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FLORES, Kátia Maia. Caminhos que Andam: O Rio e a Navegação Fluvial nos Sertões do Brasil/ Kátia Maia Flores. Goiânia: Ed. UCG, V p.

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Academic year: 2021

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FLORES, Kátia Maia. Caminhos que Andam: O Rio e a Navegação Fluvial nos Sertões do Brasil/ Kátia Maia Flores. – Goiânia: Ed. UCG, 2009. V. 1.151 p.

Maria Francisca Gomes de Sousa1

Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Goiás (1986), mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1997) e doutorado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006). Atualmente é professora adjunta da Fundação Universidade Federal do Tocantins. Tem experiência na área de História, atuando principalmente nos seguintes temas: história ambiental, Cultura popular, Patrimônio Cultural e Ambiental, história cultural e história - viajantes estrangeiros. Possui larga experiência em gestão do ensino superior e em EAD. Atualmente desenvolve pesquisas e atividade de ensino e extensão ligadas a Patrimônio Cultural e Folclore. Além de ser fotografa.

Caminhos que andam é resultado do esforço singular da doutora Kátia ao resgatar a história do rio Tocantins. Quis propôs com o livro uma nova forma de vê- lo e esclarecer a sua importância perante o Estado que leva o seu nome, resgatando do esquecimento os personagens que também contribuíram na constituição do mesmo e que acabaram sendo sufocados nos discursos separatistas de abandono propagado pelos políticos.

Sua obra é apresentada pelo então vice governador do estado Paulo Sidney que nos dar um parecer do que vamos encontrar pela frente, em meios a elogios e descobertas da história, ele diz que o livro é complexo, mas de fácil entendimento. Alem de afirmar que ao estudar sobre a história do rio, estaremos também estudamos sobre a história do estado do Tocantins.

Na introdução, assim como será no início de cada capitulo e nas considerações finais, ela começa com um poema que será como um cartão de boas-vindas ao leitor, que servirá como uma previa do que será descoberto pelos mesmos nas linhas seguintes. Poemas que falaram das maravilhas donosso rio, escritos pelos conterrâneos da autora, que nasceu e cresceu ás margens do rio na cidade de Porto Nacional. Aqui ela conta curiosidades, fala das pessoas que viveram ao redor,

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das lendas regionais, dos que passaram por ele, do que ele levou e o que trouxe, dos sonhos que se construíam a partir dele.

Ela faz uma verdadeira viagem no tempo, começando no período colonial, mas não se prende muito, pois seu recorte temporal está todo voltado ao período imperial, onde encontra as fontes necessárias de sua pesquisa. Sua intenção primordial é fazer uma narrativa bem centrada e contextualizada do uso do rio pelas pessoas e como a natureza ajudou de maneira bem elaborada na expectativa comercial e construtiva de novas formas de viver, alicerçada na navegação, onde Porto Nacional acabou ganhando destaque.

O rio foi uma espécie de ouro para aqueles que queriam viver dele, mais também serviu de uma porta para os que tinham curiosidade de saber como era o país em um dos seus mais remotos lugares. O século XIX foi para o rio e para o nortenses goianos, o tempo das tentativas e descobertas, quando essa região classificada de sertão começa efetivamente ser vista pelos que aqui moravam e por aqueles que passavam (nem sempre de maneira positiva) mais que contribuiu bastante para o entendimento do lugar. O século que tentou colocar o norte de Goiás no mapa do país, tendo como pano de fundo um rio que serviu de caminho estratégico pra todos que queriam seu pedaço de céu.

Além de nos dar a lista de suas várias fontes, que são: relatos de viajantes estrangeiros, estudos a despeito das possibilidades do rio, jornais da imprensa local que relatam acerca das navegações, cartas e muitos outros, ela ainda nos esclarece que todos eles foram elaborados a partir da nova visão de desenvolvimento e progresso que tinha como base as ideias iluministas, provando que os caminhos a beira do rio já era bem conhecido, não sendo porem tão estranhos assim para o resto do país.

No primeiro capítulo - Rio e Sertão: um espaço de fronteira- vamos ter uma noção melhor elaborada dessa noção de sertão que tem como principal meio de vivencia o rio. Nesta relação dúbia vamos descobrir que essa região nunca foi tão isolada quanto ao que se supunha, pois o rio já era bem conhecido pelos viajantes estrangeiros, jesuítas e bandeirantes, obvio que cada um cada

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buscava seus próprios interesses fosse á procura de riquezas, a tentativa de salvar almas ou mesmo puro estudo de exploração.

