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MEMÓRIA E CONHECIMENTO: ANÁLISE DO PAPEL DA MEMÓRIA NA TEORIA DO CONHECIMENTO DE DAVID HUME

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CONHECIMENTO DE DAVID HUME

Jorgeval Andrade Borges1

RESUMO: Este artigo trata da importância e função que a memória possui nos estudos sobre a teoria do conhecimento elaborada pelo filósofo David Hume. Parte-se da premis-sa de que a visão sobre a memória formulada por um penpremis-sador está diretamente relaci-onada à sua gnosiologia. O presente trabalho faz uma exposição dos conceitos formu-lados por Hume para explicar sua teoria do conhecimento e, em seguida, apresenta o papel da memória dentro do arcabouço teórico criado pelo autor. A ideia central exposta no artigo é que, para Hume, a função principal da memória é ser ordenadora das ideias na mente, portanto não tem a perspectiva de criação, mas de organização dessas ideias, sendo essa função essencial para a existência do pensamento humano. PALAVRAS-CHAVE: Memória. Teoria do conhecimento. David Hume.

MEMORY AND KNOWLEDGE: AN ANALYSES OF THE ROLE OF MEMORY IN THE THEORY OF KNOWLEDGE OF DAVID HUME

ABSTRACT: This article discusses the importance and role that memory has in studies on the theory of knowledge developed by the philosopher David Hume. It starts with the premise that the vision of the memory formulated by a thinker is directly related to its gnosiologia. This work is an exposition of the concepts formulated by Hume to explain his theory of knowledge and then present the role of memory within the theoretical framework created by the author. The idea focused on the exposed paper is that, to

1 Prof. do Depto. de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e mestrando do Programa de Mestrado em Memória: Linguagem e Sociedade da UESB. End.: Estrada do Bem Querer, Km. 4 - Cidade Universitária. CEP: 45083-000 - Vitoria da Conquista – BA.

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Hume the main function of memory is to be order ideas in the mind, so it abes not you have the prospect of creation, but the organization of those ideas, this function is essential to the existence of human thought.

KEY WORDS: Memory. Theory of knowledge. David Hume.

INTRODUÇÃO

E

ste artigo parte de dois pressupostos a respeito do desenvolvimento dos estudos da memória. O primeiro considera ser a teoria do co nhecimento a base sob a qual as visões da memória têm sido construídas pelos filósofos. Em outras palavras, o trato que é dado à memória por parte de muitos pensadores está umbilicalmente associado à sua gnosiologia. O segundo pressuposto se refere ao fato de David Hume ter sido o primeiro pensador a tratar a memória como categoria de análise.

Hume foi um filósofo da primeira metade do século XVIII, pertencendo, por-tanto, ao período áureo da chamada Idade Moderna. Nas épocas anteriores à modernidade, a memória era concebida em uma dualidade, isto é, na forma mística e técnica. Nesse contexto, a memória era parte de um conjunto mitoló-gico e, ao mesmo tempo, objeto de técnicas variadas de rememoração. Elevar a memória a status de objeto de análise se deve pioneiramente a David Hume. Ele a trata como categoria em sua teoria do conhecimento, portanto, a memória é para este um conceito filosófico.

Na esteira de Hume, a partir da segunda metade do século XIX, o filósofo Henri Bergson busca dar à memória um conteúdo científico, realizando interação entre uma filosofia da memória e os atuais descobrimentos da ciência a respeito do cérebro humano. Realiza uma espécie de atualização da teoria da memória. Bergson aceita a memória como conceito, porém, com um diferencial: enquanto que para seu antecessor é categoria filosófica, para ele é científica. Apesar dessas diferenças, fica o fato de que, nos séculos dezoito e dezenove, a memó-ria alça poder de categomemó-ria de análise seja filosófica ou científica. Portanto, esses dois pensadores têm em comum o fato de reconhecer a importância da memória como conceito.

Mais adiante, na primeira metade do século XX, sob provável influência de Bergson (2005), o sociólogo Maurice Halbwachs (2006), também utilizou a me-mória como conceito. Seu elemento diferenciador é que não trabalhou a pers-pectiva da memória como os antecessores, ou seja, de forma individualizada.

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Halbwachs pode ter inaugurado uma concepção coletiva da memória, para ele o conceito de memória deve ser analisado sob ângulo coletivo, isto é, como advinda de um grupo. Parece ser aspecto comum aos três pensadores ser a memória produto da relação entre experiência, sentimento e raciocínio. A experiência como ponto de partida, no caso de Hume, para a mente e o conhecimento que ela elabora; em Bergson, como faculdade do corpo e determinado por ele, a memória como elemento do corpo; em Halbwachs, resultado de vivência coleti-va.

