1 TERRAS PÚBLICA E TERRAS PRIVADAS – A DISCRIMINAÇÃO DE TERRAS DEVOLUTAS –
ROTEIRO
1. DOMÍNIO PÚBLICO
Corresponde ao “conjunto de bens sujeitos ou pertencentes ao Estado” (MEIRELLES, 2010, p. 545) A expressão, ora designa o poder que o Estado exerce sobre os bens próprios e alheios, ora designa a condição desses bens; exterioriza-se em poderes de Soberania e em direitos de propriedade.
O domínio público se subdivide em domínio público em sentido amplo, também denominado domínio eminente, que consiste no poder político pelo qual o Estado submete à sua vontade todas as coisas de seu território; e domínio patrimonial, que consiste no poder de propriedade que exerce sobre seus bens (art. 20 e 26 da CF/88), submetido a um regime jurídico especial e derrogatório do direito privado.
2. TERRAS PÚBLICAS
2.1. Propriedade original das terras no Brasil
No Brasil, todas as terras foram originariamente públicas, pertencentes à coroa portuguesa...
2.2. Distribuição das terras no Brasil. Desordem
Paulo Tormim Borges (1998, p.45), fazendo referência a José Eduardo da Fonseca, aponta que a propriedade territorial no Brasil pode se dividida em quatro fases; das sesmarias, das posses, da lei de terras e republicana.
2.3. Terras devolutas 2.3.1 Definição
Terras devolutas significa, terras vagas, não ocupadas (abandonadas). Segundo Messias Junqueira “são aquelas terras que não verteram para o domínio privado, deste excluído, evidentemente, o que estive aplicado a qualquer uso público.” Altir de Souza aborda o significado de terras devolutas a partir de dois referenciais distintos, para ele, no tempo do Império eram terras ermas, sem aproveitamento, desocupadas, ou ainda, aquelas devolvidas à Coroa Portuguesa, pela ocorrência do comisso; no período Republicano, a ideia de terreno ocupado cedeu lugar à concepção de que, mesmo ocupadas, as terras se considerava, devolutas. (MARQUES, 2007)
2.3.2 Histórico legislativo
-Lei de Terras - Lei 601, de 18.09.1850- definiu terras devolutas, trouxe a previsão da discriminação das terras devolutas, mas não trouxe a forma de realizá-la
2 -Decreto Imperial 1.318, de 30.11.1854 – regulou a Lei de Terras, mas não regulou o processo administrativo de discriminação de terras devolutas
-Constituição de 1891- Transferiu as terras devolutas aos Estados, não revogou a Lei de Terras
-Decreto 10.505, de 05.03.1913 – estabeleceu regras referentes ao processo administrativo de discriminação de terras devolutas
-Decreto 19.924, de 27.04.31- tratou sobre terras devolutas
- Decreto- lei 9760, de 05.09.1946- retomou a regulamentação da discriminação de terras devolutas trazendo a duplicidade procedimental: administrativa e judicial
-Lei 3.081, de 22.12.1956-Processo da AÇÃO DISCRIMINATORIA – havia o entendimento de que essa lei tivesse extinguido o processo administrativo discriminatório
- Lei 4.504, de 30 11.1964 – (Estatuto da Terra) – art. 11 dispõe sobre a ação discriminatória, restaura a instância judicial;
- Lei 6.383, de 07.12.1976
2.4. Lei de Terras: LEI IMPERIAL 601, 18.9.1850 2.4.1. Principal abordagem
2.4.1.1 Definiu terras devolutas
De acordo com o art. 3º da Lei de Terras, terras devolutas são as que não se acharem aplicadas ao uso público, nacional, provincial ou municipal, ( e que ao mesmo tempo) assim como aquelas que não se acharem em domínio particular por qualquer título legítimo, nem forem havidas por sesmarias e outras concessões do Governo Provincial, não incursas em comisso por falta de cumprimento das condições de medição e cultura.
2.4.1.2 Dispôs sobre a legitimação de posse;
2.4.1.3 Estabeleceu o comisso;
2.4.1.4 Instituiu o processo de discriminação das terras públicas particulares; 2.4.2. Decreto Imperial 1.318, de 30.11.1854
- Criou a Repartição Geral das Terras Públicas; 2.5. Discriminação de terras devolutas
2.5.1. Evolução Legislativa
- Decreto 10.505, de 05.03.1913 – estabeleceu regras referentes ao processo administrativo de discriminação de terras devolutas
3 - Decreto- lei 9760, de 05.09.1946- retomou a regulamentação da discriminação de terras devolutas trazendo a duplicidade procedimental: administrativa e judicial
-Lei 3.081, de 22.12.1956-Processo da AÇÃO DISCRIMINATORIA – havia o entendimento de que essa lei tivesse extinguido o processo administrativo discriminatório
- Lei 4.504, de 30 11.1964 – (Estatuto da Terra) – art. 11 dispõe sobre a ação discriminatória, restaura a instância judicial;
- Lei 6.383, de 07.12.1976 2.5.2. Objeto
Terras públicas que não tem divisas certas e área definida, por não terem sido medidas e demarcadas, e que também nunca estiveram no domínio particular, por não terem sido dadas em sesmarias ou por outras formas de concessão.
