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As consequências psicológicas da Alienação Parental à luz das novas configurações familiares

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As consequências psicológicas da Alienação Parental à luz das novas

configurações familiares

Ariane Faverzani da Luz (1), Ariele Faverzani da Luz (2), Denise Gelain (3)

(1) Acadêmica do curso de Direito da Faculdade Meridional, IMED, Brasil. E-mail:

arianefaverzani@outlook.com

(2) Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Meridional, IMED, Brasil. E-mail: arielefl@outlook.com

(3) Mestre em Educação pela Universidade de Passo Fundo (UPF), especializações em intervenções psicossociais e arteterapia, graduação em Psicologia pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Atualmente, é docente do curso de Psicologia da Faculdade Meridional (IMED), da especialização em arteterapia da Universidade de Passo Fundo (UPF), dos cursos de especializações oferecidas na

área da educação pela faculdade FAISA e psicóloga da Prefeitura Municipal de Sarandi. E-mail: denigelain@terra.com.br

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As consequências psicológicas da Alienação Parental à luz das novas

configurações familiares

Resumo: O presente artigo aborda a questão da alienação parental, bem como, os direitos da criança e

do adolescente definidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Lei da Alienação Parental. A alienação parental geralmente inicia após a separação conjugal e é praticada por um dos genitores visando afastar a criança do ex-cônjuge e destruir o vínculo afetivo existente através de diversas manobras e artifícios. Nesse processo, a criança torna-se um instrumento de agressividade nas mãos do genitor alienador. A alienação parental é uma tortura emocional para os envolvidos, principalmente à criança, que é a maior vítima, podendo desenvolver problemas psicológicos para o resto de sua vida. Tratando-se de um assunto delicado que envolve crianças no seio familiar e que tem sido muito discutido pelos operadores do Direito, o objetivo deste artigo foi de realizar uma breve revisão bibliográfica, buscando compreender e identificar a alienação parental a partir das mudanças nas configurações familiares, bem como a influência do atual contexto nas consequências psicológicas e comportamentais manifestadas pelos filhos, além de contemplar o ECA e a Lei da Alienação Parental, sendo que o primeiro salienta os direitos da criança e do adolescente e o segundo as medidas legais cabíveis que impossibilitam a manipulação de crianças e adolescentes vulneráveis às desavenças de seus genitores.

Palavras-chave: Alienação Parental; Família; Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei da Alienação

Parental.

Abstract: This article discusses the issue of parental alienation and child and adolescent rights defined

by the Child and Adolescent (ECA) and the Law of Parental Alienation. The parental alienation usually begins after divorce and is practiced by a parent seeking the child away from the ex-spouse and destroy the existing bonding through various maneuvers and tricks. In this case, the child becomes an instrument of aggression at the hands of alienating parent. The parental alienation is emotional torture for those involved, especially the child, who is the biggest victim may develop psychological problems for the rest of his life. Since this is a sensitive issue involving children in the family and that has been much discussed by the operators of the law, the purpose of this article was to conduct a brief literature review, seeking to understand and identify parental alienation from changes in family configurations as well as the influence of the current context on the psychological and behavioral consequences expressed by children, and contemplate the ECA and the Law of Parental Alienation, the first of which emphasizes the rights of children and adolescents and the second legal action precluding manipulation of children and adolescents vulnerable to disagreements with their parents.

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1. INTRODUÇÃO

O cenário da família vem se modificando ao longo do tempo, sendo crescente o número de divórcios e de pais solteiros. Através dessas novas configurações familiares, surgem também novos conflitos, no qual entre os principais encontra-se a alienação parental. Os casos mais frequentes estão associados a situações onde o fim do relacionamento conjugal gera em um dos genitores uma tendência vingativa, pois não consegue elaborar adequadamente o luto da separação. Nesse processo de vingança, o filho é utilizado como instrumento de agressividade contra o ex-cônjuge.

A partir dessa perspectiva, em um primeiro momento, este artigo apresenta considerações acerca da alienação parental e a influência das mudanças familiares nesse fenômeno. Em seguida, enfatiza como a prática da alienação parental interfere nas consequências psicológicas e comportamentais da criança e do adolescente, que podem atormentá-la por toda a vida. Por fim, é dado um enfoque às disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Lei da Alienação Parental.

