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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS-CCH COORDENAÇÃO DO CURSO DE HISTÓRIA MÁRIO DA SILVA MARQUES JÚNIOR. Boa Vista, RR 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS-CCH COORDENAÇÃO DO CURSO DE HISTÓRIA

MÁRIO DA SILVA MARQUES JÚNIOR

A CONJUNTURA POLÍTICA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA (SINTER): SUA CONTRIBUIÇÃO NA EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 1996 a 1997

Boa Vista, RR 2019

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MÁRIO DA SILVA MARQUES JÚNIOR

A CONJUNTURA POLÍTICA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA (SINTER): SUA CONTRIBUIÇÃO NA EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE 1996 a 1997

Monografia apresentada ao Departamento de História da Universidade Federal de Roraima UFRR, como requisito para a obtenção de título de Licenciatura em História.

Orientador: Prof. Dr. º Jaci Guilherme Vieira

Boa Vista, RR 2019

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Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima

Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária/Documentalista: Maria de Fátima Andrade Costa - CRB-11/453-AM M357c Marques Júnior, Mário da Silva.

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peerrííooddooddee11999966aa11999977 / Mário da Silva Marques Júnior. – Boa Vista, 2019.

67 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Jaci Guilherme Vieira.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal de Roraima, Curso de História.

1 - Educação. 2 - Imprensa. 3 - Jornal Folha de Boa Vista. 4 - SINTER. 5 - História de Roraima. I - Título. II - Vieira, Jaci

Guilherme (orientador).

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MÁRIO DA SILVA MARQUES JÚNIOR

A CONJUNTURA POLÍTICA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA (SINTER) E SUA CONTRIBUIÇÃO NA EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE (1996-1997)

Monografia avaliada e aprovada pela comissão examinadora e referendado pela Universidade Federal de Roraima, como requisito final para obtenção do grau de Bacharel e Licenciado em História. Defendida em 25 de novembro de 2019 e avaliada pela seguinte banca examinadora:

_____________________________________ Prof. Dr. Jaci Guilherme Vieira

Orientador/ Curso de História-UFRR

_____________________________________ Prof.ª. Dr.ª Maria Luiza Fernandes

Curso de História-UFRR

_____________________________________ Prof. Me. Orlando de Lira Carneiro

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AGRADECIMENTOS

À minha família, especialmente à minha mãe Maria de Jesus Sanches da Silva e ao meu Pai Mário da Silva Marques.

Ao meu orientador Jaci Guilherme Vieira, aos professores do departamento do curso de História que cooperaram com a minha graduação, ao secretário Paulo pelo apoio, principalmente, durante as disciplinas de estágio.

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RESUMO

Essa pesquisa contextualiza a conjuntura política do SINTER (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima), tendo como objetivo geral: observar as atuações políticas do SINTER e suas ações na educação pública no estado de Roraima tendo como fonte a imprensa roraimense através das notícias divulgadas pelo Jornal Folha de Boa Vista entre os anos de 1996-1997 e, como objetivos específicos: definir o que é educação e contextualiza a educação durante o período republicano até a criação da Lei de Diretrizes e Bases n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996.

Palavras-chave: Educação; Imprensa; Jornal Folha de Boa Vista; SINTER; História

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ABSTRACT

This research contextulizes the political conjuncture of SINTER (Roraima’s workers in education union): As a general objective: observe political actions of SINTER and its actions on public education in Roraima state as a source to Roraima press through News released by Folha de Boa Vista jornal betweem the years 1996-1997. The specific objective: Define what education is and contextualize education during the republican period until the criation of LDB (guidelines and bases law) nº 9394 of december 20 the 1996

Key-words: Education; Press; Folha de Boa Vista Journal; SINTER; Roraima History.

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LISTA DE TABELA

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LISTA DE SIGLAS

APAIMA - Associação dos Professores de Roraima

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEFAM - Centro de Formação e Aperfeiçoamento Magistério

CUT – Central Única dos Trabalhadores

NUDOCHIS – Núcleo de Documentação Histórica – UFRR LDB – Lei de Diretrizes e Bases

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SINTER - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima PTB – Partido Trabalhista Brasileiro

PT – Partido dos Trabalhadores PM – Polícia Militar

PSD – Partido Social Democrático

PSTU – Partido Socialista dos trabalhadores Unificado TRE - Tribunal Regional Eleitoral

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 10

1 ANÁLISE TEÓRICA SOBRE EDUCAÇÃO...12

1.1.1 A Educação no Brasil República...16

1.2 Período da Abertura Política (1986-1996)... 22

2. HISTÓRIA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE RORAIMA (SINTER) ...24

2.1 História da Educação no Estado de Roraima……….... 27

2.2 Análises das Manchetes do jornal Folha de Boa Vista entre os anos de 1996 a 1997...39

CONSIDERAÇÕES FINAIS...41

REFERÊNCIAS...43

ANEXOS ANEXO A: Folha de Boa Vista, 06/04/1996...46

ANEXO B: Folha de Boa Vista, 14/06/1996...48

ANEXO C: Folha de Boa Vista, 22,23 e 24/061996...50

ANEXO D: Folha de Boa Vista, 03/07/1996...52

ANEXO E: Folha de Boa Vista, 17/07/1996 ...54

ANEXO F: Folha de Boa Vista, 20,21 e 22/07/1996...56

ANEXO G: Folha de Boa Vista, 17,18 e 19/08/1996...58

ANEXO H: Folha de Boa Vista, 26,27 e 28/07/1997...60

ANEXO I: Folha de Boa Vista, 07/04/1997...62

ANEXO J: Folha de Boa Vista 15/06/1997...64

ANEXO K: Folha de Boa Vista, 23/06/1997...66

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INTRODUÇÃO

A educação é uma prática social responsável pelo processo de formação intelectual dos indivíduos que compõem uma sociedade. Assim, essa pesquisa foi desenvolvida para demonstrar a contribuição do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima SINTER na educação do Estado de Roraima por meio de várias ações divulgadas a partir do jornal Folha de Boa Vista, que foi nossa principal fonte neste trabalho de pesquisa.

Nosso objetivo com essa pesquisa é demonstrar a importância do SINTER como uma das peças-chave na construção e na contribuição com o sistema de ensino das escolas públicas do Estado de Roraima. Pois, segundo artigo 2°, inciso oitavo de seu estatuto, essa entidade tem como finalidade “a Luta pela valorização e preservação da escola pública, gratuita, democrática e de boa qualidade’’1. Mas não só isso, tento mostrar nesse trabalho a importância do sindicato como organismo de defesa da classe trabalhadora, como veremos a partir das matérias que selecionei para esse trabalho.

Dessa forma, tomando como fonte o jornal Folha de Boa Vista procura-se compreender como o SINTER se manifestou a respeito da educação entre os anos de 1996 a 1997. Escolhi esse período por entender que foi um ano de grandes avanços e lutas na construção de um dos maiores sindicatos desse estado, chegando a ter mais de 5900 professores sindicalizados. Sindicato esse que passa a ser disputado por partidos políticos de esquerda, também por órgãos do governo, como a Secretaria de Educação do Estado de Roraima.

Neste esforço de compreensão o jornal Folha de Boa Vista surgiu como fonte adequada para pesquisa, pois possui informações diversas de vários agentes sociais que compunham a realidade local do momento histórico analisado em especial o processo educacional em Roraima.

