• Nenhum resultado encontrado

Revendo o complexo de Édipo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Revendo o complexo de Édipo"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

REVENDO O COMPLEXO DE eDIPO

lkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

R AIM U N D A N O BR E D AM ASC EN O *

R ESU M O

rqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

presente artigo destaca a im portância do com plexo de edipo para todo o ser hum ano na determ inação da form a final de sua sexualidade. A presenta e discute os seguintes aspectos: U m pouco de história; C onsiderações sobre a situação do triângulo fam iliar durante o desenvolvim ento da sexualidade infantil; A disso-lução do com plexo de edipo e A nalogia do com plexo de edipo com as ações repressorasdo superego.

ABSTR AC T

R eview ing the O edipal C om plex

The present article em phasizes the im portance of the E dipal C om plex in determ ining the final stages of hum an sexuality. The follow ing points are discussed: a short history; considerations regarding the fam ily triangle during infant sexual developm ent; the resolution of the E dipal C om plex and its analogus relationship to the repressiveactions of the super ego.

1. IN TR O D U Ç ÃO

Antes de iniciar a elaboração deste trabalho, já se tinha idéia da im portân-cia do C om plexo de ~dipo para todo o ser hum ano, na determ inação da form a

final da vida erótica. Assim sendo, cada indivíduo deve aprender a dom inar o seu com plexo de édipo para atingir a sua m aturidade sexual.

Portanto é de grande valia o estudo do assunto para aqueles que se ocupam de pessoas que revelam problem as psíquicos a fim de com preendê-Ios e tratá-Ios

m elhor, com o tam bém os norm ais quando interagim os com eles.

(*) P rofessor do D epartam ento de E nferm agem -U FC . E specilllista em E nferm agem P si-quiátrica. M estranda de P sicologia S ocial-P b.

(2)

I: tam bém de im portância fundam ental se com preender o com plexo de I:dipo, pelo fato de todo o interesse do tratam ento psicanalítico girar em torno dele.

F reud com o iniciador da psicanálise foi quem prim eiro evidenciou a noção do com plexo de

lkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Édipo e o estudou exaustivam ente.

N este trabalho, apresentarem os o com plexo de Édipo num a visão F reudiana, iniciando-se com um histórico, enfatiza-se algum as considerações de F reud sobre a influência da situação do triângulo fam iliar para o desenvolvi-m ento da sexualidade infantil; aspectos relevantes quanto a dissolução do com plexo de I:dipo e ainda a influência do m esm o na form ação do superego do indivíduo.

2. H ISTO R IC O

F reud com o fundador da psicanálise foi quem , em prim eiro iugar, cogitou e depois estudou profundam ente o que hoje denom inam os com plexo de I:dipo. O utros estudiosos dedicaram -se ao assunto; dando suas contribuições, entre eles destacam -se A dler, Jung, R ank, K aren H orney, E rich F rom e S ullivan.

N este tópico optou-se por um a exposição evolutiva da noção de com plexo de Édipo essencialm ente sob um a visão F reudiana.

I: do conhecim ento de quantos se dedicam ao cam po da psicologia e psiquiatria que F reud se auto-analisou. E m sua auto-análise, percebeu que desde cedo o m enino desenvolve um sentim ento de am or à m ãe e um certo ciúm e pelo pai. S egundo F reud esse fenôm eno é m ais acentuado nos m eninos histéricos. E sse pensam ento é expresso por ele em 1898 na carta 71 de 15 de outubro (C arta a F liess. p. 356-9).

E m 1900, em "A interpretação de S onhos" F reud ao interpretar sonhos de indivíduos com a m orte de pessoas am adas faz m enção ao M ito de É dipo, não aparecendo ainda, o term o com plexo de É dipo. N o entanto já há um a aproxim a-ção de seu significado, onde a m orte dessas pessoas queridas éassociada a desejos infantis de m orte dos pais, filhos ou irm ãos (A interpretação de S onhos. p. 155n. p.277 - 82).

