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OBSERVATÓRIO FEMINISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Eleições 2020 nos Estados Unidos: um olhar sobre o eleitorado feminino

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Eleições 2020 nos Estados Unidos: um olhar sobre o eleitorado feminino

Gabriela Pavão Thaís Maia

No dia 03 de novembro, assistiremos à eleição do 46º presidente dos Estados Unidos. Entre os protagonistas dessa disputa, o republicano e atual ocupante da Casa Branca, Donald Trump, e o democrata Joe Biden, pesquisas apontam vantagem deste último. Um dos setores que Biden estaria à frente e que contribui para essa vantagem são as mulheres do país, cerca de 55% do eleitorado total. A nomeação de Kamala Harris, uma mulher negra, como vice, procura consolidar esse apoio, além de ser clara estratégia para atingir ao Black Lives Matter, movimento negro cada vez mais ativo após a violenta morte de George Floyd. Assim, cabe analisarmos como cada lado tem articulado táticas para angariar votos da parcela feminina do eleitorado, que longe de ser compreendida como um bloco homogêneo, apresenta diversidades internas consideráveis - inclusive de posicionamento político.

Conforme pontuado, segundo pesquisas eleitorais, até o momento o opositor democrata se encontra à frente da corrida por uma margem bem mais ampla do que era apresentada em favor de Hillary Clinton em 2016 (quando esta também enfrentou Trump). Uma pesquisa da Universidade Quinnipiac, por exemplo, indica que Trump estaria 15% atrás de Biden, enquanto pesquisas da NBC/WSJ o colocam a 11% de desvantagem. Logicamente, 1 as razões dessa vantagem são variadas, mas uma delas consiste no apoio que Biden tem angariado do público feminino, com 20 pontos à frente de Trump entre este. Por outro lado, 2 se olharmos a composição dos que ainda defendem o atual presidente, ele segue na liderança majoritariamente entre pessoas que se identificam como brancas (7%), homens (2%) e pessoas brancas sem ensino superior (22%). 3

1 Disponível em: https://www.otempo.com.br/opiniao/observat%C3%B3rio-das-elei%C3%A7%C3%B5es-2020-nos-eua/uma-se mana-de-muito-impacto-feminino-1.2362126 2 Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/08/em-aceno-a-negros-e-mulheres-biden-escolhe-kamala-harris-par a-vice.shtml 3 Disponível em: https://www.otempo.com.br/opiniao/observat%C3%B3rio-das-elei%C3%A7%C3%B5es-2020-nos-eua/uma-se mana-de-muito-impacto-feminino-1.2362126

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Apesar das afirmações de Trump que as pesquisas de intenções de voto são “falsas”, nem ele nem Biden parecem dispostos a arriscar, e correm contra o tempo na busca de atrair (ou consolidar) o apoio desse setor do eleitorado, bem como que tal apoio seja convertido na ida efetiva às urnas, considerando o caráter facultativo do voto nos Estados Unidos. 4

Isso porque, de acordo com outra pesquisa , 26% das mulheres nos Estados Unidos 5 tendem a ser classificadas como ​swing voters​, isto é, são imprevisíveis e podem mudar seu voto a qualquer momento. Um grupo específico merece atenção nas eleições deste ano: as chamadas “​Guardian Women​”, mulheres normalmente com mais de 50 anos, brancas, sem formação superior, casadas, com renda familiar anual acima de US$ 50 mil, e que privilegiam o valor central da segurança, se vendo como protetoras de sua família e comunidade – em especial diante da pandemia que assola o país. Esse grupo certamente é um dos alvos de ambas as campanhas, afinal, estão muito empenhadas em comparecer às eleições, e suas intenções de voto podem mudar a qualquer momento.

Do lado republicano, fatos como a recente mudança do foco da campanha de Trump, passando esta a se voltar para uma busca por “lei e ordem”, ou o vice-presidente se pronunciar alegando que os Estados Unidos não estariam “seguros” sob Biden , não parecem 6 ser aleatórios e procuram também atingir em cheio esta parcela da população, já que se está diante de um cenário de queda do apoio dessas mulheres de classe média e alta ao seu mandato presidencial, fenômeno passível de observação desde 2016.