2. A IDENTIFICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL E A INFLUÊNCIA DAS MUDANÇAS FAMILIARES

A alienação parental é um termo criado na década de 80 pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner. Conforme Gardner (2002), é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças e sua manifestação preliminar, é a campanha denegritória que um dos genitores faz em relação ao outro para o filho. Esta condição geralmente inicia após a separação conjugal, visando afastar a criança do ex-cônjuge e destruir o vínculo afetivo existente através de diversas manobras e artifícios. No entanto, o genitor alienador esquece-se de sua principal função em relação ao outro, que consiste no respeito e na promoção de um bom relacionamento dele para com o filho, e também descumpre o dever de proteger a criança, causando danos em sua estrutura emocional (PAULO, 2010).

No decorrer dos tempos, a mulher era considerada mais apta do que o homem para se dedicar aos filhos, atribuindo-se ao homem a tarefa de subsistência econômica e à mulher a missão de criar e cuidar da prole (CAMPOS, 2012). Atualmente, tem acontecido significativas transformações desses papeis. As mulheres passaram a buscar um espaço na sociedade e estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho. Além disso, não há mais diferenciação e disparidade no tratamento jurídico a pessoas de sexos diferentes (GUILHERMANO, 2012). Todas essas mudanças potencializaram a dissolução de casamentos, por divórcios e separação, o que, consequentemente, acabou aumentando as disputadas judiciais pela guarda dos filhos (CAMPOS, 2012). Após o fim de um relacionamento conjugal, é comum um nível de conflito intenso e o surgimento de problemas em relação às visitas e ao contato de um dos genitores com a criança fruto deste relacionamento. Esta situação é ilustrada por Trindade quando afirma:

Muitas vezes, quando da ruptura da vida conjugal, um dos cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da separação e o sentimento de rejeição, de traição, o que faz surgir um desejo de vingança: desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrétido do ex-parceiro. O filho é utilizado como instrumento da agressividade – é induzido a afastar-se de quem ama e de quem também a ama. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos (TRINDADE, 2010, p. 178).

Nesse sentido, o genitor alienador, utilizando o filho como instrumento de vingança contra o outro genitor, busca monitorar não apenas o tempo, como também os sentimentos da criança, tentando controlar inteiramente os dois fatores (PAULO, 2010).

A partir disso, começa o que denomina-se como síndrome de alienação parental, gerada pela imaturidade e instabilidade do genitor alienador, que usa o próprio filho para agredir o outro genitor (CAMPOS,

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2012). A alienação parental é uma tortura emocional para os envolvidos, principalmente à criança que é a maior vítima, podendo desenvolver problemas psicológicos para o resto de sua vida.

Logo, uma intervenção precoce é fundamental, pois tal mediação poderá evitar os desgastes de um processo judicial, o que por consequência, acaba prejudicando ainda mais a relação entre os genitores, assim como, gerando prejuízos psíquicos aos filhos (CAMPOS, 2012). A criança deve ter um motivo real para visitar e conviver com o genitor alienado, sem medo e sem culpa de estar magoando quaisquer dos genitores.

É importante, também, saber diferenciar quando está acontecendo a síndrome de alienação parental e quando é realmente uma situação de abuso ou de descuido, pois um dos fatores comum é o genitor alienador acusar o outro de abuso físico, sexual ou psicológico. Segundo Podevyn (2001):

No caso de abuso ou de descuido o filho abusado recorda-se muito bem do que se passou com ele. Uma palavra basta para ativar muitas informações detalhadas, em quanto na síndrome o filho programado não viveu realmente o que o genitor alienador afirma. Necessita mais ajuda para “recorda-se” dos acontecimentos. Além disso, seus cenários têm menos credibilidade (PODEVYN, 2001, p. 10-11).

Por isso, após ser confirmada à instauração da síndrome, o processo de desconstrução ocorrerá em duas etapas. Primeiramente há o afastamento da criança do genitor alienador e sua aproximação com o genitor alienado, através de visitas mais frequentes, mais demoradas, entre outros. Depois o alienador volta aos poucos à convivência com ambos. Segundo Groeninga (2008), a identificação do fenômeno da alienação parental significa um movimento num verdadeiro resgate das funções parentais, de sua complementaridade e da defesa dos direitos da personalidade.

Deste modo, o combate à alienação parental é questão de interesse público, visto a importância de formar indivíduos plenos, providos em suas necessidades psíquicas e a salvo de abusos morais, sendo necessário exigir uma paternidade ou maternidade responsáveis, compromissadas com as determinações constitucionais e com o estado mental das crianças (PAULO, 2010).

