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1. Introdução ao Comitê

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Academic year: 2021

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GUIA DO(A) PROFESSOR(A)

Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas

Manifestações Populares: direito a livre manifestação e os novos modelos de engajamento 1. Introdução ao Comitê

Criado em 2006, em substituição à Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU) tem como principal função a proteção e a promoção dos direitos humanos ao redor do globo. Possuindo 47 Estados- membros eleitos rotativamente por três anos, o CDHNU é um órgão subsidiário à Assembleia Geral da ONU, aconselhando-a, por meio de resolução, sobre situações de violação de direitos humanos.

2. Introdução ao Tópico

As manifestações populares estão intrinsecamente relacionadas à garantia e à promoção dos direitos humanos. As grandes mobilizações lutaram por aqueles que hoje consideramos direitos fundamentais estabelecidos na Carta da ONU e inseridos nos sistemas legais nacionais. A partir delas, a forma de governo democrática desenvolveu-se; e, por isso, no momento em que as instituições democráticas perecem por toda comunidade internacional, debater a importância dessa mobilização, os direitos dos manifestantes, os limites da força policial e questionar os novos problemas surgidos com os novos modelos de manifestação popular como as ocupações, se torna essencial.

O tópico perpassa por diferentes grupos de interesses e por isso se complexifica num segundo olhar, levantando questões a serem pautadas no guia. Primeiro temos os Estados: como suas estruturas influenciam às manifestações? Qual o seu dever para com a sociedade civil? As manifestações podem ser consideradas assuntos de segurança nacional? Logo após, temos as Forças Policiais: qual o treinamento que recebem? Quais as armas que utilizam e quando agem? Os manifestantes: como se organizam? Quais são seus direitos e deveres? Quais os limites de uma manifestação? Para além desses atores, temos também as ONGs e a sociedade civil não manifestante, aos quais devem ser garantidos os mesmos direitos.

Debater o Estado é importante visto que sua estrutura e relação com a sociedade muda de nação para nação. Utilizando de um exemplo extremo, mas não fazendo juízo de valor, os EUA são um República Democrática enquanto a Arábia Saudita é uma Monarquia Absoluta

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Teocrática. Essa diferença de regime também gera uma diferença na relação entre governo e governados. No que diz respeito às manifestações populares, essa relação é essencial, visto que vai determinar se o Estado respeitará ou não – se irá sentir-se ameaçado ou não – o direito a livre manifestação.

Para além da forma do Estado, entendemos que discutir o dever dessa estrutura para com a sociedade civil fundamental. Historicamente, a ideia de que o Estado deve retornos à população nasceu com a Revolução Francesa. Tal revolução social de massa estava embebida nos princípios do ​liberalismo político ​e do ​iluminismo ​que difundiram a ideia central de que os indivíduos dispõem de certos direitos fundamentais. Além disso, é o nascimento do ​Estado Liberal de Direito que inicia o desmonte do absolutismo e coloca o povo como detentor de todo o poder estatal. Nessa nova concepção de Estado, porém, a nova dinâmica diferencia a população economicamente e a camada proletária passa a demandar cada vez mais justiça social. Dessa vez, com a difusão do ​movimento socialista ​a concepção do ​Estado Social nasce. Esse teria um papel ativo na sociedade, intervindo no mercado e até mesmo na propriedade privada. Infelizmente, a partir dessa concepção criou-se espaço para a ascensão de governos autoritários como o fascismo e o nazismo. Assim a última concepção de Estado surge na intenção de corrigir a opressão gerada pelo formato anterior. O ​Estado Democrático de Direito funciona como um provedor da ordem, segurança jurídica e bem-estar geral. Ele transcende a mera participação dos indivíduos no poder, colocando-os como agentes ativos na transformação da sociedade

Se as manifestações populares ao longo da história foram responsáveis por essa mudança na concepção do Estado e na formulação dos direitos humanos, atualmente, elas não deixam de ser mais importantes. Devemos perceber o quanto o direito fundamental a liberdade de expressão fica ameaçado quando as desigualdades sociais minam as condições para a livre e acessível deliberação política. Os cidadãos menos abastados afastados dos meios institucionais acabam voltando-se para os meios não institucionais para chamar atenção a suas causas. Exemplos são os grandes protestos, os bloqueios de ruas, a ocupação de praças e prédios públicos, as denúncias na mídia, os ataques cibernéticos, as greves de fome e as grandes greves trabalhistas. Todos podem ser categorizados como atos de ​desobediência civil.

Segundo Freeman (1966), a desobediência civil se caracteriza por ser contra uma lei específica ou ato de Estado que tenha o efeito de uma lei, a qual é desobedecida por ser considerada imoral e injusta e até mesmo contra os direitos naturais do homem. Em primeiro lugar, é um ato intencional e organizado com o objetivo de chamar atenção. Em segundo lugar, uma característica muito importante é a ​não violência.​ Tais atos têm pelo menos em princípio a intenção da pacificidade, visto que o direito a violência fora totalmente perdido ao longo do tempo e transferido para o Estado. Isto é, o Estado possui o monopólio do uso da força. A desobediência civil implica na quebra pacífica de leis injustas.

