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Do ponto de vista técnico, o balanço é positivo

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Academic year: 2021

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zam as fachadas. Nesta zona, uma vez que não há produção localizada de frio e calor nos edifícios, as fachadas são completamente limpas.

como é que o sistema funciona? Existe uma central de produção de ener-gia, existe uma rede de distribuição aos edifícios utilizadores e depois existem as chamadas subestações, dentro de cada um dos edifícios utilizadores, onde se processa a transferência de frio e de calor para o interior dos edifícios. A central utiliza uma tecnologia de tri-geração, o que significa que é uma central onde se produz electricidade, mas ao contrário das centrais eléctricas convencionais, o calor que é libertado da produção de electricidade não é desperdiçado. Uma central termoeléc-trica como a de Sines, onde se produz electricidade com base em carvão, tem um rendimento de cerca de 37%, o que significa que quase 2/3 da energia que é queimada é desperdiçada sob a forma de calor. As centrais de ciclo combinado como a do carregado ou da tapada do outeiro têm rendimentos da ordem dos 55%. Nós temos uma central que ao produzir simultaneamente frio e calor tem um rendimento de 84%.

Por que motivo estas tecnologias de cogeração não são usadas em maior escala?

Para haver co e trigeração tem que haver quem consuma a componente térmica, ou seja o calor e o frio. Quando se constrói uma central eléctrica em Sines, há uma quantidade enorme de electricidade que é produzida, mas só se houvesse ali ao lado um grande complexo ou uma grande cidade é que podia haver uma rede de distribuição a fazer uso do calor. Caso contrário, o calor é libertado e não há consumi-dores. O que nós fazemos com este tipo de centrais que são de pequena dimensão é construir a central junto aos consumidores - a central está aqui, no Parque das Nações - e com isso

diminuímos as perdas de distribuição porque se encontram consumidores mesmo à volta da central.

Trata-se de uma central em meio urbano, que produz decerto emis-sões...

A central fica na zona Norte, já a ca-minho da ponte Vasco da Gama, bem disfarçada, porque está em ambiente urbano e terá sempre emissões, que são sempre controladas, e muito inferiores às de qualquer outra tecnologia. Quantas pessoas estão ligadas à rede da climaespaço?

O Parque das Nações está concebido para uma população de 40.000 pessoas, entre habitação e terciário, que ainda está longe de ser atingida. Mas temos ligados cerca de 120 edifícios ou conjun-tos de edifícios e temos cerca de 3000 clientes / fracções, que correspondem a muito mais pessoas do que isso. Dentro dos clientes temos os muito grandes clientes – Centro Comercial Vasco da Gama, Oceanário, sede da Vodafone, Casino Lisboa - mas também temos o pequeno cliente - o apartamento, a loja, o escritório individual e isso é uma mais-valia deste projecto. Normalmente neste tipo de redes no resto da Europa o que acontece quanto aos edifícios de habitação é que existe um contrato com o condomínio do edifício, o fornecedor de energia entrega energia ao condo-mínio e a factura é repartida por todos os condóminos. Isso desresponsabiliza as pessoas pelos seus consumos e não incentiva à economia e à eficiência, pois a factura é indexada à permilagem. O que nos fizemos aqui foi levar a entrega de energia à porta de cada consumidor, cada cliente tem o seu contador de energia e cada pessoa, cada casa ou cada loja é responsável pelo seu consu-mo. Isso é mais uma forma de incentivar a utilização racional de energia que é a nossa preocupação de base. O projecto já perfez dez anos de fun-Qual o conceito e objectivos do

pro-jecto de rede de frio e calor do Parque das Nações?

O projecto Climaespaço surgiu no âmbito da Expo 98. Na altura em que se pensou organizar a exposição mundial pensou-se em reabilitar um espaço degradado da cidade e também, nas diferentes áre-as, em ir buscar aquilo que fosse state of the art na gestão urbana. Por exemplo, nesta zona não existe a normal recolha de lixo em contentores, mas um sistema de recolha pneumática de resíduos. Foi

aí que surgiu o conceito da distribuição centralizada de frio e de calor, que é um conceito muito antigo - existem redes de distribuição de calor com mais de 100 anos. O conceito da distribuição centralizada de frio é um pouco mais recente mas também já existem redes de frio com umas décadas. Em Lisboa articulámos os dois e construímos uma rede que distribui simultaneamente frio e calor. O conceito básico é que em vez de existir uma produção localizada em cada edifício com os seus próprios

sistemas de climatização, existe uma central única para toda esta zona da cidade onde é produzida a energia. O objectivo primordial deste projecto foi ter uma produção de frio e calor que consumisse o mínimo de energia pri-mária possível e que tivesse o mínimo de emissões poluentes. O sistema pro-porciona uma economia de emissões de CO2 na ordem dos 40%. Houve depois um segundo objectivo, de limpar as fachadas dos edifícios dos aparelhos de ar condicionado que

descaracteri-A rede urbana de frio e calor do

Parque das Nações já tem onze anos

e João Castanheira, director-geral

da Climaespaço, faz o balanço.

