século XX, centrada na propriedade dos meios de produção, evolui para a batalha da propriedade intelectual do século XXI.” (DOWBOR, 2008, p.95). A presença da Internet neste momento não é desencadeadora, mas acelera a valorização do conhecimento como fonte de criação de valor e de potencialização das cadeias produtivas de acordo com Sorj (2003).

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necessidades seguem uma dinâmica contínua de reinvenção da Web, com práticas que cada vez dão mais poderes ao usuário de acordo com Lessig (2001).

Da possibilidade de interação via troca de mensagens de correio eletrônico, troca de mensagens instantâneas, até as formas mais recentes de adequar os conteúdos aos interesses dos usuários, a conjuntura apresentada é de um momento-chave. Este tem sido chamado de evolução do que teria sido o primeiro modelo ou status para a então Web 2.0. A criação do termo em 2004 é atribuída a Tim O'Reilly, nome recorrente na literatura sobre as tecnologias digitais atuais. “Tratou-se de uma constatação de que as empresas que conseguiram se manter através da crise da Internet possuíam características comuns entre si, o que criou uma série de conceitos agrupados que formam o que chamamos Web 2.0.” (WIKIPÉDIA, 2009).

Por trás da colaboração online estão os aplicativos do tipo social software que promovem cada vez mais os ambientes de socialização, em uma mistura dos meios de comunicação mais usados no mundo.

Sua aplicação funde a difusão (broadcasting) que transmite informação de um ponto para muitos, com a interatividade característica da comunicação de duas vias. Em outras palavras, a Internet representa a união das possibilidades de interação do telefone com o alcance maciço da TV. (SPYER, 2007, p.21).

Tapscott e Williams (2007, p.21, grifo do autor) exemplificam:

Chame-as de “armas de colaboração em massa”. Novas infra-estruturas colaborativas de baixo custo – desde a telefonia grátis via Internet até softwares de código aberto ou plataformas globais de terceirização – permitem que milhares de indivíduos e pequenos produtores criem conjuntamente produtos, acessem mercados e encantem clientes de uma maneira que apenas as grandes empresas podiam fazer no passado.

No decorrer dos anos de vida da Web, como argumenta Amstel (2001), o avanço não é apenas de software ou de arquitetura de redes, mas de um movimento social que trata das bases da rede.

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pode classificar informações como quiser, pode interagir com interfaces mais inteligentes e etc.

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2 O IMPACTO DAS TICs NAS PRÁTICAS CULTURAIS

A presença das TICs na sociedade permeia todas as relações sociais, econômicas e políticas, mas não é necessariamente responsável pelas transformações. Todavia, seu impacto multifacetado também infere sobre o sistema de valores e crenças da cultura da sociedade como identificamos na bibliografia utilizada a seguir.

2.1Do alfabeto aos meios de comunicação de massa

A criação do alfabeto, por volta de 700 a.C., permitiu a acumulação da comunicação, ou seja, um registro separando a fala de quem fala, apesar de separar também todo o sistema de símbolos e percepções importantes para que o ser humano pudesse se expressar. Dada a nobreza relegada à comunicação escrita estabeleceu-se então uma hierarquia: os culturalmente alfabetizados acima daqueles que podiam apenas se beneficiar do mundo de imagens e sons nas artes e no mundo público da liturgia.

Entre as grandes transformações trazidas pelos desenvolvimentos técnicos, Lévy (2000) destaca a valorização da liberdade de expressão e, como consequência, das relações entre indivíduos como uma grande mudança no fluxo de comunicação e nos movimentos sociais. Este momento é retratado no sistema de correio que já existia desde a antiguidade, mas somente no século XVII a técnica postal permitiu a distribuição de correspondências de ponto a ponto, de indivíduo para indivíduo e não apenas a serviço da comunicação dos governos com as periferias e vice-versa. Qualquer um poderia se comunicar com outro indivíduo distante, pelo menos até onde o serviço de correio chegaria (LÉVY, 2000, p.124).

Um momento particular destacado por Lévy acontece na década de 1970, quando o movimento californiano Computers for the People visava popularizar o uso de computadores (na época, limitados basicamente a capacidades de cálculo) para que qualquer indivíduo, não só pessoas com especificidade técnica, pudesse adquiri-los por preços mais baratos e aprender usá-los (LÉVY, 2000, p.126).

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comunicação escrita e o sistema audiovisual, tão importante para a expressão da mente humana, a partir do filme e rádio, depois televisão, superando a influência da comunicação escrita.

Castells (1999) parte da criação das mídias de comunicação de massa para reforçar que seu impacto marcou com frustração a visão dos intelectuais contra a comunicação estimulante dos sentidos e não-meditativa. Ele aborda a Internet como a chegada da integração da comunicação humana em um mesmo sistema de interação entre o cérebro humano, máquinas e contextos sociais, sem um local de controle, mas interagindo a partir de diversos pontos em tempo real ou não, em acesso aberto ou em condições mais baratas, que mudam fundamentalmente a maneira de se comunicar.

Uma transformação tecnológica de dimensões históricas similares está ocorrendo 2.700 anos depois [da escrita], ou seja, a integração de vários modos de comunicação em uma rede interativa. Ou, em outras palavras, a formação de um Supertexto e uma Metalinguagem que, pela primeira vez na história, integra no mesmo sistema as modalidades escrita, oral e audiovisual da comunicação humana. (CASTELLS, 1999, p.354).

2.2Internet e novas necessidades de TICs

A mudança no caráter da comunicação medeia e determina progressivamente a cultura, já que nossos códigos, sistemas de crenças, são emoldurados pelo novo modelo tecnológico ao longo da história da humanidade. Neste sentido, Castells (1999, p.354 e p.386) se baseia nas tendências dos movimentos que preparam a formação do novo sistema tecnológico nas últimas décadas e afirma que “[...] é certo que se desenvolverá e abarcará pelo menos as atividades dominantes e os principais segmentos da população de todo o planeta [...]”, apesar de não substituir outros meios de comunicação, mas reforçar padrões já existentes.