3. AS CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE

Grande parte das separações produz efeitos traumáticos a todos os membros da família, que vêm acompanhados dos sentimentos de abandono, rejeição e traição (DIAS, 2006). Entretanto, quando o filho é levado a rejeitar um dos genitores, as consequências são ainda mais devastadoras em razão de que o(s) filho(s) afasta-se de quem ama, gerando contradição de sentimentos e destruição do vínculo afetivo, no qual configura a prática da alienação parental.

O filho, ao se identificar com o genitor patológico e tornar-se “órfã” do genitor alienado, carrega consigo um sentimento constante de ódio pelo genitor alienado, estando propício a apresentar algum distúrbio psicológico e a ter condutas de transgressão (uso e abuso de substâncias) com o objetivo de aliviar a dor, podendo até mesmo cometer suicídio. Ainda, é comum ocorrer o comprometimento social, no qual o(s) filho(s) passa a ter dificuldade em se relacionar com outras pessoas, bloqueando uma relação duradoura e se isolando da sociedade (SANTOS, 2012).

Segundo Campos (2012), entre as sequelas que podem segui-la durante toda a vida e atrapalhar o seu desenvolvimento, destacam-se algumas que acontecem com maior frequência e são mais graves:

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A depressão crônica, incapacidade de adaptação em ambiente psico-social normal, transtornos de identidade e de imagem, desespero, sentimento incontrolável de culpa, sentimento de isolamento, comportamento hostil, falta de organização, dupla ou múltipla personalidade, e, em casos extremos, pode levar até ao suicídio (CAMPOS, 2012, p. 30).

As crianças, entre 8 e 11 anos, principalmente os meninos, são os que mais sofrem com a síndrome. Nessa etapa de desenvolvimento, as crianças já entendem o que se passa a sua volta, mas ainda não possuem uma formação mental que as possibilite algum discernimento, por isso são facilmente manipuladas em relação aos adolescentes, já que estes possuem certo grau de discernimento e consciência própria, não aceitando tudo com facilidade (FONSECA, 2006). Os meninos são a maioria, pois é mais comum a alienação parental advir do comportamento materno, e estes são os que mais sofrem pela ausência do pai que foi alienado da relação familiar em função da identificação com o genitor do mesmo sexo (BUONO, 2008).

Devido à alienação desenvolvida, essas crianças sofrem uma distorção em sua personalidade, crescem sem um modelo de identificação de um casal parental, ou seja, não vêem pai e mãe como funções complementares. O modelo que elas têm é de um genitor alienando o outro da relação como uma competição existente pela sua lealdade. Com isso os filhos que viveram com modelos de pais alienadores podem perpetuar a alienação por gerações, pois internalizam o modelo de competição e exclusão e não o de cooperação, enxergando um amor como excludente do outro. Assim sendo, o conflito de lealdade e a alienação vivida se refletirão em relacionamentos sociais preconceituosos e/ou excludentes (GROENINGA apud BUONO, 2008). O filho alienado tende a reproduzir a mesma patologia psicológica que o genitor alienador.

Ainda, segundo Santos (2012), a criança alienada pode vir a se comportar como se menos idade tivesse, há um processo de regressão, com o objetivo de voltar a uma época em que essas práticas não ocorriam. Nesse sentido, a síndrome pode se desenvolver em diferentes estágios, que não dependem dos esforços feitos pelo genitor alienador, mas, sim, do grau de êxito do afastamento causado entre filho e genitor alienado. Os estágios são classificados em leve, médio e grave, sendo que cada um apresenta um comportamento a ser identificado, conforme descreve Buono (2008):

Em seu estágio leve a campanha de desmoralização e ofensas por parte do infante são discretas e raras. Os sintomas são mínimos, pois a personalidade do infante não está muito afetada, ou seja, quanto mais leve o estágio é mais difícil de se perceber a manifestação da síndrome da alienação parental, por isso ela só é identificada com certeza em seus níveis mais avançados.

No estágio médio o filho usa de argumentos fúteis e absurdos para não realizar a visita e a desmoralização aumenta, sendo o alienador completamente “bom” e o alienado completamente “mau”. Os sintomas aparecem de forma moderada e estão presentes em sua maioria, contudo, se realizada a troca de genitores a criança fica mais dócil e cooperativa, não sendo tão hostil quanto era na frente de seu genitor guardião.

Já no estágio grave as crianças se apresentam psicologicamente afetadas e perturbadas, expressam emoções exageradas de repulsa em relação à visita do genitor alienado, demonstrando pânico em estabelecer contato com ele (BUONO, 2008, p. 29-30).

