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A síndrome de burnout em graduandos de enfermagem

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Academic year: 2021

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ARTIGO ORIGINAL

RESUMO

Objetivos: Caracterizar sociodemograficamente os graduandos de enfermagem, verificar se os graduandos conhecem a definição do termo síndrome de burnout, verificar a presença da síndrome de burnout nos graduandos e avaliar os níveis da síndrome de burnout em graduandos. Métodos: Estudo transversal realizado em uma amostra de 102 graduandos matriculados na Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein, sendo aplicado o Inventário de Burnout de Maslach e um questionário elaborado pelas autoras. Resultados: 95% dos graduandos eram do sexo feminino, com relação à idade houve uma variação de 18 a 50 anos, 86% eram solteiros e 51% dos graduandos referiram trabalhar. A maioria dos graduandos referiu não conhecer a definição de síndrome de burnout. Entre o total de 39 graduandos que referiram conhecer a definição de síndrome de burnout, 56,4% definiram como sendo-a doença psicológica causada pelo estresse de uma profissão. Verificaram-se quanto às médias das subescalas do Inventário de Burnout de Maslach uma média elevada (28,6) em reduzida realização profissional, médias baixa/moderada (23,09) em exaustão emocional e em despersonalização (9,176), demonstrando que nesta amostra não há presença da síndrome de burnout. Quanto aos níveis de burnout em dimensões, verificou-se que 73,51% apresentavam baixo/moderado nível de exaustão emocional; 70,56% baixo/moderado nível de despersonalização e 76% alto nível de reduzida realização profissional. Conclusão: Observou-se uma elevada média na dimensão “reduzida realização profissional”, o que sinaliza a necessidade de uma intervenção junto a estes graduandos para que possam encontrar a motivação inicial da sua escolha profissional. Descritores: Estafa profissional/enfermagem; Estresse psicológico/ enfermagem; Estudantes de enfermagem/psicologia; Doenças profissionais/enfermagem

ABSTRACT

Objectives: To classify nursing students on a socio-demographic basis in order to check whether they are acquainted with the meaning of the term burnout syndrome; to check for the presence of the burnout

syndrome and assess its levels in undergraduate nurses. Methods: A cross-section study was carried out of 102 students at the Nursing School of the Hospital Israelita Albert Einstein. A questionnaire was made up by the authors and applied along with the Maslachs Burnout Inventory (MBI). Results: Ninety-five percent of students were female, aged 18 to 50 years, 86% were single and 51% reported having jobs. Most of the surveyed subjects were not acquainted with the term burnout syndrome. Out of the total of 39 students, 56.9% classified the disease as being psychological and caused by professional stress. As for the mean MBI subscales, it was found that a relatively high mean (28.6%) referred a low feeling of professional accomplishment, a low/ moderate mean (23.09%) were emotionally exhausted and (9.176%) felt depersonalized, which intrinsically proves the absence of burnout syndrome in the sample. As for burnout dimensions, the findings showed that 73.5% are at a low/moderate level of emotional exhaustion; 70.53% suffer from a low/moderate level of depersonalization; and 76% reported a high feeling of professional accomplishment. Conclusion: High means were found at the dimensions of reduced professional accomplishment, which calls for the need to intervene in the case of these students so that they may recall their primary initiative concerning their professional choice.

Keywords: Burnout, professional/nursing;Stress, psychological/nursing; Students, nursing/psychology;Occupational diseases/nursing

INTRODUÇÃO

No início da idade adulta normalmente ocorrem importantes mudanças na vida do indivíduo. É uma fase repleta de expectativas e tomadas de decisões que poderão ser determinantes no futuro do jovem adulto. Nesta época os jovens ainda buscam descobrir a si mesmos, evidenciando um período de transição e adaptação do fim da fase de adolescência para a fase adulta. Além disso, a exposição a um novo ambiente educacional (universidade), bem como de trabalho, leva a questionamentos que se caracterizam desde a capacidade de lidar com a incerteza,

A síndrome de burnout em graduandos de enfermagem

Burnout syndrome in nursing undergraduate students

Juliana Inhauser Riceti Acioli Barboza1, Ruth Beresin2

Trabalho realizado na Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), São Paulo (SP), Brasil.