Neste exercício, incluiu-se fontes complementares que permitiram conceituar o período de uma maneira mais coerente, dando nitidez às ações viabilizadas,

1 SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA. Disponível em:

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assim como os termos que surgiram ao longo da pesquisa. A imprensa é fundamental para a construção do momento histórico proposto e a utilizei como fonte de pesquisa, por possuir um “manancial fértil para o conhecimento do passado”, “fonte de informação cotidiana”, “material privilegiado para a recuperação dos acontecimentos históricos”2.

O primeiro capítulo será composto de uma análise sobre o conceito de educação, definir a educação e o primeiro passo para entender como a educação se manifesta na sociedade. A segunda parte deste capítulo é uma contextualização sobre a educação no período republicano, como o objetivo de demonstrar a atuação do Estado nas políticas educacionais do Brasil começando desde a Primeira República (1889-1929), até o período da abertura política de (1986-1996). Nesse tópico será exposto as principais leis educacionais do período republicano que antecederam a LDB.

O segundo capítulo será composto pela história do SINTER e a história da educação no Estado de Roraima, e o objetivo de analisar a organização política do SINTER até o ano de 1997. Também nesse segundo e último capítulo, foram selecionadas 11 publicações entre os anos de 1996 a 1997 com o objetivo de compreender a participação do SINTER na educação pública tendo como fonte jornal Folha de Boa Vista.

A pesquisa tem como finalidade compreender a ação do SINTER na educação pública do Estado de Roraima de acordo com a imprensa roraimense, através do jornal Folha de Boa Vista.

2 CRUZ, Heloisa de Faria; PEIXOTO, Maria do Rosário Cunha. Na oficina do historiador: conversas sobre história e imprensa. Projeto História, São Paulo, PUC, nº 35, p. 256.

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1. ANÁLISE TEÓRICA SOBRE EDUCAÇÃO

Nesse tópico abordarei três teóricos que cooperaram com suas pesquisas na área da educação, o primeiro é o sociólogo francês Émile Durkheim, que analisou a educação em uma visão sociológica; o segundo é o psicólogo suíço Jean Piaget, a sua contribuição está relacionada à questão biológica; por fim, o brasileiro Paulo Freire, com influência do marxismo elaborou várias obras sobre a educação. A seguir veremos as principais ideias desses teóricos.

No século XIX, o sociólogo Émile Durkheim definiu a educação como uma prática social que está relacionada com a sociedade e a cultura, portanto, a educação vista como uma prática social se torna responsável pelos tipos de sujeito sociais. Durkheim, em sua análise sobre a educação, percebeu que a educação é a principal forma de controle do estado, pois os sujeitos sociais que compõe o estado são frutos de uma ação do próprio estado, Durkheim teve como experiência a convivência com conflitos políticos e sociais na França no final do século XIX, assim Durkheim se tornou o primeiro sociólogo da educação. Conforme Durkheim:

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destina3.

Logo, a escola também é responsável pela socialização do indivíduo, não sendo somente responsável por aplicar conteúdo, pois a educação é uma forma de converter os indivíduos para exercer uma função na sociedade. De acordo com Durkheim:

Uma sociedade é feita de indivíduos que “conseguem viver” juntos porque têm em comum valores e regras, parcialmente transmitidos pela escola. A sociedade, enquanto objeto construído pela sociologia, não é nem transcendente, nem imanente aos indivíduos: ela tem uma especificidade definida pelos parâmetros de integração (subordinação ao grupo) e de regulação

3DURKHEIM, Émile. Definição de educação. In: Educação e sociologia. 3. ed. Tradução de Lourenço

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(reconhecimento de regras que controlam os comportamentos individuais)4.

Em meados do século XX, Jean Piaget, outro teórico da educação, embora ele mesmo não se considerasse um educador, contribuiu com suas obras para definir o que é educação, para ele não era necessária uma formação científica, pois, a educação é uma arte, no entanto o conhecimento é necessário para o aprendizado. “Uma verdade aprendida não é mais que uma meia verdade, enquanto a verdade inteira deve ser reconquistada, reconstruída ou redescoberta pelo próprio aluno” (PIAGET, 1950, p.35). A educação segundo Piaget é:

Uma arte, não uma ciência e que, portanto, não deveria requerer uma formação científica. Se é verdade que a educação é uma arte, ela o é da mesma forma e pela mesma razão que a medicina, a qual também exige atitudes e um dom inato, também requer conhecimentos anatômicos, patológicos etc. Do mesmo modo, se a pedagogia deve moldar o espírito do aluno, há de partir do conhecimento do aluno e, portanto, da psicologia5.

Piaget foi contra a coerção nas escolas, ou seja, a repressão, para ele o aluno não aprende somente assistindo o professor, mas com a liberdade de buscar o conhecimento sem a opressão, o aluno alcançará o conhecimento de forma natural. Segundo Piaget:

Não se aprende a experimentar simplesmente vendo o professor experimentar, ou dedicando-se a exercícios já previamente organizados: só se aprende a experimentar, tateando, por si mesmo, trabalhando ativamente, ou seja, em liberdade e dispondo de todo o tempo necessário. [...] em uma realidade psicológica indiscutível: Toda psicologia contemporânea nos ensina que a inteligência procede da ação. Daí o papel fundamental que a pesquisa deve desempenhar em toda estratégia educacional: porém, esta investigação não deve ser abstrata: A ação supõe pesquisas prévias e a investigação só tem sentido se leva à ação 6.

Na citação acima, Piaget destaca a importância da ação em uma estratégia educacional, essa ação está relacionada a metodologia de ensino no qual o professor é responsável ao leciona em sala de aula. Piaget também elaborou sua metodologia de ensino:

4 Émile Durkheim / Jean-Claude Filloux; tradução: Celso do Prado Ferraz de Carvalho, Miguel

Henrique Russo. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. p. 17.

5 Jean Piaget / Alberto Munari. Coleção Pensadores. Tradução e Organização: Daniele Saheb.

Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. p. 20.

6Jean Piaget / Alberto Munari. Coleção Pensadores. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora

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A metodologia de Piaget se apresenta, pois, de entrada, como uma tentativa de associar os três métodos que a tradição ocidental até então mantinha separados: o método empírico das ciências experimentais, o método hipotético-dedutivo das ciências lógico matemática se o método histórico-crítico das ciências históricas7.

No século XX, no Brasil, o sociólogo Paulo Freire foi o principal pesquisador responsável por obras relacionada à educação. Ele revolucionou a educação com o seu método de alfabetização tendo como foco principal os adultos, assim ele criou um método de alfabetização que se estabelece cinco etapas:

1) levantamento do universo vocabular do grupo de alfabetizados; 2) seleção nesse universo das palavras geradoras, levando em consideração um duplo critério: o da riqueza fonêmica e o da pluralidade do engajamento na realidade social, regional e nacional; 3) criação de situações existenciais, típicas do grupo que se vai alfabetizar; 4) criação de fichas roteiros, que auxiliam os monitores de debates no trabalho; e 5) construção de fichas com a decomposição das palavras fonêmicas correspondentes às palavras geradoras8.

Segundo Paulo Freire, não existe indivíduos educados, pois estamos sempre em processo de aprendizagem durante a vida. “A educação tem o caráter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educandos. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos “. Para Paulo Freire não existe educação sem amor, pois sem amor não se tem respeito.

Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar. Não há educação imposta, como não há amor imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não o respeita9.

A citação acima foi retirada do livro Educação e mudança que foi escrito por Paulo freire durante o período em que ficou banido do Brasil durante a Ditadura Militar 1964-1985. Esse livro foi traduzido por Moacir Gadotti, em seu prefácio ele destaca a ideia principal que Paulo Freire transmitiu sobre a educação. Segundo Gadotti

7 Jean Piaget / Alberto Munari. Coleção Pensadores. Tradução e Organização: Daniele Saheb.

Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. p. 32.