Ela nos evidencia que essa região nunca foi totalmente isolada, já abrigava povos indígenas, negros fugidos, bandeirantes, franceses, mestiços, gente que por um motivo ou outro passou a viver nesse lugar. Houve criação de gado antes mesmo da descoberta do ouro e mapas que seria possível achar contornos do rio, além do nome do rio que não se sabe ao certo quem deu (índios ou bandeiras) a questão é que nesse ponto já podemos dizer que as fronteiras colocada pela autora começam ganhar forma, pois ela consegue dizer que o norte de Goiás já fazia parte do contexto brasileiro, apenas não tinha atenção necessária pra desenvolver-se como o desejado.

Em seu segundo capitulo- A navegação do Rio Tocantins: do discurso á prática- vamos adentra no universo fluvial que deixou essa região mais acessível com o fortalecimento dos negócios através do mesmo, além de ser um meio de comunicação com as regiões vizinhas trazendo novas expectativas com o declínio do ouro.

Saindo do discurso proferido pelos governadores na tentativa de convencer a coroa a voltar sua atenção pra esse lado, a navegação foi acontecendo de forma gradual e com as possibilidades possíveis, mesmo com barcos de pequeno porte, mas, que mesmo assim já evidenciava certo conforto, foi uma atividade rentável para os que possuíam uma embarcação.

Os governadores queriam trazer o que tinha de moderno como os barcos a vapor, coisa que Magalhães conseguiu, não chegando porem ao lado norte. Mas foi com as embarcações particulares que o comercio se movimentou trazendo as novidades e levando os produtos para vender. A partir dessa atividade era possível também evidenciar já algum tipo de hierarquia social, pois quem possuía um barco já tinha capital e com o negócio sua renda poderia aumentar consideravelmente em um ano.

Dentro dos barcos tinha os que faziam o serviço braçal e ganhava menos e tinha os pilotos que ganhavam mais, isso era também evidenciada na própria alimentação já que a refeição mais simples era pra os “braços” da embarcação, e os “cabeças” eram sempre bem servidos.

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No terceiro capitulo- Navegação interior: um projeto de Nação- Estado. Ela vai nos apresentar os olhares que eram voltados partindo principalmente da visão estrangeira. Homens que tinham conhecimentos práticos e científicos que muito contribuiu no conhecimento do interior do país, conhecido como exótico porque não tinha o padrão dos europeus que a muito tempo estava no processo de sobrevivência.

Eles trouxeram suas técnicas e visões já bem definidas e apesar de encontrar riquezas e belezas naturais não puderam deixar de deitar seu olhar negativo ou mesmo fazer uma opinião de como ela poderia ser aproveitada pelos moradores. Chegando a essa região evidenciaram através do rio possibilidade muito interessantes que se levadas a sério pelo governo teria alavancado a navegação com muito mais precisão. Ela coloca esses cientistas como pessoas que também fizeram o norte de Goiás ficar em evidencia no mundo.

Assim como os engenheiros que tinham a responsabilidade de fazer o país se interligar através das águas, com os estudos destes, foi possível localizar certo animo pra transformar essa região em um grande polo navegável, o que não aconteceu, porque mesmo com os resultados favoráveis foi mais vantajoso para o governo, já na república, fazer obras que tiravam o foco da navegação, deixando mais uma vez, esse lado jogado a sorte e tendo seu povo mais uma vez que se reinventar.

Ela faz certa queda de braço entre os cientistas estrangeiros e os engenheiros, mas admitindo que o serviço dos dois lados fosse crucial para entendimento do grande estado brasileiro e que todo o processo de desenvolvimento foi possível graças a eles, que mapearam e buscaram soluções pra resolver os problemas.

Nas suas considerações finais que também vem com titulação – Integração norte/ centro- sul e a Navegação fluvial, ela afirma “a história do Tocantins (antigo norte de Goiás) é, sem sombra de dúvida, a história do rio Tocantins.” Flores (2009, p. 131).

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Mais uma vez deixando claro que o rio é tão tocantinense quanto o próprio estado, que este último somente existe por causa das esperanças e desafios que foram depositados nas águas deste primeiro.

Portanto a doutora Kátia Maia Flores foi bem sucinta e esclarecedora, fazendo-nos realmente entender que o rio que hoje é apenas usado pra produzir uma energia que nem é usufruída pela população, foi muito aproveitado, estudado, analisado e considerado por aqueles que sobreviveram, viveram e enriqueceram ás suas margens.

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