V O L U M E
P O E M A S D E
ASbeirtt® Caeiro
E D I Ç Ã O D EIVO CASTRO
I M P R E N S A N A C I O N A L - C A S A D A M O E D A L I S B O A 2015Introdução • 7
TEXTO CRÍTICO 27
O Guardador de Rebanhos 29 I Eu nunca guardei rebanhos, 29 II Tudo que vejo está nitido como um girasol. 31 III Ao entardecer, debruçado pela janella, 32 IV Esta tarde a trovoada cahiu 32 V Ha metaphysica bastante em não pensar em nada. 34 VI Pensar em Deus é desobedecer a Deus, 36 VII Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode vêr do universo... 37 VIII Num meio-dia de fim de primavera 37 IX Sou um guardador de rebanhos: 42 X «Olá, guardador de rebanhos, 42 XI Aquella senhora tem um piano 43 XII Os pastores de Vergilio tocavam avenas e outras cousas 43 XIII Leve, leve, muito leve, ' 44 XIV Não me importo com as rimas. Nenhumas vezes 44 XV As duas canções que seguem 44 XVI Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois 45 XVII No meu prato que mistura de Natureza! (A Salada) 45 XVIII Quem me dera que eu fôsse o pó da estrada 46 XIX O luar quando bate na relva 47 XX O Tejo é mais bello que o rio que corre pela minha aldeia, 47 XXI Se eu pudesse trincar a terra toda 48 XXII Como quem num dia de verão abre a porta de casa 49 XXIII O meu olhar azul como o céu 49 XXIV O que nós vemos das cousas são as cousas... 50 XXV As bolas de sabão que esta creança 50 XXVI As vezes, em dias de luz perfeita e exacta, 51 XXVII Só a Natureza é divina, e ella não é divina... 52
XXVIII Li hoje quasi duas paginas 52 XXIX Nem sempre sou egual no que digo e escrevo. 53 XXX Se quizerem que eu tenha um mysticismo, está bem — tenho-o... 54 XXXI Se ás vezes digo que as flores sorriem 54 XXXII Hontem á tarde um homem das cidades 55 XXXIII Pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares. 56 XXXIV Acho tão natural que não se pense 56 XXXV O luar atravez dos altos ramos — 57 XXXVI E ha poetas que são artistas 57 XXXVII Como um grande borrão de fogo sujo 58 XXXVIII Bemdito seja 0 mesmo sol de outras terras 58 XXXIX O mysterio das cousas — onde está elle? 59 XL Passa uma borboleta por deante de mim 60 XLI No entardecer dos dias de verão, ás vezes, 60 XLII Passou a diligencia pela estrada, e foi-se; 61
XLIII Antes 0 vôo da ave, que passa e não deixa rasto, 61
XLIV Acordo de noite subitamente, 61
XLV Um renque de arvores lá longe, lá para a encosta. 62
XLVI D'este modo ou d'aquelle modo, 62
XLVII Num dia excessivamente nitido, 63 XLVIII Da mais alta janella da minha casa 64 XLIX Metto-me para dentro, e fecho a janella. 65
O Pastor Amoroso 67 I Quando eu não te tinha 67 II Está alta no ceu a lua e é primavera. 68 III Talvez quem vê bem não sirva para sentir (O Pastor Amoroso) 68
IV O amor é uma companhia. 69 V Passei toda a noite, sem saber dormir, vendo sem nada a figura 69
d'ella
VI O pastor amoroso perdeu o cajado, 70 VII Agora que sinto amor 70
Poemas Inconjuntos 73 I
1 Não basta abrir a janella 73 2 Falias de civilização, e de não dever ser, 73 3 Entre o que vejo de um campo e o que vejo de outro campo 74 4 Creança desconhecida e suja brincando á minha porta, 74 5 Pétala dobrada para traz da rosa que outros diriam de velludo, 75 6 Verdade, mentira, certeza, incerteza... 75 7 Uma gargalhada de rapariga soa do ar da estrada. 76
8 9 IO n 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 3i 32 33 34 35 36 37 38 39 40 4i 42 43 44 45 76 76 77 78 78 79 80 81 82 82 83 84 85 85 85 86 86 87 87 88 88 88 89 90 90 9i 9i 91 92 92 93 93 96 96 96 97 97 97 98 98 99 99 100 100
Noite de S. João para além do muro do meu quintal. Hontem o pregador de verdades d'elle
Mas para que me comparar com uma flor, se eu sou eu Tu, mystico, vês uma significação em todas as cousas. Pastor do monte, tão longe de mim com as tuas ovelhas: Dizem que em cada coisa uma coisa occulta mora. Dizes-me: tu és mais alguma cousa
Se eu morrer novo,
Quando tornar a vir a primavera Quando vier a primavera, A espantosa realidade das coisas
Se, depois de eu morrer, quizerem escreveria minha biographia, Nunca sei como é que se pode achar um poente triste. Um dia de chuva é tão bello como um dia de sol. Quando a herva crescer em cima da minha sepultura,
E noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande distancia
Goso os campos sem reparar para elles. Todas as theorias, todos os poemas Leram-me hoje S. Francisco de Assis. Sempre que penso uma cousa, traio-a.
