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COMPARAÇÃO SENSORIAL ENTRE AÇÚCARES ORGÂNICOS E CONVENCIONAIS

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ISSN 2179-4448 on line v. 24, n. 2, p. 183-188, abr./jun. 2013

COMPARAÇÃO SENSORIAL ENTRE AÇÚCARES

ORGÂNICOS E CONVENCIONAIS

Daiara Mendes FARIA* Marta Helena Fillet SPOTO** Marta Regina VERRUMA-BERNARDI***

*Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural – Curso Mestrado – Centro de Ciências Agrárias – UFSCar – 13600-970 – Araras – SP – Brasil.

**Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição – ESALQ – USP – 13418-900 – Piracicaba – SP – Brasil.

***DTAiSER – Centro de Ciências Agrárias – UFSCar – 13600-970 – Araras – SP – Brasil. E-mail: verruma@cca.ufscar.br. RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar as

carac-terísticas sensoriais de oito açúcares: açúcar cristal orgâni-co (A, B), açúcar cristal orgâni-convencional (C) açúcar demerara orgânico (D, E, F), açúcar mascavo (G) e açúcar refi nado (H). Foi utilizada a Análise Descritiva Quantitativa (ADQ) com 15 provadores e 30 provadores para a avaliação da preferência da aparência global. A análise instrumental de cor foi realizada por refl ectância no S & M Colour Com-puter no sistema Hunter. Os dados da ADQ e cor foram analisados utilizando do teste de Tukey e a interpretação dos dados obtidos nos testes de ordenação de preferência visual foi de acordo com a ABNT (1994). Os resultados da ADQ mostraram diferença signifi cativa para os atributos avaliados. Para cor instrumental os valores de refl ectância demonstraram que as medidas LHunter variaram entre 90 para a amostra mais clara (H) e 27,4 para a amostra mais es-cura (G), avaliou-se a intensidade de cor amarela (bHunter), sendo as amostras D e E com coloração mais amarelada. Os açúcares diferiram em todos os atributos sensoriais e as amostras de açúcares orgânicos (demerara e cristal) fo-ram as mais aceitas pelos consumidores quando analisada a aparência global.

PALAVRAS-CHAVE: Análise sensorial; açúcar; cor. INTRODUÇÃO

Têm sido observadas mudanças no hábito alimentar entre os brasileiros, na direção de uma demanda por pro-dutos orgânicos. A julgar pela presença dos orgânicos nas gôndolas de supermercados, estima-se que exista um po-tencial de mercado para estes produtos. Tais observações, por si mesmas, chamam a atenção para o potencial deste novo nicho de consumo (BORGUINI; TORRES, 2006).

O açúcar é um alimento que faz parte da dieta e for-nece energia de fácil e rápida assimilação e a maior pro-dução mundial de cana-de-açúcar e açúcar encontra-se no Brasil (LIMA, 2005).De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 1978), o açúcar é clas-sifi cado como Açúcar cristal: contendo no mínimo 99,3% de sacarose; Açúcar refi nado: contendo no mínimo 98,5% de sacarose; Açúcar moído: contendo no mínimo 98,0% de

sacarose; Açúcar demerara: contendo no mínimo 96,0% de sacarose; Açúcar mascavo: contendo no mínimo 90,0% de sacarose; Açúcar mascavinho: contendo no mínimo 93,0% de sacarose; Açúcar-cande: contendo no mínimo 99,0% de sacarose; Açúcar glacê ou em pó ou de confeiteiro: conten-do no mínimo 99,0% de sacarose (excluíconten-do o antiagluti-nante); Açúcar em cubos ou tabletes: contendo no mínimo 98,0% de sacarose (excluído o aglutinante); Açúcar para confeitar: açúcar fi namente pulverizado ou em cristais, adi-cionado de corantes permitidos.

A composição nutricional e as características sen-soriais dos alimentos orgânicos podem variar de acordo com alguns atributos inerentes ao sistema de produção tais como: condições de crescimento, estação do ano, entre outros; e também pode ser afetada pelo transporte, estoca-gem e preparação do alimento. Constatou-se que existem pequenas diferenças no teor de nutrientes entre os alimen-tos orgânicos e os que são produzidos convencionalmente (DANGOUR, 2009; BOURN; PRESCOTT, 2002).

