• Nenhum resultado encontrado

Superior Tribunal de Justiça

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Superior Tribunal de Justiça"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.201.845 - RJ (2010/0119618-7)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

RECORRENTE : SALDEC PRODUTOS QUÍMICOS E PECUÁRIOS LTDA

ADVOGADO : ALEXANDRE DE OLIVEIRA KRONIG

RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL

ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. ADUANEIRO. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 282/STF. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. LANÇAMENTO. REVISÃO. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 50, 138 E 139 DO DECRETO-LEI 37/66, E DOS ARTS. 149 E 150, §4º DO CTN.

1. Afastado o exame do recurso especial pela alegada violação aos arts. 106 e 112, do CTN, isto porque não prequestionadas as teses relativas à ausência de tipicidade, a afastar o disposto no art. 526, do Decreto n. 91.030/85 (RA/85), posto que teria importado a mercadoria com guia de importação, e relativas á existência de boa-fé a impossibilitar a aplicação de multa, tendo em vista a falta de prejuízo ao erário, e enquadramento nos casos descritos no Ato Declaratório Normativo COSIT n. 10 em 16 de janeiro de 1997 (DOU 20/01/97). Nesses pontos incide a Súmula n. 282/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada ".

2. Dentro do procedimento de despacho aduaneiro (entre a entrega da declaração e o desembaraço aduaneiro) é dada uma primeira oportunidade ao Fisco de, em 5 (cinco) dias úteis da conferência aduaneira, formalizar a exigência de crédito tributário e multas referentes à equivocada classificação da mercadoria (art. 447, do Decreto n. 91.030/85 - RA/85; art. 50, do Decreto-Lei n. 37/66).

3. No entanto, essa primeira oportunidade não ilide a segunda oportunidade que surge dentro do procedimento de "revisão aduaneira", que se dá após o desembaraço aduaneiro onde o Fisco irá revisitar todos os atos celeremente praticados no primeiro procedimento e, acaso verificada a hipótese, efetuará o lançamento de ofício previsto no art. 149, do CTN. Este segundo procedimento está sujeito aos prazos decadenciais próprios do crédito tributário e das multas administrativas e fiscais correspondentes, consoante a letra do art. 150, § 4º do CTN; arts. 138 e 139, do Decreto-Lei n. 37/66; e arts. 455 e 456, do Decreto n. 91.030/85 - RA/85.

4. A decadência do direito de o Fisco lavrar auto de infração para impor crédito tributário e penalidade decorrentes do procedimento de importação somente ocorrerá em 5 (cinco) anos contados da data do fato gerador ou da data da infração (art. 150, § 4º do CTN e art. 139, do Decreto-Lei n. 37/66). Precedente do extinto Tribunal Federal de Recursos - TFR: AMS. n. 113.701/SP, extinto TFR, Sexta Turma, Rel. Min. Carlos Mário Velloso, julgado em 23.09.1987.

5. No caso dos autos, a data de entrada da mercadoria em solo pátrio se efetivou em 16/08/1985 (data do fato gerador), enquanto que o autuado protocolou impugnação administrativa contra o auto de infração em 17/11/88 (o que permite verificar que o auto de infração foi lavrado anteriormente). Portanto, não transcorrido o quinqüênio previsto no art. 150, § 4º do CTN e no art. 139, do Decreto-Lei n. 37/66.

6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.

(2)

Superior Tribunal de Justiça

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:

"A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques. Brasília (DF), 18 de novembro de 2014.

(3)

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.201.845 - RJ (2010/0119618-7) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

RECORRENTE : SALDEC PRODUTOS QUÍMICOS E PECUÁRIOS LTDA

ADVOGADO : ALEXANDRE DE OLIVEIRA KRONIG

RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL

ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): Trata-se de recurso especial interposto com fulcro no permissivo do art. 105, III, "a", da Constituição Federal de 1988, contra acórdão que permitiu ao fisco, após o desembaraço aduaneiro da mercadoria, a impugnação e alteração da classificação tarifária da mercadoria dentro do prazo de que tratam os arts. 149 e 150, §4º, do CTN. O acórdão restou assim ementado (e-STJ fls. 103/109):

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. REVISÃO DE¨LANÇAMENTO. ART. 149 DO CTN. DECADÊNCIA. ART. 50 DO DECRETO-LEI 37/66.

I - Afasta-se a alegação de decadência do direito do fisco cobrar a multa determinada pelo Auto de Infração n° 247/88, pelo que a data de entrada da mercadoria em solo pátrio se efetivou em 16/08/1985 (fl. 15), enquanto que a apelante protocolou impugnação administrativa contra o auto de infração em 17/11/88 (fl. 20). Portanto, não transcorrido o qüinqüênio previsto no art. 150, § 4º do CTN.