8 CUNHA, Luiz Antônio; GÓES, Moacyr de. O golpe na educação. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1985.

p. 21.

9 FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução. Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin. 12 ed.

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Paulo Freire combate a concepção ingênua da pedagogia que se crê motor ou alavanca da transformação social e política. Combate igualmente a concepção oposta, o pessimismo sociológico que consiste em dizer que a educação reproduz mecanicamente a sociedade. Nesse terreno em que ele analisa as possibilidades e as limitações da educação, nasce um pensamento pedagógico que levar o educador e todo profissional a se engajar social e politicamente, a perceber as possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da sociedade classista. Acrescente-se, porém, que embora ele não separe o ato pedagógico do ato político, nem tampouco os confunde10.

Portanto após essa breve teorização sobre educação, o próximo tópico será uma contextualização para compreender como o Estado legislava sobre as políticas educacionais no Brasil desde a Primeira República até a criação da lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996 a LDB.

10 FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução. Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin. 12 ed.

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1.1 A EDUCAÇÃO NO BRASIL REPÚBLICA

Nesse tópico será exposto um resgate da história da educação no Brasil que esteve muito ligado ao Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932, portanto numa conjuntura nova diferente, pós crise de 1929, portanto indo ao encontro das ideias que implantaram a “revolução de 30” que reuniu diversas forças para efetivar um projeto reformista no Brasil sobre o comando de Vargas que tinha como objetivo repensar a educação nesse país.

O Manifesto dos Pioneiros ressalta o nosso caráter atrasado, e da falta de compromisso das nossas elites com uma educação que atenda o conjunto da nossa sociedade. Vejam vocês que a primeira vez que se falou em educação pública no Período Republicano, foi em 1934 com a primeira Constituição já sobre o comando do governo de Getúlio Vargas onde deixava claro a sua preocupação com o ensino Público e Gratuito como obrigatoriedade do Estado, como também porque o capitalismo exigia. Pela primeira o ensino primário torna-se finalmente gratuito e obrigatório sobre a responsabilidade do estado Brasileiro.

E foi nesse período que se cria o Ministério da Educação e Saúde e Pública, indício claro que educação ainda não poderia ser tratada a sério, isto porque saúde e educação, ficaria por um bom tempo sobre a mesma pasta ministerial, mesmo sendo coisas distintas, mas eram tratadas como se fossem iguais. Assim o período republicano é o principal período para educação brasileira, pois, nesse período o estado vai reger a educação de acordo com seus interesses. Vejamos agora algumas ações do estado na educação durante o período republicano.

Antes da Primeira República, ou mais conhecida como República Velha (1889-1929), o ensino era centralizado no governo imperial, ou seja, o governo era responsável pela organização do sistema de ensino, o ensino básico se tornou responsabilidade dos estados após a constituição de 1891. Conforme Ney (2008) a constituição de 1891 consagrou a descentralização do ensino. Os Estados receberam o direito de criar instituições de ensino, pois foi delegado a eles a competência para prover e legislar sobre educação primária.

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/.../ a união cabia criar e controlar a instrução superior em toda a nação, bem como criar e controlar o ensino secundário acadêmico e a instrução em todos os níveis do distrito federal, e aos estados cabia criar e controlar o ensino primário e o ensino profissional, que, na época, compreendia principalmente escolas normais (de nível médio) para moças e escolas técnicas para rapazes11.

A Segunda República (1930-1937), foi marcado pelos regimes totalitários no mundo e no Brasil não foi diferente. Ocorreram vários eventos em relação a educação nesse período tais como: Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, Reforma do Ensino Secundário e do Ensino Superior (1931), Manifesto dos Pioneiros pela Educação Nova (1932), Constituição Federal de 1934.

Nesse período também foram elaborados vários decretos com o objetivo de organizar o sistema educacional da época, o responsável pela implantação desse projeto foi Francisco campos. Entre os decretos estavam:

Decreto n. º 19.850, de 11 de abril de 1931, que criava o Conselho Nacional de Educação e os conselhos estaduais de educação; o Decreto n. º 19.851, de 11 de abril de 1931, que instituiu o estatuto das universidades brasileiras que dispõe sobre a organização do ensino superior no Brasil e adota o regime universitário; o Decreto n. º 19.852, de 11 de abril de 1931, que dispõe sobre a organização da universidade do Rio de Janeiro; o Decreto n. º 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispõe sobre a organização do ensino secundário; o Decreto n. º 20.158, de 30 de junho de 1931, que organiza o ensino comercial, regulamenta a profissão de contador e dá outras providências; e o Decreto n. º 21.241, de 14 de abril de 1931, que consolida as disposições sobre o ensino secundário12.

Através da citação acima, percebemos o início da organização na educação no Brasil, como a organização do ensino superior e regulamentações de profissões, além de outras medidas necessárias para o desenvolvimento do sistema educacional brasileiro.

O Manifesto dos Pioneiros, em 1932, foi um marco na educação brasileira, pois vários intelectuais elaboraram propostas para a educação no Brasil. Segundo Valente (2006), apud, Ney:

11 ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930/1973). 29 ed. Petrópolis:

Vozes, 2005. p. 41.

12 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de

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O manifesto dos pioneiros reuniu educadores de várias ideologias e pensamentos diferentes. Ele estava embasado nas teorias de John Dewey, augusto Comte e Émile Durkheim. Os liberais elitistas eram liderados por Fernando de Azevedo, os liberais igualitaristas por Anísio Teixeira e os simpatizantes do socialismo por Paschoal Lemme e Hermes Lima13.

A Constituição Federal de 1934 garantia o ensino público de acordo com o que o seu artigo 149 determinava: “A educação é um direito de todos e deve ser ministrada pela família e pelos poderes públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e estrangeiros domiciliados no país”14.

Já no Estado Novo (1937-1945), o Brasil começou o seu processo de industrialização e com esse processo as políticas educacionais foram elaboradas para se adaptar ao desenvolvimento industrial brasileiro. Segundo Romanelli:

A intensificação do capitalismo industrial no Brasil, que a Revolução de 30 acabou por representar, determina consequentemente o aparecimento de novas exigências educacionais. Se antes, na estrutura oligárquica, as necessidades de instrução não eram sentidas, nem pela população nem pelos poderes constituídos (pelo menos em termos de propósitos reais), a nova situação implantada na década de 30 veio modificar profundamente o quadro das aspirações sociais, em matéria de educação, e, em função disso, a ação do próprio Estado15.

Assim, foram promulgados vários decretos leis com intenção de adaptar os futuros trabalhadores a nova realidade do mercado de trabalho da época. De acordo com Ney os decretos foram:

O Decreto-lei nº. 4.048, e 22 de janeiro de 1942, que cria o Senai; o Decreto-lei nº. 4.073, de 30 de janeiro de 1942, que regulamenta o ensino industrial; o Decreto-lei nº. 4.244 de 9 de abril de 1942, que regulamenta o ensino secundário; o Decreto-lei nº. 4.481, 16 de julho de 1942, que dispõe sobre a obrigatoriedade de os estabelecimentos industriais empregarem um total de 8% do número de operários e matriculá-los na escola do Senai; o Decreto-lei nº. 4.436, de 7 de novembro de 1942, que amplia o âmbito do Senai, atingindo o setor de transportes, das comunicações e da pesca; o Decreto-lei nº. 4.984, de 21 de novembro de 1942, que compele a empresa oficial com mais de cem empregados a instalar e manter, por conta própria, uma escola de aprendizagem destinada à formação profissional de seus aprendizes; e o Decreto-lei nº.