A palavra “desobediência”, porém, levanta o problema central e de difícil aceitação pela sociedade dessa forma de comunicação social de massa ​: a quebra da lei (FREEMAN,1966). Não são todas as formas de protestos que chegam a quebrá-la, por outro lado, muitos desses

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meios acabam desestabilizando a ordem vigente e implicando na violação dos direitos de outros indivíduos. A própria ideia de desobedecer significa resistir fisicamente ou psicologicamente ao desejo ou ação de outrem (FREEMAN,1966). Quando esse outro é o Estado, os indivíduos estão indo contra a lei e são considerados contraventores e passíveis de prisão. Aqui está um ponto importante para o debate, que ​contrapõem os direitos humanos a segurança nacional​. Enquanto regimes democráticos tenderão a pender a balança a defesa dos direitos humanos, regimes mais autoritários tenderão a segurança nacional.

Por esse motivo, é comum que haja um ​uso exacerbado de violência policial contra atos de desobediência civil.​Das manifestações ocorridas entre 2006 e 2013 por todo o mundo, mais da metade acabaram sendo alvo de violência policial, seja por repressão estatal – normalmente nos países autoritários–seja porque a manifestação acabou se transformando em violência ou violação de propriedade privada. A força policial está empregando a violência desproporcionalmente principalmente nos países de baixa renda na América Latina e na África. O uso de armas inapropriadas para serem usadas contra os manifestantes e o despreparo de cada policial para lidar com essas situações é notável. No Brasil, temos os casos no qual fora permitido a utilização de técnicas de tortura contra estudantes que ocupavam uma escola em Taguatinga (GLOBO, 2016) e diversos casos de ferimentos causados pelas bombas e balas de borracha usados pelo batalhão de choque. Nos Estados Unidos, bombas de gás lacrimogêneo e equipamento militar foram utilizadas para controlar os manifestantes do protesto em Ferguson por causa da morte de um jovem negro desarmado pela polícia.

Alguns dos principais motivos para manifestações entre 2006 e 2013 foram: 1) Justiça Econômica; 2) falha na Representação Política e Sistemas Políticos; 3) Justiça Global; e 4) Direito das Pessoas. Neste mesmo período foram detectados os métodos mais utilizados pelos manifestantes pelo mundo. O método mais popular foi através de marchas e assembleias, sendo o mais usado no Leste Asiático e Pacífico (equivalente a 73% dos protestos na região), seguido pela Europa e Ásia Central (68% dos protestos na região). Após, encontra-se o método de ocupação e desobediência civil, que, apesar de considerado ilegal em diversos países, tem se estabelecido como um método aceito pelos novos movimentos sociais em todas as regiões Em terceiro, a divulgação e vazamento de informações governamentais ou corporativas por hackers em ataques cibernéticos, pois reúnem e disseminam informações secretas capazes de comprometer políticas de estado inteiras. Em quarto, métodos de auto-violência e greves de fome, raramente aplicados e mais usados por prisioneiros ou vítimas de regimes autoritários e brutais.

Em linhas gerais o tópico discutido foi apresentado aqui. O tema é complexo, mas cada vez mais importante de ser discutido, principalmente por àqueles e àquelas que estarão logo entrando na política e votando em seus representantes. Além disso faz parte da realidade atual brasileira que a partir de toda nossa crise institucional passou a conviver com frequentes atos de desobediência civil.

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3. Dinâmica do Comitê

Durante a simulação, o estudante irá representar um país e tem por finalidade defender através de argumentos sua posição de política externa acerca do tópico. Além disso, é possível que o aluno promova alianças com os países que se encontram na mesma situação que a sua durante o debate. A união entre países alinhados ajuda na elaboração de propostas para a solução de problemas, amenização de prejuízos e conquista de benefícios. Tais ideias são redigidas pelos delegados durante a simulação em forma de ​Documento de Trabalho que são entregues aos moderadores do debate para que possam ser impressos em quantidade ou projetados para que todos do comitê possam avaliar e debater as propostas. Os documentos podem ser escritos em grupo ou individualmente e ser entregue a qualquer momento da simulação.

No último dia de simulação, os delegados, em conjunto, devem redigir uma ​Resolução Final que deve constar todos os pontos importantes discutidos nos dias de debate. Os pontos redigidos em Documentos de Trabalhos que possuem concordância entre todos do comitê ajudam na escrita desse documento final, pois reflete uma convergência de posição que possui caráter de recomendação a ser praticada pelos países.

É importante ressaltar que os escritos dos delegados devem buscar a cooperação entre os países, sendo eles alinhados ou não, e que os pontos redigidos possuem caráter recomendatório, ou seja, são as atitudes e ações que esperam ser postas em prática no futuro.

4. Objetivos da discussão

O UFRGSMUNDI visa com essa temática desenvolver a capacidade crítica dos estudantes no que tange os movimentos sociais e as ações policiais e estatais. Além disso, dada a baixa cultura política que a sociedade brasileira detém, pretendemos evidenciar a importância do engajamento social, sendo assim transformadores de nossas realidades.

5. Questões norteadoras para professores

A. Por que as manifestações populares são uma importante peça dos regimes democráticos? B. Como a comunidade internacional pode criar mecanismos de defesa do direito

fundamental à manifestação e liberdade de expressão? C. Quando a força policial deve ser imposta e sob quais limites?

D. Os novos modelos de manifestação precisam de novas legislações específicas?

E. Como o posicionamento político da manifestação reverbera no posicionamento da força policial e na geração de violência?

6. Materiais de apoio

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direção de Leyla Bouzid, Gandhi (1982) direção de Richard Attemboroough, Ocupar e Resistir (2016) realização pela Agência Democratize. Junho – O Mês que Abalou o Brasil (2014) dirigido por João Wainer e As sufragistas (2015) dirigido por Sarah Gavron.

Referências

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