O caráter da memória assume funções diferenciadas nos três autores cita-dos. Para Hume a memória copia, grava e ordena ideias, portanto, não cria. Para os autores seguintes ela elabora. A memória como categoria surge em Hume que a considera ordenadora de conceitos; ela toma novos contornos em Bergson como selecionadora e que reelaboradora de imagens. Halbwachs com-preende a memória como criadora, mas como expressão do coletivo no individu-al. Observa-se uma metamorfose: de uma visão individual da memória para uma coletiva; de uma compreensão reprodutora da memória para uma de criadora. A partir desses três autores, a memória não mais pode ser desconsiderada como categoria de análise. O passo sem retorno em considerar a memória como conceito havia sido dado por Hume. Portanto, a escolha desse filósofo não foi ocasional na temática desse texto.

Talvez em nenhum outro pensador a simbiose entre memória e teoria do conhecimento esteja tão evidente. Hume é classificado como pertencente à corrente empirista da filosofia, mais precisamente, ao empirismo inglês, quiçá o mais destacado e avançado de seus expoentes. É também considerado um cético, quando trata do pensamento humano. Neste trabalho esses enquadramentos teóricos feitos ao autor não interessam, pois em nada modifi-cam o teor da abordagem que o objeto de análise enfoca. Importante é esclare-cer algumas categorias principais da teoria do conhecimento de Hume, pois sem a clareza dessas, a compreensão do raciocínio que será descrito abaixo fica comprometida. Três conceitos são essenciais para se entender o pensa-mento do autor: percepção, impressão e ideia. A percepção será entendida nes-te nes-texto como o pensamento ou conhecimento humano, as impressões são analisadas com sendo os sentidos e as ideias os conceitos. A teoria de Hume sobre o conhecimento humano é ancorada em uma teoria das ideias. Compre-ender o que é e como se forma a ideia é o âmago da questão para se entCompre-ender a gnosiologia humana. E é dessa compreensão que deriva o entendimento do que seja a memória e sua função para este autor.

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expo-sição da teoria das ideias de Hume, buscando esclarecer os conceitos acima mencionados e estabelecer a relação entre estas três categorias. Em um se-gundo ponto, será destacado o caráter e funções da memória nesta teoria das ideias. No terceiro ponto, amplia-se a compreensão, desta vez em conjunto, da teoria das ideias e da noção de memória. Nos dois primeiros itens é dado um tratamento mais simples ao assunto e no último uma abordagem mais comple-xa. Em suma, aborda a teoria das ideias de forma simples, em seguida traça uma visão simples da memória, na seqüência reúne à memória e a teoria das ideias em análise mais complexa ao lidar com as ideia abstratas. Começamos então analisando a base da teoria das ideias de Hume, ou seja, o que são e de onde se originam, para no final tratar das ideias abstratas. De ideias simples às complexas, este é o itinerário do autor a qual esta análise obedece rigorosa-mente. A abordagem da memória deverá acompanhar esta lógica. Nas conside-rações finais se apresenta uma síntese para enfocar a importância do conceito de memória na teoria de Hume, almejando demonstrar o quanto à memória é peça chave para o conhecimento humano na opinião do autor. O título deste texto tem ares de provocação, mas não pretende sugerir nenhuma visão depre-ciativa da memória em Hume, como será visto no decorrer do trabalho.

A BASE DA GNOSIOLOGIA DE HUME: AS IDEIAS SÃO ORIGINADAS DA EXPERIÊNCIA

Para David Hume existem duas formas distintas e relacionadas de conheci-mento ou percepção, a saber, impressões e ideias. As impressões são as sen-sações, paixões e emoções, portanto, os sentidos e sentimentos. As ideias são as imagens tênues das impressões no pensamento. O autor busca neste ensaio estabelecer as interações entre estes dois conceitos, ou seja, sua inten-ção é apresentar os princípios que regem as relações entre os sentidos e o pensamento humano. A base da gnosiologia humeana é a proposição que afir-ma ser a ideia uafir-ma representação da impressão. A diferença entre impressão e ideia está nos graus de “força e vivacidade” em que afetam o pensamento e não em sua natureza, pois, ambas são fundamentadas na experiência, equivale di-zer na necessidade e utilidade que apresentam. Segundo o autor a diferença está entre o sentir e pensar, por isso, as impressões têm mais força no pensa-mento do que as ideias. As impressões e ideias se apresentam na forma sim-ples ou complexa. As simsim-ples não admitem distinção nem separação, enquanto que as complexas podem ser divididas em partes. O pensamento simples é indivisível, sendo o contrário a essência do pensamento complexo. Pode-se

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afirma que todo pensamento se apresenta duplamente como impressão e ideia,

sendo um reflexo da outra, diferenciando-se apenas no grau em que afetam a mente. Isso permite formular a seguinte assertiva: todas as ideias e impressões se assemelham. Estabelece-se uma identidade entre estas duas categorias, sendo que a segunda é entendida como representação exata da primeira.