As tentativas não param por aí. Outro exemplo de ação performada recentemente por Trump em sua campanha e que também busca atingir o público feminino foi a concessão do perdão presidencial a Susan Brownell Anthony. Ativista pioneira na defesa do sufrágio feminino e do abolicionismo, Anthony foi presa em 1872 em Nova York depois de votar nas eleições presidenciais, e obrigada a pagar multa após julgamento que alcançou notoriedade

4 O sistema de voto norte-americano tem suas particularidades: é facultativo e indireto, ou seja, não são os votos de todos os cidadãos que vão ser contabilizados, mas sim o de delegados eleitos por estes para compor o Colégio Eleitoral. Ademais, o número de representantes é proporcional ao tamanho do estado. Para saber mais sobre:

https://www.terra.com.br/noticias/mundo/estados-unidos/eleicoes/entenda-como-funciona-a-eleicao-presidencial -nos-estados-unidos,2e59b5b66d9da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

5​Pesquisa feita em março desde ano pelo pelo grupo All In Together. Para saber mais:

https://aitogether.org/new-group-of-critical-swing-voters-identified-for-the-2020-election-guardian-women/ 6​Disponível em:

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https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/08/vice-de-trump-aposta-no-discurso-da-lei-e-da-ordem-e-diz-que-internacional (e que ela se recusou a pagar). Além disso, dias antes do perdão, Trump havia 7 anunciado apoio à construção de um monumento em homenagem às sufragistas americanas em Washington DC, alegando que "as mulheres dominam os Estados Unidos — acho que podemos dizer isso com segurança". O atual presidente ainda chamou atenção para o fato de8 que quase 70 milhões de mulheres votam nas eleições, e tem intensificado a participação em eventos voltados para esse público nas últimas semanas.

Porém, quando se trata de engajar um público feminino mais progressista, que 4 anos atrás não era a favor dele, mas sim de Clinton, e que agora por lógica se volta para Biden, Trump tem falhado veementemente. Questões sensíveis envolvendo o direito reprodutivo das mulheres, o aborto, e o compromisso com uma cultura de igualdade de gênero, especialmente com respeito às mulheres migrantes e negras, são abertamente menosprezadas pelo candidato em suas falas misóginas, o que dificulta o apelo à essa população.

A recente morte da renomada juíza da Suprema Corte norte-americana, Ruth Bader Ginsburg, traz luz a essa questão. Ícone feminista e progressista dentro da Corte, e peça essencial para o equilíbrio ideológico da instituição, Ruth se recusava a se aposentar, e, além disso, pouco antes de morrer revelou que seu "desejo mais fervoroso" era que evitassem substituí-la até que um novo presidente assumisse o cargo, o que evidencia o medo do que uma possível indicação advinda de Trump poderia representar para os direitos das mulheres. Seu clamor, porém, não foi suficiente, e o presidente confirmou a indicação de uma candidata de perfil conservador e religioso , em uma clara tentativa de agradar o eleitorado conservador 9 e religioso, ou seja, sua base de apoio eleitoral.

Nomeada em 1993 pelo presidente Clinton como juíza da Suprema Corte, Ginsburg compunha a ala liberal da instituição, e sua atuação foi marcada pela defesa de direitos femininos como o aborto. Ainda sim, mesmo antes da Corte, Ruth teve uma trajetória memorável, tornando-a verdadeiro ícone cultural do país. Tendo cursado Direito em Harvard

7 Vale lembrar que o ato de Susan ocorreu 48 anos antes da ratificação da 19ª emenda (1920), responsável por estabelecer a legalidade do voto feminino. O perdão, porém, não veio após esses 48 anos, e sim 100 anos depois, quando em agosto deste ano, Trump concedeu o indulto durante o aniversário da emenda. Para saber mais sobre Susan B. Anthony: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-53829728

8 Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-53829728

9​A juíza Amy Coney Barrett foi a indicada por Trump. Entretanto, a ação ainda não significa a posse efetiva da mesma, pois faz-se necessária a ratificação do Senado – de maioria republicana – para que tal indicação seja validada. E não há certeza se a votação ocorrerá antes ou depois da eleição presidencial.Para saber mais: https://www.dw.com/pt-br/quem-%C3%A9-amy-barrett-a-indicada-de-trump-para-suprema-corte/a-55084612

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em uma turma de apenas 9 mulheres entre 500 homens, enfrentou situações de machismo e sexismo frequentes. Sua experiência estimulou sua militância: ainda jovem, criou projeto de direito das mulheres na União Americana pelas Liberdades Civis, e suas vitórias como advogada em casos de discriminação de gênero abriram precedentes importantes na legislação americana. Leis que previam os salários e benefícios aos homens e a condição de dependência às mulheres, por exemplo, em pouco tempo se tornaram inconstitucionais através das sentenças que obteve enquanto advogada.