13 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro:

Wak ed. 2008. p. 41.

14NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro:

Wak ed. 2008. p. 45.

15 ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 23. ed. Petrópolis (RJ): Editora

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6.141, de 28 de dezembro de 1943, que regulamenta o ensino comercial16.

Em relação a Constituição Federal de 1937 houve uma modificação, pois, o estado não garantia uma educação pública para todos, só era gratuita para aqueles que não tinham recursos, “a educação integral da prole é o primeiro dever e o natural dos pais. O Estado não será estranho a esse dever, colaborando, de maneira principal ou subsidiária, para facilitar a sua execução de suprir as deficiências e lacunas da educação particular”17.

O artigo 130 da Constituição de 1937 estabelecia que:

O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porém, não exclui o dever de solidariedade dos menos para com os mais necessitados; assim, por ocasião da matriculo, será exigida aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem alegar, escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal para a caixa escolar18.

No Período da Quarta República (1946-1964), a Constituição Federal de 1946 determinava a obrigatoriedade do ensino no primário e da competência à união para legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional. Em 1951, é implantada no Brasil a pós-graduação por meio do decreto n. º 29.741 que criou a CAPES. “A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação do Ministério da Educação (MEC), desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos estados da Federação”19.

Assim, a educação passou a ser um direito de todos, ou seja, houve um progresso em relação à constituição de 1937, e o Estado passou a garantir o ensino gratuito na constituição de 1946.

A Carta Constitucional de 1946 inspirou-se no ideário liberal e democrático. Além de um capítulo dedicado à educação (artigos 166 a 175), essa Carta contém outros dispositivos que interessam diretamente à educação. Assim é que o artigo 141, § 5º, declara 16 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro: Wak ed. 2008. p. 44.

17NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro: Wak ed. 2008. p. 45.

18 PALMA FILHO, J. C. A Educação Brasileira no Período de 1930 a 1960: a Era Vargas. Pedagogia Cidadã. Cadernos de Formação. História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP- Santa Clara Editora, 2005. p. 14.

19 COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Disponível em: <www.capes.gov.br/história-e-missão>. Acesso em: 18 ago. 2018.

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livre o pensamento sem que dependa de censura prévia. A publicação de livros e periódicos não dependerá de licença do poder público. De acordo com o parágrafo 7º do mesmo artigo: “é inviolável a liberdade de consciência e crença...”, e o parágrafo 8º declara que: “por motivo de convicção religiosa, filosófica ou política, ninguém será privado de nenhum dos seus direitos”. O artigo 168 garante a “liberdade de Cátedra”. O artigo 173 estabelece que “As ciências, as letras e as artes são livres”20.

Os seguintes decretos-lei são baixados no período da Quarta República: Decreto-lei nº. 8.529, de 2 de janeiro de 1946, regulamentando o ensino primário; Decreto-lei nº. 8.530, de 2 de janeiro de 1946, regulamentando o ensino normal; Decreto-lei nº. 8.621 e n. º 8.622, de 10 de janeiro de 1946, criando o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC); e Decreto-lei nº. 9.613, de 20 de agosto de 1946, regulamentando o ensino agrícola.

A política nesse período foi por um longo período de disputas, principalmente pelos partidos: PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), PSD (Partido Social Democrático) e UDN (União Democrática Nacional).

Neste cenário político, a educação também sofrerá os efeitos desta luta ideológica, sendo marcada pelas discussões de uma lei de diretrizes e bases da educação nacional que irá de 1948 a 1961.

Em 1961 surge o Projeto nº 4.024/61, sancionado em 20 de dezembro de 1961, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com intenção de oferecer uma educação igualitária e democrática, deste modo alcançar o máximo possível de brasileiros com ensino público e de qualidade. Mas isso não aconteceu, segundo Palma Filho:

A própria LDB de 1961, sob esse aspecto, também muito deixou a desejar”. Apesar da mudança visível na composição do alunado que adentrava o ensino público, principalmente aquele posterior ao ensino primário, a legislação permanecia conservadora e elitista, criando inúmeros obstáculos ao progresso dos alunos na escola. Essa é, aliás, uma realidade que só começa a mudar a partir dos anos de 198021.

20 PALMA FILHO, J. C. A Educação Brasileira no Período de 1930 a 1960: a Era Vargas. Pedagogia Cidadã.

Cadernos de Formação. História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP- Santa Clara Editora, 2005. p. 17.

21PALMA FILHO, J. C. A Educação Brasileira no Período de 1930 a 1960: a Era Vargas.

Pedagogia Cidadã. Cadernos de Formação. História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP- Santa Clara Editora, 2005. p. 18.

(22)

Nesse período o sociólogo Paulo Freire se destacou, pois, pela primeira vez no Brasil foi criado um método para alfabetização de adultos. Segundo Palma Filho, “a partir de 1962 e no embalo das reformas de base do Presidente João Goulart, o método Paulo Freire passa a ser usado nacionalmente”22.

O Período Militar (1964-1985) foi marcado pela coerção, e houve um retrocesso na educação brasileira, pois intelectuais que tinham um projeto de desenvolvimento para o sistema educacional brasileiro foram perseguidos e expulsos do Brasil. Ney:

O golpe militar de 1964 iria bloquear as tendências que tomava a educação brasileira, fruto das ações de Anísio Teixeira, Fernando Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Darcy Ribeiro, Armando Hildebrand, Paschoal Lemme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Dumerval Trigueiro, entre outros23.

Assim, com o golpe Militar de 1964, assume a presidência da república o Marechal Castelo Branco, deste modo ocorreu várias medidas tais como:

Flávio Suplicy de Lacerda é indicado para o Ministério da Educação, sucedendo o ex-reitor da Universidade de São Paulo, o jurista Luiz Antônio da Gama e Silva, que acumulara os cargos de Ministro da Justiça e da Educação e Cultura nos primeiros dias do golpe militar. Ainda, no governo Castelo Branco, foram Ministros da Educação: Raimundo de Castro Moniz de Aragão (interino), Pedro Aleixo e Guilherme Augusto Canedo de Magalhães (interino). As principais medidas tomadas nesse ano de 1964, no campo da educação foram a invasão por tropas militares da Universidade de Brasília e a consequente destituição do seu primeiro Reitor, Anísio Teixeira. Este foi substituído, então, pelo médico professor Zeferino Vaz, indicação feita pelo Ministro Gama e Silva. Mais tarde, Zeferino Vaz seria nomeado Reitor da Universidade de Campinas24.

Após o governo de Castelo Branco, tomou posse a presidência o General Costa e Silva. E a gestão do MEC passou a ser administrada por Tarso de Moraes Dutra e Favorino Bastos Mércio. Os principais projetos na área da educação durante o governo de Costa e Silva foram:

2222PALMA, Filho. A Educação Brasileira no Período 1960-2000: de JK a FHC. Pedagogia Cidadã- Cadernos de Formação – História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP e Santa Clara Editora, 2005. p. 6.

23 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro: Wak ed. 2008. p. 50.

24PALMA, Filho. A Educação Brasileira no Período 1960-2000: de JK a FHC. Pedagogia Cidadã- Cadernos de Formação – História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP e Santa Clara Editora, 2005. p. 12.

(23)

O Projeto Rondon, integrado por estudantes universitários, sob a supervisão de militares, que tem por objetivo prestar assistência social às populações carentes. A primeira expedição sai em direção à região Norte do país; e a comissão Meira Mattos (Coronel do Exército) para analisar a crise estudantil e sugerir mudanças no sistema de ensino, notadamente nas universidades25.