Isso só é válido para as percepções simples, neste caso, há que refazer a premissa na seguinte forma: toda ideia simples possui uma impressão simples e toda impressão simples é correspondida por uma ideia simples. Nas impres-sões e ideias complexas a afirmação de que são cópias umas das outras não é universalmente verdadeira. Entretanto, como as percepções complexas derivam das simples, e há uma identidade plena entre impressões e ideias simples, pode-se afirmar que as duas espécies de percepções se correspondem de for-ma exata. Com isto podemos apresentar o primeiro princípio humeano: “[...] todas as nossas ideias simples no seu primeiro aparecimento derivam das im-pressões simples que lhes correspondem e que elas representam exatamente.” (HUME, s/d, p. 32)

A relação de causa e efeito entre impressões e ideias está presente na forte conexão entre as duas categorias, estabelecendo-se a influência de uma sobre a outra. Portanto, existe uma relação de dependência entre estas duas formas de conhecimento. A questão é identificar a ordem desta dependência, ou seja, quem realmente é dependente, a ideia ou a impressão. Segundo Hume a ques-tão se resolve pela observação da ordem do “primeiro aparecimento”. A ordem estabelecida é que as impressões simples sempre precedem as ideias corres-pondentes. A impressão gera uma ideia, mas, esta não cria uma impressão, apenas a reflete. As impressões são causas das ideias, entretanto, pode haver um fenômeno contrário em que certas ideias precedem as impressões corres-pondentes utilizando-se da imaginação. Como a imaginação é sempre provocada por impressões anteriores não muda o princípio da prioridade das impressões sobre as ideias. As ideias são imagens das impressões, esta é a formula basilar de todo o pensamento humeano.

A questão que está por trás disso é o velho problema da existência ou não de ideias inatas, ou seja, se elas existem a priori ou se provêm da sensação e reflexão. A posição do autor é que as ideias são transmitidas pelos sentidos e emoções. As ideias são precedidas por outras percepções mais vivas, ou seja, as impressões. As ideias não só derivam das impressões como as represen-tam.

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AS IDEIAS DA MEMÓRIA OU A MEMÓRIA COMO ORGANIZADORA DE IDEIAS

De acordo com o raciocínio desenvolvido até agora seria lógico sempre localizar de imediato uma impressão por trás de uma ideia. No entanto, o pro-cesso pode se dá de forma mais complexa. Uma vez surgidas das impressões as ideias se reproduzem. As ideias são imagens ou representações das impres-sões, mas, existem ideias denominadas de secundárias que são imagens de

ideias primárias. As ideias criam imagens de si mesmas em novas ideias. Isto

não altera a preposição da dependência das ideias em relação às impressões, visto que todas as ideias simples se originam de impressões que lhes correspondem, tanto faz se de forma imediata ou mediata.

Para que se possa entender este raciocínio é necessário conhecer a inter-pretação de Hume sobre as impressões, principalmente por ser fundamental para compreensão da sua concepção da memória. A impressão se divide em duas categorias: sensação e reflexão. Segundo o autor a sensação tem origem na “alma” e suas causas são desconhecidas, pertencendo ao campo de estudo da anatomia e filosofia natural. A reflexão deriva das ideias, sendo seu procedi-mento de origem o seguinte: uma impressão atinge os sentidos e permite a percepção de qualidades (calor, frio, etc.), são assim chamadas de impressões de sensação. Desta a mente tira uma cópia que fica após desaparecer a

im-pressão. Esta cópia é uma ideia que provêm desta primeira imim-pressão. Ao retornar

a “alma” esta ideia produz novas impressões (desejo ou aversão) denominada de impressões de reflexão por ser derivada de uma ideia. Logo não provêm de uma sensação imediata, mas, de uma reflexão a partir de uma ideia já gravada na mente. As impressões de reflexão são copiadas pela memória e imaginação se transformando em novas ideias. Essas ideias novas surgem a partir da me-mória e da imaginação e podem gerar outras impressões e ideias.

Sendo assim pode-se dizer que as impressões de reflexão precedem ideias produzidas pela memória e são posteriores às impressões de sensação de onde são derivadas. Em suma, as impressões de sensação geram ideias que produzem impressões de reflexão que geram ideias na memória que, por sua vez, cria novas seqüências de impressões e ideias. Na origem desse processo de metamorfoses entre impressões e ideias há uma impressão como ponto de partida da percepção. No desenvolvimento desta lógica notam-se impressões se originando de ideias anteriormente criadas por impressões precedentes. Portanto, existe um complexo sistema de transformação de impressões em

ideias e de ideias em impressões, sem, contudo mudar a lógica da primazia das impressões, confirmando a assertiva de que toda ideia é derivada de impressão

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de reflexões (paixões, desejos e emoções) têm origem nas ideias copiadas ou gravadas pela memória.