Ao ser nomeada à Corte, Ruth era uma entre quatro juízes da ala liberal. Do outro lado, há cinco juízes conservadores indicados por presidentes republicanos (dois inclusive pelo próprio Trump). Ou seja, com ela já havia uma maioria conservadora de 5 a 4, porém mais acirrada, e o presidente da Corte, John Roberts, algumas vezes votava com a ala liberal. Entretanto, se a indicação de Trump for efetivada, a maioria conservadora será esmagadora na mais alta instância da Justiça Americana, de 6 a 3.

Isso poderá ter impacto por décadas na vida dos americanos, muito além da questão de quem assumirá a presidência na atualidade, pois os juízes têm cargos vitalícios. Um caráter majoritário conservador na Corte poderá afetar decisões sobre questões como liberdade religiosa, direitos LGBTQ+, saúde, meio ambiente e até mesmo sobre a eleição presidencial (já que se algum candidato à presidência não reconhece o resultado final, o caso será julgado pela instância). A Corte pode, por exemplo, reverter Roe versus Wade, o caso de 1973 em que foi descriminalizado o aborto. A preocupação não é infundada: uma das motivações de vários conservadores que apoiam Trump - eleito em 2016 com os votos de 81% dos eleitores evangélicos brancos dos Estados Unidos - é a esperança de que o aborto10 seja novamente proibido. Como reação, dezenas de milhares de mulheres foram às ruas no país para a Marcha das Mulheres, em protesto contra o presidente e sua indicação ao Supremo. 11

Do lado democrata, Joe Biden também busca ativamente o engajamento feminino, mas se vale de tática diferente, procurando ao menos transparecer uma defesa da diversidade como valor central. Em consonância com tais valores, em março deste ano Biden anunciou que desejaria um governo que refletisse essa diversidade do país. Ex-vice-presidente durante

10​Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54243572 11​Disponível em:

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o governo Obama, e membro da política norte-americana desde os anos 70, Biden também estabeleceu a defesa de direitos humanos, principalmente no que diz respeito aos direitos femininos e LGBTQ+, como um dos pilares do seu governo e da política externa dos Estados Unidos, caso venha a ser eleito em novembro.

É válido refletir sobre o impacto que tal decisão poderia ter também como parte central da política externa norte-americana, para as relações com o Brasil. Ainda que seja provável a tentativa de estabelecer um relacionamento construtivo entre Estados Unidos e Brasil, o governo Bolsonaro não é notoriamente reconhecido por priorizar políticas de gênero ou direitos humanos dentre seus principais interesses defendidos.

Tais diferenças, somadas a outros temas sensíveis como mudanças climáticas, a luta contra o autoritarismo e a resposta no combate a COVID-19, além de uma possível rejeição por parte de uma maioria democrata no congresso estadunidense, poderiam resultar em estranhamento e desavenças entre os dois governos, afetando o relacionamento bilateral entre ambos os países, cuja trajetória até então é de alinhamento entre as políticas externas nacionalistas e conservadoras de Trump e de Bolsonaro.

Biden, inclusive, prometeu nomear uma mulher para concorrer à vice-presidência, de acordo com tais princípios de diversidade. É fundamental lembrar que na história dos Estados Unidos houve apenas duas candidatas à vice-presidência da Casa Branca: a democrata Geraldine Ferraro, em 1984, e a republicana Sarah Palin, em 2008, nenhuma tendo obtido sucesso. Logo, tal intencionalidade oscila entre extremamente arriscada e exitosa. Em agosto, o democrata finalmente fez seu anúncio oficial, elegendo um nome que atingiria em cheio o público feminino, negro e migrante: a então senadora pela Califórnia Kamala Harris. É a primeira vez que uma mulher negra e asiática concorre à vice-presidência em nome de um grande partido.