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passam a ter acesso e capacidade de reconhecer seus direitos. Apesar disso, dificilmente chega às camadas extremamente pobres ou sem instrução mínima (CASTELLS, 1999, p.384).

A abordagem de Sorj (2003) vai ao encontro desta análise de forma que a distribuição desigual dos recursos tecnológicos entre os países, e também nos âmbitos locais das populações, representa uma forma privilegiada de mostrar a dialética entre igualdade e desigualdade. Assim, o processo que promove a liberdade e participação social também leva a novas formas de desigualdades. Para alguns teóricos, as TICs permitiram pular etapas de investimentos em educação e recursos materiais substituindo-os por tecnologias absorvidas dos países mais avançados, enquanto outros analistas acreditam que as novas TICs têm aumentado as desigualdades no âmbito global e interno das sociedades devido à rapidez das mudanças tecnológicas e dificuldade de serem acompanhadas pelos países mais pobres. “ [...] aquele que parece o ponto de chegada rapidamente fica obsoleto [...] é uma barreira constantemente renovada na capacidade de aproximar os países mais pobres dos mais ricos.” (SORJ, 2003, p.61).

Nesta abordagem, a ideia marcante é que as novas TICs e seus novos produtos de consumo como a Internet trouxeram uma mudança no patamar do que é “mínimo”. Uma destas consequências é a chamada “exclusão digital ou distribuição desigual entre os países – e no interior de cada sociedade – dos recursos associados às tecnologias da informação e da comunicação.” (SORJ, 2003, p.13). Isso mostra a dinamicidade das formas de pobreza que, ao mesmo tempo, também precisam de velocidade para serem combatidas. Portanto, é necessária a readaptação da intervenção estatal no acesso a bens e serviços de consumo coletivo, assim como das demais estruturas da formação cultural humana, por exemplo, na educação, negócios e governo.

2.3Impacto da Internet nos negócios, governos e educação

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A queda livre dos custos de computação e colaboração está ampliando a distribuição de conhecimento e poder. Ao mesmo tempo, nossa capacidade de nos auto-organizarmos em redes de grande escala está aumentando nossa habilidade de achar, recuperar, separar, avaliar e filtrar a profusão de conhecimento humano e, é claro, continuar a ampliá-lo e aprimorá-lo.

No âmbito dos negócios, as empresas estão começando a adotar o que Tapscott e Williams (2007) chamam de wikinomics, nova arte e ciência da colaboração. Para eles o momento é de mudança de paradigma no mundo dos negócios, em que um chão de fábrica se torna global e a colaboração em massa é utilizada para fabricar produtos com mais eficiência. Desta forma, as empresas rompem com o modelo de multinacionais, baseada na arquitetura radial de integração em que as subsidiárias recebiam planejamentos do escritório central para construir produtos para mercados locais; com o apoio das ferramentas online as empresas passam a seguir princípios como a abertura para desenvolver inovação, tecnologia e produção, tanto para a participação direta de parceiros como com a ajuda de clientes que podem conhecer e interferir nos projetos disponibilizados em fóruns online para a participação; as empresas atuam com peerings, de forma a receber a colaboração interna de maneira não apenas hierárquica, mas de qualquer nível profissional; ao mesmo tempo compartilham recursos para produção em rede, o resultado é a atuação global eliminando silos nacionais para utilizar recursos e capacidades em diferentes locais.

Os governos paulatinamente estão percebendo o uso de tecnologia para criar plataformas de participação e conhecimento público, tornando informação mais acessível aos cidadãos, no que muitas vezes é chamado de ciberdemocracia ou e-governo. Os cyberadvocates, ou defensores da Web, acreditam que ela pode prover componentes-chave requeridos pelos cidadãos em uma democracia. A Web pode oferecer ao público acesso à informação ilimitada, discussão em fóruns abertos e também promover a tomada de decisão mais consciente, como afirmam Ferber, Foltz e Pugliese (2007, p.392).

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mostram o que proprietários querem e os usuários têm controle somente daquilo que lhes é permitido.

Na dimensão da educação, Pierre Lévy (2000) argumenta a favor da valorização da inteligência coletiva por meio do que chama de ciberespaço ou espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores, como recurso de comunicação interativo e da comunidade. Ele cita a colaboração e coordenação descentralizada nos negócios e a troca de ideias e experiências no meio acadêmico e técnico. Especialistas e recém-chegados, são atores que acessam um campo de conhecimento comum e mutuamente se desenvolvem.

Lévy (2000, p.215) resume como tendência histórica a ascensão do mundo virtual ao mundo atual.

Quanto mais informações se acumulam, circulam e proliferam, melhor são exploradas (ascensão do virtual) e mais cresce a variedade de objetos e lugares físicos com os quais estamos em contato (ascensão do atual). Ainda assim, nosso universo informacional se dilata mais rapidamente que nosso universo de interações concretas. Em outras palavras, a ascensão do virtual provoca a do atual, mas a primeira desenvolve-se mais rápido do que a segunda.

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3 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL NA ERA DA INTERNET E WEB 2.0

O processo denominado desenvolvimento social é uma questão recente na história da humanidade. Seu surgimento acontece no contexto de pós-guerra, da instituição da Organização das Nações Unidas (1945), da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1949). Portanto, o momento era de necessidade urgente de reconstrução dos países Europeus e de lançamento do Plano Marshall para aumentar a capacidade de produção dos Estados Unidos. Na região Sul do mundo, as mudanças tinham importância secundária, entre processos de independência, guerras civis e formação de Estados. Contudo, alguns países das Américas já recebiam ajuda dos Estados Unidos para financiarem suas causas mais urgentes, medida que deveria ser estendida a todos os países pobres do mundo em prol do “desenvolvimento” conforme declarado no Plano Marshall, no discurso do presidente Harry S. Truman (1945). Esta foi a primeira aparição do termo “desenvolvimento” em um documento tão disseminado como o discurso, de acordo com Rist (2000), significando áreas economicamente atrasadas. A menção gerou agrado generalizado a começar pelos religiosos no momento de desespero, fome e horror causado pela guerra, além dos econômicos, foco do plano. A ideia também tinha credibilidade para fortalecer a metáfora naturalista do mundo ocidental, de que o sentido de crescimento é sempre positivo, contínuo, promove cumulatividade já que um estágio depende do outro e irreversibilidade, uma vez alcançado o desenvolvimento, não se volta atrás, como enfatiza Rist (2000, p.73, grifo do autor).