II - O prazo de 5 dias previsto na redação original do art. 50, do DL 37/66 era interno ao procedimento de despacho aduaneiro, não dando ensejo à decadência do direito do Fisco de suplementar o lançamento.

III - A revisão do lançamento tributário é possível sempre que verificadas quaisquer das hipóteses previstas no art. 149 do CTN. Especialmente na hipótese, em que por exames laboratoriais posteriores ao desembaraço, constatou-se a divergência entre as mercadorias internalizadas e as declaradas na declaração de importação.

IV - Recurso impróvido.

Alega a recorrente que houve violação aos arts. 106, 112 e 149, do CTN e 50, do Decreto-Lei n. 37/66. Entende que importou a mercadoria com guia de importação (ausência de tipicidade), que o Fisco dispõe do prazo de 5 (cinco) dias da data da conferência aduaneira para impugnar a classificação tarifária da mercadoria dada pelo contribuinte, tratando-se de prazo decadencial. Sustenta que agiu amparado pela boa-fé a impossibilitar a aplicação de multa, tendo em vista a falta de prejuízo ao erário, e que tem direito à repetição do Imposto de Importação pago a maior. Pede seu enquadramento nos casos descritos no Ato Declaratório Normativo COSIT n. 10 em 16 de janeiro de 1997 (DOU 20/01/97). Afirma que em agosto de 1985 importou 1000 (hum mil) litros, de Preparação Catalizadora, composta de Álcool Acetileno,

(4)

Superior Tribunal de Justiça

Magnésio, Azul de Bromotinol e Azul de Evans, dissolvidos em água desmineralizada, pelo preço de US$ 10,50 por litro, consoante a Declaração de Importação n. 10.778, de 15 de agosto de 1985, tendo enquadrado a mercadoria na posição TAB 38.19.15.99, com a incidência de Imposto de Importação à alíquota de 45% e do Imposto sobre Produtos Industrializados à aliquota de 10%. Contudo, decorridos 03 (três) anos do desembaraço da mercadoria acima mencionada, a Aduana, após exame em seu laboratório de Análises, contestou a classificação atribuída à época pela Recorrente, considerando como correta outra classificação, onde há uma diferença a menor do Imposto de Importação em 15%, ou seja, a alíquota, correta seria de 30%, e não de 45% (pagou além do devido). Assim, foi lavrado auto pela infração ao disposto no art. 526, do Decreto n. 91.030/85 (RA/85), tendo este sido impugnado e esgotada a via administrativa até o Conselho de Contribuintes (e-STJ fls. 112/127).

Contrarrazões nas e-STJ fls. 139/143.

Recurso regularmente admitido na origem (e-STJ fls. 145/146). É o relatório.

(5)

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.201.845 - RJ (2010/0119618-7) EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. ADUANEIRO. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 282/STF. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. LANÇAMENTO. REVISÃO. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 50, 138 E 139 DO DECRETO-LEI 37/66, E DOS ARTS. 149 E 150, §4º DO CTN.

1. Afastado o exame do recurso especial pela alegada violação aos arts. 106 e 112, do CTN, isto porque não prequestionadas as teses relativas à ausência de tipicidade, a afastar o disposto no art. 526, do Decreto n. 91.030/85 (RA/85), posto que teria importado a mercadoria com guia de importação, e relativas á existência de boa-fé a impossibilitar a aplicação de multa, tendo em vista a falta de prejuízo ao erário, e enquadramento nos casos descritos no Ato Declaratório Normativo COSIT n. 10 em 16 de janeiro de 1997 (DOU 20/01/97). Nesses pontos incide a Súmula n. 282/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada ".

2. Dentro do procedimento de despacho aduaneiro (entre a entrega da declaração e o desembaraço aduaneiro) é dada uma primeira oportunidade ao Fisco de, em 5 (cinco) dias úteis da conferência aduaneira, formalizar a exigência de crédito tributário e multas referentes à equivocada classificação da mercadoria (art. 447, do Decreto n. 91.030/85 - RA/85; art. 50, do Decreto-Lei n. 37/66).

3. No entanto, essa primeira oportunidade não ilide a segunda oportunidade que surge dentro do procedimento de "revisão aduaneira", que se dá após o desembaraço aduaneiro onde o Fisco irá revisitar todos os atos celeremente praticados no primeiro procedimento e, acaso verificada a hipótese, efetuará o lançamento de ofício previsto no art. 149, do CTN. Este segundo procedimento está sujeito aos prazos decadenciais próprios do crédito tributário e das multas administrativas e fiscais correspondentes, consoante a letra do art. 150, § 4º do CTN; arts. 138 e 139, do Decreto-Lei n. 37/66; e arts. 455 e 456, do Decreto n. 91.030/85 - RA/85.