Garante que os preços são

competi-tivos com elevada eficiência

energé-tica, mas diz que a recuperação do

investimento está ser mais lenta do

que o esperado. A crise imobiliária,

com os edifícios ocupados ainda

a 50%, afectou o turn-over do

pro-jecto. Mas considera que o pior é

a falta de empenho dos poderes

públicos: mantém-se a penalização

fiscal em sede de IVA e a Cidade

Judiciária, que devia ser um dos

maiores clientes, está em tribunal

por ter decidido não se ligar à rede.

“Do ponto de vista

técnico, o balanço

é positivo”

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ENTREVISTA

cionamento. Qual é o balanço? Do ponto de vista técnico o balanço é muitíssimo positivo. É evidente que quando um conceito novo é introduzido as pessoas tem alguma desconfiança e isso aconteceu em 1998 e na altura foi um bocado difícil de ultrapassar, mas hoje em dia, passados onze anos, podemos dizer que foi um sucesso. Temos um serviço com uma fiabilidade elevadíssima, com pouquíssimas horas de interrupção do serviço e sob o ponto de vista técnico os clientes estão muito satisfeitos. Os objectivos em termos de ligação de edifícios estão alcança-dos. Praticamente todos os edifícios climatizados do Parque das Nações têm ligação à Climaespaço e quem lá habita, na maioria, tem o serviço. A dificuldade que temos é que uma parte dos edifícios já está construída mas não está ainda habitada. Há uma grande quantidade de escritórios que não estão ocupados e de apartamentos que não estão vendidos e isso tem a ver com a conjuntura económica do País e com o excesso de oferta imobiliária que há no mercado.

Mas parece haver pessoas que desis-tiram do contrato com a climaespaço, porque não estão satisfeitas com os tarifários.

A Climaespaço não tem liberdade de escolher preços, os nossos preços de venda de energia dependem de um conjunto de índices que são índices publicados oficialmente, um dos quais é o preço do gás natural. Fruto da recente evolução e da liberalização do mercado do gás baixámos o preço de venda da nossa energia já a partir deste mês de Julho 24%. Ou seja, se o serviço já era competitivo a partir de agora vai ser ainda mais.

Mas temos que recusar a questão da tarifa com números. Neste momento temos uma tarifa de venda de calor que é de cerca de 0,035 euros por KW /hora, que é igual para o aquecimento ambiente e para o aquecimento de águas. O valor da electricidade ou do gás é varias vezes superior. A tarifa da electricidade é na casa dos 0,11, ou 0,12 euros por KW/hora, ou seja, várias vezes mais caro. Não é verdade que o serviço seja mais caro, sendo certo que com a Climaespaço não existem

equipamentos de produção de energia nos próprios edifícios, o que significa que as pessoas não tem que se preocu-par com a sua aquisição, substituição e manutenção. Simplesmente, as pessoas abrem a “torneira” e sai água quente e sai água fria.

Esta ideia de que haveria um preço mais caro tem mais a ver com a parte de frio: o aquecimento é muito mais barato do que qualquer algum tipo de alternati-va. Na parte do frio, e nós corrigimos isso a meio do percurso, o tarifário foi pensado inicialmente sobretudo para grandes clientes, edifícios de escritórios, museus, hotéis, que precisam de muita climatização durante grande parte do ano - a estrutura tinha uma componente fixa da factura elevada, com um preço da energia muito baixo. Para quem só usa frio durante 3 ou 4 meses por ano podia estar a pagar uma componen-te fixa da qual não tirava vantagem, enquanto um grande cliente que usa frio todo o ano beneficia de o preço da energia ser muito baixo. Nós resolve-mos esse problema há vários anos mas admito que a informação não esteja ainda disponível no mercado, criando um tarifário opcional para os clientes residenciais que baixou ao mínimo esta componente fixa e hoje em dia o único custo fixo para a componente frio é na casa dos 5 euros por mes. Depois paga-se aquilo que paga-se consumir.