Harris por si só, carrega uma história emblemática: é filha de imigrantes divorciados, e aos 55 anos já foi procuradora, é Senadora desde 2017 e concorreu pela chapa democrata à presidência do país em 2016. Além disso, é hoje a mais conhecida entre as mulheres negras na política norte-americana, com representatividade inegável. Assim também reiterou Kamala no Twitter com respeito à esta questão: “Mulheres negras e mulheres de cor há muito

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tempo estão sub-representadas em cargos eletivos e em novembro temos a oportunidade de mudar isso.” 12

Portanto, sua escolha foi propositalmente pensada de modo a atrair o voto à Biden, primeiramente do eleitorado negro, que corresponde a 12% do total. Essa parcela não havia 13 comparecido em peso nas eleições de 2016, quando Donald Trump foi eleito, o que foi decisivo para tal resultado das urnas. Mas em 2020 a conjuntura é outra: os eleitores negros têm mais potencial de comparecer às urnas como consequência dos diversos protestos causados pela morte de George Floyd, vítima da violência policial por ser negro. Ademais, ​a simpatia de Kamala pela questão da imigração, em função de sua própria origem pessoal, impulsiona os votos dos latinos, que compõem o outro bloco eleitoral mais forte do país (13% do total ) e também têm se mostrado mais engajados. Também chama a atenção a sua defesa14 do aborto, em contraposição a Trump, o que atrai mulheres jovens e mais progressistas. 15

Apenas para entender o peso que votos negros e latinos (ou sua ausência) podem assumir nas eleições norte-americanas, na disputa de 2016 apenas 65% dos votos latinos foram para Hillary Clinton, abaixo dos 71% de Obama na eleição anterior, enquanto Trump obteve 29% desses votos. Hillary dependia do grupo para vencer em estados-chave como a Flórida, por exemplo. Quando se trata do eleitorado negro, a democrata também ficou aquém do desempenho de Obama, passando do anterior apoio de 93% a 88%, o que ajudou a sacramentar sua derrota em estados-chave como Ohio e Carolina do Norte. Nenhum voto 16 pode ser desperdiçado, e Biden busca atacar justamente o lado que Trump não construiu seu apoio e que pode fazer a diferença, assim como em 2016.

Entretanto, cabe ressaltar que Kamala Harris não é uma unanimidade entre os eleitores democratas. É preciso reconhecer que a mesma tomou atitudes controversas durante

12 Disponível em:

https://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2020/noticia/2020/08/12/kamala-harris-o-que-joe-biden-pode-gan har-ou-perder-com-a-escolha-da-senadora-pela-california-como-candidata-a-vice.ghtml

13 Disponível em: https://neofeed.com.br/blog/home/o-fator-kamala-harris-na-eleicao-presidencial-dos-eua/ 14​Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/09/18/o-abc-do-voto-latino-nas-eleicoes-de-2020-nos-eua.h tm 15​Disponível em: https://www.acidigital.com/noticias/joe-biden-escolhe-candidata-pro-aborto-para-a-vice-presidencia-dos-estados -unidos-56540 16​Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1830866-vitoria-de-trump-reflete-fracasso-de-hillary-com-latino

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sua carreira como procuradora distrital de São Francisco (2004-2011) e procuradora do estado da Califórnia (2011-2016).

Quando solicitado pelos progressistas que abraçasse determinadas reformas de justiça criminal, Harris frequentemente se opunha ou permanecia em silêncio. Em algumas ocasiões, foi inclusive acusada de lutar para sustentar convicções baseadas em falso testemunho e na omissão de informações essenciais. Dentre as decisões controversas mencionadas, podem ser citadas: em 2004, recorrer contra a decisão de um juiz federal que alegava a inconstitucionalidade da pena de morte; em 2015, não apoiar um projeto de lei que exigia a investigação de tiroteios envolvendo policiais, recusando-se a apoiar os padrões do estado de regulamentação do uso de câmeras corporais por policiais, posicionamento que gerou críticas de reformistas de esquerda, incluindo senadores democratas. Recentemente, Harris também decarou-se favorável à legalização do uso da maconha nos Estados Unidos, assumindo um posicionamento contrário ao de Joe Biden.

Contudo, estas afirmações não retiram seu mérito como procuradora. A mesma possui uma carreira brilhante; já recusou-se a aplicar a pena de morte no caso de assassinato de um policial e iniciou por conta própria um programa bem-sucedido de reinserção que visava retirar acusações de infratores não-violentos em troca de que estes realizassem testes vocacionais. Porém, para efetivamente conquistar os votos democratas, Harris ainda precisará concorrer um longo caminho e demonstrar que mudou certos aspectos do seu comportamento no passado.

A escolha da então senadora parece também uma provocação ao opositor, que ingressou no mandato atual de presidente com a menor presença feminina no governo desde que George Bush pai chegou ao poder, em 1989. A expectativa é maior ainda por conta da idade de Biden (78 anos), o que torna pouco provável que ele tente um segundo mandato caso ganhe a corrida, posicionando sua vice como provável candidata à presidência na próxima eleição de 2024, com possibilidade de se tornar a primeira mulher à frente da Casa Branca.