E m 1905 com "T rês E nsaios sobre um a T eoria da S exualidade" F reud afir-m a que os pais e a sociedade conduzem os filhos a um a escolha de objeto de am or fora do lar. M as, perm anecem na criança fantasias em relação aos objetos infantis - os pais. O cerne destas fantasias ou desejos não realizados deriva da se-xualidade infantil e constitui o que posteriorm ente F reud veio a denom inar de com plexo de É dipo (T rês E nsaios sobre um a T eoria da S exualidade. p. 123-33l. S ó em 1910 em "S obre um tipo especial de eleição de objeto no hom em " surge a denom inação de com plexo de É dipo. F reud nesse artigo descreve o com -plexo de É dipo com o um a situação triangular onde o filho percebe a preferên-cia sexual da m ãe pelo pai e vive isso com o um a grande infidelidade. S eus dese-jos de possuir a m ãe objeto de sua eleição não podem ser satisfeitos, por isso, ele

2 R ev_ de P sicologia, F ortaleza, 5 ( 1 ): pág. 1-8, Jan/Jun, 1987

se vê preso a im pulsos desejosos e vingativos (S obre um tipo especial de eleição de objeto no hom em . p. 154-5).

C om "T otern e T abu", F reud traz um a visão sociológica e cultural do as-sunto. D esde" A interpretação de sonhos" até a publicação deste trabalho trans-correrão aproxim adam ente 13 anos. N este intervalo o autor reform ula sua concep-ção, recaindo seu interesse sobre a análise da cultura. A ssim , neste contexto, dá m aior ênfase não ao recalcado (indivíduo) m ais ao que recalca (sociedade e cul-tura). O anim al totêm ico é representante do pai e sobre o m esm o existem os m andam entos ou proibições fundam entais do totem ism o: não m atar o totem e não realizar coito com m ulher do m esm o totem . E ssas proibições. coincidem com os crim es praticados pelo É dipo na tragédia de S ófocles e com os desejos infan-tis, os quais se renascerem ou forem totalm ente reprim idos possibilitarão o apa-recim ento das neuroses. T ransplantando as leis do totem ism o para o m odelo do com plexo de É dipo, tem os as suas leis correspondentes: não realizar o incesto, isto é, escolher um a m ulher exogâm ica e não com eter o parricídio, o que im pli-ca em identifipli-car-se com o pai (T otem e T abu. p. 20 à 38. p_39-41)_

N as conferências introdutórias sobre psicanálise (1915-16) F reud analisa o desenvolvim ento sexual da criança e determ ina a faixa entre 3 a 6 anos com o o período edipiano. A firm a que nesta fase a criança inicia a exploração sexual ob-jetivando esclarecer a diferença de sexos o que constitui a base do com plexo de É dipo. A criança nessa fase passa a ter preferência por pessoas de um m esm o se-xo e rejeição e ciúm e em relação a pessoas do sese-xo oposto (C onferências lntro-dutórias sobre psicanálise. p. 385 e segs.).

E m 1920, foi acrescido em nota de rodapé ao texto "T rês ensaios sobre a teoria da sexualidade: - A investigação analítica já pode m ostrar em alguns ca-sos, que as perversões são resíduo do desenvolvim ento no sentido do com plexo de É dipo e que, após a regressão desse com plexo, os com ponentes do instinto se-xual que são os m ais fortes na disposição do indivíduo em causa surgem um a vez m ais (p. 165n). - Já se disse que o com plexo de É dipo é o com plexo nuclear das neuroses e constitui a parte essencial do conteúdo dela. R epresenta o ápice da sexual idade infantil, que, através de seus efeitos ulteriores, exerce decisiva in-fluência na sexualidade dos adultos. T odos que nascem neste planeta vêem -se an-te a tarefa de dom inar o com plexo de É dipo, quem quer que deixe de fazê-I o é vítim a da neurose (p. 233n).

1921, considerado o ano de im portância para a com preensão do com plexo de É dipo, pois F reud em "P sicologia de G rupo e A nálise do E go" evidencia pas-sos anteriores do com plexo de É dipo. A firm ando existir dois tipos de ligação com os objetos: identificação e eleição em que os pais podem ser sujeitos ou ob-jeto da libido infantil. S er com o o pai e ter a m ãe com o obob-jeto sexual são a ba-se do com plexo de É dipo positivo no m enino (Identificação. p. 133-9).

E m 1924, em nota de rodapé, F reud fez rem otar o apego à m ãe ao período pré-histórico intra-uterino e indicou assim o fundam ento biológico do com plexo de É dipo. (R ank. p, 233n. - A s T ransform ações da P uberdade. p. 233).