Eu queria ter o tempo e o socego sufficientes A manhã raia. Não: a manhã não raia.
No dia brancamente nublado entristeço quasi a medo A creança que pensa em fadas e acredita nas fadas De longe vejo passar no rio um navio...
Creio que irei morrer.
A noite desce, o calôr sossobra um pouco.
Estou doente. Meus pensamentos começam a estar confusos. Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradavel,
Seja o que fôr que esteja no centro do mundo, Pouco me importa.
A guerra que afflige com os seus esquadrões o mundo, Todas as opiniões que ha sobre a Natureza
Navio que partes para longe,
Pouco a pouco o campo se alarga e se doura. Ultima estrella a desapparecer antes do dia, A agua chia no púcaro que elevo á boca.
O que ouviu os meus versos disse-me: Que tem isso de novo? Ah, querem uma luz melhor que a do sol!
O conto antigo da Gata Borralheira,
Duas horas e meia da madrugada. Accordo, e adormeço. Não tenho pressa: não a teem o sol e a lua.
Não tenho pressa. Pressa de quê? Sim: existo dentro do meu corpo.
52 Vive, dizes, no presente; 101
53 Hoje de manhã sahi muito cedo, 101
54 Primeiro prenuncio da trovoada de depois de amanhã, 102 55 Também sei fazer conjecturas... (Penúltimo Poema) 102
56 Ponham na minha sepultura 103
57 E talvez o ultimo dia da minha vida. (Last poem) 103 58 A neve poz uma toalha empuxada na mesa de tudo. 104 59 Gosto do ceu porque não creio que elle seja infinito. 104
60 Para além da curva da estrada 104
61 Acceita o universo 105
62 Sinto-me recemnascido a cada momento 105
63 E tudo o que se sente directamente traz palavras novas. 105 64 O verde do ceu azul antes do sol estar para nascer, 105 65 As cores verdadeiras das coisas que os olhos vêem... 106 66 Contenta-me ver com os olhos e não com as paginas lidas. 106 67 Como uma creança antes de a ensinarem a ser grande 106 68 Não sei o que é conhecer-me. Não vejo para dentro. 106
69 Patriota? Não: só portuguez. 106
70 Deito-me ao comprido sobre a terra com herva 107
71 Falaram-me em homens, em humanidade, 107
72 Nunca busquei viver a minha vida 107
APARATO GENÉTICO 109
O Guardador de Rebanhos m
I Eu nunca guardei rebanhos, m
II Tudo que vejo está nitido como um girasol. I24
III Ao entardecer, debruçado pela janella, 128
IV Esta tarde a trovoada cahiu 130
V Ha metaphysica bastante em não pensar em nada. 133
VI 1 Pensar em Deus é desobedecer a Deus, 138
VII Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode vêr do universo... 140
VIII Num meio-dia de fim de primavera 142
IX Sou um guardador de rebanhos: 152
X «Olá, guardador de rebanhos, 153
XI Aquella senhora tem um piano 154
XII Os pastores de Vergilio tocavam avenas e outras cousas 158
XIII Leve, leve, muito leve, 160
XIV Não me importo com as rimas. Nenhumas vezes 161
XV As duas canções que seguem 163
XVI Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois 167
XVIII Quem me dera que eu fôsse 0 pó da estrada 172
XIX O luar quando bate na relva 173
XX O Tejo é mais bello que 0 rio que corre pela minha aldeia, 174
XXI Se eu pudesse trincar a terra toda 178
XXII Como quem num dia de verão abre a porta de casa 180
XXIII O meu olhar azul como 0 céu 181
XXIV O que nós vemos das cousas são as cousas... 183
XXV As bolas de sabão que esta creança 185
XXVI As vezes, em dias de luz perfeita e exacta, 187
XXVII Só a Natureza é divina, e ella não é divina... 188
XXVIII Li hoje quasi duas paginas 190
XXIX Nem sempre sou egual no que digo e escrevo. 191 XXX Se quizerem que eu tenha um mysticismo, está bem — tenho-o... 193
XXXI Se ás vezes digo que as flores sorriem 194
XXXII Hontem á tarde um homem das cidades 196
XXXIII Pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares. 198
XXXIV Acho tão natural que não se pense 201
XXXV O luar atravez dos altos ramos — 202
XXXVI E ha poetas que são artistas 203
XXXVII Como um grande borrão de fogo sujo 204
XXXVIII Bemdito seja 0 mesmo sol de outras terras 206
XXXIX O mysterio das cousas — onde está elle? 207
XL Passa uma borboleta por deante de mim 216
XLI No entardecer dos dias de verão, ás vezes, 218
XLII Passou a diligencia pela estrada, e foi-se; 219
XLIII Antes 0 vôo da ave, que passa e não deixa rasto, 221
XLIV Acordo de noite subitamente, 122
XLV Um renque de arvores lá longe, lá para a encosta. 225