Este raciocínio leva a conceber que as impressões se repetem na mente. A

impressão torna-se ideia toda vez que volta a aparecer na mente desconectada

da primeira sensação que a gerou. Neste retorno à mente, ela se apresenta de duas formas: como memória ou imaginação. Portanto, memória e imaginação são faculdades de repetição das impressões na mente. No caso da repetição chamada de memória o processo se dá próximo da forma primitiva original com “grande vivacidade”, sendo considerada uma situação intermediária entre

im-pressão e ideia. No caso da imaginação a forma original se perde e a repetição

se torna assim uma ideia perfeita.

Na memória as ideias se mantêm com mais nitidez, força, vivacidade e durabilidade do que na imaginação. As ideias da memória são vivas e as da imaginação são tênues. O comum às duas formas de ideias é que são precedi-das por impressões. O que as diferencia é que as ideias da memória ficam presas à impressão, enquanto que as ideias da imaginação não estão sujeitas à mesma forma e ordem das impressões. Portanto, na memória as ideias não variam em relação à impressão e na imaginação o poder de variação é regra. A memória se destaca pela manutenção do padrão original, a imaginação pela transgressão. A memória mantém a ordem seqüencial das impressões, a imagi-nação não segue esse critério. O papel principal da memória é reter a ordem e posição das ideias simples. A imaginação produz a separação entre ideias sim-ples e complexas, permitindo a liberdade de fantasiar. A memória é conservado-ra e a imaginação modificadoconservado-ra. Com isso surge o segundo princípio humeano: “[...] o da liberdade que a imaginação tem para transpor e alterar as suas ideias”. (HUME, [s.d], p. 38)

Diferenciar as funções da imaginação e da memória é importante no racio-cínio de Hume. Neste caso, entender o caráter da imaginação é fundamental, pois através da analogia pode-se entender a função da memória para o processo de conhecimento humano. A união entre as ideias é o princípio universal que orienta a imaginação. A imaginação pode separar ideias simples e uni-las nova-mente de outra forma, mas, isso não significa que não seja submetida a uma lógica, pois, o contrário implicaria no caos e sua conexão seria obra do acaso. As ideias não são soltas e desconectas, pois possuem laços associativos que permitem às ideias simples se agruparem em ideias complexas. O princípio associativo implica que uma ideia induz a outra, está sempre associada à outra. Trata-se de uma lógica de funcionamento que permite indicar apropriadamente quais ideias simples podem se agrupar e se tornar ideias complexas.

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Existem três elementos para que a imaginação possa fazer a associação de ideias: semelhança, contigüidade (tempo e espaço) e relação de causa e efeito. Estas três qualidades indicam a lógica de que uma ideia leva naturalmen-te à outra. Sobre a semelhança pode se afirmar que a imaginação passa de uma determinada ideia para outra semelhante, permitindo à mente caminhar de uma

ideia a outra. Para a fantasia este é um laço de associação suficiente. Sobre a

contigüidade observa-se que os sentidos seguem o movimento de mudança dos objetos no tempo e espaço e a imaginação adquire o mesmo método no pensar, pois concebem os objetos de acordo as partes de espaço e tempo em que estejam vinculados. Este princípio de adequação da lógica da imaginação à dos sentidos se opera mediante o costume. Sobre a relação de causa e efeito, se define como sendo a que produz na fantasia a conexão de ideias mais consis-tente, permitindo maior facilidade de uma ideia evocar outra, portanto de associá-las. Para que a relação de causalidade esteja posta é necessário ser um objeto causa do movimento do outro ou o primeiro ser causa da existência do segundo. Portanto, só se tem uma associação de ideias por causalidade se um objeto produz uma ação no outro ou produz o outro.

Os efeitos dessa união ou associação de ideias simples são decisivos na formação das ideias complexas. Estas ideias complexas têm origem em algum dos três princípios de união das ideias simples apresentados acima. O sistema de união de ideias simples que geram as complexas se dividem em três moda-lidades: relações, modos e substâncias.

Para se entender as ideias complexas advindas das relações é necessário levar em conta que a palavra relação possui dois sentidos: para designar a ligação entre duas ideias na imaginação onde uma gera a outra, esta é a forma usada em linguagem corrente e para designar a comparação entre duas ideias independente do princípio de conexão, esta é utilizada somente na filosofia. Exemplo: a palavra distância, na linguagem corrente do primeiro sentido, é in-compatível com a palavra relação. Na filosofia, a palavra distância permite esta-belecer relações entre objetos. Portanto, são duas formas distintas de se con-ceber relação.