(3)

A partir de 1925 F reud passou a estudar o com plexo de É dipo tam bém na m enina. E m 1931 em seu artigo a "sexualidade fem inina" descreve que a m enina passa por um a longa fase pré-edípica. S egundo ele, a m enina elege a m ãe com o objeto de seu am or e tem ciúm es do pai P. só m ais tarde é que ela percebe a di-ferença de sexos quando descobre que a vagina tem papel sexual na m ulher, cor-respondente e oposto ao do pênis no hom em . E sta últim a descoberta da m enina é sim ultânea à escolha do pai com o objeto sexual.

H oje, o com plexo de

lkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Édipo é tido com o toda a base para o relacionam en-to do indivíduo. S ignifica dizer que o relacionam ento fam iliar satisfatório, pos-sibilitará ao indivíduo um m elhor relacionam ento consigo m esm o e com os gru-pos sociais dos quais venha a relacionar-se.

3.

C O N SID ER AÇ O ES

D E FR EU D

SO BR E A SITU AÇ ÃO

D O

TR IÃN G U LO

FAM ILIAR

D U R AN TEO D ESEN VO LVIM EN TO

D A SEXU ALID AD E

IN FAN TIL

F reud foi quem prim eiro preocupou-se com a sexualidade infantil e com a im portância de seu desenvolvim ento norm al para atingir a sexualidade adulta. O estágio sexual é considerado adulto quando seu ponto essencial de desem -penho localiza-se na zona genital, desta feita, coordenadora de todas as outras.

O triângulo fam iliar (pai, m ãe e filho) e sua situação influem de form a m arcante no evoluir da sexualidade infantil. Isto é, as inform ações sobre sexo, fornecidas ou deixadas transparecer, favorecem conclusões acertadas ou fanta-siosas por parte da criança a este respeito.

N o decorrer de seu desenvolvim ento a criança, em diferentes fases elege ou escolhe distintas partes de objetos ou objetos totais para relacionar-se e satis-fazer suas necessidades.

D esde cedo a criança tem im pulsos e atividades sexuais. E les são inatos e na dependência deles está a sexualidade adulta norm al que vai sendo am adureci-da durante as fases do desenvolvim ento norm al.

N a fase oral, a criança obtém prazer libidinoso ao m esm o tem po que se ai im enta. O contato que ela tem com o peito (ou substituto), gera grande sa-tisfação. Influi para um a m aior sensação de segurança da criança, o que se

cha-m a "não peito", isto é, tudo que oferece contato, apoio, sustento e calor, po-dem estar representados pela m ãe, pai, irm ãos e outros fam iliares, inicialm ente indistintos para a criança. O seio m aterno executa a função de prim eiro objeto sexual para a criança. P osteriorm ente, já na fase anal inicia-se o controle do esfic-ter anal para a expulsão das fezes. Inicialm ente a criança não percebe distinção entre norm as paternas e m aternas.

A form a com o a m ãe educa a criança para a expulsão dos excrem entos é m uito im portante. S e dem onstra naturalidade e interesse a criança assegura-se de que é querida. S e no entanto dem onstra im paciência e desagrado, a criança pode tornar-se insegura e apresentar dificuldades para exercer o controle

espera-4 R ev. de P sicologia, F ortaleza, 5 ( 1 ):pág. 1-8, Jan/Jun, 1987

do. M ais tarde as regras paternas serão incorporadas pela criança com o norm as sociais.

N a fase fálica ou contem porânea do com plexo de É dipo, O interesse pelo funcionam ento dos órgãos genitais alcança seu ápice. O m enino aprende a sa-tisfazer suas sensações prazeirosas em sua região sexual m ediante estim ulação m anual, onde torna-se o am ante da m ãe. E sta fase desem penha im portância crucial, pois dela depende a definição sexual adulta.

P recocem ente a criança observa que o pai desem penha algum papel na re-produção e desenvolve fantasias em torno disto. S eus im pulsos eróticos, antes voltados inteiram ente para si própria, agora dirigem -se para um objeto externo, no caso o pai ou a m ãe. N o início desta fase a m ãe costum a ser o objeto de esco-lha tanto do m enino quanto da m enina, pois ela os am ou e os acolheu prim eira-m ente (A S exualidade Infantil. p. 296-9). P osteriorm ente a descoberta de rela-. cionam ento sexual entre os pais e de que o pai têm um pênis e a m ãe não o têm , pode gerar no m enino e na m enina atitudes diferentes.

