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VI-037 PERFIL AMBIENTAL DAS INDÚSTRIAS TÊXTEIS DO RIO GRANDE DO NORTE

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Academic year: 2021

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VI-037 – PERFIL AMBIENTAL DAS INDÚSTRIAS TÊXTEIS DO RIO GRANDE DO NORTE

Marcos Eugênio Cure de Medeiros(1)

Bacharel em Estatística, Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Professor Adjunto do Departamento de Estatística da UFRN.

Luiz Pereira de Brito(2)

Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Química pela Universidade Federal da Paraíba, Doutor em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Politécnica de Madrid, Professor Adjunto IV do PPGEM e PPGES da UFRN.

Endereço(2): Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Centro de Tecnologia/ Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental/LARHISA/Sala 14/Campus Universitário/Lagoa Nova/CEP 59072-970/

Natal-RN. E-mail: lbrito@ct.ufrn.br RESUMO

O crescimento do parque industrial têxtil do Rio Grande do Norte, a importância sócio-econômica deste setor para o Estado, o alto custo social e financeiro da degradação ambiental, a importância de uma gestão ambiental competente para a preservação do meio ambiente, a necessidade de conhecer-se o grau de adesão do setor à série de normas ISO 14000, de gerar-se dados ambientais locais para a literatura técnica especializada e de promover-se o desenvolvimento sustentável, são alguns fatores que levaram à realização deste estudo. A metodologia empregada consistiu na aplicação de lista de controle em forma de questionário e matriz interativa tipo Leopold para avaliação dos impactos ambientais gerados pelas indústrias. O setor apresentou um perfil ambiental considerado bom do ponto de vista ambiental, ressaltando-se que esta conclusão fundamenta-se nos dados obtidos a partir de uma auto-avaliação das empresas pesquisadas.

PALAVRAS-CHAVE: desenvolvimento sustentável, gestão ambiental, auditoria ambiental, ISO 14000, impactos ambientais, indústria têxtil.

INTRODUÇÃO

No âmbito do Estado do Rio Grande do Norte, as indústrias têxteis e as de confecções respondem pela maior parcela da indústria local. Considerando a importância sócio-econômica deste setor para o Estado, entre outros fatores, realizou-se este estudo visando elaborar um perfil ambiental deste segmento com o objetivo de observar conformidades e não conformidades em relação à legislação ambiental vigente no país, nível de adesão à série de normas ISO 14000 e principais impactos ambientais causados. Este trabalho consistiu na criação, aplicação e avaliação de um questionário específico sobre o sistema de gestão ambiental como também de uma lista de controle específica acoplada a uma matriz interativa de Leopold. O referido questionário foi preenchido pelas indústrias pesquisadas e consequentemente o perfil ambiental obtido reflete a opinião das empresas.

MATERIAIS E MÉTODOS

O primeiro passo do projeto foi definir que tipos de variáveis deveriam ser analisadas para se ter os aspectos relacionados com a gestão ambiental, nível de adesão a série de normas ISO 14000 e legislação ambiental vigente no país. A partir daí foi elaborado um questionário com 53 perguntas divididas em 7 campos de assuntos distintos, explanados a seguir: caracterização da empresa; aspectos formais; tratamentos adotados para os efluentes líquidos; tratamentos adotados para o ar; tratamentos adotados para os resíduos sólidos;

poluição sonora e outras preocupações; posição da empresa no que diz respeito ao sistema de gestão ambiental.

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O segundo passo do projeto foi determinar as etapas do processamento de tecidos de algodão e sintéticos com a caracterização do efluente gerado em cada processo (Braile e Cavalcanti, 1993 e Wesley, 1977): Matéria- prima em fardos; fiação; tingimento de fios; engomagem; tecelagem e chamuscagem; desengomagem e lavagem; purga e lavagem; alvejamento e lavagem; mercerização; secagem; estamparia/lavagem;

tinturaria/lavagem; acabamento; W. C. lavagens e limpezas, mostradas na Figura 1.

