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Alfabetização e Letramento

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Academic year: 2021

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Alfabetização e Letramento

Heloise Martins

Essa imagem ilustra bem o conceito de letramento. É abrir as portas e janelas do mundo por meio da leitura, da oralidade e ser capaz de se relacionar bem

nas diversas práticas sociais.

"Letramento é, sobretudo, um mapa do coração do homem, um mapa de quem você é, e de tudo que pode ser.” (Magda Soares)

Conceitos:

Letramento: conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito. (HOUAISS, 2004)

Alfabetização: é um processo dentro do letramento e, segundo Magda Soares, é a ação de ensinar/aprender a ler e a escrever.

A criança, mesmo não alfabetizada, já pode ser inserida em um processo de letramento, pois, ela faz a leitura incidental de rótulos, imagens, gestos, emoções. O contato com o mundo letrado é muito antes das letras e vai além delas.

A escrita e a leitura são consumidas, hoje, pelas pessoas como meio de sobrevivência, com o objetivo de formação acadêmica, profissional, integração e interação social, resolução de problemas cotidianos, condição de entender o mundo e suas tecnologias.

Há diferentes tipos de letramentos associados a diferentes domínios sociais, por exemplo: letramento tecnológico, literário, religioso, musical, de informática. O letramento autônomo é aquele que acontece somente dentro da escola, desvinculado do mundo. Tais formas estão incluídas ou no letramento formal, legitimado; ou no informal, incidental.

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Competência linguística: todo falante nativo de uma língua possui, é a capacidade de se comunicar e é adquirida culturalmente.

Competência comunicativa: é a capacidade de transitar em diferentes domínios sociais, é adquirida na escola.

O papel da escola é trabalhar a competência comunicativa sem desvalorizar a cultura do aluno, aquilo que ele traz de seu meio social. Mostrar as diferentes formas de falar.

A escola é o ambiente de letramento e o professor é o agente/mediador das habilidades e competências leitoras do aluno.

Quanto à fala, não existe certo ou errado, existe o adequado ou inadequado a determinadas situações comunicativas.

Ratificação da fala: repetir de acordo com a norma padrão sem constranger, pois é importante perceber que, para cada contexto social, temos uma forma de falar diferente.

No processo de educação acontece a transposição da cultura do lar para a escolarizada, elas se somam na escola.

Para Magda Soares, alfabetismo é outro termo para designar letramento.

O conceito de alfabetização para Magda Soares é restrito, refere-se apenas ao aprender/ensinar a ler e escrever. Já Emília Ferreiro coloca que não precisa usar outro termo (no caso letramento) para designar algo que já deveria estar dentro do processo de alfabetização.

Facetas da aprendizagem da leitura e da escrita:

1 - Faceta fônica: envolve o desenvolvimento da consciência fonológica, imprescindível para que a criança tome consciência da fala como um sistema de sons e compreenda o sistema de escrita como um sistema de representação desses sons, e a aprendizagem das relações fonema-grafema e demais convenções de transferência da forma sonora da fala para a forma gráfica da escrita.

2 - Faceta da leitura fluente: exige o reconhecimento holístico de palavras e sentenças.

3 - Faceta da leitura compreensiva: supõe ampliação de vocabulário e desenvolvimento de habilidades como interpretação, avaliação, inferência, entre outras.

4 - Faceta da identificação e uso adequado das diferentes funções da escrita, dos diferentes portadores de texto, dos diferentes tipos e gêneros de texto.

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Alfabetização e Letramento:

Repensando o Ensino da Língua Escrita

Silvia M. Gasparian Colello FEUSP

silvia.colello@uol.com.br

 Leia o texto na íntegra no site:

http://www.hottopos.com/videtur29/silvia.htm

Resumo, destacando trechos do texto da autora Sílvia Colello.

