Q
uatro
ratos
à
sombra
da
E
sfingE
Na cápsula do Ratonautilus, o Professor Volt digitou no painel o destino: Gizé, 16 de julho 1280 a.C. Depois pressionou o botão da partida, anunciando: − Dentro de sessenta segundos, estaremos no Egito! A cápsula começou a vibrar e encheu-se de uma nuvenzinha azul… Meti os tampões nos ouvidos, cerrei os dentes e fechei os olhos. Banggggggg!
Quatroratos àsombrada EsfingE
Finalmente o Ratonautilus parou.
Apurei o ouvido, mas não ouvi ruído algum. Muito, muuuito lentamente, abrimos a escotilha... À nossa volta, estendia-se o deserto egípcio. O sol que surgia no horizonte tingia as pirâmides e a Esfinge com uma
to
na
li
da
de r
ós
ea
.Pasmado, o Benjamim exclamou: − Reparem, as pirâmides são brancas e têm a ponta dourada! E a Esfinge? Está toda pintada às
c
o
r
e
s
!
Tomei nota no meu diário: «1280 a.C., às 5 e 47,
estamos em Gizé, no deserto egípcio».
Assim se compunha a sociedade egípcia.
Mercadores, artesãos, camponeses, pescadores, operários e pastores Escribas
Guerreiros
Sacerdotes e funcionários estatais Faraó O fa raó tinha pod er a bsol uto e er a co nsid erad o fil ho d o de us S ol. Usa va d ua s c oroa s, um a b ra nc a e o utr a v erm elh a, sím bolo s d o A lto e do B aix o E gito.
O professor remexeu no bolso e tirou de lá umas roupinhas minúsculas: − Aqui têm o que vamos ves-tir no Egito! Submeti este vestuário a um tratamen-to especial de miniaturização. Agora faço-as voltar ao tamanho normal.
Tirou um frasquinho do bolso do colete e, com um conta-gotas deitou uma gota de líquido
... e num instante a roupa aumentou, trans-formando-se num fato de linho plissado e ainda numa cabeleira. O Volt entregou-o à Tea e depois ofereceu-lhe uma caixinha de madeira dourada. A Tea abriu-a, encantada. Continha preciosas essên-cias perfumadas e frasquinhos de alabastro cheios de produtos para a maquilhagem.
Depois de nos termos vestido, a Tea maquilhou-nos os olhos.
Agora parecíamos mesmo ANTIGOS EGÍPCIOS! Reparei que o Esparrela meteu no bornal um mis-terioso saquinho de
seda preta.
O que teria lá dentro?
De repente, o professor bateu com a pata na testa. 13
Quatroratos àsombrada EsfingE
U sa va d ua s c oroa s, um a b ra nc a e o utr a v erm elh a, sím bolo s d o A lto e do B aix o E gito.
− Estava a esquecer-me de uma coisa importantíssima! Tirou do bolsinho um mi-núsculo auricular.
− Isto é um
um tradutor especial inven-tado por mim. Traduz instan-taneamente tudo o que ouvi-mos e tudo o que dizeouvi-mos! O Esparrela enfiou o Ratolink num ouvido e rabujou logo: − Argr, não funciona! Não oiço nada!
O Volt suspirou: − É que meiro tens de o ligar!
MAQUILHAGEM
Os egípcios maquilhavam os olhos (com uma mistura de chumbo, prata e azeite) por motivos estéticos, mas também para se protegerem do sol e das infeções. Muitas vezes colocavam na cabeça um cone de cera que se derretia lentamente, libertando um intenso perfume.
Davam importância à higiene e lavavam-se com muita frequência.
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O Esparrela ligou o ratolink: − Umdoistrês-experiênciaaaaa! Gerooooonimo! Ouves-me? Hã? Estás a ouviiiiiiiiiiiir?
A Tea murmurou: − Escutem… Ouvi um canto ao longe.
Era um grupo de operários que se dirigiam para o trabalho. Pasmado, murmurei: − Incrível! Consigo perceber o egípcio antigo!