Deste modo, induzir a alienação parental em uma criança é visto como um comportamento abusivo em razão dos significativos prejuízos que são manifestados. Ademais, além da criança, a alienação parental afeta o genitor alienado e todos aqueles que o cercam, privando a criança do necessário e saudável convívio com outro núcleo familiar e afetivo do qual faz parte e deveria permanecer integrada.

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4. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: LEI 8.069/90

O Estatuto da Criança e do Adolescente veio para determinar a prioridade da criança e do adolescente em detrimento de seu estado peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Os direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente assegurados pela Constituição Federal de 1988 que estão dispostos especificamente no Estatuto são: direito à vida, à liberdade física e intelectual, ao nome, ao corpo, à imagem e à dignidade; além desses direitos fundamentais da pessoa humana, a criança e o adolescente gozam do direito subjetivo de desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, preservando-se sua liberdade e dignidade. E para garantir e efetivar esses direitos, o legislador criou mecanismos como o dever de todos prevenirem a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente (BUONO, 2008). Nesse sentido, o objetivo da lei é proteger a criança e o adolescente de uma forma geral, no qual os direitos e deveres compartilhados pelos pais visam assegurar aos filhos todos os cuidados necessários ao seu desenvolvimento e educação.

Contudo, a criança não é objeto de direito dos pais, mais, sim, uma pessoa em condição de desenvolvimento que tem direito à proteção, assistência e educação. Segundo Buono (apud LEITE, 2008), para que essa proteção seja efetivada pelo juiz, existem elementos determinados pela jurisprudência que devem ser levados em consideração:

O desenvolvimento físico e moral da criança, a qualidade se suas relações afetivas e sua inserção no grupo social, a idade, o sexo, a irmandade, o apego ou a indiferença manifestada pela criança a um de seus pais, a estabilidade da criança, como também as condições que cercam os pais, materiais ou morais (BUONO, 2008 apud LEITE, 2000, p. 22).

Nas questões relativas à guarda, o juiz decide quem efetivamente tem melhores condições de defender esses interesses, sendo conferido também a este a possibilidade de, ausentes nos pais as condições necessárias para resguardar os interesses do menor, determinar a guarda à terceiros, sejam parentes como os avós, ou não, como vizinhos, amigos ou até mesmo uma família substituta.

Todavia, a convivência dos filhos com os pais é um dever, tornando o direito de visitá-los, de zelar por sua segurança, de protegê-lo, entre outros, em obrigação. Por isso que quando a criança fica sob a guarda de um dos genitores, não deve ocorrer o afastamento do genitor que não recebe a guarda, pois a criança não só precisa, como tem o direito de ter a presença de ambos por perto durante seu crescimento (CAMPOS, 2012).

Ademais, apesar do ECA ser um conjunto de regras que estabelecem os direitos dos menores à vida, saúde, convivência familiar, educação e também seus deveres dentro da sociedade, ainda falta muito a ser feito para que o ECA seja, de fato, uma ferramenta de amparo infanto-juvenil. Para que este estatuto seja uma ferramenta de implementação de política publicas de saúde, educação e desenvolvimento é necessário que a população tenha um conhecimento maior acerca da sua finalidade (CAMPOS, 2012). 5. A LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL: LEI 12.318/10

A Lei 12.318 de 2010 inclui a Alienação Parental no âmbito jurídico brasileiro, definindo-a e exemplificando as maneiras utilizadas para alienar uma criança, além de caracterizar os envolvidos. Apresenta, também, algumas medidas a serem tomadas pelo juiz ao verificar a existência da alienação, entre outros aspectos (GUILHERMANO, 2012).

Segundo Campos (2012), essa lei vem para proteger a criança e seus direitos fundamentais, preservando em um dos primeiros lugares o direito de seu convívio com a família. Nesse sentido, configura-se como alienação parental, quando um dos genitores ou qualquer pessoa que detenha a guarda da criança

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promove uma campanha de desmoralização a um dos pais, interferindo na estrutura psicológica e emocional da criança.

Entre os artigos da referida lei, ressalta-se o artigo 3º, que disserta a respeito do direito fundamental da criança ou adolescente de conviver em um meio familiar saudável e o prejuízo causado pela prática do ato de alienação parental, que constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.

O art. 4º dispõe que qualquer indício de alienação parental serve para iniciar uma ação autônoma de investigação. Isso foi feito para assegurar a convivência e a reaproximação da vítima de alienação com o alienado e tornar o processo mais célere, pois uma demora processual poderia acarretar um maior afastamento entre os mesmos (GUILHERMANO, 2012).