1 Especializanda em Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo (SP), Brasil.

2 Mestre, Professora Responsável das Disciplinas de Psicologia Aplicada à Saúde e Sociologia e Antropologia Filosófica da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.

Autor correspondente: Juliana Inhauser Riceti Acioli Barboza – Rua Sílvio de Souza, 280 – ap. 34 – Jardim Santa Clara – CEP 03273-500 – São Paulo (SP), Brasil – Tel.: 6104-7790 – e-mail: juinhauser@ yahoo.com.br

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a contradição, a imperfeição até com questões relacionadas com o compromisso e a responsabilidade(1).

Diante disso, torna-se importante a tomada de algumas decisões como a difícil escolha da profissão, a formação acadêmica e o trabalho(1).

O trabalho que constitui um dos aspectos mais importantes na formação da identidade do indivíduo, em que ocorre uma afirmação de si mesmo e o desenvolvimento mais complexo da interação social, pode vir a ser um fator de estresse. Assim, muitos estudos apontam o estresse entre os profissionais da área da saúde em geral, incluindo os enfermeiros(2).

Considerando isso, alguns dos graduandos de enfermagem apresentam uma dificuldade em organizar-se às novas funções estabelecidas pela profissão, a qual exige cuidado, flexibilidade e complexidade no cuidar de outro ser humano. Além disso, é neste momento que alguns desses indivíduos devem conciliar a dinâmica de suas vidas e desenvolver os sensos de disciplina, responsabilidade e habilidade para solucionarem os conflitos tanto externos quanto internos. Inicia-se, dessa forma, uma situação na qual a instabilidade emocional e condutas desadaptadas podem levar estes graduandos ao desenvolvimento da síndrome de burnout(2).

O termo inglês burnout significa queimar ou destruir-se pelo fogo. É uma síndrome do meio laboral caracterizada por um processo de resposta de cronificação ao estresse ocupacional, quando os métodos de enfrentamento falham ou são insuficientes, trazendo consigo conseqüências negativas tanto em nível individual, como profissional, familiar e social(3).

Segundo o psicanalista Freudenberger, que abordou o termo pela primeira vez na área da psicologia, a síndrome de burnout é definida também como o resultado do trabalho intenso sem a preocupação em atender às necessidades do indivíduo que leva a um esgotamento tanto físico como emocional(4). Assim, descreveu burnout como “falha, desgaste para fora, tornar-se esgotado fazendo demandas excessivas de energia, de força ou de recursos”. A propagação do termo deve-se a Cristina Maslach e a Susan Jackson em virtude dos estudos realizados nos últimos anos(4).

De acordo com Maslach e Jackson, a síndrome de burnout acomete profissionais em relação direta com as pessoas e que estão expostos a um estresse crônico, no qual permanecem por um período de tempo, sendo em geral prolongado(5). Dessa forma, os profissionais assistenciais são os mais afetados devido ao fato de estarem em constante contato com pessoas que apresentam situações problemáticas e carregadas de emoção(6). O seu desenvolvimento pode ocorrer de maneira aleatória, portanto, sem seguir uma ordem ou etapa, exatamente por ser considerada uma síndrome(2).

A síndrome de burnout apresenta como principais características a exaustão emocional, a despersonalização e a reduzida realização profissional ou simplesmente

reduzida satisfação pessoal no trabalho(2,4). Os sintomas encontrados podem ser agrupados em quatro áreas: psicossomática, comportamental, emocional e defensiva. Os psicossomáticos são: o aparecimento de cefaléias, tensões musculares, alterações gastrointestinais, perda de peso, insônia, asma e hipertensão arterial(7). Enquanto os comportamentais são: o absenteísmo ao trabalho, aumento da conduta violenta, incapacidade para relacionar-se, abuso de drogas e problemas familiares. Já os emocionais são marcados pelo distanciamento afetivo, impaciência, irritabilidade, dificuldade de concentração e memorização. E, por fim, em relação aos defensivos, temos a negação de suas emoções, desprendimento das pessoas e atenção seletiva, tudo para evitar uma experiência negativa(7).