Figura 1– Despejos provenientes do processamento de tecidos de algodão e sintéticos Matéria-prima em fardos

Fiação

Tingimento de Fios

Engomagem

Tecelagem e Chamuscagem

Desengomagem e Lavagem

Purga e Lavagem

Alvejamento e Lavagem

Mercerização

Secagem

Estamparia/Lavagem Tinturaria/Lavagem

Acabamento

Tecidos Acabados Água

Água

Água

Água

Água

Água

Água

Água EEfluentes ( i )

EEfluente (g) Efluentes (h) E Efluentes (f)

EEfluentes (e) E Efluentes (d) E Efluentes (c) E Efluente (b)

Efluente (a)

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Onde: (a) DBO alta, muitos sólidos e pH neutro a alcalino; (b) e (c) pH neutro, temperatura, DBO e teor de sólidos totais elevados; (d) temperatura elevada e altos teores de DBO, alcalinidade e teor de sólidos totais; (e) DBO elevada, pH alcalino e muitos sólidos; (f) DBO baixa, pH fortemente alcalino e poucos sólidos; (g) pH neutro a alcalino, muitos sólidos, e alta DBO; (h) elevada DBO, pH alcalino; (i) elevada DBO e pH alcalino; (j) DBO, sólidos e pH alcalino.

A partir daí foi criada listas de controle acoplada a uma matriz interativa de Leopold, com 65 ações na parte operacional, pois todas as indústrias pesquisadas já se encontravam neste estado.

Para classificar os impactos através desta escala foi feito um minucioso estudo técnico sobre as classificações dos impactos: positivo, negativo, direto, indireto, imediato, médio prazo, longo prazo, temporário, permanente, reversível, irreversível, cumulativo, sinérgico, localizado e extenso nos respectivos fatores ambientais: clima, ar, água, solo, flora, fauna, paisagem, população serviço, economia e qualidade de vida.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados aqui apresentados foram obtidos a partir de questionários aplicados junto às diretorias das indústrias têxteis do Estado do Rio Grande do Norte e refletem a situação ambiental deste setor, sob a ótica das empresas pesquisadas.

CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS

Neste item pretende-se apresentar os resultados e análises das respostas fornecidas pelas empresas relacionadas com a gestão ambiental, nível de adesão `a série de normas ISO 14000 e legislação ambiental vigente no País.

a) Quanto aos aspectos formais:

• 60% das empresas afirmaram a existência de: relatórios ou registros de inspeções ambientais, um sistema de gestão ambiental e conhecimento da série de normas ISO 14000.

• 80% das empresas são inspecionadas por órgão estadual e afirmaram terem conhecimento de leis ou regulamentações governamentais para despejos industriais.

• 40% das empresas afirmaram adotar procedimentos previstos na norma ISO 14000 e preocupação para a implantação de um sistema de gestão ambiental.

• 100% das empresas apresentaram resultados positivos quanto as inspeções ambientais.

• 20% das empresas obtiveram certificação ambiental.

• Não se pode precisar que inspeções ambientais são feitas. Se as previstas na série de normas ISO 9000 ou ISO 14000. Provavelmente as certificações constantes da ISO 9000. Isto deduzido por se ter apenas 40% das empresas adotando procedimentos da série ISO 14000.

b) Quanto aos tratamentos adotados para os efluentes líquidos:

• 100% das empresas afirmaram a existência de monitoramentos nos efluentes, a não existência de aspectos que não estão de acordo com a legislação ambiental, a não existência de pendências registradas pelos órgãos de inspeção ambiental, a não existência de plano de emergência para controle de contaminações acidentais e afirmaram adotar algum tratamento para os efluentes.

• Esta totalidade, se deve ao fato das empresas considerarem a água como a sua principal matéria prima.

Um pré-tratamento é feito através de uma lagoa de estabilização e depois entregue a Companhia de Águas e Esgotos do RN/CAERN para um posterior tratamento.

c) Quanto aos tratamentos adotados para o ar:

W.C. Lavagens e Limpezas

Água Efluentes ( j )

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• 100% das empresas afirmaram a não existência de pendências registradas pelos órgãos de inspeção ambiental e a não existência de aspectos que não estão de acordo com a legislação ambiental.

• 60% das empresas afirmaram adotar algum tratamento para os gases e o monitoramento dos mesmos.

• 40% das empresas afirmaram a existência de plano de emergência para controle de contaminações acidentais.

• Não se pode precisar quais os tratamentos adotados para o ar.

d) Quanto aos tratamentos adotados para os resíduos sólidos:

• 100% das empresas afirmaram a não existência de: aspectos que não estão de acordo com a legislação ambiental, pendências registradas pelos órgãos de inspeção ambiental e plano de emergência para controle de contaminações acidentais. Adotam algum tratamento para os resíduos sólidos e fazem monitoramento dos mesmos.