Neste sentido, as ideias nas relações filosóficas são aquelas advindas da comparação entre objetos. Estas relações filosóficas das ideias possuem sete fontes principais as quais será descrita adiante: a semelhança é pré-condição da existência de qualquer relação filosófica à medida que nenhuma relação pode existir se não houver algum grau de semelhança. A identidade é a mais universal e aplicada a objetos imutáveis. Espaço e tempo é a segunda mais universal e ligado a comparações como distante, contíguo, por cima, por baixo, antes, de-pois, etc. Quantidade é utilizada para objetos que admitem números e são

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fér-teis para comparação. Graus é utilizado quando os objetos possuem a mesma qualidade e podem ser comparados em graus ou cambiantes. Contrariedade é utilizada mesmo que pareça contradizer a primeira fonte (da semelhança) e é aplicada apenas nas únicas ideias contrárias: da existência e não existência, cuja semelhança é admitir a ideia do objeto, incluindo ou excluindo-o. Causa e efeito implica em estabelecer, pela experiência, diferenças entre fenômenos naturais tais como fogo e água, calor e frio pela contrariedade das suas causa-lidades e efeitos.

Para se entender a formação das ideias complexas surgidas a partir da

ideia de substância implica em saber fazer a distinção entre substância e

aci-dente. A substância seria tudo aquilo que não seja acidental no objeto. O autor realiza uma critica às duas possíveis origens para a substância, as impressões de sensação ou de reflexão. Descarta a primeira por não admitir que possa vir dos sentidos (cor, sabor, etc. não são substâncias). Quanto às impressões de reflexão também está descartada, pois se resumem às emoções e daí não se deduz nenhuma substância. Neste sentido, realiza uma redefinição da ideia de substância considerando que seja somente “uma coleção de qualidades parti-culares” ou “uma coleção de ideias simples unidas pela imaginação” (HUME, [s.d], p. 45). Descarta a forma comum de se ver a substância como sendo uma propriedade desconhecida e inerente às coisas e apresenta uma possibilidade de superação desta forma entendendo-a como sendo qualidades unidas pelas relações de contigüidade e causalidade.

A natureza dos modos é diferente. Os modos se formam a partir das ideias simples que estão dispersas em distintos objetos, logo representam qualidades não unidas por contigüidade ou causalidade. Caso estejam reunidas pelo princí-pio de união, este não é considerado como o fundamento da ideia complexa. Estas ideias complexas ao receberem novas ideias modificam o nome modo. Neste sentido, pode-se concluir que a memória tem como função principal orga-nizar as ideias de acordo à seqüência em que se apresentam nas impressões e a função da imaginação é redimensionar estas ideias em princípios associativos. A memória ordena as ideias e a imaginação as associa. Memória organiza e imaginação une ideias. A partir do processo de organização e associação de ideias sugeridas pela memória e imaginação podemos abordar o último aspecto da teoria das ideias de Hume e conseqüentemente compreender o conjunto de suas formulações sobre o conhecimento humano.

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AS IDEIAS ABSTRATAS E O PAPEL DO HÁBITO

Como foi anunciado acima, o autor encerra a elaboração de sua concepção de ideia tratando das ideias abstratas. Começa estabelecendo a existência de

ideias gerais e particulares. Com isso apresenta sua segunda proposição, o

caráter particular das ideias abstratas. Afirma está de acordo ao princípio da identidade entre geral e particular apresentado pelo George Berkeley, ou seja, que as ideias gerais são ideias particulares com significado mais extenso, a qual permite evocar indivíduos semelhantes.

O dilema da natureza das ideias abstratas é saber se representam todas as estaturas e qualidades ou nenhuma em particular. Em outras palavras, as

ideias gerais fazem abstrações dos graus particulares de quantidade e

qualida-de? O autor afirma ser corrente defender a segunda posição, ou seja, negar qualquer particularidade nas ideias gerais. A abstração seria então antagônica ao particular. O argumento em defesa dessa posição sugere que, caso se pen-se o contrário, pen-seríamos obrigados a aceitar que a mente é infinita. O autor pen-se posiciona a favor da primeira (a de Berkeley, a qual considera uma grande des-coberta a respeito do conhecimento humano), portanto, defende que as ideias abstratas contêm as particulares.

As premissas dos argumentos do autor são de duas modalidades. Primei-ramente afirma que ao conceber uma quantidade ou qualidade já se tem noção dos graus. Em seguida coloca que a mente pode formar simultaneamente uma noção dos graus possíveis de quantidade e qualidade. Portanto, a imperfeição e capacidade limitada da mente estão ligadas ao fato de os objetivos serem con-dicionados pela utilidade da reflexão e conversação. A imperfeição das ideias se localiza no âmbito das necessidades do momento e não na natureza delas. A segunda proposição humeana anunciada acima pode ser agora colocada, com maior clareza, nas próprias palavras do próprio Hume: “[...] a mente não pode formar qualquer noção de quantidade ou qualidade sem formar uma noção preci-sa dos respectivos graus [...]”. (HUME, [s.d], p. 47)