No entanto, o desenvolvimento da síndrome de burnout entre graduandos de enfermagem inicia-se antes mesmo da formatura, sendo atribuído às expectativas geradas pelos graduandos ao ingressarem na faculdade. Entretanto, quando estas não são correspondidas no decorrer e ao término do curso, ocorre o aparecimento do estresse gradativo e crônico(8). Porém, Schwab et al. registram que a síndrome de burnout vai muito mais além do que essas expectativas dos trabalhadores e das condições de trabalho(9).

Deary et al., em um estudo longitudinal com o objetivo de investigar prospectivamente graduandos de enfermagem acerca de quais os determinantes e a inter-relação entre os fatores estresse, burnout e a desistência do curso, concluíram que estresse, burnout e desistência da faculdade podem não estar diretamente relacionados entre si. E que fatores da personalidade no início do curso contribuem significativamente na previsão de os graduandos terem burnout na sua conclusão do curso, mas as relações entre os fatores não foram tão fortes(10).

Com isso, a falta de formação prática, o tempo reduzido de experiência e o preparo pessoal nas escolas e centros universitários constituem um problema para os jovens que se iniciam no exercício profissional na área de enfermagem. Dessa forma, torna-se importante identificar o nível de acometimento em relação à síndrome de burnout entre os graduandos de enfermagem visto que é a melhor maneira para tentar equilibrar as atividades tendo como finalidades a promoção da qualidade de vida e a formação profissional.

OBJETIVOS Objetivo geral

Verificar a presença da síndrome de burnout nos graduandos de enfermagem da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein.

Objetivos específicos

• Caracterizar sociodemograficamente os graduandos de enfermagem.

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Assim sendo, quando tivermos altas pontuações em EE e DE associados a baixos valores em RP, concluímos que o indivíduo apresenta a síndrome de burnout(4).

Robayo-Tamayo adaptou o MBI para a língua portuguesa(4).

Foi utilizado também um questionário elaborado pelas autoras.

Procedimentos

Na coleta de dados

Os procedimentos na coleta de dados foram: solicitação de autorização para a pesquisa junto à instituição na qual foi realizada a coleta dos dados. Em seguida, foi assinado o Termo de Compromisso do Pesquisador. Após isso, os graduandos de enfermagem foram instruídos e convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, passando para a próxima etapa que consistiu em responder ao Maslach Burnout Inventory e, por fim, o preenchimento dos dados sociodemográficos.

Análise dos dados

Os resultados foram analisados por meio de uma análise estatística descritiva dos dados (média, desvio-padrão, mediana e porcentagens) e por um programa estatístico MINITAB para a construção de tabelas de freqüências acumuladas. Os níveis foram estimados pela soma dos escores nos fatores (variável contínua), seguindo, então percentis da distribuição que estabeleceram intervalos para a identificação dos níveis baixo/moderado e alto (variável intervalar). RESULTADOS

Foram entregues no total 120 questionários aos graduandos de enfermagem da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein da 1a à 4asérie da graduação, sendo respondidos e devolvidos 102 questionários. Características sociodemográficas

No grupo estudado de 102 graduandos, 95% eram do sexo feminino. A idade teve uma variação de 18 a 50 anos (média de 23 anos, desvio-padrão de 6 anos e mediana de 22 anos). Quanto ao estado civil, 86% eram solteiros. E 11% da amostra estudada referiu ter filhos. Entre os graduandos que referiram ter filhos, 54% apresentaram um filho, 27%, dois filhos e 18%, três ou quatro filhos. Quanto à religião, mais da metade dos graduandos (57%) referiu ser praticante de uma religião, dois quais 68% eram católicos.

Além disso, a grande maioria (91%) dos graduandos residia em São Paulo. Em relação à habitação, 83% dos graduandos afirmaram residir com a família e 76,5% referiram possuir casa própria. Com relação ao exercício de atividade remunerada, 51% dos alunos referiram trabalhar (tabela 1).

• Verificar se os graduandos de enfermagem conhecem a definição do termo síndrome de burnout.

• Verificar a presença da síndrome de burnout nos graduandos de enfermagem.

• Avaliar os níveis da síndrome de burnout em graduandos de enfermagem.

MÉTODOS

O presente estudo caracteriza-se por ser de abordagem quantitativa descritiva – exploratória. Foi realizado junto aos graduandos matriculados da primeira à quarta série da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein.

