• Nenhum resultado encontrado

Geoglifos do Acre. Imagem: NOAA/NGDC - Serviço de Informação por satélite Foto: Sérgio Vale

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Geoglifos do Acre. Imagem: NOAA/NGDC - Serviço de Informação por satélite Foto: Sérgio Vale"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Geoglifos

do Acre

Imagem: NOAA/NGDC - Serviço de Informação por satélite

(2)

Geoglifos: Mensagens para os Deuses?

Gigantescas figuras geométricas esculpidas há mais de mil anos nas terras altas acreanas parecem formar paisagens sagradas.

O

Acre é um dos poucos lugares do mundo onde é possível encontrar vestígios arqueológicos representa-dos por figuras de grandes dimensões elabo-radas sobre o solo, os chamados Geoglifos. Essas figuras, representadas por desenhos geométricos (linhas, quadrados, círculos, octógonos, hexágonos etc.), zoomorfos (ani-mais) ou antropomorfos (formas humanas), são tão gigantescas que só podem ser total-mente vistas do alto, em especial, através de sobrevôo.

Os Geoglifos mais conhecidos e estudados estão na América do Sul, principalmente na

re-gião andina do Chile, Peru e Bolívia. As linhas e geoglifos de Nazca, no Peru, são o exemplo mais conhecido desses desenhos. Entretanto, os Geoglifos existem também em outros paí-ses como Austrália e Estados Unidos.

Os geoglifos de Nazca foram descobertos em 1927, com o advento da aviação comer-cial e ganharam fama mundial com o lança-mento do livro “Eram os Deuses Astronautas” de Erich Von Daniken.

O fato dos geoglifos serem figuras que não são vistas do solo levanta uma série de ques-tionamentos sobre a sua origem. A primeira Imagens meramente ilustrativas de guerreiros

Incas, representando a possibilidade de uma civilização amazônica.

(3)

dúvida é como o homem conseguiria se guiar para fazer figuras tão complexas como as de Nazca? Esses questionamentos fizeram surgir várias teorias, uma delas é que essas figuras não foram feitas pelo homem, e sim por seres extraterrestres. Outra teoria bastante aceita atu-almente é a de que esse povos tinham tecnolo-gia para fabricar balões e por isso puderam se guiar para construí-los. Essa teoria foi inspirada no fato de que um vazo foi encontrado com o desenho de um balão.

O segundo “ponto de interrogação” é por-que desenhar figuras de forma por-que os homens não podem vê-las? Para responder a pergun-ta surgem pergun-também várias teorias, entre elas a de que as figuras são realmente feitas para se visualizar do alto, para devoção ou agradeci-mento aos deuses.

GeoGlifos no Acre

No Brasil os geoglifos podem ser encontra-dos apenas na região do Vale do Acre, entre os rios Acre, Iquiri e Abunã, na rota que vai de Rio Branco à Xapuri. Nesta região, foram

encontrados apenas geoglifos geométricos - círculos, quadrados, retângulos e espirais.

Os geoglifos acreanos foram descobertos no final da década de 70, quando o avanço das frentes de expansão agrícola do sul do Brasil rumo à Amazônia retirou a cobertura florestal de milhares de quilômetros quadra-dos. Essa mudança na paisagem possibilitou observar a existência de desenhos geométri-cos escavados em baixo relevo.

Em 1977, como parte do inventário do Programa Nacional de Pesquisas Arqueoló-gicas da Bacia Amazônica (PRONABA), foi registrada pela primeira vez, nas imediações da sede da Fazenda Palmares, a ocorrência de estruturas de terra de forma geométricas, posteriormente chamadas de geoglifos. As pesquisas do PRONAPABA no Acre, coor-denadas pelo do Prof. Dr. Ondemar Ferreira Dias Junior da UFRJ, contaram com a partici-pação de Franklin Levy do IAB e Alceu Ranzi da UFAC.

Atualmente estão registrados 110 pontos de ocorrência de Geoglifos no Estado, totali-zando a existência de 138 figuras, distribuídas em uma área de 270 quilômetros entre Xapuri e Boca do Acre, no sul do Amazonas. Acre-dita-se que apenas 10% do total presumível de geoglifos foram localizados até agora , em parte devido à densidade da vegetação. Eles ainda são um grande mistério para os pesqui-sadores, mas crescem as possibilidades de te-rem sido construídos por uma civilização que viveu entre 800 e 2000 anos atrás.

PistAs PArA um mistério

Há mil anos, populações pré-colombianas da Amazônia Ocidental resolveram cavar imensas trincheiras nos platôs que existem entre os afluentes do alto rio Purus, um rio que Os misteriosios desenhos de Nazca.