Ironicamente, porém, a decisão de nomear uma mulher também pode ser entendida como um meio de minimizar acusações de abuso sexual dirigidas a Biden por Tara Reade, sua ex-assessora no Senado. Inclusive, nenhum dos dois lados parece ter conseguido sair

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imune de acusações ligadas a abusos sexuais. Trump por si só já coleciona várias acusações ao longo de sua vida, mesmo antes da presidência. 17

Logo, quando analisamos as estratégias que os dois candidatos parecem seguir na busca de votos femininos, é possível apreender a divisão das mesmas de acordo com os valores vendidos por cada chapa. Trump procura atingir mulheres que talvez tenha chance mínima de conseguir espaço - mulheres mais velhas, de classe média e alta e brancas -, enquanto Biden busca se voltar para um setor feminino mais jovem, progressista, negro e latino, em consonância com os valores até então defendidos por sua chapa, e também com o intuito de atingir uma lacuna não preenchida pelo opositor republicano. Até agora é o democrata quem tem obtido mais sucesso entre o eleitorado feminino em geral.

Mas o resultado das urnas ainda é imprevisível, e mais ainda as consequências de um possível novo mandato de Trump, ou de um primeiro de Biden para a vida das mulheres norte-americanas. Questões envolvendo a efetiva concessão de direitos políticos, reprodutivos e igualdade de gênero às cidadãs da nação (em especial às negras e latinas) consistem em demandas muito mais longas na história do país, e que provavelmente ainda serão perseguidas por muito tempo, independentemente da figura masculina que ganhe a corrida deste ano.

Referências Bibliográficas

BALLOTPEDIA. ​Kamala Harris​. Disponível em: https://ballotpedia.org/Kamala_Harris. Acesso em: 13 out. 2020.

BAZELON, Lara. ​Kamala Harris Was Not a ‘Progressive Prosecutor’​. 2019. Disponível em: https://www.nytimes.com/2019/01/17/opinion/kamala-harris-criminal-justice.html. Acesso em: 13 out. 2020.

BBC. ​Eleição nos EUA 2020: Quem está na frente nas pesquisas — Trump ou Biden?​. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-53682288.Acesso em: 13 set. 2020.

17 Para saber mais:

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_____. ​Kamala Harris: Where does she stand on key issues?​. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/news/election-us-2020-53770654. Acesso em: 14 out. 2020.

CÔRREA, Alessandra. ​Futuro da Suprema Corte dos EUA: O que pode mudar com substituição de Ruth Bader Ginsburg, de aborto a liberdade religiosa ​. BBC. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54243572. Acesso em 03 out. 2020.

DEUSTCHE WELLE. ​Trump anuncia perdão póstumo a sufragista condenada em 1872.

2020. Disponível em:

https://www.dw.com/pt-br/trump-anuncia-perd%C3%A3o-p%C3%B3stumo-a-sufragista-con denada-em-1872/a-54622318. Acesso em: 15 set. 2020.

G1. ​Presença feminina no governo dos EUA cai pela metade com chegada de Trump.

2017. Disponível em:

https://g1.globo.com/mundo/noticia/presenca-feminina-no-governo-dos-eua-cai-pela-metade-com-chegada-de-trump.ghtml. Acesso em: 15 set. 2020.

_____. ​Por que a morte da juíza da Suprema Corte dos EUA Ruth Bader Ginsburg é

um terremoto em uma nação fragmentada. Disponível em:

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/09/20/por-que-a-morte-da-juiza-da-suprema-corte-dos-eua-ruth-bader-ginsburg-e-um-terremoto-em-uma-nacao-ja-fragmentada.ghtml​. Acesso em 20 set. 2020.

OLIVEIRA, Joana. ​Ruth Ginsburg, a juíza americana de 86 anos que virou ícone da

juventude. EL PAÍS. 2019. Disponível em:

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/28/cultura/1559075957_214521.html. Acesso em 03 out. 2020.

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_____. ​Trump: Homens podem se sentir 'insultados' se Biden escolher mulher como

vice. ​2020. Disponível em:

https://www.uol.com.br/universa/noticias/afp/2020/08/11/trump-homens-sentirem-insultados-vice-mulher.htm. Acesso em: 11 set. 2020.

(10)

WIKIPEDIA. ​Lista de presidentes dos Estados Unidos. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_presidentes_dos_Estados_Unidos. Acesso em: 11 set. 2020.

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