Delineamento do estudo

Foi realizado um estudo transversal de janeiro a outubro de 2006 em uma amostra de 102 graduandos matriculados da primeira à quarta série da graduação de enfermagem, sendo aplicados o Inventário Síndrome de Burnout de Maslach (MBI) e um questionário elaborado pelas autoras.

Casuísta

A amostra do estudo foi composta de 102 graduandos de enfermagem da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein.

Os critérios de inclusão foram:

• estar cursando a 1a, 2a, 3a ou 4asérie da graduação em enfermagem;

• estar disponível e consentir em participar da pesquisa.

Instrumento

Como instrumento de avaliação do presente estudo foi utilizado o Inventário Burnout Maslach (MBI), elaborado por Cristina Maslach.

O MBI é um questionário para ser respondido por meio de uma escala de freqüência de cinco pontos que vai de um (nunca) até cinco (sempre). Este apresenta três subescalas: exaustão emocional (EE), despersonalização (DE) e reduzida realização profissional (rRP). EE consiste em nove itens deste e refere-se ao esgotamento tanto físico como mental, ao sentimento de haver chegado ao limite das possibilidades, enquanto DE a cinco itens e consiste em alterações das atitudes do indivíduo ao entrar em contato com os usuários de seus serviços, passando a demonstrar um contato frio e impessoal ao sofrimento. Por fim, rRP a oito, mensurando a percepção da influência dos outros, o bem-estar com o trabalho, bem como a relação do estudante com seus problemas, evidenciando o sentimento de insatisfação(4).

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Conhecimento da definição de síndrome de burnout No grupo estudado de 102 graduandos de enfermagem, a maioria (62%) referiu não conhecer a definição de síndrome de burnout.

Entre o total de 39 graduandos que referiram conhecer a definição de síndrome de burnout, a maioria (56,4%) dos graduandos de enfermagem definiu-a como sendo uma doença psicológica causada pelo estresse de uma profissão (tabela 2).

No grupo estudado de 102 graduandos de enfermagem verificou-se que a média mais elevada (28,6%) correspondia à subescala de reduzida realização profissional (tabela 3).

Síndrome de burnout em graduandos de enfermagem Presença da síndrome de burnout quanto às médias de MBI

Síndrome de burnout quanto aos níveis do MBI No grupo estudado de 102 graduandos de enfermagem verificou-se que 76% apresentam alto nível de reduzida realização profissional e, em contrapartida, 23% demonstraram baixo/moderado nível (tabela 4).

Avaliação dos níveis de síndrome de burnout em graduandos de enfermagem de acordo com as dimensões

Distribuição dos escores dos graduandos de enfermagem em exaustão emocional

No grupo estudado os dados mostram que 75% dos graduandos de enfermagem apresentam escore até 25. Considerando o escore 25 como ponto de corte, verifica-se que 26,46% dos graduandos de enfermagem apresentam alto nível de exaustão emocional e 73,51% apresentam baixo/moderado nessa dimensão (tabela 5).

Tabela 1. Distribuição das características sociodemográficas dos graduandos de enfermagem Variável Categoria N % Idade 18 a 25 anos 80 78,3 26 a 50 anos 22 21,7 Sexo Feminino 97 95 Masculino 5 5

Estado civil Solteiro 88 86

Casado 7 7 Separado/divorciado 6 6 Viúvo 1 1 Filhos Não 91 89 Sim 11 11 Religião Católica 70 68 Evangélica 13 13 Outros 16 16 Não responderam 3 3

Praticante da religião Sim 58 57

Não 41 40

Não responderam 3 3

Naturalidade São Paulo 68 67

Outros 34 33

Nacionalidade Brasil 101 99

Outros países 1 1

Reside em São Paulo Sim 93 91

Não 9 9 Reside Família 85 83 Sozinho 9 9 República de estudante 8 8 Moradia Própria 78 76,5 Alugada 24 23,5

Exerce atividade remunerada Sim 52 51

Não 50 49

Total 102 100

Tabela 2. Distribuição dos graduandos de enfermagem segundo a definição do termo síndrome de burnout