XLVI D'este modo ou d'aquelle modo, 227
XLVII Num dia excessivamente nitido, 232
XLVIII Da mais alta janella da minha casa 234
XLIX Metto-me para dentro, e fecho a janella. 236
ANEXOS
237O Pastor Amoroso 241
I Quando eu não te tinha 242
II Está alta no ceu a lua e é primavera. 245
III Talvez quem vê bem não sirva para sentir (O Pastor Amoroso) 247
IV O amor é uma companhia. 249
V Passei toda a noite, sem saber dormir, vendo sem nada a figura
d'ella 250
VI O pastor amoroso perdeu 0 cajado, 252
Poemas Inconjuntos 263
1 Não basta abrir a janella 264
2 Falias de civilização, e de não dever ser, 266
3 Entre o que vejo de um campo e o que vejo de outro campo 267 4 Creança desconhecida e suja brincando á minha porta, 268 5 Pétala dobrada para traz da rosa que outros diriam de velludo, 269
6 Verdade, mentira, certeza, incerteza... 270
7 Uma gargalhada de rapariga soa do ar da estrada. 271 8 Noite de S. João para além do muro do meu quintal. 272
9 Hontem o pregador de verdades d'elle 272
10 Mas para que me comparar com uma flor, se eu sou eu 274
11 Tu, mystico, vês uma significação em todas as cousas. 275 12 Pastor do monte, tão longe de mim com as tuas ovelhas: 276 13 Dizem que em cada coisa uma coisa occulta mora. 277
14 Dizes-me: tu és mais alguma cousa 278
15 Se eu morrer novo, 280
16 Quando tornar a vir a primavera 282
17 Quando vier a primavera, 283
18 A espantosa realidade das coisas 284
19 Se, depois de eu morrer, quizerem escrever a minha biographia, 285 20 Nunca sei como é que se pode achar um poente triste. 286 21 Um dia de chuva é tão bello como um dia de sol. 286 22 Quando a herva crescer em cima da minha sepultura, 287 23 É noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande
distancia 287
24 Goso os campos sem reparar para elles. 288
25 Todas as theorias, todos os poemas 291
26 Leram-me hoje S. Francisco de Assis. 292
27 Sempre que penso uma cousa, traio-a. 293
28 Eu queria ter o tempo e o socego sufficientes 293 29 A manhã raia. Não: a manhã não raia. 294 30 No dia brancamente nublado entristeço quasi a medo 294 31 , A creança que pensa em fadas e acredita nas fadas 296 32 De longe vejo passar no rio um navio... 297
33 Creio que irei morrer. 297
34 A noite desce, o calôr sossobra um pouco. 298 35 Estou doente. Meus pensamentos começam a estar confusos. 299 36 Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse
agradavel, 300
37 Seja o que fôr que esteja no centro do mundo, 301
38 Pouco me importa. 301
39 A guerra que afflige com os seus esquadrões o mundo, 302 40 Todas as opiniões que ha sobre a Natureza 303
42 Pouco a pouco 0 campo se alarga e se doura. 304
43 Ultima estrella a desapparecer antes do dia, 304 44 A agua chia no púcaro que elevo á boca. 305 45 O que ouviu os meus versos disse-me: Que tem isso de novo? 306
46 Ah, querem uma luz melhor que a do sol! 307 47 O conto antigo da Gata Borralheira, 308
48 Duas horas e meia da madrugada. Accordo, e adormeço. 309
49 Não tenho pressa: não a teem 0 sol e a lua. 310 50 Não tenho pressa. Pressa de quê? 310 51 Sim: existo dentro do meu corpo. 3" 52 Vive, dizes, no presente; 312 53 Hoje de manhã sahi muito cedo, 3i3 54 Primeiro prenuncio da trovoada de depois de amanhã, 314 55 Também sei fazer conjecturas... (Penúltimo Poema) 316 56 Ponham na minha sepultura 318 57 E talvez 0 ultimo dia da minha vida. (Last poem) 320 58 A neve poz uma toalha empuxada na mesa de tudo. 321 59 Gosto do ceu porque não creio que elle seja infinito. 322
60 Para além da curva da estrada 322 61 Acceita 0 universo 324 62 Sinto-me recemnascido a cada momento 324 63 E tudo 0 que se sente directamente traz palavras novas. 324
64 O verde do ceu azul antes do sol estar para nascer, 325 65 As cores verdadeiras das coisas que os olhos vêem... 325
66 Contenta-me ver com os olhos e não com as paginas lidas. 326 67 Como uma creança antes de a ensinarem a ser grande 326
68 Não sei 0 que é conhecer-me. Não vejo para dentro. 327
69 Patriota? Não: só portuguez. 327 70 Deito-me ao comprido sobre a terra com herva 328 7i Falaram-me em homens, em humanidade, 328 72 Nunca busquei viver a minha vida 329
ÍNDICES
331índice topográfico 333 índice de primeiros versos e de títulos 341 índice cronológico 345 índice geral 353