The appearance of the term “underdevelopment” evoked not only the Idea of change in the direction of a final state but, above all, the idea of bring such a change. No longer was it just a question of things ‘developing’; now it was possible to ‘develop’ a region.

3.1 Momentos-chave para o desenvolvimento social

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desenvolvimento em afirmação a prometida igualdade, em troca da possibilidade de caminhar pela própria estrada a ser construída e, por consequência, se emoldurando com a identidade ocidentalizada do norte como recorda Rist (2000).

Ao chamarem a atenção para a mudança do sistema que provocava um abismo entre 70% do mundo que concentrava 30% da renda mundial, foram eventos marcantes a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento - UNCTAD (1964), a Conferência de Estocolmo (1972), o relatório do Massachusetts Intitute of Technology (MIT) sobre os limites do desenvolvimento (1972), o RIO Report do Clube de Roma (1976), a Declaração para o Estabelecimento de uma Nova Ordem Econômica (1974) e o North-South: a Programme for Survival, relatório preparado por uma comissão independente das Nações Unidas.

Desde então, as organizações internacionais evoluíram pouco a ideia de desenvolvimento, além do ajuste estrutural com uma face humana, dado aos processos econômicos e sociais que permitiram algum enriquecimento sem medidas radicais, prevalecendo o crescimento, no sentido de produção, mas desassociado do consumo e suas consequências.

A ideia de existência de uma sociedade desenvolvida, avançada na formação da cultura do desenvolvimento, continua sendo uma questão bastante estudada e debatida atualmente. Desde que iniciados, em 1990, os Relatórios de Desenvolvimento Humanos do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) têm reiterado o significado de desenvolvimento, sempre em torno da melhoria do bem-estar e condições de vida do ser humano.

Entre as inovações nas perspectivas trazidas pelos relatórios a criação e adoção do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) como indicador de desenvolvimento, em 1991, foi um momento marcante na concepção de desenvolvimento além do uso da soma de riquezas usada até então pelo PIB (Produto Interno Bruto). O IDH combina três variáveis: renda, expectativa de vida e nível de educação.

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de Compra (PPC) em dólares americanos (PPC US$), respectivamente. (PNUD, 2007, p.227).

Outro momento importante apresentado nos relatórios do PNUD foi o reconhecimento, em 1992, de que os países em desenvolvimento entram no mercado como parceiros desiguais e saem com ganhos também desiguais.

Nos anos 2000, os relatórios continuam reiterando a importância do bem-estar humano. “Com desenvolvimento pretende-se, em última análise, expandir o potencial humano e fomentar a liberdade humana. As pessoas procuram desenvolver capacidades que as possibilitem fazer escolhas e ter uma vida que valorizem.” (PNUD, 2007, p.1).

Bem próxima desta perspectiva, pode-se destacar as políticas no âmbito do desenvolvimento local no Brasil. Elaborada de forma participativa por diferentes atores – administrações públicas, empresas, sindicatos, organizações da sociedade civil – a Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local enfatiza que o desenvolvimento tem sido sempre analisado sob a perspectiva de geração de renda cabendo às comunidades esperar pelo momento que surgirão oportunidades oferecidas do nível macro ao micro, em investimentos públicos ou instalação de empresas privadas. “O desenvolvimento não é, meramente, um conjunto de projetos voltados ao crescimento econômico. É uma dinâmica cultural e política que transforma a vida social.” (PNUD, 2007, p.5).

A organização de espaços locais e suas subdivisões - municípios, regiões, comunidades, cidades – se mostram cada vez mais capazes de participar da mobilização democrática e produtiva em prol do potencial local. No entanto, a sustentabilidade e a multiplicação das oportunidades geradas por essas iniciativas dependem de mecanismos para fortalecê-las, então por parte de níveis macros, como os governos. Apesar de haver a tendência de apoio aos grandes, as indústrias, por exemplo, o equilíbrio a ser recuperado em benéfico de pequenas empresas e ONGs, entre outras iniciativas, desperta um potencial produtivo e minimiza as desigualdades herdadas no passado, como defendem os elaboradores do documento.

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inclusive com o próprio acesso às tecnologias de informação e capacitação, está diretamente inserido e impactando desde o âmbito do desenvolvimento local ao contexto geral.

Rist (2000), em trechos de sua conclusão, lembra que a ideia de evolução, desenvolvimento ou crescimento está no núcleo do pensamento ocidental. Sendo também da natureza desse “desenvolvimento” a abundância de bens de consumo assim como a desigualdade e exclusão. O que sem dúvida é crescente, para ele, é o abismo entre desenvolvidos e em desenvolvimento. A saída é cada sociedade procurar, conforme sua identidade, inventar sua maneira de se desenvolver já que o modelo proposto é impossível ser alcançado. Finalmente, a disponibilização de tecnologias é importante e nunca acontece de forma neutra, tampouco leva fatalmente à homogeneização.

3.2 O componente e-desenvolvimento

A bibliografia analisada aponta a falta de acesso às TICs em direção ao impacto na exclusão econômica. No âmbito local, a comunicação por meio da inclusão digital e comunicativa é um fator dinâmico do desenvolvimento, uma das formas de permitir aos indivíduos conhecerem o contexto onde estão inseridos e enfrentarem melhor os seus problemas por iniciativas próprias.