David Hume reforça esta formulação com três argumentos. Primeiramente, diz que objetos diferentes são distinguíveis e, conseqüentemente, separáveis pelo pensamento. A mente só separa o que é distinguível e só se distingue o que é diferente. O método nada mais seria o fato de se conferir se as abstrações das

ideias gerais são distinguíveis e diferentes das partes essenciais destas ideias. O

grau da qualidade não é distinto da qualidade e a única separação a ser feita pela abstração entre ideia particular e geral é de distinção e diferença e não de nature-za, pois estão conjugadas na concepção. A ideia surge na mente com um grau

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exato de quantidade e qualidade e isto não impede que se apresentem outras

ideias com diferentes graus. O segundo argumento diz que toda impressão é

determinada em graus de quantidade e qualidade e que a mente tem plena capa-cidade de receber impressões com seus graus ou proporções particulares. Caso contrário existiria a “mais manifesta de todas as contradições, a saber, que a mesma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo” (HUME, [s.d], p. 48). O autor rejeita este princípio da dialética, parece trabalhar sempre com o princípio da identidade, não aceitando o da contradição. Isso pode ser constatado em sua principal premissa, a da identidade absoluta entre sentido (impressão) e raciocí-nio (ideia). Podendo ser conferido na passagem seguinte: “Ora uma vez que todas as ideias se originam de impressões e não são senão cópias e representações delas, tudo o que é verdade acerca de umas, deve reconhecer-se como verdadeiro acerca das outras. As impressões e as ideias diferem apenas quanto á força e à vivacidade” (HUME, [s.d], p. 48). Este princípio de identidade entre sentido e ideia não é afetado por qualquer grau particular de variação. Vejamos o que diz ainda o autor: “Uma ideia é uma impressão mais fraca, e, visto que uma impressão forte necessariamente deve ter quantidade e qualidade determinadas, o mesmo se deve aplicar à sua cópia ou representante”. (HUME, [s.d], p. 49)

O terceiro e último argumento a favor da natureza particular da ideia geral diz que tudo na natureza é individual. É possível uma ideia clara e distinta de uma coisa, pois, segundo o autor, formar uma ideia de um objeto e formar uma

ideia simplesmente é a mesma coisa à medida que a representação da ideia de

um objeto é uma determinação exterior. Toda ideia vem marcada por uma deter-minação do grau de quantidade e qualidade. Portanto, pode-se concluir que as

ideias abstratas são individuais, mas sua representação é geral. A imagem

(representação ou impressão) de um objeto é particular, a sua aplicação ao raciocínio é universal. Neste sentido, pode-se afirmar que a aplicação das ideias extrapola a sua natureza. Com isso, podemos apresentar a terceira proposição humeana a respeito da formação das ideias: a união imperfeita dos graus de quantidade e qualidade nas ideias.

Uma vez definido o caráter das ideias abstratas, ou seja, seu conteúdo no particular, resta refletir sobre o que possibilita a sua existência. Os elementos apresentados até agora não são suficientes para dar conta desta problemática, por isso, entra em análise um novo elemento decisivo na teoria das ideias de David Hume, o hábito. O princípio da semelhança entre objetos permite que se coloque um único nome a eles sem levar em conta graus e diferenças. A seme-lhança apenas permite associar ideias, mas não proporciona condições para analisá-la em suas particularidades. O que proporciona o exame das particula-ridades è o hábito.

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Segundo o autor as palavras não despertam as ideias de todos os objetos, apenas superficialmente os menciona, mas desperta o hábito de examiná-los. E é o hábito que, ao evocar a ideia, permite que a imaginação possa concebê-la em sua particularidade. Os objetos só estão na mente de forma potencial, é a necessidade do momento que permite, junto ao hábito, analisá-los distintamen-te na imaginação. O processo se dá na seguindistintamen-te forma: a palavra gera uma ideia individual e a partir desta o hábito produz outra ideia individual provocada pelo momento. Geralmente é impossível a produção de todas as ideias onde se possa aplicar determinado nome, por isso se tem o hábito de abreviar-abstrair. O importante é que quase não gera inconveniente para o raciocínio esta abrevi-ação. Por incapacidade de ter todas as ideias ao mesmo tempo e a pouca margem de erro no processo é costume abreviar este trabalho limitando o exa-me.

O raciocínio que se está desenvolvendo pode ser expresso da seguinte forma: uma ideia individual, através do hábito, sugere ideias abstratas ou gerais. Isto leva as percepções do tipo exemplificado no triângulo de três lados iguais, pois ao associá-lo a outros modelos observa-se que existem triângulos distin-tos, no entanto continuam sendo triângulos. O hábito é completo, pois cria condições para realizar associações de uma ideia a várias palavras e raciocíni-os distintraciocíni-os. Uma ideia pode então praciocíni-ossuir váriraciocíni-os significadraciocíni-os. Um triângulo é ao mesmo tempo ele e também outras coisas como, por exemplo, uma figura geométrica, etc. Por outro lado, o hábito impede que se extrapolem os marcos de uma ideia, cumprindo a função de disciplina ou como afirma o autor: “tem a função de vigiar”.