Definições de síndrome de burnout N %

Doença psicológica causada

pelo estresse de uma profissão 22 56,4

Exaustão, cansaço e limitação física

devido à sobrecarga de trabalho 15 38,5

Pessoa se torna “fria” perante o ser

humano e o seu trabalho 2 5,1

Total 39 100

Tabela 3. Médias das subescalas do MBI

Subescalas de MBI Média Desvio-padrão

Reduzida realização profissional 28,647 3,741

Exaustão emocional 23,09 4,955

Despersonalização 9,176 2,566

MBI = Inventário de Burnout de Maslach

Tabela 4. Distribuição por níveis do MBI

Níveis da síndrome de burnout EE DE rRP

Alto 26,46% 29,40% 76,45%

Moderado/Baixo 73,51% 70,56% 23,52%

EE = Exaustão emocional; DE = Despersonalização; rRP = reduzida Realização Profissional

Tabela 5. Escores dos graduandos de enfermagem em exaustão emocional

Escores N % % acumulada 12 1 0,98 0,98 14 3 2,94 3,92 15 1 0,98 4,90 16 9 8,82 13,73 17 3 2,94 16,67 18 3 2,94 19,61 19 2 1,96 21,57 20 4 3,92 25,49 21 8 7,84 33,33 22 10 9,80 43,14 23 13 12,75 55,88 24 8 7,84 63,73 25 10 9,80 73,53 26 4 3,92 77,45 27 7 6,86 84,31 28 2 1,96 91,18 29 5 4,90 93,14 30 2 1,96 96,08 31 3 2,94 96,08 32 1 0,98 97,06 33 1 0,98 98,04 37 1 0,98 99,02 38 1 0,98 100 Total 102 100,0 100,0

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Distribuição dos escores dos graduandos de enfermagem em despersonalização

No grupo estudado os dados mostram que 75% dos graduandos de enfermagem apresentam escore até 10. Considerando o escore 10 como ponto de corte, verifica-se que 29,40% dos graduandos de enfermagem têm alto nível de exaustão emocional e 70,56% apresentam baixo/moderado nessa dimensão (tabela 6).

dos estudantes de enfermagem mostraram, ou seja, o predomínio do sexo feminino (95%) em graduandos de enfermagem(11-12).

Também revela que a média de idade entre os graduandos de enfermagem foi de 23 anos, confirmando, dessa forma, que esta categoria é jovem(11-12).

Em relação ao conhecimento dos graduandos de enfermagem sobre o termo síndrome de burnout, a maioria (62%) referiu não conhecer sua definição.

De acordo com um estudo preliminar sobre a síndrome de burnout em fisioterapeutas e acadêmicos de fisioterapia, o conhecimento dos graduandos em relação a burnout contribuiria para o reconhecimento dos fatores desencadeantes. Conseqüentemente, ajudaria os graduandos a prevenirem e a controlarem os níveis de burnout, favorecendo assim, de forma adequada, um ambiente de trabalho com qualidade na assistência aos pacientes(4,13).

No entanto, entre os graduandos de enfermagem que conheciam a definição de síndrome de burnout os dados corroboraram com as definições de Freudenberger como sendo “falha, desgaste para fora, tornar-se esgotado fazendo demandas excessivas de energia, de força ou de recursos” e como o resultado do trabalho intenso sem a preocupação em atender às necessidades do indivíduo levando a um esgotamento tanto físico como emocional(4).

No grupo estudado de 102 graduandos de enfermagem verificou-se, quanto às médias das subescalas do MBI, uma média elevada (28,647) em reduzida realização profissional, médias baixa/moderada (23,09) em exaustão emocional e em despersonalização (9,176). Além disso, quanto aos níveis de burnout em dimensões, verificou-se que 73,51% apreverificou-sentavam baixo/moderado nível de exaustão emocional; 70,56%, baixo/moderado nível de despersonalização e 76%, alto nível de reduzida realização profissional. Isso demonstrou que nesta amostra não há presença da síndrome de burnout, pois esta é indicativa quando na amostra ocorrem médias elevadas em exaustão emocional (EE) e em despersonalização (DE) e média baixa em reduzida realização profissional (rRP)(4,14-16).

Dessa forma, esses resultados apresentam similaridade com o do estudo sobre síndrome de burnout em estudantes universitários da área da saúde no qual os resultados apresentaram índice médio/baixo em exaustão emocional, baixo em despersonalização e alto em reduzida realização profissional, também não sendo indicativo de burnout(14).