Projetos isolados podem ser geridos por mecanismos burocráticos simples, mas criar um clima de dinamismo e uma cultura de mobilização para resolver os problemas locais exige mecanismos de comunicação vinculados à problemática local, gerando e difundindo conteúdos que reflitam efetivamente as aspirações e o cotidiano diferenciado de cada região, com forte participação dos principais atores sociais. (INSTITUTO CIDADANIA, 2008, p.33).

No entanto, pela necessidade, mãe da invenção, as infraestruturas para acesso à tecnologia estão se tornando mais acessíveis para que os excluídos economicamente e culturalmente deste movimento se aproximem, à sua maneira, do acesso a tecnologias.

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do tipo de equipamento considerado. A pesquisa identificou que 71% dos lares com computador possuem acesso à Internet. Essa diferença denota que, dos 14 milhões de domicílios com computador, quatro milhões não possuem acesso à Internet. No âmbito mundial, apenas uma fração da população mundial - pouco mais de 136 em cada mil pessoas - está conectada à Internet (Anexo A). O Brasil possui 195 pessoas conectadas em cada mil, comparado ao total de 365 indivíduos em países com o mesmo nível de IDH.

Contudo as infraestruturas e capacidades para as TICs evoluem a partir de estágios diferentes nas diversas regiões do mundo. Em 2006, a estimativa era de que 45% de vilas da África Subsaariana eram cobertas por sinal de telefonia móvel, não significando conectividade, mas que os sinais estavam disponíveis, conforme relatório da International Telecommunications Union (2007).

Os celulares que dão maior poder às pessoas por serem portáveis, pessoais, acessíveis realmente em qualquer momento e lugar (eles não ficam em uma sala como um PC, têm custo relativamente baixo e relativa durabilidade), podem ser a saída que provocará maior rede de conteúdo interativo e participativo nas próprias palavras e contexto do usuário.

Esta é mais uma potencial oportunidade do século XXI. A Internet foi criada nos Estados Unidos, mas as consequências das reduções drásticas nos seus custos sobre a informação e comunicações aumentam as oportunidades das pessoas em todos os países, conforme relatório do UNDP (2001, p.95). O documento trata especificamente das novas tecnologias com foco no desenvolvimento humano e ressalta que as mudanças tecnológicas:

[...] possuem um enorme potencial na ajuda à erradicação da pobreza. Embora não substituam a necessidade de mobilizar e de fazer melhor uso das tecnologias existentes, elas oferecem novas formas de ultrapassar velhos constrangimentos.” (UNDP, 2001, p.95).

3.3 e-desenvolvimento na era da Web 2.0

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O e-desenvolvimento abrange a orientação de investimentos, de formação de recursos humanos, de ciência e tecnologia, de política industrial e de comércio exterior, temas que não serão explorados aqui, mas retomaremos a questão da falta de acesso às TICs, ou seja, a exclusão digital, em cinco fatores abordados por Sorj (2003) que são determinantes da universalização das TICs: 1) a disponibilização constante de infraestruturas físicas de transmissão de informação via telefone, satélite, rádio etc. levando em conta a dinamicidade do surgimento de novas tecnologias, portando das formas de exclusão digital; 2) equipamentos de acesso disponíveis (computador, modem, linha) que muitas vezes dependem de pontos coletivos de acesso como os telecentros; 3) treinamento no uso de equipamentos ou alfabetização digital, considerando que os setores de menor renda têm menores possibilidades de aprenderem por meio da prática já que não têm computador em casa; 4) capacitação intelectual do usuário para que a informação seja fonte de conhecimento, o que pressupõe a formação escolar formal para então ser potencializada pelo uso da Internet.

Levando estes aspectos em consideração, o acesso à comunicação pelas novas tecnologias de informação por si só não teria o impacto aqui argumentado. É essencial o desenvolvimento de políticas de apoio à inclusão produtiva, inclusive para mudar a relação de dependência centro-periferia marcante no Brasil e outras periferias do mundo. O documento

Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local (INSTITUTO CIDADANIA, 2008)

busca responder a tal desafio reportando que o resultado positivo será obtido se forem colocados nas mãos dos próprios interessados os instrumentos da promoção de seu desenvolvimento. Entre os oito eixos distintos e convergentes propostos no documento, a tecnologia, informação e comunicação representam dimensões destacadas, são áreas onde é necessário ampliar, universalizar e assegurar maior sinergia entre as ações propostas para superar os entraves ao desenvolvimento local.

Castells (1999, p.26) amplifica esta perspectiva.

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das sociedades, bem como os usos que as sociedades, sempre em processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico.

Tapscott e Williams (2007, p.23) são mais enfáticos.

Essas mudanças, entre outras, estão abrindo caminho em direção a um mundo no qual conhecimento, poder e capacidade produtiva estarão mais dispersos do que em qualquer outro período da nossa história – um mundo no qual a criação de valor será rápida, fluida e persistentemente perturbadora. Um mundo no qual apenas os conectados sobreviverão. Uma mudança de poder está acontecendo e uma nova e dura regra empresarial está surgindo: use a nova colaboração ou morra. Aqueles que não conseguirem entender que estão compartilhando, adaptando e atualizando o conhecimento para criar valor.

A novidade na forma de Web 2.0 mostra que a passividade não tem vez tanto não só para preparar os fatores de universalização das TICs como para permanecer de forma produtiva neste meio em que o comportamento dos indivíduos na Web e na sociedade “real” se modifica mutuamente por meio da interatividade. Esta noção é esclarecida por Lévy (2000, p.79) sob a perspectiva de que “[...] em geral ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informação.” O receptor nunca é passivo, mas a seu modo responde aos processos de decodificação da mensagem, interpretação, participação, mobilização de seu sistema nervoso. O grau de interatividade de um produto está na reapropriação e recombinação da mensagem pelo receptor. Assim, o canal de comunicação funciona nos dois sentidos, pode-se ter uma sequência de informação interrompida ou reorientada como acontece não só na Internet, mas pelo telefone ou videogame como exemplifica Lévy (2000) que detalha diferentes níveis de interatividade (Anexo B).