4. A decadência do direito de o Fisco lavrar auto de infração para impor crédito tributário e penalidade decorrentes do procedimento de importação somente ocorrerá em 5 (cinco) anos contados da data do fato gerador ou da data da infração (art. 150, § 4º do CTN e art. 139, do Decreto-Lei n. 37/66). Precedente do extinto Tribunal Federal de Recursos - TFR: AMS. n. 113.701/SP, extinto TFR, Sexta Turma, Rel. Min. Carlos Mário Velloso, julgado em 23.09.1987.

5. No caso dos autos, a data de entrada da mercadoria em solo pátrio se efetivou em 16/08/1985 (data do fato gerador), enquanto que o autuado protocolou impugnação administrativa contra o auto de infração em 17/11/88 (o que permite verificar que o auto de infração foi lavrado anteriormente). Portanto, não transcorrido o quinqüênio previsto no art. 150, § 4º do CTN e no art. 139, do Decreto-Lei n. 37/66.

6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.

(6)

Superior Tribunal de Justiça

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): Inicialmente afasto o exame do recurso especial pela alegada violação aos arts. 106 e 112, do CTN, isto porque não prequestionadas as teses relativas à ausência de tipicidade, a afastar o disposto no art. 526, do Decreto n. 91.030/85 (RA/85), posto que teria importado a mercadoria com guia de importação, e relativas á existência de boa-fé a impossibilitar a aplicação de multa, tendo em vista a falta de prejuízo ao erário, e enquadramento nos casos descritos no Ato Declaratório Normativo COSIT n. 10 em 16 de janeiro de 1997 (DOU 20/01/97). Nesses pontos incide a Súmula n. 282/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada ".

Conheço do recurso apenas quanto à alegada violação aos arts. 149, do CTN e 50, do Decreto-Lei n. 37/66. Examino.

Com efeito, reza o Regulamento Aduaneiro de 1985 (Decreto n. 91.030/85) ao regulamentar o disposto no art. 50, do Decreto-Lei n. 37/66, que:

Art. 444 - A conferência aduaneira tem por finalidade identificar o importador, verificar a mercadoria, determinar seu valor e classificação, e constatar o cumprimento de todas as obrigações ,fiscais e outras, exigíveis em razão da importação.

[...]

Art. 447 - Eventual exigência de crédito tributário relativa a valor

aduaneiro, classificação ou outros elementos do despacho deverá ser formalizada em cinco (5) dias úteis do término da conferência.

§ 1º - Concordando com a exigência fiscal, o importador poderá efetuar o pagamento correspondente, independentemente de processo.

§ 2º - A não observância do prazo de que trata este artigo implicará a autorização para entrega da mercadoria antes do desembaraço, assegurados os meios de prova necessários sem prejuízo da posterior formalização da exigência.

Decerto, uma leitura desatenta do dispositivo poderia levar à interpretação de que passados 5 (cinco) dias úteis do término da conferência aduaneira a autoridade fiscal não poderia mais exigir os tributos não declarados ou a diferença de valores declarados e não pagos da

(7)

Superior Tribunal de Justiça

importação, ou aplicar as multas correspondentes. Não é esse o comando correto, isto porque, se seguirmos na leitura do mesmo Regulamento Aduaneiro de 1985, encontraremos os artigos 455 e seguintes, que tratam do procedimento de "Revisão Aduaneira", a saber:

Art. 455 - Revisão aduaneira é o ato pelo qual a autoridade fiscal, após

o desembaraço da mercadoria, reexamina o despacho aduaneiro, com a finalidade de verificar a regularidade da importação ou exportação quanto aos aspectos fiscais, e outros inclusive o cabimento de benefício fiscal aplicado

(Decreto-lei n. 37/66, art. 54).

Art. 456 - A revisão poderá ser realizada enquanto não decair o

direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário (Lei n. 5.172/66,

art. 149, parágrafo único).

À toda evidência, dentro de todo o procedimento fiscal de importação (despacho aduaneiro), é preciso separar os momentos de "conferência aduaneira", "desembaraço aduaneiro" e um segundo momento de "revisão aduaneira", externo ao despacho aduaneiro.

A "conferência aduaneira" exige celeridade, já que a mercadoria está em zona primária ou secundária em depósito por conta do contribuinte. Quanto mais tempo demorar a conferência, mais tempo demorará o desembaraço aduaneiro, onerando sobremaneira o contribuinte e obstando as atividades do Fisco que precisa ter seu tempo aproveitado para atender aos outros despachos aduaneiros que estão na fila. Por tais motivos é que, dentro do procedimento de despacho aduaneiro (entre a entrega da declaração e o desembaraço aduaneiro) foi dada uma primeira oportunidade ao Fisco de, em 5 (cinco) dias úteis da conferência aduaneira, formalizar a exigência de crédito tributário e multas. Daí o prazo exíguo, com o intuito de se chegar logo ao desembaraço aduaneiro.