Os estudos acerca da psicogênese da língua escrita trouxeram entendimento de que a alfabetização, longe de ser a apropriação de um código, envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre a representação linguística. Os estudos sobre o letramento foram igualmente férteis no que diz respeito à compreensão da dimensão sócio-cultural da língua escrita e de seu aprendizado. Em estreita sintonia, ambos os movimentos, nas suas vertentes teórico-conceituais, romperam definitivamente com a segregação dicotômica entre o sujeito que aprende e o professor que ensina.

Estes estudos romperam também com o reducionismo que delimitava a sala de aula como o único espaço de aprendizagem.

ESQUEMA DO PRIMEIRO PARÁGRAFO:

OS ESTUDOS DA PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA:

Ninguém aprende pelo outro. Há um contexto que, não só fornece informações específicas ao aprendiz, como também motiva, dá sentido e

“concretude” ao aprendido, e ainda condiciona suas possibilidades efetivas de aplicação e uso nas situações vividas. Entre o homem e o saberes próprios de

Trouxeram a compreensão da dimensão sócio-cultural da língua escrita e de seu aprendizado:

Romperam definitivamente com a dicotomia entre o sujeito que aprende e o professor que ensina;

Romperam com a ideia de que o único espaço de aprendizagem era a sala de aula.

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sua cultura, há que se valorizar os inúmeros agentes mediadores da aprendizagem.

Tão fortes são os apelos que o mundo letrado exerce sobre as pessoas que já não lhes basta a capacidade de desenhar letras ou decifrar o código da leitura. O final do século XX impôs a praticamente todos os povos a exigência da língua escrita não mais como meta de conhecimento desejável, mas como verdadeira condição para a sobrevivência e a conquista da cidadania. Foi no contexto das grandes transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas que o termo “letramento” surgiu, ampliando o sentido do que tradicionalmente se conhecia por alfabetização (Soares, 2003).

Kleiman, apoiada nos estudos de Scribner e Cole, define o letramento como “... um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos. As práticas específicas da escola, que forneciam o parâmetro de prática social segundo a qual o letramento era definido, e segundo a qual os sujeitos eram classificados ao longo da dicotomia alfabetizado ou não-alfabetizado, passam a ser, em função dessa definição, apenas um tipo de prática – de fato, dominante – que desenvolve alguns tipos de habilidades, mas não outros, e que determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a escrita.” (1995, p. 19)

Magda Soares afirma que a “Alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita. Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos.” (In Ribeiro, 2003, p. 91)

Ao permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza, sistematize, confronte, induza, documente, informe, oriente-se, reivindique, e garanta a sua memória, o efetivo uso da escrita garante-lhe uma condição diferenciada na sua relação com o mundo, um estado não necessariamente conquistado por aquele que apenas domina o código (Soares, 1998).

A língua escrita, como sistema formal, não admite transgressões sob pena de perder a dupla condição de inteligibilidade e comunicação; por outro lado, é um recurso suficientemente aberto que permite dizer tudo, isto é, um sistema permanentemente disponível ao poder humano de criação (Geraldi, 93). Tendo em vista a independência e a interdependência entre alfabetização e letramento (processos paralelos, simultâneos ou não, mas que indiscutivelmente se complementam), alguns autores contestam a distinção de ambos os conceitos, defendendo um único e indissociável processo de aprendizagem (incluindo a compreensão do sistema e sua possibilidade de uso).

Nossa sociedade, no “Modelo Autônomo”, parte do princípio de que, independentemente do contexto de produção, a língua tem uma autonomia (resultado de uma lógica intrínseca) que só pode ser apreendida por um

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processo único, normalmente associado ao sucesso e desenvolvimento próprios de grupos “mais civilizados”. Tal concepção reduz o ensino da língua a uma metodologia atnocêntrica (valoriza a língua e a cultura da elite), desconsiderando o aluno e alimentando o fracasso escolar.

O “Modelo Ideológico”, em oposição, admite a pluralidade das práticas letradas, valorizando o seu significado cultural e contexto de produção.