O art. 5º refere sobre a necessidade de perícia psicológica ou biopsicossocial havendo indício da prática do ato de alienação parental em ação autônoma ou incidental. Guilhermano (2012) acrescenta que os casos de alienação parental devem ser analisados por perícia de um profissional da área, pois não se pode correr o risco de ter um laudo mal formulado. Nos parágrafos do mesmo artigo está disposto como deve ser feita tal análise.

O artigo 6º trata das sanções que o juiz poderá impor em casos de alienação parental. O caráter de tais medidas é de prevenção e proteção à integridade do menor. Assim, o caput do artigo citado dispõe sobre a aplicabilidade das medidas que podem ser utilizadas de forma independente ou cumulativa. Já os incisos e o parágrafo único dispõem sobre as medidas em si, as quais são, por exemplo: quando constatada alienação parental, advertir o alienador; ampliar a convivência familiar com o alienado; multa; determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; alteração da guarda ou para o outro genitor ou para guarda compartilhada; suspensão do poder familiar entre outras (GUILHERMANO, 2012).

Assim sendo, essa lei reforça a importância da família e do convívio saudável entre pais e filhos, prevendo não só medidas que vão desde o acompanhamento psicológico, mas, também, defendendo a aplicação de multa ou mesmo a perda da guarda da criança aos pais que estiverem alienando os filhos (CAMPOS, 2012).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A alienação parental é um assunto que merece uma minuciosa atenção, visto o crescente número de casos encontrados atualmente. Nesse sentido, torna-se claro a necessidade de auxílio para resolver os conflitos advindos deste fenômeno, pois envolve e afeta todos os membros da família, sendo a criança e o adolescente as principais vítimas e, portanto, merecedoras de proteção especial.

As sequelas que a alienação parental causa na criança e no adolescente podem segui-los durante toda a vida e influenciar em seu desenvolvimento, fazendo com que na vida adulta passem a manifestar comportamento igual ou parecido ao do genitor alienador. Assim, nota-se a importância do acompanhamento psicológico, para que a situação não se agrave, e a efetivação do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei da Alienação Parental, sendo que o primeiro salienta os direitos da criança e do adolescente e o segundo as medidas legais cabíveis que impossibilitam a manipulação de crianças e adolescentes vulneráveis às desavenças de seus genitores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei 8.069, de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 25 ago. 2013.

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BRASIL. Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm>. Acesso em 25 ago. 2013.

BUONO, Samantha. Alienação Parental: da síndrome ao fenômeno jurídico. Cabo Frio: UVA, 2008. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Direito), Instituto de Ciências Jurídicas, Universidade Veiga de Almeida, Cabo Frio, 2008.

CAMPOS, Mariana Patricio. Síndrome da Alienação Parental. Barbacena: UNIPAC, 2012. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Direito), Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Barbacena, Universidade Presidente Antônio Carlos, Barbacena, 2012.

DIAS, Maria Berenice. Alienação Parental e suas consequências. Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.br/uploads/aliena%E7%E3o_parental_e_suas_consequencias.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2013.

FONSECA, Priscila Maria Pereira Corrêa da. Síndrome de alienação parental. São Paulo: Revista Pediatria, 2006. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Medicina), Faculdade de Medicina, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2006.

GARDNER, Richard A.M.D.. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)?. Departamento de Psiquiatria Infantil da Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade de Columbia, Nova Iorque, 2002. Disponível em: <http://sites.google.com/site/alienacaoparental/textos-sobre-sap-1/o-dsm-iv-tem-equivalente>. Acesso em: 25 ago. 2013.

GROENINGA, Giselle Câmara. O fenômeno da alienação parental. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha; MADALENO, Rolf (Coord.). Direito de Família: processo, teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

GUILHERMANO, Juliana Ferla. Alienação Parental: aspectos jurídicos e psíquicos. Disponível em: <http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2012_1/juliana_guilherma no.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2013.

PAULO, Beatriz Marinho. Alienação Parental: identificação, tratamento e prevenção. Disponível em: <http://www.rkladvocacia.com/arquivos/artigos/art_srt_arquivo20130422220535.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2013.

PODEVYN, François. Associação de Pais e Mães Separados. Disponível em: <http://www.apase.org.br/94001-sindrome.htm>. Acesso em: 25 ago. 2013.

SANTOS, Lucyana Araujo da Silva. Alienação Parental: consequências jurídicas e psicológicas. Nova Venécia: Faculdade Capixaba de Nova Venécia, 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito), Faculdade Capixaba de Nova Venécia, Nova Venécia, 2012.

TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica Para Operadores do Direito. 4ª ed. verificada, atualizada e ampliada. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010, p. 178.

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