• Esta totalidade, se deve ao fato das fibras têxteis naturais: seda, lã, algodão, juta, cânhamo, linho, rami, sisal, amianto e as fibras sintéticas: raion viscose, raion acetato, acrílico, elastano, poliamida e poliéster serem consideradas a sua segunda principal matéria prima.

e) Quanto à poluição sonora e outras preocupações:

• 100% das empresas afirmaram que são feitas medições quanto ao nível de ruído e de iluminação.

• 20% das empresas afirmaram ser feitos monitoramentos toxicológicos no local trabalho.

• 60% das empresas afirmaram a existência de manipulação de produtos perigosos na produção ou nos laboratórios.

• Os órgãos que inspecionam as empresas no que diz respeito a gestão ambiental são o IDEMA (órgão estadual) e a SEMURB ( órgão municipal).

• Todas as empresas adotam como plano de emergência a reposição imediata do sistema filtrante como controle para contaminações acidentais.

• Todas as empresas reciclam, vendem em forma de fardos e os colocam em aterros sanitários os resíduos sólidos produzidos por elas.

• Quanto ao volume médio mensal do efluente líquido industrial, produzido pelas empresas, este volume varia de: 102.312 m3 à 130.968 m3. Isto feito através do teste t de student com 95% de confiança, partindo da estimativa de que o consume médio de água é em média de 162 m3/hora.

• Quanto ao volume médio mensal gasoso produzido pelas empresas, este volume varia de: 217.974.555 m3 à 442.742.733 m3. Isto feito através do teste t de student com 95% de confiança, partindo da estimativa de que os gases produzidos em média são de: 1.440.000 m3/hora.

• Quanto ao volume médio mensal produzido pelos resíduos sólidos produzidos pelas empresas este volume varia de 25,3t à 143,5t. Isto feito através do teste t de student com 95% de confiança, partindo da estimativa que os resíduos sólidos médio produzidos são de 84,4t ao mês.

CONCLUSÕES

Com base no trabalho realizado, concluiu-se que:

Ø O setor têxtil do Rio Grande do Norte apresenta um perfil considerado bom do ponto de vista ambiental, ressaltando-se que esta conclusão fundamenta-se nos dados obtidos a partir de uma auto-avaliação das empresas pesquisadas, compilados e analisados no presente trabalho.

Ø O perfil ambiental traçado sob a ótica das empresas, tende a maximizar os procedimentos já adotados pelas mesmas, benéficos ao meio ambiente e minimizar os danos ambientais produzidos pelo processo industrial, fato este previsível e já esperado no estudo, tendo em vista a crescente preocupação social com as questões ambientais e a necessidade das empresas em apresentarem-se ambientalmente responsáveis perante a opinião pública.

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Ø

Este setor industrial, para realizar suas atividades em conformidade com o princípio do desenvolvimento sustentável, deverá adotar procedimentos de gestão ambiental continuamente aperfeiçoados para mitigar os impactos negativos gerados, e buscar certificações ambientais pela série de normas ISO 14000. Os referidos procedimentos são consistentes com os da série ISO 9000 da gestão de qualidade total e, conforme o caso, são estruturas complementares e não paralelas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AENOR. Norma Espanõla. Directrices para la auditoría medioambiental. Principios generales. UNE- EN ISO 14010. Madrid, 1997.

2. AENOR. Norma Espanõla. Directrices para la auditoría medioambiental. Procedimientos de auditoría.

UNE-EN ISO 14011. Madrid, 1997.

3. AENOR. Norma Espanõla. Directrices para la auditoría meioambiental. Criterios de qualificación para los auditores medioambientales. UNE-EN ISO14012. Madrid, 1997.

4. Braile, P. M., Cavalcanti, J. E. W.A. Manual de tratamento de águas residuárias industriais. 18 Ed, São Paulo: CETESB, 1993.

5. Cortinas. J. Aspectos práticos de uma auditoria do meio ambiente. Madri, 1994.

6. Herrison, L. Manual de auditoria medioambiental. Higiene y securidad. 2ª edição, MCGraw-Hill, Madrid, 1996.

7. Canter, L.W. Manual de evaluación de impactos ambiental, 2ª edición, McGraw-Hill, Madrid, 1997.

8. Pereira de Brito, L. Curso sistema de gestão ambiental ISO 14000. Natal, UFRN/PGGQT, 1997.

9. Pereira de Brito, L. Curso avaliação de impactos ambientais. Natal, UFRN/PPGES, 1999.

10. Wesley, A. Aguas residuales industriales. Teorias, Aplicaciones y Tratamiento. Madrid: Aldus, AS, 1997. Cap. 22

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