(4)

deságua no Amazonas. Formando imensos cír-culos e quadrados, entre outras figuras geomé-tricas, esses locais foram palco de atividades ritualísticas por nós desconhecidas, mas que aparentemente buscavam comunicar-se com o sobrenatural – deuses e antepassados. Os ge-oglifos formam verdadeiros desenhos urbanos, com caminhos que os conectam, com entradas e saídas, sempre construídos em posição es-tratégica, de forma a perceber de longe quem se aproxima vindo das margens dos rios. A mo-numentalidade dos geoglifos deve ter causado temor, êxtase e respeito, sentimentos que expe-rimentamos quando adentramos uma catedral, um palácio ou uma pirâmide. Reunidos nessas grandes praças geométricas, os antigos ama-zônidas sentiam-se conectados com o cosmos,

talvez esperando que suas necessidades fos-sem atendidas.

temPlo ou fortificAção?

Trincheiras são geralmente indícios de es-truturas defensivas, assim como muros po-dem ser remanescentes de antigas paliçadas (espécie de cerca feita de madeira ou adobe, para cercar um assentamento, prevenindo do ataque de inimigos). As trincheiras que for-mavam os geoglifos parecem ter sido deli-mitações de um espaço que ao nível do solo separava o espaço mundano de uma espaço sagrado, cuja monumentalidade o tornava visível aos deuses. Os geoglifos podem ser entendidos como templos, parte de uma geo-grafia sagrada que congregava peregrinos de lugares longínquos.

umA civilizAção AmAzônicA?

A idéia de civilização está ligada a cida-des, locais onde existem bairros e diversas áreas comerciais e residenciais. Os geoglifos tinham sim estradas que os conectavam, re-velando uma malha quase urbana de lugares e caminhos. Ainda assim não poderíamos chamá-los cidades, mas centros de encontro, formas geométricas encontradas em baixo

rele-vo no estado do Acre.

Círculos são símbolos da totalidade do universo, da perfeição, representam os atributos do absoluto. Além disso, representam a circularidade dos fenô-menos naturais. Enquanto o círculo se identifica com o céu, o quadrado se identifica com a terra, com os pontos cardeais, com as quatro estações. É possível que a construção de tais figuras monumentais esti-vesse relacionada com uma magia que se acreditava capaz de restaurar o equilíbrio das forças cósmicas e naturais, em época de grandes dificuldades.

(5)

lugares sagrados onde se reunia uma popu-lação bastante grande para a época. Loca-lizados a meio caminho entre os Andes e a várzea amazônica, os geoglifos sofriam a in-fluência de ambos os ambientes e devem ter sido palco de cerimônias, festas, conflitos e encontros. Próximo a alguns geoglifos foram encontrados sepultamentos e um estranho

tipo de vaso a que os arqueólogos chamaram “vasos-caretas”, por apresentarem uma face humana sobre o bojo. A representação de fi-guras humanas na cerâmica das sociedades amazônicas do período imediatamente ante-rior à chegada dos europeus, no século XVI, em geral mostra a preocupação em glorificar os antepassados e venerar seus chefes.

Autoria

Dra. Denise Pahl Schaan, arqueóloga, Universidade Federal do Pará. Edição Gráfica: Maurício de Lara Galvão

Saiba mais http://www.geoglifos.com.br/ http://www.terra.com.br/istoe/1604/ciencia/1604outrosdeusesastronautas.htm http://www.ac.gov.br/outraspalavras/outras_6/deuses.html http://altino.blogspot.com/2006/08/japo-filma-os-geoglifos.html http://www.ambienteemfoco.com.br/?p=4863 http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ra/index

(6)

Referencias bibliográficas sobre Geoglifos

Extraídas do artigo (no prelo) “Acrean Geoglyphs: Monumental Earthworks of Western Amazonia”, de autoriade Denise Schaan, Universidade Federal do Pará e Alceu Ranzi Universidade Federal do Acre.

Dias, Jr., Ondemar. Relatórios Pronapaba. 5 volumes. MPEG, unpublished, 1977.

Dias Jr. Ondemar & Carvalho, Eliana. Pesquisas Arqueológicas nos Altos Cursos dos Rios Purus e Juruá. In: Aspectos da

Arqueologia Amazônica. Boletim do IAB, Série Catálogos Número 2, Rio de Janeiro, 1981.

_____. As Estruturas de Terra na Arqueologia do Acre. In: Arqueo-IAB, 29 pp. Rio de Janeiro, 1988.

Heckenberger, M.J. The Ecology of Power. Culture, Place, and Personhood in the Southern Amazon A.D. 1000-2000. Routledge, New York, 2005.

Latini, Rose Mary. Caracterização, Análise e Datação de Cerâmicas Arqueológicas da Bacia Amazônica, através de Técnicas Nucleares. Doctoral dissertation. Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1998.