No entanto, essa primeira oportunidade não ilide a segunda oportunidade que surge dentro do procedimento de "revisão aduaneira", que se dá após o desembaraço aduaneiro (portanto após o procedimento de despacho aduaneiro) onde o Fisco irá revisitar todos os atos celeremente praticados no primeiro procedimento e, acaso verificada a hipótese, efetuará o lançamento de ofício previsto no art. 149, do CTN. Este segundo procedimento está sujeito aos prazos decadenciais próprios do crédito tributário e das multas administrativas e fiscais correspondentes, consoante a letra do Decreto-Lei n. 37/66, em sua redação original:

Art 138. Prescreve em 5 (cinco) anos o direito de cobrar tributos a

contar do fato, que tornar conhecido o sujeito da obrigação tributária.

Parágrafo único. Em se tratando de cobrança de diferença de tributos, conta-se, o prazo a partir do pagamento efetuado.

Art.139 - No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de

(8)

Superior Tribunal de Justiça

impor penalidade, a contar da data da infração.

Posteriormente, os comandos normativos foram assim tratados pela letra do Código Tributário Nacional, in verbis :

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

[...]

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a

contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda

Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

[...]

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

[...]

Sendo assim, a decadência do direito de o Fisco lavrar auto de infração para impor crédito tributário e penalidade decorrentes do procedimento de importação somente ocorrerá em 5 (cinco) anos contados da data do fato gerador ou da data da infração (art. 150, § 4º do CTN e no art. 139, do Decreto-Lei n. 37/66). Nessa linha a jurisprudência do extinto Tribunal Federal de Recursos - TFR, transcrita apenas no que pertine ao presente processo:

TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA.

LANÇAMENTO. REVISÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 50, DO DECRETO-LEI 37/66, E DO ART. 149 CTN.

I - A regra do Art. 50, do D.L. 37/66, integra o procedimento do lançamento do Imposto de Importação. Por isso, ela não afasta a norma do art. 149, CTN, relativa à revisão do lançamento dentro de cinco anos, nas hipóteses previstas neste último, Art. 149, CTN.

[...]

(AMS. n. 113.701/SP, extinto TFR, Sexta Turma, Rel. Min. Carlos Mário Velloso, julgado em 23.09.1987).

No caso dos autos, a data de entrada da mercadoria em solo pátrio se efetivou em 16/08/1985 (data do fato gerador), enquanto que a apelante protocolou impugnação administrativa contra o auto de infração em 17/11/88 (o que permite verificar que o auto de infração foi lavrado anteriormente). Portanto, não transcorrido o quinqüênio previsto no art. 150, § 4º do CTN e no art. 139, do Decreto-Lei n. 37/66.

(9)

Superior Tribunal de Justiça

Ante o exposto, CONHEÇO PARCIALMENTE e, nessa parte, NEGO PROVIMENTO ao presente recurso especial.

É como voto.

(10)

Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2010/0119618-7 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.201.845 / RJ

Números Origem: 8900265199 9002201699

PAUTA: 18/11/2014 JULGADO: 18/11/2014

Relator

Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS Secretária

Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : SALDEC PRODUTOS QUÍMICOS E PECUÁRIOS LTDA ADVOGADO : ALEXANDRE DE OLIVEIRA KRONIG

RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL

ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Impostos - II / Imposto sobre Importação

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

A Sra. Ministra Assusete Magalhães, os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.

Referências

Documentos relacionados

aduaneiro, o ato de desembaraço aduaneiro e o procedimento de revisão aduaneira, ponto central do estudo. Também co- nhecerá a diferença entre o instituto da revisão aduaneira e o

v) Tratando-se de unidades de participação de fundos de investimento, utilizar-se-á o último valor disponível e divulgado à data de referência da valorização. Para

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

Quando o indivíduo se vê frente ao paradoxo e sua inteligência não consegue compreendê-lo, caso insista em compreendê-lo, apenas chegará ao escândalo, escândalo

Verificaram ainda que que as atitudes em relação à velhice, o contacto formal anterior com pessoas idosas, o conhecimento sobre o processo de envelhecimento e a idade do

ART. 06 - A categoria escolhida pelo atleta na sua filiação, será a mesma para todo o campeonato do ano vigente. Se o atleta optar mudar de categoria após já ter

P res idente da 2ª Comissão Dis ciplinar do Tribunal de Jus tiça Desportiva da F ederação Sergipana de Futebol... As razões que serão abaixo explicitadas deixam

Para tal foi essencial estabelecer contacto com o artista, António Quadros Ferreira (actualmente docente de Pintura na FBAUP), que se disponibilizou inteiramente