Pesquisas na área de análise sensorial com produtos orgânicos são bastante recentes, conhece-se pouco sobre as características sensoriais dos alimentos orgânicos, até mes-mo se apresentam características tão diferenciadas em rela-ção ao produto convencional. Estudos envolvendo a atitu-de do consumidor refl etida no seu mecanismo atitu-de escolha, compra, consumo e aceitação de produtos orgânicos, são ainda mais escassos (BORGUINI; TORRES, 2006). Diante do exposto este estudo teve como objetivo avaliar as carac-terísticas sensoriais dos diferentes tipos açúcares orgânicos e convencionais e verifi car a preferência dos açúcares na embalagem.

MATERIAL E MÉTODOS Açúcares utilizados

Foram avaliados 8 amostras de açúcares: açúcares cristal orgânicos (A, B), açúcar cristal convencional (C), açúcares demerara orgânicos (D, E, F), açúcar mascavo (G) e açúcar refi nado (H) (Tabela 1). As amostras foram obtidas na cidade de São Carlos e Araras/SP no ano de 2011 e fo-ram utilizados dez quilos de cada marca.

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Análise Descritiva Quantitativa (ADQ)

Para a análise sensorial descritiva dos açúcares foi utilizada a Análise Descritiva Quantitativa (ADQ) descrito por Stone & Sidel (1993) e os testes foram realizados no horário de 9:00 às 11:00 e 14:00 às 16:00h.

Participaram deste estudo 15 provadores pré-sele-cionados levando-se em consideração interesse, disponibi-lidade e conhecimento prévio em analise sensorial de açú-cares. Cerca de 20g de açúcar foram servidos à temperatura ambiente em copos plásticos de 50 mL, codifi cados com números de três dígitos. O levantamento de atributos foi re-alizado utilizando o método Rede descrito por Kelly (1955) citado por Moskowitz (1983). Foram realizadas quatro ses-sões onde foi apresentado um par de amostras de açúcares por vez e solicitado aos participantes que descrevessem as similaridades e as diferenças entre os pares de amostras.

Após o levantamento de termos e discussão os ter-mos e nesta etapa, os terter-mos que expressaram o mesmo signifi cado foram agrupados e os poucos utilizados foram,

por consenso, retirados. Ao fi nal das sessões, foi gerada uma lista de termos descritivos com as defi nições e res-pectivos extremos da cada escala. Durante o treinamento, os provadores foram solicitados a avaliar a intensidade de cada atributo sensorial das amostras do açúcar mascavo uti-lizando escala não estruturada de 9 cm, ancorada nos extre-mos com terextre-mos defi nidos pela equipe. Utilizando o crité-rio para seleção de provadores em função da habilidade de discriminar as amostras e repetir resultados nas avaliações, sendo excluídos aqueles que apresentaram probabilidade de Famostras não signifi cativo (p≥0,05), ou Frepetição sig-nifi cativo (p≤0,05) (DAMÁSIO; COSTELL, 1991), não foi excluído nenhum provador. A lista dos atributos com as res-pectivas defi nições estão apresentadas na Tabela 2. Avaliação da preferência aparência global

As amostras de açúcares foram apresentadas a 30 consumidores de açúcar, na própria embalagem, codifi ca-das com três dígitos. Os provadores ordenaram as amostras Tabela 1 – Preços das amostras de açúcares utilizados neste estudo.

Açúcar Preço (R$)* A - Cristal orgânico 3,69 B - Cristal orgânico 3,78 C - Cristal convencional 2,30 D - Demerara orgânico 3,69 E - Demerara orgânico 5,80 F - Demerara orgânico 4,91 G - Mascavo orgânico 6,89

H - Refi nado convencional 2,30

Preço referente a 1 kg de açúcar – ano 2011.

Tabela 2 – Atributos sensoriais de açúcares, respectivas defi nições e referências utilizadas.