Identificou-se quanto à dimensão exaustão emocional que 26% dos graduandos de enfermagem apresentam alto grau desta, o que difere de outro estudo no qual 70% de estudantes de fisioterapia apresentam alto Distribuição dos escores dos graduandos de

enfermagem em reduzida realização profissional No grupo estudado os dados mostram que 25% dos graduandos de enfermagem apresentam escore até 26. Considerando o escore 26 como ponto de corte, verifica-se que 76,45% dos graduandos de enfermagem têm alto nível de exaustão emocional e 23,52% apresenta baixo/ moderado nessa dimensão (tabela 7).

DISCUSSÃO

As características sociodemográficas da presente pesquisa confirmam o que outros estudos sobre o perfil

Tabela 6. Escores dos graduandos de enfermagem em despersonalização

Escores N % % acumulada 5 6 5,85 5,88 6 11 10,78 16,67 7 14 13,73 30,39 8 12 11,76 42,16 9 15 14,71 56,86 10 14 13,73 70,59 11 9 8,82 79,41 12 8 7,84 87,25 13 9 8,82 96,08 14 3 2,94 99,02 17 1 0,98 100 Total 102 100,0 100,0

Tabela 7. Escores dos graduandos de enfermagem em reduzida realização profissional Escores N % % acumulada 17 1 0,98 0,98 20 3 2,94 3,92 22 1 0,98 4,90 23 7 6,86 11,76 24 3 2,94 14,71 25 2 1,96 16,67 26 7 6,86 23,53 27 8 7,84 31,37 28 12 11,76 43,14 29 17 16,67 59,80 30 12 11,76 71,57 31 8 7,84 79,41 32 6 5,88 85,29 33 4 3,92 89,22 34 8 7,84 97,06 36 2 1,96 99,02 37 1 0,98 100 Total 102 100,00 100,00

(6)

grau de exaustão emocional, significando assim um esgotamento tanto físico como mental e sentimento de haver chegado ao limite das possibilidades(4,8,13). Porém, cabe ressaltar neste estudo que os graduandos faziam parte exclusivamente da 4a série do curso de graduação, diferindo do presente estudo no qual a amostra incluiu graduandos de 1ª à 4ª série; é necessário também que se leve em conta que normalmente no último ano de graduação os alunos estão sobre uma pressão maior exatamente pela exigência dos docentes durante os estágios curriculares, por estarem próximos da conclusão do curso, pela competitividade do mercado do trabalho e inserção neste e pelas próprias expectativas geradas sobre o seu plano de carreira.

É relevante observar que na dimensão desper-sonalização os graduandos de enfermagem apresentaram 70,56% de baixo/moderado nível de despersonalização. Este dado foi similar ao de outro estudo no qual em relação à dimensão despersonalização os estudantes apresentaram 83,5% em baixo/moderado nível de despersonalização(4,13). Dessa forma, verifica-se que os graduandos de enfermagem apresentam poucas alterações de atitudes ao entrarem em contato com os usuários de seus serviços, passando a não demonstrarem um contato frio e impessoal ao sofrimento. Assim, estes resultados podem corroborar com a hipótese sobre a viabilidade desta subescala(2,4, 8,13).

Quanto à dimensão de reduzida realização profissional, é relevante que 76,45% dos graduandos de enfermagem referiram sentir baixa realização profissional apresentando uma similaridade com outro estudo no qual em relação a esta dimensão 84% dos estudantes apresentaram baixa realização profissional. Com isso, verifica-se que a percepção da influência dos outros, o bem-estar com o trabalho bem como a relação do estudante com seus problemas evidenciam o sentimento de insatisfação(4,13,16).

CONCLUSÃO

Observou-se uma elevada média na dimensão “reduzida realização profissional”, o que sinaliza a necessidade de uma intervenção junto a esses graduandos de enfermagem para que possam encontrar a motivação inicial da sua escolha profissional.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a dedicação e colaboração da Professora Ana Villares Musetti pela análise estatística e a bibliotecária Denise de Moura Campos Claro por contribuir em todas as fases do processo desta pesquisa.

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