No período militar foram criadas várias leis que modificaram o sistema educacional do período. A LDB foi substituída por outras leis que beneficiaram o Regime Militar no Brasil. Conforme Ney:

A lei nº. 5.540/68, de 28 de novembro, fixa as normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com o ensino médio. É importante destacar que aqui está a reforma universitária promovida pelos governos militares. A lei nº. 5.692/71 irá regulamentar o ensino de primeiro e segundo graus. A LDB de 1961 estava substituída pelas leis nº. 5.540/68 e nº. 5.692/71. A lei nº. 7.004/82 dispensou as escolas de ensino de 2º. grau da obrigatoriedade de oferecer a profissionalização ao final do 2º. grau. Cabe ressaltar que a formação do técnico de 2º. grau permaneceu junto ao curso de ensino médio (2º. grau)26.

Portanto com o Regime Militar no Brasil a Educação brasileira não teve progresso, pois projetos desde a criação da Capes em 1951 até plano nacional de alfabetização criado por Paulo Freire e implantado no Brasil pelo presidente João Goulart em 1962 foram extintos com o golpe de 1964.

1.1.1 Período da abertura política (1986-1996)

Logicamente, este período irá se caracterizar pela abertura política e, com isto, renasce a disputa de uma nova constituição. Com a constituição promulgada em 1988, ficava estabelecida a necessidade de uma nova LDB, e esta acabou sendo a lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. No ano de 1998, é encaminhado um projeto de LDB a câmara federal pelo deputado Octávio Elísio. Já em 1989, o deputado Jorge Hage envia a câmara um substitutivo ao novo projeto da nova LDB. Em 1992, o senador Darcy ribeiro apresenta um novo projeto da LDB pra LDB na câmara, mas irá retirá-lo em 1993. Em 1994, é extinto o Conselho Federal de Educação e criado o Conselho Nacional de Educação vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. A lei nº. 9.131/95 cria o exame nacional de cursos27.

25 PALMA, Filho. A Educação Brasileira no Período 1960-2000: de JK a FHC. Pedagogia Cidadã- Cadernos de Formação – História da Educação. 3. ed. São Paulo: PROGRAD/UNESP e Santa Clara Editora, 2005. p. 13.

26 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro: Wak ed. 2008. p. 51.

27 NEY, Antônio. Política educacional: organização e estrutura de educação brasileira. Rio de Janeiro: Wak ed. 2008. p. 52

(24)

Com o processo de redemocratização no Brasil surgiu Constituição Federal de 1988 que garantia a educação gratuita, com objetivo de formar cidadãos e qualificar para o mercado de trabalho.

A partir de então começou a reformulação das leis da educação que foram editadas no período militar. E em 20 de dezembro de 1996 foi promulgada a lei nº. 9.394, a nova - Lei de Diretrizes e Bases - LDB da educação nacional, que conforme versava o:

Artigo 1º a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais28.

Portanto essa nova LDB é a lei que rege a atual educação no Brasil após a redemocratização, se tornou a lei com mais anos estabilidade na educação brasileira, após 23 anos de sua promulgação o sistema de educação nacional tem como base lei nº. 9.394/1996.

(25)

2. HISTÓRIA DO SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE RORAIMA SINTER

O SINTER (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima), originou-se de uma organização dos professores para fins recreativos denominada APAIMA (Associação dos Professores de Roraima). Segundo o site do SINTER:

Em 15 e outubro de 1981 houve a fundação da APAIMA, tendo como primeiro presidente Donato Lukman, exercendo o mandato até 1983. No período de 1984 a 1986 esteve na presidência o professor Hildebrando falcão, tendo como vice-presidente Cleonilde Pereira Gomes. Depois desse mandato, houve eleições sem a participação dos associados, ou seja, nenhum dos sócios foi convocado. Mesmo assim, houve a homologação de uma única chapa, tendo como presidente Dimar Freitas de Mesquita29.

A APAIMA teve seu último presidente em 1988 que foi Raimundo Nonato de Oliveira. Com a constituição de 1988 os funcionários públicos, finalmente tiveram direito a construir suas organizações sindicais, nascendo assim o SINTER.

Após a criação do SINTER em 1988, segundo o site oficial da entidade “em 12 de dezembro de 1988, durante a sessão plenária do III Congresso de Professores de Roraima, realizado no ginásio de esportes Hélio Campos, bairro Canarinho”. Assim, surgiu a primeira direção do SINTER, conforme Bezerra:

Através da chapa única, foi eleita a primeira diretoria do SINTER, composta da seguinte forma: presidente, Dilmar Freitas Mesquita; vice-presidente, Rady Dias de Medeiros; secretário geral Josué dos Santos Filho; primeira secretária, Nair Jane Brito Quadros; tesoureiro geral, José Lourenço Ribeiro; primeiro tesoureiro, Silas Cabral de Araújo Franco; diretora de formação sindical, Matilde Agra Guimarães; diretora de educação e cultura, Ednelza Faria Rodrigues; diretora de imprensa e comunicação, Zilda Maria Coelho Montenegro; diretor de esportes, Marcos Antônio Brito Lira; diretora de convênios, Elvira Alzira da Fonseca e Silva; diretora social, Marilaine Teixeira; e diretor do interior Daniel Alves Ribeiro30.

O sindicato começou as lutas pela organização do sistema de ensino público. Uns dos principais caminhos que o SINTER tomou para haver uma educação mais igualitária em Roraima foram as greves que organizadas buscavam mostrar ao

29SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA. Disponível em: <www.sinterroraima.com.br/acervo/história-do-sinter>. Acesso: 25 jun. 2018.

30 Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa dos

(26)

governo as principais pautas da categoria, assim após um ano de sua criação o sindicato organizou a sua primeira greve.

A classe trabalhadora no Brasil depois da ditadura militar teve que recomeçar suas lutas e em Roraima não foi diferente. A primeira greve realizada por esse novo sindicato foi no ano de 1989 tendo como principal pauta a que questão salarial e os constantes atrasos nos salários como aponta Bezerra logo abaixo:

A primeira greve articulada pelo SINTER ocorreu em 1989 durante a gestão de Dilmar Mesquita. O ex-território tinha como governador Romero Jucá e naquele período era muito comum o atraso no pagamento de salários em até um mês e mesmo depois desse atraso, o pagamento era feito de forma parcelado, já que era comum o governo pagar de acordo com a ordem alfabética31.

A segunda greve ocorreu em 1991, segundo Bezerra (2019), “no início de 1991, onde os trabalhadores em educação, agora com um sindicato mais consolidado, fazem uma greve com duração de 20 dias”. Esse período foi marcado por um grande número de filiações e o início dos descontos das contribuições sindicais, ou seja, essa greve serviu para união dos profissionais em educação para buscar melhorias no sistema de ensino do recém-criado Estado de Roraima. A pauta desta segunda greve além de estar relacionada à questão salarial, também apontava como reivindicação a realização de concursos públicos.

Mais uma vez a categoria decide fazer outra greve contra o arrocho salarial e outras reivindicações que se tornaram permanentes nas pautas de reivindicações do sindicato por vários anos seguintes. A greve começou em 15 de julho de 1991 e durou 20 dias”32.

[...] Essa mobilização em prol do concurso público começou já em 1991, como umas das pautas da greve realizada naquele ano e como o governador da época, Ottomar Pinto (PTB) se recusava a realizar concurso público, o sindicato precisou ingressar na justiça e obrigar o Poder Executivo realizar o tão esperado concurso, o que fortaleceu ainda mais as lutas do sindicato, o resultado é que em 1994 o Governo do Estado realizou o primeiro concurso público para trabalhadores em educação de Roraima33.