A m enina culpa a m ãe por ter lhe deixado nascer sem pênis, deseja o pai possuidor deste, m as sente rem orsos por estar querendo trair a m ãe. O m enino possuidor do pênis vê a m ãe ou a m enina sem este, o que possibilita desenvol-ver a partir daí o m edo de castração. S ente desejos pela m ãe e gostaria de afas-tar o pai poderoso, no entanto ocorre-lhe m edo e um a certa culpa por desejar ter a m ãe só para si e por alm ejar o afastam ento ou m orte do pai; supõe que o pai possa vir a castrá-to. Isso retrata o com plexo de ~dipo sim ples ou positivo no m enino e na m enina, pois cada um se identifica com o progenitor do m esm o sexo e escolhe com o objeto de am or o progenitor de sexo oposto ao seu (D istin-ção A natõm ica entre os S exos. p. 311-20).

N a fase de latência parece haver um a calm aria ou abrandam ento da punção sexual e a atenção volta-se para os estím ulos intelectuais, éticos e m orais. A ssim é óbvio que a educação influi sobretudo nesta fase, em bora a m esm a esteja de-term inada biologicam ente.

A fase genital é o período de m aturidade sexual em que as zonas erógenas são com andadas pela zona genital e o instituto sexual é dirigido de form a adul-ta para a reprodução e escolha de objeto sexual fora da fam ília.

O contexto fam iliar contribui para a criança ter um a ótica particular do m undo que a cerca. E xerce influência no desenvolvim ento geral da criança na qual está incluída sexualm ente.

4.

A D ISSO LU Ç ÃO

D O C O M PLEXO D E ED IPO

E m 1921, em O E go e o Id, F reud fala acerca da dissolução do com plexo de É dipo, no entanto foi em 1924 que a questão foi am plam ente debatida.

F reud ao tratar da questão da dissolução do com plexo de É dipo, deixa cla-ro que a destruição deste deve-se a experiências de desapontam entos penosos. A m enina que gostaria de substituir sua m ãe perante o seu pai sofre da parte deste

(4)

um a dura punição, é atirada para fora de seu paraíso ingênuo.

lkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

U

m enino que en-cara a m ãe com o sua propriedade, descobre que ela transferiu seu am or e sua

so-licitude para o recém -chegado. A ssim o com plexo de É dipo encam inha-se para a sua destruição por falta de sucesso, pelos efeitos de sua im possibilidade interna.

F reud, no entanto, fala que, tam bém o com plexo de É dipo poderia ruir porque chegou a sua hora, tal com o ocorre com os dentes de leite que caem quando os perm anentes com eçam a crescer.

C oloca ainda com o hipótese da hereditariedade,.. dizendo que, em bora a m aioria dos seres hum anos passe pelo com plexo de É dipo com o um a experiên-cia individual, ele constitui um fenôm eno que é determ inado e estabelecido pe-la hereditariedade e que está fadado a um fim , logo que instalada atase seguinte do desenvolvim ento do indivíduo.

C onsiderando ainda que a destruição do com plexo de É dipo no m enino ocorre em conseqüência da am eaça de castração. O m edo de castração verifica-se pela am eaça dos adultos que freqüentem ente Ihes são dirigidas. E ssa am eaça é feita prim eiro devido a criança m anipular seu órgão sexual e segundo pela ocor-rência de enurese noturna.

O com plexo de É dipo oferece à criança duas possibilidades de satisfação, um a ativa (colocar-se no lugar do pai - a m aneira m asculina) o que perm itiria ter relações com a m ãe; e urna passiva (assum ir o lugar da m ãe e ser am ado pelo pai), onde a m ãe tornar-se-ia supérflua, portanto elim inada da relação.

N o entanto, com a am eaça da perda do pênis (am eaça de castração). e ain-da após saber que as m eninas são castraain-das, abandona essas duas m aneiras pos-síveis de obter satisfação através do com plexo de É dipo. U m a vez que, em arn-bas as situações está presente a possibilidade da perda do pênis. N o caso ativo-m asculino coativo-m o punição e no passivo coativo-m o precondição.

S e a satisfação de am or durante a fase do com plexo de É dipo custa para o m enino o pênis, está fadado a surgir um conflito entre seu interesse narcísico nessa parte" de seu corpo e a catexia libidinal de seus objetos parentais. O corre nesse conflito o seguinte, o ego volta as costas para o com plexo de É dipo.

P ara F reud, esse afastam ento do ego efetua-se através do m ecanism o da re-pressão. M esm o que repressões posteriores venham a ocorrer com a participação do superego, que neste caso está sendo form ado. V erifica-se na'verdade um a des- . truição e abolição do com plexo de É dipo. "S e o ego não conseguir m uito m ais que um a repressão, este persistirá em estado inconsciente no id e m anifestará m ais tarde o seu efeito patogênico."