Na dimensão online, a presença do usuário é cada vez mais marcada pela interação, pelo compartilhamento daquilo que produz de forma também mais altruísta que na vida real. As redes se fortalecem por meio das ferramentas Web e, novamente, os benefícios pelo conhecimento dos direitos levam a mais formas de garanti-los e ainda à participação da sociedade nas decisões globais desses direitos.

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qualquer tarefa diária, no que Lévy (2000) chama de tendência da interconexão, imperativa da Internet.

De fato todos nós somos parte desta teia em algum ponto e, como mais um passo adiante do que a Web 1.0 representou, o comando do usuário trará mais quebras de paradigmas também na qualidade do conteúdo disponível na Web. É possível constatar isso, por exemplo, na sociedade americana em que ¾ das pessoas que buscam informação na Web sobre saúde não checam a fonte ou data da informação de maneira consistente, de acordo com um estudo da Pew Internet & American Life Project (2006).

Pela própria necessidade de garantir a qualidade dessas interações, os maiores filões da Web, as ferramentas 2.0, também respondem a esta necessidade permitindo a participação do usuário no escalamento da informação relevante, seja por definição colaborativa das pessoas que acessam e votam nos conteúdos, seja por grupos editoriais ou formas mecânicas. Daí a diferença principal que marca um novo momento em que:

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4 O TERCEIRO SETOR NO CONTEXTO DA WEB 2.0

Apesar de ser reconhecida a identidade do terceiro setor e seu papel como novo campo do conhecimento no Brasil, ainda é recente e divergente sua conceituação, metodologia e critérios de classificação. Ao mesmo tempo, é uma questão-chave também no terceiro setor a apropriação das novas TICs e recursos Web levando em consideração seus efeitos sobre a cultura contemporânea, global e local.

4.1 Definições e dimensões do terceiro setor no Brasil

Lembramos as considerações de Dowbor (2008) de que o terceiro setor abrange comportamentos que se diferem das definições de paradigmas tradicionais, a busca do lucro do setor privado ou a autoridade estatal do setor público. Desta forma, a diversidade de definições para o terceiro setor continua sendo um desafio para se chegar à explicação precisa sobre o tema.

[...] continuamos a definir toda esta área pelo ‘não’, seja na nossa terminologia (não-governamental) ou na terminologia americana (non-profit, portanto não-empresarial), ou ainda no conceito de “Terceiro Setor” (portanto, nem Estado, nem empresa). (DOWBOR, 2008, p.170, grifo do autor).

A expressão ainda não tem seu sentido reconhecido amplamente no Brasil, sendo mais corrente em meios relacionados à área. Mesmo assim, como partem da negação, como lembra Dowbor (2008), e sem possibilidade de lucro, não são resultados de medidas governamentais, mas da vontade de seus fundadores e com grandes participações voluntárias.

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De forma mais amplamente conhecida, as igrejas e instituições religiosas, organizações não-governamentais e movimentos sociais, empreendimentos sem fins lucrativos e fundações empresariais formam o terceiro setor, de acordo com Andrés Falconer, citado por Albuquerque (2006). A definição por estruturas e operações separa as organizações do terceiro setor de outros tipos de instituições sociais conforme a proposta de Salamon & Anheier (1992) citado no Wikipédia (2009):

Formalmente constituídas: alguma forma de institucionalização, legal ou não, com um nível de formalização de regras e procedimentos, para assegurar a sua permanência por um período mínimo de tempo. Estrutura básica não governamental: são privadas, ou seja, não são ligadas institucionalmente a governos.

Gestão própria: realiza sua própria gestão, não sendo controladas externamente.

Sem fins lucrativos: a geração de lucros ou excedentes financeiros deve ser reinvestida integralmente na organização. Estas entidades não podem distribuir dividendos de lucros aos seus dirigentes.

O tamanho do universo das organizações do terceiro setor também é divergente, mas a informação frequente é de que é uma área crescente. O mais recente relatório sobre as Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil (FASFIL), publicado em 2005 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz o tamanho deste segmento utilizando critérios internacionais adaptados à realidade jurídica brasileira. O documento inclui organizações sociais, organizações da sociedade civil de interesse público, fundações mantidas com recursos privados e fundações ou associações estrangeiras com filial no país, descartando organizações a serviço de interesses corporativos como sindicatos, condomínios, partidos políticos, cartórios e clubes, entre outros. A pesquisa aponta que entre 1996 e 2005 o crescimento destas entidades foi de 215,1%. O que significa que neste período as FASFIL passaram de 107,3 mil para 338,2 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos.

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As iniciativas de organizações do terceiro setor sobre a criação de sistemas alternativos de informação para setores populares por meio da Internet é concomitante ao surgimento desta. O IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) foi a primeira instituição neste sentido, em 1995. O Rits (Rede de Informáções para o Terceiro Setor) foi idealizado em 1995 para integrar ONGs, promover serviços de informação para a sociedade civil, entre diversas outras iniciativas sob a causa da exclusão digital, de acordo com Sorj (2003).

4.2 A problemática da gestão das organizações do terceiro setor no Brasil

Um estudo global sobre terceiro setor do Johns Hopkins Center for Civil Society Studies já apontava em 1999 mudanças no desenvolvimento do terceiro setor no Brasil, desempenhando um papel de não apenas atender a importantes necessidades humanas, mas se constitutuindo como força econômica de forma a contribuir para a vida política e social. Nas conclusões, o estudo aponta a necessidade de mudanças que convergem com o foco apontado por este trabalho como problemas ainda existentes na área. O estudo afirma que a construção de capacidades é uma das necessidades para fortalecer o setor não só em melhores treinamentos de seus profissionais, mas fortalecimento de infraestruturas organizacionais.

Although considerable effort has been put into training nonprofit personnel in Brazil, local capacity to provide such training and infrastructure organizations has been lacking until recently. Building these capabilities

thus seems a high priority (SALAMON et al 1999, p.408).