31 Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa dos Trabalhadores em Educação de Roraima. Boa Vista-RR: FORBRAS, 2019. p. 38.

32Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa dos Trabalhadores em Educação de Roraima. Boa Vista-RR: FORBRAS, 2019. p.43.

33Bezerra, Pablo Sergio Souza. SINTER, 30 anos de lutas e conquistas em defesa dos Trabalhadores em Educação de Roraima. Boa Vista-RR: FORBRAS, 2019. p. 46.

(27)

Durante o período de 1991 a 1997 o SINTER teve três presidentes Josué Filho, Francisco Bezerra Marques, Silas Lúcio Cabral e uma comissão interventora composta por Ornildo Roberto de Souza, Dilmar Freitas e Antônio Carlos de Carvalho. Segundo o site do SINTER:

No período de 1991 a 1993, o vice-presidente Josué filho assume a presidência do SINTER, tendo como vice-presidente Francisca Chagas de Souza. As eleições desta diretoria foram efetuadas com diretoria proporcional com um mandato de três anos. Durante esse período, houve uma preparação para uma nova diretoria, conforme mandava o estatuto da entidade. Em 1994, assume para um mandato de dois anos como presidente o professor Francisco Bezerra Marques (Titonho), tendo como vice-presidente Francisca chagas de Souza, e como tesoureiro José Airton da silva lima. Em 1997, assume a presidência Silas Lúcio Cabral, ficando no cargo durante dez meses. Em seguida, uma comissão interventora composta por Ornildo Roberto de Souza, Dimar Freitas e Antônio Carlos de carvalho assumiu a diretoria por três meses34.

Portanto após esse breve histórico sobre a criação do SINTER, o próximo tópico será o principal foco desta pesquisa que foi realizada a partir do jornal Folha

de Boa Vista entre os anos de 1996 a 1997.

34 SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA. Disponível

(28)

2.2 História da Educação no Estado de Roraima

As matérias foram selecionadas a partir de uma análise no qual o foco principal é a contextualização da educação em Roraima tendo como base principal as ações do SINTER.

TABELA 1 – Manchetes jornal Folha de Boa Vista de 1996 a 1997

Data Jornal Notícia/manchete Resumo

16/04/1996 Folha de Boa Vista

SINTER faz conferência sobre a educação

Os dirigentes sindicais esperam que a frequente reunião de trabalhadores do setor resulte em campanhas que possam diminuir os efeitos da corrosão impostas ao sistema educacional nas últimas três décadas.

14/06/1996 Folha de Boa Vista

Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria Eleição no SINTER 22,23 e 24 /06/1996 Folha de Boa Vista

Silas Cabral é um novo presidente do SINTER

Resultado da eleição

03/07/1996 Folha de Boa Vista

Técnicos elaboram

propostas para o ensino/ Professores ganham ação na justiça

O alvo das mudanças e o

ensino supletivo/ Os

trabalhadores em educação em Roraima conseguiram importante vitória na luta pela

reposição de perdas salariais. 17/07/1996 Folha de Boa Vista Presidente do SINTER negociar lutas

Para ele existe dois caminhos a serem trilhados

(29)

na conquista dos direitos dos trabalhadores: o primeiro seria a greve e o outro a negociação 20,21 e 22 /07/1996 Folha de Boa Vista Assembleia do SINTER termina em pancadaria Confrontos internos no SINTER 17,18 e 19/08/1996 Folha de Boa Vista Professores debatem ensino de primeiro e segundo graus

Objetivo do encontro foi debater a metodologia de ensino em Roraima 26,27 e 28/041997 Folha de Boa Vista Violência no congresso dos professores

Novos confrontos internos no SINTER

07/04/1997 Folha de Boa Vista

Disputa pela diretoria do sínter ganha novos lances

Disputa interna do SINTER pela diretoria

15/06/07 Folha de Boa Vista

Professores decidem entrar em greve

O motivo foi a questão salarial

23/06/1997 Folha de Boa Vista

Governo não aplicou o que devia na educação

Denúncia sobre recursos destinados à educação

24/07/1997 Folha de Boa Vista

Estrutura física não basta Necessidade de

investimentos na

capacitação dos

profissionais em educação.

FONTE: JORNAL FOLHA DE BOA VISTA

Essa história sobre a educação em Roraima foi elaborada de acordo com 12 matérias do Jornal Folha de Boa Vista de 16 de janeiro de 1996 a 24 de julho de 1997 com um propósito de contextualizar a educação de Roraima tendo como fonte o jornal Folha de Boa Vista. Esses jornais estão no acervo do Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de Roraima (NUDOCHIS-UFRR).

(30)

Essas manchetes foram selecionadas tendo como finalidade compreender a relação do SINTER com a educação do Estado de Roraima. Assim, para perceber como essa entidade atuava na educação; também será apresentado no decorrer dessa pesquisa assuntos internos dessa entidade, de acordo com as manchetes do Jornal Folha de Boa Vista.

O Sindicatos dos Trabalhadores em Educação de Roraima (SINTER), diferentemente da Secretaria de Educação, defendia nesse período uma política educacional que visava mais investimento na capacitação dos trabalhadores em educação, pois nessa época, em Roraima, a qualidade do ensino público era uma questão de preocupação principalmente para o Sindicato dos Trabalhadores em Educação.

A primeira matéria selecionada foi do dia 16 de maio de 1996, o jornal Folha

de Boa Vista divulga uma matéria sobre a I Conferência de Educação em Roraima,

realizada pelo SINTER que teve a participação de 1.000 trabalhadores da Educação. Titonho, presidente do SINTER na época, em depoimento a Folha de

Boa Vista destacou a situação dos profissionais em educação.

Ontem, o presidente do SINTER afirmava que expressiva contingência de profissionais tem que buscar alternativas para sua sobrevivência. No caso dos professores da cidade, a maioria faz “bico” para completar a renda e evitar que a família passa fome. Com este quadro é impossível existir educação”. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o professor garantiu que a situação daqueles que trabalham no interior não é diferente e ainda mais rude35.

De acordo com o jornal Folha de Boa Vista, Francisco Bezerra Marques (Titonho) destacava em sua entrevista a vulnerabilidade dos professores na capital e no interior. Onde os mesmos não tinham a condição necessária para se sustentar financeiramente só com o trabalho realizado na Educação. Para Titonho, esse trabalho paralelo realizado pelos professores influenciava na qualidade do ensino. Porquanto, o professor na época não tinha a dedicação exclusiva para a docência e nem um plano de carreira para essa categoria, e com salários baixos a maioria dos docentes buscavam um trabalho alternativo para complementar o salário.

35SINTER faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio. 1996.

(31)

Nessa mesma Conferência participou como palestrante, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pablo Gentili. Logo após a I Conferência sobre a Educação em Roraima, Gentili, concedeu uma entrevista exclusiva para a Folha.

Segundo Gentili em sua entrevista à Folha:

Há um afastamento do estado, com a redução dos investimentos públicos. Também, a progressiva desvalorização do magistério com baixos salários e a falta de formação de professores são tópicos destacados no conjunto de fatores que leva a educação por caminhos que não desejaríamos vê-la36. Portanto, diante dos pronunciamentos realizados por Titonho e Gentili à Folha, percebe-se a percebe-semelhança entre ambos, colocando em evidência como foco principal a desvalorização do profissional em educação e não compromisso do estado no investimento não só em relação a melhores salários, como também em investimentos capazes de promover uma educação libertadora, na concepção do professor e teórico Pablo Gentilli.