N o caso da m enina verifica-se tam bém a fase fálica, no entanto, ela não en-tende a sua falta do pênis com o sendo um caráter sexual; explica-se presum indo-se que, em algum a época anterior, possuira um órgão igualm ente grande e depois perdera-o por castração. D á-se assim a diferença essencial, pois a m enina aceita a castração com o um fato consum ado, ao passo que o m enino tem e a possibilidade de sua ocorrência.

P ara F reud o com plexo de É dipo na m enina é m ais sim ples do que no m e-nino, um a vez que, ele não vai além de assum ir o lugar da m ãe e adotar um a

ati-6 R ev. de P sicologia, F ortaleza, 5 ( 1 ): pág. 1-8, JanjJun, 1987

tude fem inina para com o pai. A renúncia ao pênis não é tolerada pela m enina sem algum a tentativa de com pensação. D esliga com o um a "equação sim bólica do P ênis para um bebê". P ortanto para a m enina o com plexo de Édipo culm ina em seu desejo de receber do pai um bebê com o presente (dar-lhe um filho). D ando a im pressão de que o com plexo de É dipo é então gradativam ente abandonado de vez que esse desejo jam ais se realiza. O s dois desejos: possuir um pênis e um filho - perm anecem fortem ente caracterizados no inconsciente e ajudam a prepará-Ia para o seu papel posterior.

E xistem portanto, nas m eninas um a diferença fundam ental com relação aos m eninos, o com plexo de É dipo é um a form ação secundária. A s operações do com plexo de castração o precedem e o preparam , ao contrário nos m eninos, que o com plexo de É dipo é destruído pelo com plexo de castração.

P ara as m eninas, a situação edipiana é o resultado de um a evolução longa, um a espécie de solução prelim inar, um a posição de repouso que não é logo aban-donada. A s m eninas perm anecem nele por m uito tem po, vindo a destruí-Io tar-diam ente e de form a incom pleta. A ssim no caso das m eninas a form ação do su-perego irá sofrer prejuízos, pois não consegue atingir a intensidade e a indepen-dência, as quais lhe conferem sua im portância cultural.

É evidente que para a solução do com plexo de É dipo influi a atitude de am bos os progenitores. S e o pai e m ãe forem im aturos poderão reforçar a situa-ção e im pedir que a criança ultrapasse a fase edipiana.

O pai e a m ãe com seus próprios im pulsos ou desejos podem reforçar os dos filhos. O pai percebendo o interesse e grande afeto que a filha nutre por ele, prefere ser cuidado por ela e dá-lhe m ais carinho que aos filhos hom ens. A m ãe percebendo o interesse do filho corresponde aos seus im pulsos preterindo a filha. D onde se conclui que pode ser form ada um a cadeia que satisfaz a todos e im pede o am adurecim ento de cada um . S e isto ocorre dificulta a definição sexual da criança e seu relacionam ento futuro.

5. AN ALO G IA D O C O M PLEXO D E ED IPO C O M AS AÇ O ES

R EPR ESSO R AS D O SU PER EG O

C om o já foi dito anteriorm ente, o com plexo de É dipo é a base para o de-senvolvim ento do indivíduo, exercendo desta form a um a influência específica na form ação do superego.

O S uperego é o herdeiro do com plexo de É dipo, quer este se resolva ou não. S e o com plexo de É dipo for reprim ido, perm anecerá no inconsciente, com o nos neuróticos: S e for resolvido, desaparecerá, surgindo a m asculinidade e fem i-nilidade adultas.

O S uperego não é contudo sim plesm ente resíduos das prim itivas escolhas objetais do ido R epresenta tam bém um a form ação reativa enérgica contra essas escolhas. A sua relação com o ego não · se lim ita só a respeito do preceito "você

(5)

deveria ser com o o seu pai". E stende-se tam bém a "você não pode ser assim co-m o seu pai". E ssa duplicidade do ideal do ego deriva do fato de que o ideal do ego possui a m issão de reprim ir o com plexo de É dipo.

O S uperego firm a-se pela internalização e identificação que ocorre na vida do indivíduo. A internalização verifica-se a m edida que há repressão dos desejos incestuosos e dos im pulsos hom icidas. N essa fase a criança tende a identificar-se com os pais. D essa form a as proibições do superego ocorrem pela exigência de repúdio aos desejos incestuosos e hostis que os filhos têm em relação aos pais na fase edipiana. O que é internalizado nesta época, perm anece pela vida com o es-sência do superego.