De maneira geral, as organizações do terceiro setor têm evoluído e marcado sua importância no Brasil, principalmente depois da transição do governo militar para a democracia (SALAMON et al, 1999, p.393). O momento atual é ao mesmo tempo auspicioso pelo crescimento constante nos últimos anos como abordado anteriormente, como também é favorável pela atenção que o segmento vem obtendo pelo poder público e pela mídia, além dos interesses de apoio crescentes por parte do setor privado.

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vivem resquícios da dependência do voluntariado, da pouca qualificação profissional específica em gestão na área social. Além disso, responder aos desafios da transparência como requer a concessão de financiamentos, a necessidade de estabelecimento de parcerias e a manutenção de serviços voluntários com resultados, exige levar em consideração o constante monitoramento do desempenho organizacional e uso de tecnologias atuais. O editorial da Rede de Informações para o Terceiro Setor (RITS) traz uma máxima que representa bem esta via de mão dupla: “Planejar para além do dia de amanhã. Exige, enfim, uma transformação das instituições.” (RITS, 2009). O contrário também acontece: transformar para planejar além do dia de amanhã. Alguns exemplos apontatos pelo Rits são bastante comuns no dia a dia das organizações.

Nos centros religiosos, prevalece o espírito da caridade, como é próprio que o seja. Pouco se aproveita, contudo, da competência presente entre os membros do culto. Nas organizações populares, predomina a cultura política, herdeira de outros tempos. É o campo da militância, com seus altos e baixos. Nas associações de moradores, as lideranças locais se sacrificam, dando gratuitamente de si e do seu tempo, quase sempre carente de meios. Entre universitários, a dedicação aos temas de pesquisa e de ensino permanece distante do espírito empreendedor que dialoga com as demandas da sociedade ao redor. Resulta que o imenso esforço acumulado pelas boas intenções produz resultados muito aquém do que seria possível e desejável. Resulta, ainda, um acúmulo de frustrações.

Quando o assunto é gestão social, é fundamental ter em consideração que o “imaterial”, o conhecimento, é muito mais presente nos “produtos” da área social do que os bens físicos (produtos e serviços), o que remete também ao maior valor destes bens. Em analogia ao setor de produção em referência por Dowbor (2008), o valor de um produto é cada vez mais proporcional ao conhecimento incorporado, portanto é obrigatória uma nova forma de pensar a “produção dos bens sociais”, por exemplo, para a formação de jovens por programas culturais. Já que o conhecimento é apropriável e passível de ser compartilhado, as TICs são fundamentais para atender ao desafio de monitorar e avaliar resultados das organizações desde a prestação de contas aos financiadores até em resposta aos seus beneficiários e à sociedade.

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A gestão social implica, portanto, em pensar o uso de tecnologias como meio e não como fim em si já que a base fortalecida está nas pessoas, depois pela capacidade de utilizar informação e compartilhar conhecimento por meio das infraestruturas disponíveis.

O desafio da sustentabilidade envolve não só o levantamento e a adequada utilização de recursos financeiros; implica investir no desenvolvimento das pessoas que fazem parte da organização, melhorar a qualidade dos serviços e adequá-los às necessidades das comunidades, buscar a adesão da sociedade à causa da organização e informar de forma transparente. (KISIL, 2004, p.9).

Neste sentido, a garantia de capacidades gerenciais fortalecidas por meio do acesso e uso das TICs converge com o momento atual, em que a área de políticas sociais está à procura de seus paradigmas de gestão. Maior liberdade para seguir seu próprio caminho é essencial para também avançar em maior reconhecimento público da área, sua natureza e papéis na sociedade.

4.3 As oportunidades da gestão das organizações do terceiro setor na Web

A Internet continua abrindo espaço para que novas ferramentas ofereçam oportunidades de acesso e disseminação de informação e conhecimento. Particularmente para as organizações do terceiro setor, Adulis (2001) classifica em cinco tipos de atividades os meios eficientes para que estas se comuniquem com pessoas, comunidades e organizações em qualquer parte do mundo: acesso à informação, velocidade de comunicação, visibilidade da instituição, possibilidade de atuar em redes de colaboração e na gestão, questão esta a qual vamos nos ater seguidamente.

O emprego da Internet contribui para a gestão das organizações do terceiro setor na medida em que possibilita aperfeiçoar as atividades e programas já desenvolvidos, mediante a incorporação de novas formas de comunicação, interação e disseminação das informações. (ADULIS, 2001, p.2).

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execução dos projetos da organização. Isto pode ser feito entre as equipes trabalhando de forma colaborativa na elaboração de propostas, redação de documentos, sem que tenham que se reunir presencialmente. Recursos simples, como e-mails e websites, são iniciais para que a gestão se fortaleça, inclusive na qualificação contínua de recursos humanos por meio de treinamentos à distância, suporte e assessoria técnica e mesmo recrutamento de voluntários.

Cabem aqui ressalvas sobre a necessidade de se avaliar os objetivos da organização e como podem ser atendidos pelo uso da Internet. Como qualquer outra tecnologia, a Internet é um meio para facilitar que a organização alcance sua missão e objetivos e não deve ser considerada como uma solução por si só. Adulis (2001, p.2) faz uma consideração importante que dá conta de que se deve obter informação sobre as possibilidades de uso dos novos recursos.

[...] as organizações do terceiro setor ainda utilizam muito pouco a Internet, principalmente quando comparadas ao setor privado. Além disso, a maior parte das organizações que dispõem de acesso à rede tendem a empregar a Internet quase que exclusivamente para comunicação (envio e recebimento de e-mails) e busca de informações na WWW, deixando de utilizá-la como um meio para colaboração e a produção de conhecimento.