Não se pode esquecer que nesse período o Brasil estava passando por uma fase de aperfeiçoamento das políticas públicas, em que a Política Neoliberal prevaleceu. Gentili nesta mesma Conferência também expõe esse problema:

“Durante a palestra o professor mostrou a deficiência do ensino, causadas em grande percentual, pela política neoliberal comandada por entidades internacionais que tem ascendência sobre os países da América Latina”37.

De acordo com o jornal Folha de Boa Vista, Gentili problematiza a forma em que o Governo administra os recursos destinados à educação e a falta de planejamento próprio do estado para esse setor. Pois, as ordens de como a educação é administrada não está vinculada diretamente com o governo, mas com entidades de fora do país, como ele mesmo destaca ao ser entrevistado pela Folha,

“como Fundamento das afirmações, citou gradativa redução dos investimentos do ensino, a partir de orientações de organismos como o banco mundial”38.

36 SINTER faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio. 1996.

Caderno Cidade, p. 14.

37 SINTER faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio. 1996.

Caderno Cidade, p. 14.

38SINTER faz conferência sobre a educação. Folha de Boa Vista, Roraima, 16 maio. 1996.

(32)

Além desses problemas relacionados à educação, também existia problemas com relação ao Governo Federal, em que os professores foram prejudicados nesse período através de medidas incorretas do Governo Federal, umas dessas medidas foi o “Plano Collor”, que de acordo com o Dicionário de Economia, “foram medidas adotadas pelo novo governo federal implicaram mudanças nas áreas monetário-financeira, fiscal, de comércio exterior, câmbio e de controle de preços e salários”39.

De acordo com a matéria, publicada pelo jornal Folha de Boa Vista em 3 de julho de 1996, “Professores ganham ação na justiça”.

Os trabalhadores em educação em Roraima conseguiram importante vitória na luta pela reposição de perdas salariais. Na última segunda feira o juiz presidente da junta de Conciliação e julgamento de Boa Vista, Adilson Dantas, deu sentença favorável na ação movida pelo sínter, para garantir perdas retroativas referentes ao Plano Collor. A decisão da justiça foi anunciada ontem, pelo presidente interino do Sindicato dos Trabalhadores em educação de Roraima (SINTER), José Airton. Segundo ele a medida deve beneficiar aproximadamente quatro mil servidores federais em Roraima. Entretanto, advertiu que só terão esta vantagem àqueles que sindicalizados a época do ajuizamento da ação40 .

De acordo com a matéria, os professores ganharam na justiça os salários não pagos pelo Governo Federal, assim, a questão salarial torna-se uma pauta importante para essa categoria.

No SINTER, nesse mesmo ano de 1996, aconteceu a eleição para a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação que de acordo com o jornal Folha de Boa Vista essa eleição foi marcada por acusações entre as duas chapas, conforme a publicação da Folha em 14 de junho de 1996, “Acusações marca eleição do SINTER”.

“Ontem, aconteceram em meio a acusações de fraude pelas chapas concorrentes”. Eram duas chapas concorrentes a “Muda SINTER, liderada pelo professor Silas Cabral e SINTER na luta, encabeçada pelo também professor José Henrique Duarte Neto”. Este último vindo das hostes do mais recente partido de

39 SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. 1º edição. São Paulo: Best Seller, 1999.

p. 466.

40Técnicos elaboram propostas para o ensino. Folha de Boa Vista, Roraima,3 jul. 1996, Caderno

(33)

esquerda Partido Socialista dos trabalhadores Unificado (PSTU), já a chapa de Silas Cabral, com base na matéria referente a essa eleição do SINTER, a chapa liderada por Silas Cabral estava diretamente ligada com a Secretaria de Educação e esse era o motivo das discussões entre as chapas. Mas não só isso, Titonho Bezerra, filiado ao PT por discordar da Política do PSTU, decide apoiar Silas Cabral.

De acordo com José Henrique Duarte, “os processos têm característica suigeneris devido à desorganização veracidade durante o processo eleitoral. Ele afirmava que a chapa concorrente, cometia uma série de irregularidades, além de ser comandada pela Secretaria de Educação. “Os diretores de escolas impõem um clima de terror aos funcionários para que votem na chapa apoiada pela Secretaria”41.

No entanto, mesmo com denúncias referentes a esse pleito, as eleições continuaram. E o jornal Folha de Boa Vista divulgou o resultado dessa eleição com a seguinte matéria “Silas Cabral é eleito presidente do SINTER”, essa matéria foi publicada no periódico dos dias 22, 23 e 24 de junho de 1996. Com o seguinte resultado das eleições a “chapa Muda SINTER (liderada por Silas Cabral) conseguiu

nas urnas 2.140 votos enquanto a chapa (SINTER na Luta) encabeçada pelo professor José Henrique, 1.543 votos”. Foram ainda computados 31 votos em branco e 107 nulos”42

Como podemos observar, a Chapa vencedora foi à mesma que foi duramente criticada e denunciada durante a eleição por fazer parte do mesmo grupo da Secretaria de Educação.

No dia 17 de junho de 1996, o Jornal Folha de Boa Vista publica uma matéria referente à posse da nova diretoria do SINTER “A nova diretoria do SINTER foi empossada, segunda feira (15), em solenidade realizada às 22 horas no ginásio da entidade”.

A respeito da denúncia referente à eleição do sindicato, Silas Cabral, se pronuncia na posse dizendo, “o sindicato é dos trabalhadores em educação, seja o

que ocupem ou não cargos no governo. Até mesmo a Secretária de Educação é

41 Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista, Roraima, 14

jun. 1996. Caderno Cidade, p. 02.

42 Silas Cabral é um novo presidente do sínter. Folha de Boa Vista, Roraima, 22, 23 e 24 de jun.

(34)

professora e tem o direito de ter seu candidato”43. Podemos perceber por esse discurso que a entidade virou o braço sindical do Governo à época Neudo Ribeiro Campos, sendo disputada palmo-a- palmo pelo Estado e com a benevolência de sua corrente do Partido dos Trabalhadores.

Com um discurso muito claro de conciliação de classes como o Governo Neudo Campos, Silas Cabral expõe: “existem dois caminhos em que o sindicato deve seguir o primeiro seria a greve e o outro a negociação”. “Mas nossa diretoria

vai primar pelo entendimento”44. De acordo com Silas Cabral sempre é possível negociar, “o governo não negocia se nos dispusermos fazer isso”. Silas Cabral também afirmou que um dos principais problemas no sistema educacional está ligado diretamente com a questão salarial. Como ele mesmo destacou em seu pronunciamento à Folha.

O problema educacional do estado passa pela questão salarial. Do total de professores aprovados no concurso realizado pelo governo, cerca de dois anos atrás, poucos deles estão em sala de aula, devido aos baixos salários45.

No editorial dos dias 20, 21 e 22 de junho de 1996, o jornal Folha de Boa

Vista destacou a desentendimento dos profissionais em educação com a seguinte

matéria “Assembleia do SINTER termina em pancadaria” a respeito da formação da CUT-RR, Central Única de Trabalhadores.

A chapa apoiada pela atual diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTER) ganhou a eleição. É que com 120 delegados, esta chapa elegeria a diretoria regional da CUT, fato que não foi aceito pelos opositores. As discussões ganharam proporção quando pedras começaram a ser lançadas contra os vencedores. Nesse instante, pediram a presença da polícia para acalmar os ânimos46.

Na matéria acima o jornal Folha de Boa Vista mostra os conflitos dentro do sindicato, conflitos que vem desde as denúncias da eleição para a diretoria do SINTER, no qual o principal alvo das acusações foi o presidente eleito Silas Cabral.