Pode então afirmar positivamente que é compensador para um cliente residencial contratar o serviço da climaespaço face às demais opções de climatização do mercado, mesmo incluindo o frio?

Sim, com níveis de custo fixo tão baixos – no frio estamos a falar de 60 euros/ ano, só mesmo para alguém que não esteja a habitar a casa e não use o ser-viço é que eu admito que não seja. Tendo em conta o que diz, parece que só por falta de informação é que não estão ainda todas as pessoas ligadas ao sistema da climaespaço... O numero de pessoas que não estão utilizar o serviço é muito baixo. Temos taxas de utilização que são muito pró-ximas das taxas de ocupação dos edi-fícios. Se eu tiver uma taxa de ligação do edifício de 70%, essa taxa é muito

Não é verdade que o serviço seja mais caro, sendo certo que com a climaespaço não existem equipamentos de produção de energia nos próprios edifícios, o que significa que as pessoas não tem que se preocupar com a sua aquisição, substituição e manutenção. Simplesmente, as pessoas abrem a “torneira” e sai água quente e sai água fria.

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próxima da taxa de ocupação do edifí-cio. Os outros 30% não estão a utilizar o serviço é simplesmente porque não vivem lá, porque de facto há um certo numero de apartamentos que foram comprados para investimento, outros que não foram ainda vendidos. É certo também que o número de clientes de calor é superior ao numero de clientes de frio.

Em que termos está prevista a liga-ção dos edifícios desta zona à rede da climaespaço? Quem quiser pode op-tar pelo gás para água quente e por outros sistemas de climatização? Nesta zona da cidade há uma legislação específica. Há uma portaria que regu-la o pregu-lano de urbanização, prevendo a questão da climatização e diz que, se os edifícios desta zona da cidade tiverem aquecimento ou arrefecimento ambiente, então devem usar ou ener-gias renováveis ou a rede de frio e calor fornecida pela Climaespaço. Não há uma obrigação de ligação à rede, há duas alternativas que são oferecidas e que são ambientalmente comparáveis. Mas a água quente não tem nenhum tipo de limitação, as pessoas podem usar os sistemas que quiserem. Se qui-serem usar esquentadores a gás ou acumuladores eléctricos, podem usar. É evidente que existindo uma rede de frio e calor, ela é, do ponto de vista económico, mais vantajosa do que estes sistemas. Usar a electricidade para fazer aquecimento de água é, para além de um crime ambiental, quase um crime económico, pelo que isso custa. E há uma outra questão que é a da seguran-ça – pelo facto de existir esta rede de frio e calor significa que não existem esquentadores e caldeiras dentro das casas e isso significa uma redução de riscos que têm a ver com a queima de gás para aquecimento de água. A climaespaço está sujeita à regu-lação da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos)?

A nossa actividade não é regulada pela ERSE, mas como existe um contrato de concessão existe um concedente, que em nome do Estado português regula a nossa actividade. A Parque Expo, que tem ainda a gestão dos serviços urbanos desta zona, é a ainda a entidade que

regula a nossa actividade, pensa-se que no futuro possam ser as câmaras municipais.

Passando a questões mais globais. como avalia hoje a execução do contrato de concessão celebrado em 1997?

Isto é um investimento totalmente pri-vado, sem nenhuma comparticipação do Estado português, e a contrapartida que nos foi dada foi a de poder operar este sistema durante 25 anos, findos os quais haverá um novo concurso e poderá ser escolhida uma outra entidade. Este pro-jecto quando surgiu aqui em Lisboa foi pioneiro em muitas coisas. Já existiam muitas redes de calor pelo mundo in-teiro, já existiam algumas redes de frio, mas não existia este conceito ter frio e calor no mesmo sistema e diferentes tecnologias na mesma central, tanto é que o nosso grupo – o grupo GDF Suez - tem construído varias outras redes em vários países à imagem de Lisboa e nós temos muito orgulho nisso. Construímos redes semelhante a esta em Barcelona na zona do Fórum 2004, em Saragoça, para a Expo 2008, e estamos a construir uma rede bastante maior em Londres, para a zona dos jogos Olímpicos de 2012. E aprendemos muito com este projecto, para o bem e para o mal. Houve de facto coisas que correram menos bem neste projecto. Desde logo, há uma nota importante: neste projecto de Lisboa todo o investimento foi feito

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pelo operador privado, o que significa que todo o investimento é repercutido nas tarifas aos consumidores finais. A verdade é que a mais-valia ambiental e energética que este projecto tem para o pais não é levada em conta, não houve nenhum tipo de participação das enti-dades publicas neste projecto.