Vale ainda retomar a crítica social do consumismo da sociedade contemporânea na questão das TICs. Assim como de outros produtos da sociedade contemporânea, deve-se lembrar que existem necessidades reais e verdadeiras e também aquelas que são produtos da publicidade, adquiridos por exibicionismo e ostentação. Mas os produtos contemporâneos úteis, como tecnologias, favorecem a qualidade de vida e interação social e, ao serem amplamente adotadas, não se apropriar destes recursos “significa o ostracismo social”. O impacto desses novos produtos de consumo é uma redefinição dos bens mínimos necessários para o convívio social, conforme Sorj (2003, p.27 e p.31).

Analisadas como novos tipos de produtos de consumo de massa Sorj (2003) os diferencia pelo potencial das TICs poderem ser apropriadas, usadas como instrumento não apenas de informação e comunicação, mas de aprendizado e conhecimento e à medida que a Web 2.0 permite maior participação do usuário, a Internet se potencializa como bem de consumo necessário.

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(2001, p.2) chama a atenção para a oportunidade que pode estar sendo deixada de lado, ao mesmo tempo para a cautela necessária.

Diante da carência de recursos humanos e financeiros, muitas organizações acabam deixando de lado as questões tecnológicas, como a Internet, correndo o risco de desperdiçar uma excelente oportunidade. Já outras, acabam adotando uma nova tecnologia por acreditar que a mesma contribuirá para as atividades da organização, mas sem efetuar uma reflexão sobre os demais aspectos da organização.

4.4 Recursos Web 2.0 e boas práticas em aplicações no terceiro setor

Existem muitas aplicações das ferramentas na Web 2.0 por organizações do terceiro setor e estas vêm provocando impacto no alcance de seus objetivos no contexto cultural e de desenvolvimento social abordado anteriormente.

O Laboratorio de Innovación Social da Fundación Chandra com foco na formação de pessoas que trabalham em organizações do terceiro setor destaca em seu manual algumas tecnologias, entre elas, aquelas da Web 2.0, colaborativas, operadas online, de informações sincronizadas entre diferentes meios, como forma de aprofundar o impacto potencial destes recursos no desempenho das organizações. Utilizando os conceitos da fundação, veremos adiante sete das principais ferramentas na Web: buscadores, blogs, microblogs, redes sociais, páginas wiki, favoritos online e RSS. Em seguida, destacamos utilidades possíveis para organizações do terceiro setor, finalizando com exemplos, boas práticas em suas aplicações.

4.4.1 Buscadores

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4.4.1.1 Utilidades dos buscadores

Os buscadores servem tanto para quem procura informação como para quem as publica. Incluir um bom buscador na página da organização web é um serviço indispensável. Serve para atrair visitas à página, mas é importante entender e utilizar formas de aparecer nas primeiras posições nos buscadores mais utilizados como o Google. Na filosofia da Web 2.0, os buscadores podem oferecer integração de serviços como o Google Mapas (http://maps.google.com.br/) em que determinada organização pode ser localizada no mapa e também os links para seu site, informações sobre seus serviços.

4.4.1.2 Buscadores na prática

Como um dos recursos para ensino, o Google Mapas é citado como uma ferramenta usada nas atividades do projeto de educação científica para crianças do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) - http://www.natalneuro.org.br/. O diretor do instituto, Miguel Nicolélis, dá um exemplo de situação em que a ferramenta apoia o desenvolvimento dos alunos que, em aulas, por exemplo, agora não são apenas capazes de descobrir onde fica determinado país mencionado em notícias da mídia, mas também de verificar se a informação do noticiário é verdadeira.

4.4.2 Blogs

São formatos de comunicação por páginas, fáceis de utilizar como um e-mail porque não requerem conhecimentos específicos do usuário, nem têm custo por utilização a não ser o da conexão à Internet. Os desenhos dos blogs podem vir pré-elaborados pelos provedores da ferramenta, necessitando apenas que se escreva o conteúdo. Os textos publicados nos blogs são seguidos de comentários dos leitores que vão se acumulando de forma cronologicamente inversa e enriquecendo debates, ampliando informação do participante. Os temas do conteúdo podem ser os mais diversos, elaborados de forma individual ou coletivamente, na forma de textos, vídeos, áudios ou fotos. No corpo do texto, para se promover a cultura de blogs ou

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4.4.2.1 Utilidade dos blogs

De forma geral os blogs podem comunicar tudo o que acontece na organização, no projeto ou escritório. Podem ser um meio para permitir a publicação de ideias de funcionários, de voluntários, dos beneficiários dos projetos sociais, possibilitando conhecer opiniões, promovendo a democracia de ideias na rede.

Se trata de uma herramienta que puede ayudarnos a construir una communicación horizontal (entre todos/as) em lugar de vertical. Su sencillez de uso hace posible que casi cualquier persona pueda convertirse em emisos/a y, por tanto, tener una voz que se pueda escuchar desde cualquier parte del mundo. (GINER e BERRIOS, 2007, p.32).

Como forma de direcionar o conteúdo para o objetivo da organização, o blog pode ser moderado por um administrador que autoriza publicar ou não as participações. Os blogs podem ser usados como recursos de aprendizagem, de gestão do conhecimento organizacional, de transparência das ações e prestação de contas aos mantenedores e sociedade de forma a refletir a vida da organização no meio online.

4.4.2.2 Blogs na prática

A Ocas’, Organização Civil de Ação Social (http://blogdaocas.blogspot.com/), que promove reintegração social de pessoas em situação de rua, está experimentando o uso de blogs desde 2008. Tem utilizado este meio com frequência, publicando notas sobre eventos, resultados alcançados, disseminando ideias sobre sua causa social. Além disso, é uma forma de divulgar suas publicações da revista Ocas’ sobre temáticas relacionadas, como forma de reintegração de pessoas em situação de rua que vendem as edições em pontos culturais de São Paulo e Rio de Janeiro.

4.4.3 Microblogs

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um grupo restrito que pode ser escolhido por usuário. Estas mensagens podem ser transmitidas por uma variedade de meios, incluindo mensagens de texto, mensagens instantâneas, e-mail, áudios digitais ou a Web. O conteúdo de um microblog difere de um blog tradicional por ser tipicamente menor. Um texto publicado pode consistir em uma única sentença ou fragmento ou ainda uma imagem, um vídeo de 10 segundos. Ainda assim o objetivo é similar ao do blog tradicional.