43 Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista, Roraima, 17

de jul. de 1996. Caderno Cidade, p. 14.

44 Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista, Roraima, 17

de jul. de 1996. Caderno Cidade, p. 14.

45 Os sindicalizados foram às urnas escolher uma nova diretoria. Folha de Boa Vista, Roraima, 17

de jul. de 1996. Caderno Cidade, p. 14.

46 Assembleia do SINTER termina em pancadaria. Folha de Boa Vista, Roraima, 20, 21 e 22 de

(35)

Outra vez, o jornal Folha de Boa Vista faz referência a Secretaria de Educação sobre o Primeiro Encontro de Professores de primeiro e segundo graus para debater a metodologia de ensino em Roraima, a matéria foi publicada referente aos dias 17, 18 e 19 de agosto de 1996 com o seguinte título: Professores debatem ensino de primeiro e segundo graus.

A abertura do evento aconteceu às oito horas da manhã no Centro de Formação e Aperfeiçoamento Magistério (CEFAM). O objetivo do encontro foi debater a metodologia de ensino no Estado, dando ênfase a continuidade valorização da troca de experiência adquiridas no decorrer dos encontros pedagógicos multidisciplinares47.

Nesse evento, a assessora de educação de Roraima, Rita Rosália Martinez Pichardo, destaca possíveis caminhos a serem trilhados na Educação do Estado de Roraima, “para o Estado alcaçar a qualidade nessa área, é preciso orientar e

atualizar os profissionais de acordo com o regulamento de ensino”48.

Logo após essa matéria o jornal Folha de Boa Vista, fez um completo silêncio sobre os rumos da educação no Estado. Algo que ecoou muito estranho. Uma das hipóteses que pode ter ocorrido é do sindicato ter sido ganho com apoio da Secretaria de Educação o que deixa as lutas muito mais fragilizadas, ficando sete meses sem publicar algo relacionado à educação, voltando apenas a divulgar uma matéria referente aos dias 26, 27 e 28 de abril de 1997 destacando um Congresso realizado pelo SINTER com a seguinte matéria “Tumulto agita congresso do SINTER”.

Grupos que disputam a direção do sindicato da categoria se agrediram e a Polícia teve que intervir para garantir a segurança. Depois de ter iniciado o Congresso, por volta das nove e meia, com uma hora de atraso, 17 dos 24 diretores do SINTER (sindicato dos trabalhadores em educação do Estado de Roraima) renunciaram e toda a diretoria foi destituída. Uma comissão interventora de três pessoas, presidida por Dimar Mesquita, assumiu o Sindicato e a Presidência da mesa no congresso49.

47 Professores debatem ensino de primeiro e segundo graus. Folha de Boa Vista, Roraima, 17, 18

e 19 de ago. de 1996. Caderno Cidade, p.14.

48 Professores debatem ensino de primeiro e segundo graus. Folha de Boa Vista, Roraima, 17, 18

e 19 de ago. de 1996. Caderno Cidade, p.14.

49 Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28 de abr.

(36)

O jornal Folha de Boa Vista menciona a falta de harmonia entre os profissionais em educação, destacando uma denúncia feita por Silas Cabral em relação à intervenção na diretoria do SINTER que, segundo o seu depoimento, “a

Secretária de Educação quer uma diretoria que possa ser manobrada por ela e por isso se uniu ao PT para me tirar”50.

Mas, segundo Dimar Mesquita o principal motivo para a destituição da diretoria são as irregularidades, “há indícios de fraudes e desmandos da diretoria

que precisam ser apurados”51. Essa matéria também mostrou a influência dos últimos presidentes do SINTER na política regional.

O SINTER é hoje o maior sindicato do Estado e tem atualmente 5.900 associados. Silas Cabral é sucessor de Antônio Bezerra Titonho, hoje vereador petista, eleito na capital. A ala de esquerda ligada a Titonho hoje apoia a intervenção e é um dos grupos mais numerosos com poder de decisão entre os delegados. Cabral acusa a administração anterior de ter dirigido o sindicato em benefício do PT”52.

Ao que tudo indica, parece que Titonho percebem a armadilha que caiu, quando deu apoio a Silas Cabral. Agora já como vereador do PT, sabe da importância do sindicato e retomá-lo seria um dos seus objetivos.

Voltando a publicar em 07 de maio de 1997, com uma matéria referente a disputa pela diretoria do SINTER, com a seguinte matéria “disputa pela diretoria do Sínter ganha novos lances”. O jornal divulga a seguinte informação.

A Comissão Provisória eleita interviu na direção da eleição decidiu realizar uma assembleia extraordinária para a comissão eleitoral que presidirá nova eleição no SINTER. O presidente do sindicato, Silas Cabral, tentou evitar o confronto alegando que não conhecia a destituição da atual diretoria gerando novas cenas de confronto53.

50 Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28 de abr.

1997. Caderno Cidade, p. 5-A.

51Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28 de abr. 1997.

Caderno Cidade, p. 5-A.

52 Violência no congresso dos professores. Folha de Boa Vista, Roraima, 26, 27 e 28 de abr.

1997. Caderno Cidade, p. 5-A.

53 Disputa pela diretoria do SINTER ganha novos lances, Folha de Boa Vista, Roraima, 07, maio.

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Conforme essa matéria, formou-se uma comissão provisória liderada por Dimar Mesquita, no entanto, Silas Cabral não aceitou o fim de seu mandato ocasionando um conflito entre os profissionais em educação.

O jornal Folha de Boa Vista destaca a destituição da diretoria de Silas Cabral: “A disputa pela direção do SINTER iniciou dia 25 do mês passado, quando a maioria

dos membros da atual diretoria decidiu se afastar dos cargos. Em seguida, o congresso da categoria referendou a comissão interventora”54. Em 23 de junho de 1997 o jornal Folha de Boa Vista denuncia o governo do estado em relação os recursos destinados à educação com a seguinte matéria “Governo não aplicou o que devia na educação”.

Na lei orçamentária aprovada pela Assembleia Legislativa para o ano passado, estava previsto que o governo gastaria mais de 68 milhões de reais no setor educacional. Acabou, não cumprindo a meta, embora tenha arrecadado mais que estava previsto55.

A matéria termina com outra denúncia sobre a acumulação de cargos de servidores estaduais, federais. Além disso, o governo descumpriu a lei referente ao limite de servidores contratados, conforme a divulgação do jornal Folha de Boa

Vista:

A inspeção do Tribunal de Contas constatou que o governo estadual manteve 355 servidores federais (pagos pela união) recebendo salários também como serviço prestado. 49 funcionários concursados do governo estadual receberam também como serviço prestado e 20 receberam três salários diferentes (como servidor federal, como serviço prestado e como cargo comissionado). A lei proíbe o acúmulo de vencimentos por servidores públicos. A lei também limita em 7.929 o número de servidores que poderiam ser contratados pelo governo do estado. Mas existem 8.362 contratados. Praticamente todas as secretarias excedem o limite legal56.

No dia 15 de junho de 1997, o jornal Folha de Boa Vista divulga uma paralisação dos professores com a seguinte matéria “Professores decidem entrar

em greve”. De acordo com a matéria, o objetivo desta greve é referente aos

54 Disputa pela diretoria do SINTER ganha novos lances, Folha de Boa Vista, Roraima, 07, maio.

1997. Caderno Cidade, p. 5-A.

55 Governo não aplicou o que devia na educação. Jornal Folha de Boa Vista, 23 de jun. 1997.

Política Local, p. 03.

56 Governo não aplicou o que devia na educação. Jornal Folha de Boa Vista, 23 de jun. 1997.

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