As tarifas são então tarifas reais, em linha do que tem sido defendi-do como boa prática em matéria de consumo de recursos naturais... As tarifas são reais, elas reflectem os custos do serviço, mas não o beneficio ambiental deste serviço. Aquilo que acontece em projectos semelhantes a este mais recentes é que pelo facto de o projecto contribuir para a redução das emissões de CO2 do país, para a redução das importações de petróleo e de gás, os próprios Estados participam e são financiadores do projecto, e isso permite que as tarifas de energia se-jam um pouco mais baixas. Este tipo de projecto é de capital intensivo, tem

um investimento enorme na construção da central, da rede e das subestações, e a recuperação deste investimento é feita a muito longo prazo. Nem todos os investidores estão preparados para trabalhar neste tipo de projectos e é preciso saber esperar para conseguir recuperar o investimento em muito longo prazo.

É por isso que, onze anos depois, esta continua a ser a única rede de frio e calor em Portugal?

Esta é uma questão importante, sen-do este tipo de sistemas bom para o ambiente. Por um lado, o conceito é ainda novo em Portugal e há alguma relutância em aceitar este conceito. Por outro lado, há algumas barreiras impor-tantes, de que posso dar um exemplo paradigmático: os clientes da Climaes-paço pagam IVA a 20% enquanto que os consumidores de electricidade ou de gás natural pagam IVA a 5%, o que significa que em Portugal temos uma fiscalidade que em vez de ser verde é

Desde logo, há uma nota impor-tante: neste projecto de Lisboa todo o investimento foi feito pelo operador privado, o que significa que todo o investimen-to é repercutido nas tarifas aos consumidores finais. A verdade é que a mais-valia ambiental e energética que este projecto tem para o pais não é levada em conta, não houve nenhum tipo de participação das entida-des publicas neste projecto.

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32 |Setembro/Outubro climatização

ENTREVISTA

vermelha. Há um incentivo à electrici-dade e ao gás. Somos o único país da Europa onde isto acontece. Já fizemos exposições ao governo português e explicámos que não é justo que os con-sumidores de uma energia amiga do ambiente sejam penalizados face aos consumidores de electricidade e de gás, mas, mais do que isso, um país que impõe estas barreiras é um pais que não quer receber mais investimentos deste tipo. Há apoios especiais para as energias renováveis, que estão muito em voga, mas a eficiência energética, e é disso que estamos aqui a falar, é ainda um parente pobre em Portu-gal. E nos dias de hoje, não é possível suprir todas as nossas necessidades energéticas com recurso às energias renováveis. Vamos ter ainda, durante não sabemos quantos anos, que usar combustíveis fósseis e temos que o fazer da forma mais eficiente possí-vel. É aí que a eficiência energética é fundamental, é por isso que a politica europeia na área da energia promove a cogeração, a trigeração, as redes de frio e calor.

E somos o único país da União que não o faz?

Em 2006 foi alterada a directiva do IVA, passando a permitir baixar o IVA para a electricidade e para o gás e também para o aquecimento urbano. Em Portugal não se fez uso desta pos-sibilidade e somos neste momento o único pais onde o IVA do aquecimento urbano é superior. Esta descida teria peso praticamente zero em termos de receita fiscal perdida, porque os gran-des consumidores já recuperam o IVA e teria impacto apenas para os clien-tes residenciais. E em termos do sinal que se dá ao mercado era importante, estamos a dar a mensagem errada. Não é apenas a rede de frio e calor do Parque das Nações que está em causa – enquanto houver este tipo de barreiras em Portugal os investidores vão escolher outros países. As entida-des públicas deviam envolver-se mais nestes projectos, se calhar nem sempre financiando ou subsidiando, mas não faz sentido que vivam à margem destes projectos – faz sentido que ajudem a resolver os problemas, por exemplo nesta questão do IVA.

Daí que, no passado, a climaespaço tenha comprado electricidade à EDP, em vez de a produzir? Isso continua a ser compensador?

Nós produzimos a electricidade que consumimos, mas há situações em que, se tivermos que parar a nossa turbina durante dois dias para fazer manuten-ção, paramos de produzir electricidade e temos que a comprar. Isso acontece, mas apenas pontualmente. A questão tem a ver com o interesse económico em comprar electricidade em vez de a produzir e de facto houve uma fase em que isso aconteceu, a trigeração deixou de funcionar e nos passámos nessas semanas a adquirir electricidade para produção de frio e o gás era apenas para produção de calor. Isso foi uma situação-limite em que as tarifas de venda de gás eram de tal forma inadequadas que tornavam impossível a operação. Foi uma decisão política, para marcar uma posição, mas o nosso objectivo não é esse, mas sim o de ter a trigeração a funcionar e a não ser que haja con-dições absolutamente anormais, o que não é o caso, nós vamos funcionar de acordo com o principio que definimos à partida e é isso que temos feito em 99,99% da nossa operação.