O método para abstração ou elaboração de uma ideia geral se apresenta como a formação de uma coleção de indivíduos. Para isso a mente percorre vários indivíduos até formar uma ideia geral. Por isso, sempre se terá a ideia de um individuo toda vez que se tiver uma ideia geral. Trata-se da identidade entre geral e particular, isto implica entender que nunca se esgota a ideia de individuo na ideia geral. Por isso, a segunda proposição nas palavras do próprio Hume pode ser apresentada da seguinte forma: “[...] algumas ideias são particulares pela sua natureza, mas gerais pela sua representação” (HUME, [s.d], p.52).

A união entre uma ideia particular com um termo geral é a origem das ideias gerais ou da abstração. As bases do método desta associação entre particular e geral são: primeiramente se dá pela experiência, onde o termo geral será aquele que faz conexão ou associação, através do hábito, com várias ideias particulares evocando-as na imaginação. Implica em conceber que as ideias gerais ou abstração são realizadas na imaginação, por ser esta o lugar da asso-ciação de ideias. Em segundo, através da analogia, que consiste em apresentar

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exemplos análogos a ideias particulares. Portanto, a experiência com o uso da analogia e a prática do hábito são as condições reais da possibilidade de ideias abstratas.

A quarta proposição humeana defende a preposição da imperfeição das

ideias. Recorrem-se então a experiência e a analogia como princípios que

pos-sam justificar a validade das ideias. Talvez aqui se possa localizar certo aspecto de ceticismo em Hume, a qual se observa nas seguintes palavras: “Não se pode explicar as causas últimas das nossas ações mentais.” (HUME, [s.d], p.52). Porém fica a questão sobre de que forma pode-se superar a imperfeição da

ideia. Hume apresenta quatro elementos com propriedade de resolução do

pro-blema relacionado aos limites das ideias. Os raciocínios não apresentam a imperfeição que possuem as ideias. Nas ideias universais o que se vê claramen-te são as particulares contidas nelas, mas não seus limiclaramen-tes.

O papel da memória neste aspecto é fundamental. Hume relaciona a mória às palavras e aos hábitos. Para ele palavras despertam hábitos e a me-mória é exercitada ou utilizada pelo hábito. O hábito de decorar permite que uma palavra ou expressão inicial desperte, na memória, o conjunto não lembra-do isto é um princípio de associação que pressupõe a memória. Embora a memória não tenha a função principal de associar ideias, ela pode ser utilizada pelo hábito para este exercício. Portanto, o hábito necessita da memória para unir ideias. A memória não une ideias, mas é fundamental para que possa acon-tecer esta união. O hábito necessita da memória para associar ideias e, portan-to para produzir abstrações. O hábiportan-to dá nova função à memória, com isso a memória passa a ser essencial no exercício de abstração tanto quanto a imagi-nação. Esta associação de ideias através de palavras é produzida pela memória e o hábito. A faculdade da mente em gravar e o costume de utilizá-la para asso-ciar ideias se completam na formação de raciocínios. Existe uma unidade entre memória e hábito na produção do pensamento abstrato.

A mente não costuma apresentar todas as ideias simples que fazem parte de uma ideia complexa. A relação entre ideias simples e complexas e a questão da imperfeição das ideias estão posta dentro da mesma problemática. As ideias complexas são compostas de ideias simples e atribuir às ideias certas relações é um hábito humano. Segundo o autor é este hábito que permite corrigir imper-feições ou raciocínio absurdos desde que não se pretenda ser cínico ou sofista. Independente das diferenças entre ideias, as particulares servem sempre para raciocinar sobre outras ideias.

Vimos até agora que a semelhança é o que permite aos indivíduos se agru-parem em torno de um termo geral. A imaginação utiliza esta semelhança para

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raciocinar por associação. Isto acontece no pensamento tanto na conversação como na reflexão. Está colocada então a questão da necessidade e da utilidade para funcionar a imaginação. Toda esta série de argumentos busca criticar a teoria que apresenta as ideias fora da experiência como se existissem à parte do pensamento e este apenas as ordenasse mediante processo de seleção. A formulação final de Hume sobre as ideias abstratas e sua relação com o hábito se apresenta da seguinte forma: “Se as ideias forem particulares na sua nature-za e ao mesmo tempo em número finito, só pelo hábito podem torna-se gerais na sua representação e conter no seu âmbito um número infinito de outras ideias.” (HUME, [s.d], p. 54). O autor considera este o único sistema metodológico que possa explicar a existência de ideias abstratas e o contrapõe às formula-ções que considera idealista.