Rompendo definitivamente com a divisão entre o “momento de aprender” e o

“momento de fazer uso da aprendizagem”,

Alfabetizar letrando seria, o que os estudos linguísticos propõem, a articulação dinâmica e reversível entre “descobrir a escrita” (conhecimento de suas funções e formas de manifestação), “aprender a escrita” (compreensão das regras e modos de funcionamento) e “usar a escrita” (cultivo de suas práticas a partir de um referencial culturalmente significativo para o sujeito).

Aprender a ler e a escrever significa poder se inserir criticamente na sociedade. Desta forma, a aprendizagem da língua escrita deixa de ser uma questão estritamente pedagógica para alçar-se à esfera política, representando verdadeiro investimento na formação humana.

Por que será que tantas crianças e jovens deixam de aprender a ler e a escrever? Por que é tão difícil integrar-se de modo competente nas práticas sociais de leitura e escrita?

1. Porque o desafio do ensino está em enfrentar a necessidade de compreender o aluno para com ele estabelecer uma relação dialógica, significativa e compromissada com a construção do conhecimento;

2. Porque as práticas pedagógicas devem transformar as iniciativas meramente instrucionais em intervenções educativas;

3. Porque todos os envolvidos em Educação deveriam assumir o compromisso de compreender melhor o significado e a verdadeira extensão da não aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil para evitar o fracasso escolar e, consequentemente, o fracasso na vida daqueles com os quais trabalham diariamente.

Há três hipóteses não excludentes para explicar o fracasso no ensino da língua escrita:

1. Desconsideração dos significados implícitos do processo de alfabetização. Há uma distância entre a vida do educando e o que a escola apresenta: As práticas letradas de diferentes comunidades (e portanto, as experiências de diferentes alunos) são muitas vezes distantes do enfoque que a escola costuma dar à escrita (o letramento tipicamente escolar).

2. Reação do educando em face à artificialidade das práticas pedagógicas. O educando não encontra significado no que aprende e é resistente, isto é, não é recíproco: A reação do aprendiz em face da proposta pedagógica, muitas vezes autoritária, artificial e pouco significativa. Na dificuldade de lidar com a lógica do “aprenda primeiro

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para depois ver para que serve”, muitos alunos parecem pouco convencidos a mobilizar os seus esforços cognitivos em benefício do aprender a ler e a escrever.

3. Medo inconsciente da mudança de status cognitivo/cultural por parte do educando. Negação do mundo letrado: Os princípios do alfabetizar letrando (ou do Modelo Ideológico de letramento) admitem que o processo de aquisição da língua escrita está fortemente vinculado a uma nova condição cognitiva e cultural.

Na prática, a desconsideração dos significados implícitos do processo de alfabetização - o longo e difícil caminho que o sujeito pouco letrado tem a percorrer, a reação dele em face da artificialidade das práticas pedagógica e a negação do mundo letrado – acaba por expulsar o aluno da escola, um destino cruel, mas evitável se o professor souber instituir em classe uma interação capaz de mediar as tensões, negociar significados e construir novos contextos de inserção social.

Ganhamos a possibilidade de repensar o trânsito do homem na diversidade dos “mundos letrados”, cada um deles marcado pela especificidade de um universo. É possível confrontar diferentes realidades, como, por exemplo, o “letramento social” com o “letramento escolar”; analisar particularidades culturais, exemplo, como acontece o “letramento das comunidades operárias”, ou ainda, compreender as exigências de aprendizagem em uma área específica, como é o caso do “letramento científico”, “letramento musical”, o “letramento da informática ou dos internautas”. A aproximação com as especificidades permite não só identificar a realidade de um grupo ou campo em particular (suas necessidades, características, dificuldades, modos de valoração da escrita), como também ajustar medidas de intervenção pedagógica, avaliando suas consequências.

Referências

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