O Benjamim perguntou: − O que é Maat, professor? − Maat é a Ordem Divina. Segundo os antigos egípcios, tudo no mundo segue a lei da ordem
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Quatroratos àsombrada EsfingE
Longo sErá o nosso dia
E fatigantEonossotrabaLho…
assim o QuEr Maat.
masimEnsoé o
nossoorguLho,
porQuE construímos um tEmpLoa rá
o SEnhordo soL,
aQuELE QuEaLimEnta
atErra dE Luz…
Quatroratos àsombrada EsfingE
universal e da harmonia. Por sua vez, Amun é o deus do Sol, que os egípcios adoravam também sob outros nomes: Aton, Atun, Rá.
Escondemos o Ratonautilus numa cova na areia, cobrindo-o com folhas de palmeira, e depois deitá-mo-nos ao trabalho.
A Tea tirou fotografias e eu tomei apontamentos. O professor colheu amostras de areia e meteu-as em envelopes transparentes, ajudado pelo Benjamim. Entretanto o Esparrela, estendidoÀ SOMBRA DA ESFINGE dormia uma soneca.
Uma hora depois tínhamos acabado.
– Onde é que se toma o pequeno-almoço? Eu cá sem uma bica de manhã não consigo funcionar!
De repente ouvimos um ruído. Calados como ratos, corremos a esconder-nos atrás da grande
pirâmide de Quéops. O meu primo e s p r e guiçou-se.
...
a
gr
an
de
p
irâ
m
ide
de
Qué
ops
…
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Nut, o Céu Rá, deus Sol Hathor Geb, a Terra
Néftis Atun, o Criador Chu Téfnut
Khnum Anúbis,
deus chacal deusa leoa Sekhemet,
Sobek, deus crocodilo Khepri Tot, deus íbis Set Bastet, deusa gato
VIDA NO ANTIGO EGITO A civilização egípcia surge no IV milénio a.C.
Em 3000 a.C., o lendário rei Menés unificou as tribos e iniciou a primeira das trinta dinastias egípcias. Esta civilização criou uma das primeiras for
-mas de escrita e concebeu um calendário
aperfeiçoado. A escultura, a poesia, a arquitetura, a matemática, a geometria e
a medicina atingiram níveis
excelentes. Mas por que
razão uma civilização tão evoluída teve origem no Egito?
Este território é atravessado
pelo Nilo, um rio com inundações
periódicas que deixam no solo uma camada preciosa de limo, o qual torna os terrenos altamente férteis com colheitas muito ricas. A criação de sistemas de irrigação trouxe aos antigos egípcios prosperidade económica, o que levou ao desenvolvimento das ciên-cias e das artes.
Fio de prumo dos engenheiros egípcios. Após cada inundação traçava-se de novo os limites dos campos.
O shaduf era um sistema
para irrigar os campos.
HINO A OSÍRIS
GLÓRIA A TI, OSÍRIS, SENHOR DA ETERNIDADE. POR TI CORREM AS ÁGUAS,
POR TI SOPRAM OS VENTOS DA NOITE. OS CÉUS E AS ESTRELAS OBEDECEM-TE. POR TI SE ABREM OS ETERNOS PORTÕES… AS SEMPRE JOVENS ESTRELAS
PERANTE TI SE INCLINAM E A TUA MORADA SÃO ASTROS QUE NUNCA REPOUSAM.
EM TODAS AS TERRAS ÉS TEMIDO. OS POVOS EXALTAM
O TEU NOME ACIMA DE TUDO O MAIS!
O Nilo é o rio mais comprido da Terra (6 671km, incluindo também o seu primeiro troço, o Nilo Kagera). Desagua no Mediterrâneo, em delta de 23 000 km2. As estações do Nilo eram três: Akhet (a inundação);
Peret (a estação da germinação); Shemu (o tempo da colheita). Segundo o historiador Heródoto,
«O Egito é uma dádiva do Nilo».
Gizé Mar Vermelho Sinai Mênfis Sakkara Abidos Carnaque Lúxor Tebas Il Cairo Alexandria Roseta Coptos Hermópolis Tebtunis Alto Egito Baixo Egito Assiut Antinópolis Tell el-Amarna Kau el Kebir Akhmim Dandara Suez Saís Kom Ombo Elefantina Assuão R io N ilo Mar Mediterrâneo Damieta