A última questão a ser resolvida pelo pensamento de Hume acerca das ideias foi denominada por ele como distinção de razão, que nada mais é do que a distinção entre figura e corpo figurado e entre movimento e corpo movido. A dificuldade de se fazer esta distinção no pensamento se deve ao princípio de que todas as ideias diferentes são separáveis. Neste raciocínio se a figura for diferente do corpo é distinguível e, portanto separável. Se forem semelhantes acontece o contrário não podem ser distinguíveis e conseqüentemente separá-veis. A distinção de razão não implica em diferença e separação. A mente não distingue a figura do corpo, pois corpo e figura não são distintos, diferentes ou separáveis se não se constatasse que mesmo nesta situação exista semelhan-ças e potenciais de relações diversas.

O autor trabalha com noção de cor e forma para demonstrar seu raciocínio. Cor e forma de objetos só podem ser distinguidas mediante analogia com outras cores e objetos semelhantes e diferentes. Neste caso, a prática é fundamental para separar o inseparável. Comparam-se objetos de acordo a necessidade ou intenção. Pode-se quebrar a unidade inicial entre cor e forma pela analogia e experiência. Entretanto, isto não quebra a unidade ontológica entre cor e forma nos objetos. Ai está à força do hábito com seu método de analogia. A memória é imprescindível neste contexto à medida que, sem o hábito de gravar para recordar, a analogia seria impossível, conseqüentemente a distinção entre coi-sas não poderia ser feita e não poderia efetuar o raciocínio abstrato.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A teoria do conhecimento de David Hume parte de uma relação de identida-de, qual seja, entre pensamento e matéria. Para o autor não existe pensamento

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fora da experiência. Com esta premissa basilar desenvolve uma teoria do conhe-cimento baseada na lógica do reflexo, ou seja, o pensamento é um reflexo da matéria. Portanto, os conceitos são cópias da matéria. Esta espécie de “teoria do espelho” a respeito da formação dos conceitos concebe o pensamento hu-mano como sendo determinado pela necessidade. O método da analogia se coloca como o único capaz de produzir abstrações, baseado em induções que são limitadas pelo costume, isto é, não será preciso analisar todos os casos para se chegar a uma ideia abstrata, pois a prática demonstra que se pode reduzir o número de objetos analisados para se chegar a uma ideia geral ou abstrata. Como a capacidade da mente humana apenas reproduz conceitos, ela trata somente de conceitos particulares, individualizados. A possibilidade de um conceito geral abstrato só é possível por conta do hábito ou costume. Na forma-ção dos conceitos e elaboraforma-ção de raciocínios entra duas instâncias do real: a mente e a cultura. A mente e a cultura interagem na construção do conhecimen-to, partindo dos conceitos simples para os complexos.

É neste quadro teórico sobre teoria do conhecimento que se inseri o con-ceito de memória em David Hume. A memória é antes de tudo um elemento do entendimento humano. Neste aspecto possui três características essenciais -reter, ordenar e relembrar conceitos. Quando estas características funcionam isoladas na mente geram apenas ideias simples, mas quando são utilizadas pelo hábito produzem ideias complexas ou abstratas. Portanto, a memória par-ticipa como elemento fundamental no conhecimento, tanto em sua forma sim-ples como complexa. Embora participe na formação do pensamento, a memória não é quem processa o conhecimento, possibilita-o, porém, não é quem o rea-liza. A imaginação e o hábito ocupam lugar de primazia neste processo, muito embora dependam e estejam relacionados com a memória. A memória tem uma função de reprodução de imagens e não de criação. Representação e imagem de ideias estão diretamente associadas à memória, enquanto que criação esta associada à imaginação e ao hábito. Representação, imagem e memória se compõem como uma tríade inseparável, cuja função é possibilitar o entendimen-to humano. Portanentendimen-to, quando se refere à memória de um objeentendimen-to refere-se a sua imagem ou representação.

Ao tratar a memória como conservadora não existe juízo de depreciação no raciocínio de Hume. A característica de conservar as imagens das impressões precisamente como são e, especialmente, ter a função de organizá-las na se-qüência correspondente a essas impressões, faz da memória elemento funda-mental para que a mente possa elaborar ideias. No mesmo sentido, quando se refere à importância da memória para o pensamento abstrato, o autor afirma ser a capacidade de registro e de recordação ordenada dos mesmos crucial para

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elaboração do pensamento complexo. Portanto, sem a memória o hábito nada poderia realizar. Em conseqüência, pode-se concluir que, para David Hume, não há conhecimento humano sem a memória.

REFERÊNCIAS

BERGSON, Henri. Matéria e memória. São Paulo: Martins Fontes, 2005. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.

HUME, David. Tratado da natureza humana. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, [s.d]. ___________. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

Referências

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