Latini, R. M.; Alfredo Bellido Jr., Marina A. Vasconcellos & Ondemar Dias. Classificação de cerâmicas arqueológicas da bacia Amazônica. Química Nova 2496:724-729, 2001.

Meggers, B.J. Reconstrução do comportamento locacional pré-histórico na Amazônia. Boletim do Museu Paraense

Emílio Goeldi, Série Antropologia 6(2):183-203, 1990.

_____. Amazonia on the Eve of European Contact: Ethnohistorical, Ecological, and Anthropolgical Perspectives.

Revista de Arqueologia Americana 8:91-115, 1995.

Meggers, B. J., & J. Danon. Identification and Implications of a Hiatus in the

Archeological Sequence on Marajo Island, Brazil. Journal of Washington Academy of Sciences 78(3):245-53, 1988.

Neves, Marcos Vinícius S. das. Geoglifos e tradições ceramistas confirmam a presença depovos pré-históricos no Acre. Achados datam de 1.000 a 2.500 anos atrás. UFAC na imprensa: http://www.ufac.br/imprensa/2002/abril/ artigo499.html, 2002.

Nícoli, Iêda Gomes. Estudo de Cerâmicas de Sítios com Estrutura de Terra Circulares do Alto Curso do rio Purus, por Meio de Métodos Geoquímicos: Datação e Caracterização. Doctoral dissertation, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2000.

Pärssinen, Martti, Alceu Ranzi, Sanna Saunaluoma & Ari Siiriäinen. 2003. Geometrically patterned ancient earhworks in the Rio Branco Region of Acre, Brazil. Western Amazonia. Renvall Institute Publications (14):97-133. University of Helsinki, 2003.

Ranzi, Alceu. Geoglifos patrimônio cultural do Acre. Western Amazonia. Renvall Institute Publications (14):135-172. University of Helsinki, 2003.

Ranzi, Alceu & Martti Pärssinen. Brazilian Amazon Geogliphs. VI Simposio Internacional de Arte Rupestre:114-115.San Salvador de Jujuy-Agentina, 2003.

Ranzi, Alceu & Rodrigo Aguiar. Registro de Geoglifos na região Amazônica – Brasil. Munda (42):87-90. Coimbra-Portugal, 2000.

Ranzi, Alceu & Rodrigo Aguiar. Geoglifos da Amazonia - Perspectiva Aérea. Faculdades Energia, Florianópolis. 53pp, 2004.

Saunaluoma, S; M. Parssinen, A.Korpisaari, J. Faldín, R. Kesseli, J. Korhonen and A. Siiriäinen. Informe preliminar de las investigaciones arqueológicas de la temporada 2002 en el sitio de La Fortaleza de Las Piedras. In: Reports of

the Finnish-Bolivian Archaeological Project in the Bolivian Amazon II, ed. by A. Siiriäinen & A. Korpisaari, pp.

7-33, Department of Archaeology, University of Helsinki & UNAR, La Paz 2003.

Schaan, D. P., & Plens, C. R. 2005. Diagnóstico sobre a situação do Patrimônio Arqueológico na Área de Implantação das Linhas de Transmissão LT 138 kv Epitaciolância/ Rio Branco e LT 69 kv Rio Branco/ Sena Madureira (incluindo áreas das subestações). Museu Paraense Emílio Goeldi. Unpublished report.

Wüst, I. and C. Barreto. The Ring Villages of Central Brazil: A Challenge for Amazonian Archaeology. Latin American

Referências

Documentos relacionados

Diversos estudos têm demonstrado que a composição química das diferentes partes das macrófitas aquáticas reflete a função da estrutura vegetal (Esteves e

Jayme Leão, 63 anos, nasceu em Recife, mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança e, passados vinte e cinco anos, chegou a São Paulo, onde permanece até hoje.. Não

De um lado,existem aqueles que defendem apenas os procedimentos de descontaminação antes da utilização, e outros defendem o uso único e o descarte após o

FIGURA 1: Áreas amostradas para coleta de vespas sociais no distrito de Monte Verde, município de Camanducaia (A), e no município de Ouro Fino (B) no sul do estado de Minas

Já foram amostrados com o radar penetrante no solo (Ground-Penetrating Radar - GPR) 3 Geoglifos, onde em ambos foram constatados alterações áqüeo-antrópicas em seus solos,

Di ga: Para um cálculo mais fácil, você pode usar figuras como círculos para representar dezenas e traços para representar unidades....

A otimização de processo termoquímico de sacarificação deste amido, através de planejamento experimental fatorial 3 (K-p) , cujos fatores foram tempo, temperatura e concentração

Dora integra-se definitivamente ao bando ao decidir trocar o vestido que usava, por uma calça, passando a participar com freqüência das ações empreendidas pelos meninos