A não existência de obrigação de ligação dos edifícios é um factor li-mitante?

A liberdade de contratar deve existir. Eu não digo que se deva obrigar uma pessoa ou uma empresa a contratar um serviço que não quer. Agora, quem pretender ter um serviço deve respei-tar as regras existentes. As regras são suficientes: quem quer ter um siste-ma de clisiste-matização, usa a rede, que é um sistema eficiente, ou usa energias renováveis – não pode é usar outra coisa. É preciso é que isto seja cum-prido e eu diria que é quase sempre cumprido, mas nem sempre. O sistema é mais vantajoso para os utilizadores finais, mas para quem constrói ele não é necessariamente mais barato. Quem beneficia é quem usa, e há quem pense assim: o meu edifício não precisa de cli-matização, e depois quem vem habitar aquele edifício vai chegar à conclusão de que até precisa. E ainda existe um diferendo com um promotor desta zona que decidiu não se ligar à Climaespaço

A liberdade de contratar deve existir. Eu não digo que se deva obrigar uma pessoa ou uma empresa a contratar um servi-ço que não quer. Agora, quem pretender ter um serviço deve respeitar as regras existen-tes. As regras são suficientes: quem quer ter um sistema de climatização, usa a rede, que é um sistema eficiente, ou usa energias renováveis – não pode é usar outra coisa.

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Visto à luz daquilo que nos sabemos hoje, se soubésse-mos que ia ser assim e que ia levar tanto tempo a recuperar o investimento, se calhar não tínhamos feito o investimento – essa é a questão. Nós vamos lá chegar, mas só ao fim de muitos anos.

nem utilizar um sistema com recurso a energias renováveis.

A cidade judiciária?

Sim. Esse complexo, que seria um clien-te da dimensão do Vasco da Gama, de facto não tem ligação à rede da Climaes-paço nem energias renováveis, tem um sistema convencional, o que é como ter um edifício numa cidade com uma rede de esgotos que em vez de se ligar à rede faz uma fossa! O problema aqui foi que a própria Câmara Municipal de Lisboa licenciou o edifício nestas condições, em nossa opinião em clara violação da lei, que recentemente foi reforçada pela própria regulamentação energética que diz que se existir na zona ou nas proximidades uma rede de frio e calor, então a ligação é obrigatória, desde que economicamente justificável. O caso está em tribunal porque a Climaespaço accionou a Câmara com o argumento de que foi licenciada uma construção que não respeita a legislação aplicável nesta zona da cidade, mas para além da questão legal, há aqui uma questão de conceito – que sentido é que faz numa zona destas onde existe esta rede não ter aquele conjunto de edifícios ligado a esta rede? Isto acontece porque há ainda pouca consciência destas ques-tões e há outros valores que se sobre-põem apesar de o discurso ambiental e energético estar muito presente no discurso político.

O que pode concluir-se então do pro-jecto de climatização do Parque das

Nações, apesar de as condições não serem as ideais?

Visto à luz daquilo que nos sabemos hoje, se soubéssemos que ia ser assim e que ia levar tanto tempo a recuperar o investimento, se calhar não tínhamos feito o investimento – essa é a questão. Nós vamos lá chegar, mas só ao fim de muitos anos.

Essas contas não estavam feitas à partida?

Estavam feitas mas não saíram como esperado, porque aconteceu uma sé-rie de situações que não estavam pre-vistas inicialmente, nomeadamente a crise económica e o excesso de oferta imobiliária no mercado, a existência de edifícios sem consumidores. Essa questão não estava equacionada. O resto das questões, como a do IVA, que constitui mais uma barreira à replicação deste tipo de sistema, foi-se descobrin-do posteriormente.

Mesmo assim, a climaespaço vai continuar a apostar neste negócio em Portugal?

O nosso grupo está, apesar das barrei-ras, atento a este mercado e está em vias de constituir uma nova empresa em Portugal, dedicada aos serviços ener-géticos, que vai ter como prioridade precisamente a área da cogeração, da distribuição centralizada de frio e calor e em que vamos activamente procurar novas oportunidades de negócio nesta área. Nos próximos tempos haverá no-vidades quanto a isso.

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