4.4.3.1 Utilidades dos microblogs

As organizações ou usuários ligados ao terceiro setor podem usar os microblogs para publicar conteúdo sobre a atividade que está sendo realizada no momento, sobre um tema específico como uma ação ou produto, além de atividades externas relacionadas à missão da organização. As organizações podem estabelecer esta relação com outras instituições, com beneficiários ou entre seus próprios funcionários, podendo compartilhar resultados passo a passo, à distância.

4.4.3.2 Microblogs na prática

A ONG Mais Diferenças (@maisdiferencas) localizada na cidade de São Paulo tem como foco a inclusão social e educacional, prioritariamente das pessoas com deficiência e utiliza uma ferramenta bastante comum de microblogs, o Twitter, para disseminar “pílulas” de notícias sobre suas atividades realizadas, para pedir doações, compartilhar dicas culturais, entre outros assuntos em defesa de sua causa.

4.4.4 Redes Sociais

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4.4.4.1 Utilidades das redes sociais

A maior utilidade pode ser a gestão dos próprios participantes de suas redes fora da Internet como funcionários, beneficiários, voluntários ou apoiadores de suas atividades.

4.4.4.2 Redes sociais na prática

São conhecidas popularmente as redes sociais como Orkut, Facebook e MySpace, também com a abordagem do terceiro setor entre suas comunidades. Aqui destacamos o Instituto Overmundo, uma associação sem fins lucrativos dedicada à promoção do acesso ao conhecimento e à diversidade cultural no Brasil. A base – e o que originou o instituto – é o site http://www.overmundo.org.br que agrega uma rede de usuários que colaboram com a produção de conteúdos de maneira criativa, difundindo principalmente, a produção cultural brasileira e das comunidades de brasileiros no exterior. O conteúdo foca em aspectos culturais que não costumam receber cobertura da grande mídia. Vale ressaltar o tamanho da rede que tem mais de 35 mil colaboradores ativos que podem participar publicando, votando e comentando os conteúdos do site. Efetivamente, a rede corresponde a mais de 2,5 mil colaboradores com ao menos uma publicação. O Overmundo atribui à disponibilização de uma plataforma convidativa e estimulante a quantidade e diversidade de participações.

4.4.5 Páginas wiki

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forma de garantir a segurança contra usuários mal intencionados, o histórico de alterações é armazenado e os usuários seguintes podem voltar o conteúdo ao estado original se notarem vandalismo bloqueando o usuário causador do problema.

4.4.5.1 Utilidades das páginas wiki

Desenvolver e monitorar projetos, elaborar e preparar por meio de conteúdos técnicos entre as equipes participantes de reuniões, elaborar e divulgar atas de reuniões, elaborar textos de divulgação da organização, construir coletivamente o registro de momentos históricos para a organização, enfim, qualquer conteúdo que possa se enriquecer ao ser trabalhado de forma colaborativa.

4.4.5.2 Páginas wiki na prática

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4.4.6 Favoritos online

São também chamados de marcadores ou bookmarks, links para páginas na Web que podem ser armazenados por meio do navegador Web como Mozilla Firefox ou Internet Explorar e na Web, por meio de serviços online gratuitos. São assuntos de interesse do usuário ou de um grupo que, para estarem sempre acessíveis ou para serem vistos posteriormente, são armazenados nestes sistemas. Para armazenar estes links de forma online os serviços permitem que sejam usadas etiquetas ou tags, palavras-chave que marcam e identificam as páginas então organizadas por temas. O usuário indica as palavras que mais se aplicam à sua colaboração.

4.4.6.1 Utilidades dos favoritos online

Entre as finalidades, é possível criar coleções de páginas com temas interessantes para a organização, por exemplo, relacionadas às suas atividades. Ao compartilhar sua coleção internamente com funcionários, voluntários, beneficiários ou público de interesse da organização é possível disseminar mais facilmente assuntos de interesse da causa da entidade já que as coleções de favoritos podem ser acessadas a partir de qualquer computador. Também é mais fácil encontrar os assuntos procurados ao se realizar uma busca dentro dos favoritos online por conteúdos “etiquetados”.

De forma coletiva, os conteúdos etiquetados mostram a chamada “sabedoria das multidões”, a multidão organiza a imensidão de informações na Web aperfeiçoa e facilita as buscas.

4.4.6.2 Favoritos online na prática

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4.4.7 RSS (Really Simple Sindication)

A sigla significa Really Simple Syndication, nome dado a um código que serve para que o usuário se inscreva para receber conteúdos de uma página Web. O RSS permite que o usuário tenha mais controle sobre a comunicação, selecionando o tipo de informação que deseja receber frequentemente. Do lado de quem quer disseminar informação, o RSS é uma maneira mais direta de levar informação ao público-alvo, diferente do e-mail, por exemplo, que precisaria passar por filtros de spam, ser aberto e só então lido pelo usuário.

4.4.7.1 Utilidades do RSS

Permite ao leitor receber conteúdos de suas páginas previamente escolhidas. Assim, cada vez que um conteúdo novo é inserido no portal de interesse, o leitor recebe o mesmo conteúdo onde desejar, em seu site ou em um sistema específico para receber conteúdo RSS, chamado agregador – instalado no computador ou disponível online. Também é uma forma de comunicar a informação da organização disponibilizando este serviço para difundir seus conteúdos. Assim como no uso de favoritos online, o RSS facilita a realização de trabalhos de pessoas que têm que consultar muitas páginas no dia a dia. Ao mesmo tempo, se reduz o recebimento de spams por e-mail reduzindo ainda a vulnerabilidade para o usuário. Também é fácil para o leitor deixar de receber aquelas informações antes escolhidas, bastando apenas cancelar sua inscrição RSS.

4.4.7.2 RSS na prática

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Referências

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