Q uando está abandonando a fase edipiana, a criança percebe os pais com o pessoas ideais e tende a identificar-se com eles para se orientar na vida.

M as o superego não é o resultado só de eleições, é form ado tam bém pelo aparecim ento de reações tais com o: ser ou não ser com o o pai ou a m ãe, ter ou não ter o pai ou a m ãe, fazer ou não fazer com o o pai ou a m ãe.

P ortanto, o superego herda os resultados do com plexo de É dipo. S uas nor-m as estabelecenor-m -se quase em definitivo durante esta e poucos acréscim os ou m o-dificações são possíveis posteriorm ente.

6.

BIBLIOGRAFIA

lkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

01. FR E U D , S igm und.

SRQPONMLKJIHGFEDCBA

P u b lic a ç õ e s P r é - P s ic a n a litic a s e E s b o ç o s In é d ito s . R io de Janeiro - E dições S tandard. V ol. I, 1977. p. 356.- 9.

0 2 . T o te m e T a b u .R io de janeiro- Im ago E d. S tandard, v. 13, p.20-41.

0 3 . In te r p r e ta ç ã o d e S o n h o s . R io de Janeíro-lrneqo. E dições S tandard. v. 9.1977. p 276-77.

0 4 . T r ê s E n s a io s s o b r e u m a T e o r ia d a S e x u a lid a d e . R io de Janeiro -Im ago. E dições S tandard. v. 7 1905 p, 123-33.

0 5 . U m tip o e s p e c ia l d e e s c o lh a o b je ta I. 1977- R io de Janeiro -Im ago. E dições S tandard. v. 11 p, 1910. p. 154.

0 6 . P s ic o lo g ia d e g r u p o e a n á lis e d o e g o .E dições - S tandard. 1977. R io de Janeiro-Im ago. vol. X IV . p, 133-7. 1921.

0 7 . A s p e c to s a r c a ic o s d o in fa n tilis m o n o s s o n h o s .1977. R io de Janei-ro-Im ago. E dições S tandard. vol. X V . 1915. p. 248-49.

0 8 . D is s o lu ç ã o d o c o m p le x o d e É d ip o ,R io de Janeiro- Im ago. E dições S tandard. vol. X IX , 1977 p. 217-223.

0 9 . S e x u a lid a d e F e m in in a . 1977 - R io de Janeiro - Im ago, E di-ções S tandard. v. 21, 1931. p, 259 e sego

1 0 . A lg u m a s C o n s id e r a ç õ e s p s iq u ic e s d a d is tin ç ã o e n e tâ m ic e e n tr e o s s e x o s .R io de Janeiro - Im ago. 1977 E dições S tandard .. v. 19, 1925. p.311-20.

11. C o n fe r ê n c ia sintrodutáries s o b r e p s ic a n á lis e .1977. R io de Ja-neiro-Im ago. E dições S tandard. V . 15. 1915.16. p. 385 e segs.

1 2 . A S e x u a lid a d e In fa n til. R io de Janeiro - Im ago. 1977. E dições S tandard. V . 18. 1922. p. 296-9.

Referências

Documentos relacionados

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

O romance Psicose (1959), assim como suas respectivas adaptações para cinema e TV, permitiu a elaboração de um perfil psicológico do personagem Norman Bates, protagonista

No entanto, expressões de identidade não são banidas da linguagem com sentido apenas porque a identidade não é uma relação objetiva, mas porque enunciados de identi- dade

Como eles não são caracteres que possam ser impressos normalmente com a função print(), então utilizamos alguns comandos simples para utilizá-los em modo texto 2.. Outros

2. Identifica as personagens do texto.. Indica o tempo da história. Indica o espaço da história. Classifica as palavras quanto ao número de sílabas. Copia do texto três

Em janeiro, o hemisfério sul recebe a radiação solar com menor inclinação e tem dias maiores que as noites, encontrando-se, assim, mais aquecido do que o hemisfério norte.. Em julho,

a) O polícia disse um palavrão, após ter saído da casa de Adrian. Corrige as falsas.. A mãe também está com gripe. “Quase que não consegui ficar calado quando vi que não

Classifica os verbos sublinhados na frase como transitivos ou intransitivos, transcrevendo- os para a coluna respetiva do quadro.. Frase: Escondi três livros na estante