2.5.3. Finalidade
Distinguir as terras de domínio público daquelas que pertencem a particulares, de modo a estremar as propriedades públicas das particulares, que passaram a integram o domínio patrimonial do Estado, sujeita a um regime jurídico público.
2.6. DISCRIMINAÇÃO DE TERRAS DEVOLUTAS NA LEI 6.383, 07.12.76 2.6.1 Competência Legislativa
2.6.2 O processo discriminatório de terras devolutas da União– ESPÉCIES 2.6.2.1. Do processo administrativo
Comissão Especial Instrução Normativa Atos da Comissão
Medidas Administrativas relativas ao Registro de Imóveis Cancelamento do cadastro daqueles que não compareceram ao processo administrativo
2.6.2.2. Do processo judicial
2.6.2.2.1. Hipótese de cabimento
São quatro as hipóteses que ensejam a instauração do Procedimento Discriminatório Judicial, disciplinado entre os artigos 18 1 23 da Lei 6.383/76:
a) Dúvida;
b) Não atendimento ao edital de convocação;
c) Dispensa do procedimento administrativo por sua presumida ineficácia; d) Atentado (quando...);
4 e) Não assinatura do Termo
2.6.2.2.2. Competência
A ação discriminatória será proposta no primeiro grau da justiça federal, quando se tratar de discriminação de terras devolutas da União, ou quando houver interesse desta. Tratando-se de terras devolutas dos Estados, a competência será da Justiça Comum Estadual, observando-se a Organização Judiciária em cada Estado.
2.6.2.2.3. Rito
Conforme disposto na legislação específica, a ação discriminatória assumirá o rito do procedimento “sumaríssimo” do Código de Processo Civil, hoje “sumário”, disposto nos artigos 275 e seguintes.
2.6.2.2.4. Peculiaridades
-Apelação com efeito exclusivamente devolutivo; -Art. 22
- Caráter preferencial e prejudicial
-Impossibilidade de alterações de divisas a partir do início do processo discriminatório (art. 24) - ATENTADO
-Medidas cautelares (art. 25) -Custas e despesas processuais BIBLIOGRAFIA
BORGES, Paulo Torminn. Institutos básicos de direito agrário. Saraiva: São Paulo, 1998. CARVALHO, Edson Ferreira. Manual didático de direito agrário. Juruá: Curitiba, 2010. MARQUES, Benedito Ferreira.Direito agrário brasileiro. 7.ed. Atlas: São Paulo, 2007.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. Malheiros: São Paulo, 2010. OPITZ, Sílvia C. B., OPTIZ, Oswaldo. Curso completo de direito agrário. 4. ed. Saraiva: São Paulo, 2010.
5 ANEXO I
ESQUEMA
DISCRIMINAÇÃO DE TERRAS DEVOLUTAS (Lei 6.383/76)
PRIMEIRA ETAPA – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO COMISSÃO ESPECIAL
MEMORIAL DESCRITIVO DA ÁREA DISCRIMINADA
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DOS INTERESSADOS (apresentação dos títulos) (60 DIAS)
AUTUAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO
VISTORIA OBRIGATÓRIA (identificação)
TERMO DE PRONUNCIAMENTO (Presidente da comissão, acerca das alegações, títulos de domínios e demais documentos apresentados)
LAVRATURA DOS TERMOS
NOTIFICAÇÃO DOS INTERESSADOS PARA ASSINATURA DO TERMO
SEGUNDA ETAPA – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DESIGNAÇÃO DE AGRIMENSOR
LEVANTAMENTO GEODÉSICO E TOPOGRÁFICO DAS TERRAS DISCRIMINADAS (cada interessado poderá nomear perito assistente)
6 TERMO DE ENCERRAMENTO
REGISTRO DA TERRA DEVOLUTA EM NOME DA UNIÃO OU DO ESTADO
PROCEDIMENTO JUDICIAL
PETIÇÃO INCIAL
CITAÇÃO DOS INTERESSADOS CONHECIDOS E DESCONHECIDOS (por edital)
INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
SENTENÇA
RECURSO DE APELAÇÃO COM EFEITO MERAMENTE DEVOLUTIVO