Atributos Defi nição Referências

Aparência

Cor Refere-se à cor de açúcares do branco para marrom. Escuro: Ovomaltine®Claro: bicarbonato Umidade Refere-se à presença de umidade no açúcar. Úmida: areia molhadaSeca: Ajinomoto® Granulosidade Refere-se ao tamanho dos grãos. Fina: açúcar refi nadoGrossa: areia grossa Aroma

Doce Refere-se ao aroma doce presente no açúcar. Fraco: de açúcar refi nadoForte: rapadura Natural de cana Refere-se ao aroma natural de cana. Forte: caldo de cana-de-açúcarFraco: água Sabor

Doce Refere-se ao sabor doce Fraco: açúcar refi nadoForte: rapadura Caldo de cana Refere-se ao sabor de cana-de-açúcar. Fraco: caldo- de- canaForte: rapadura

Textura

Crocante

Característica de textura, associado ao fato do açúcar estalar e saltar dos

dentes ao serem mastigados.

Pouco: biscoito de maisena Muito: fl ocos de milho Arenosidade

Refere-se à percepção oral similar à presença de grãos de areia ao ingerir

o açúcar.

Pouco:

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em ordem crescente (1 = menos preferida e 8 = mais pre-ferida) da preferência da aparência global (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, 1994). As amostras de açúcar foram apresentadas aos consumi-dores na própria embalagem, codifi cadas com algarismos de três dígitos. Os testes foram realizados individualmente com consumidores recrutados por meio de contato pessoal, consumidores do produto responsáveis pelas compras de supermercado na sua família, a faixa etária variou dos 30 a 65 anos.

Avaliação da cor instrumental dos açúcares

A análise instrumental de cor foi realizada por re-fl ectância no S & M Colour Computer modelo SM - 4 - CH da Suga, no sistema Hunter com abertura de 30 mm de di-âmetro. Os parâmetros de cor medidos em relação à placa branca (L = 90,21; a = –2,32; b = 1,37) foram: L = lumino-sidade (0 = preto e 100 = branco); a (–80 até zero = verde, do zero ao +100 = vermelho); e b (–100 até zero = azul, do zero ao +70 = amarelo). Foram realizadas 12 repetições dispostas em placa de Petri com 5 cm de diâmetro e 2 cm de altura, onde foram colocados 30g do açúcar. As analises foram realizadas no Departamento de Agroindústria, Ali-mentos e Nutrição (LAN) da ESALQ/USP.

Análise estatística

Os dados foram analisados através da análise de va-riância (ANOVA) e teste de Tukey para checar diferenças entre as médias (p≤0,05) utilizando o programa estatísti-co SAS/STAT® (2003), considerando amostra e provador

como causas de variação. A interpretação dos dados obtidos nos testes de ordenação de preferência visual foi de acordo

com a ABNT(1994), que indica a diferença crítica entre os totais de ordenação em nível de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Analise sensorial -ADQ

Os atributos sensoriais que descreveram os oito açú-cares estudados foram: cor, umidade, granulosidade; aroma e sabor doce e natural de cana-de-açúcar e textura crocante e arenosa (Tabela 3 e a Figuras 1a, 1b, 1c) mostram a po-sição dos açúcares e os atributos sensoriais. Os açúcares diferiram sensorialmente pela ADQ (p≤0,05).

Açúcares cristal orgânicos (A, B), açúcar cristal convencional (C) açúcar demerara orgânico (D, E, F), açúcar mascavo orgânico (G) e açúcar refi nado conven-cional (H).

A cor das amostras dos açúcares foi avaliada no in-tervalo entre “branca e marrom” sendo a amostra C, H (açú-car cristal convencional e refi nado) as mais claras (p≥0,05) e a amostra G a mais escura (açúcar mascavo). Dos 3 açú-cares demerara estudados, 2 apresentaram cor mais escura (D, E) enquanto que a amostra F apresentou cor semelhante aos açúcares cristal orgânicos. De modo geral as amostras denominadas orgânicas apresentaram-se mais escuras.

De acordo com Santos(2008), a cor do açúcar é in-fl uenciada pela dimensão do seu cristal. Aumentando a área superfi cial do cristal aumenta a sua cor, pois cerca de 15 a 30% da sua coloração total encontra-se na superfície ex-terna. Assim, quanto menor o cristal mais claro e brilhante será o açúcar.

Os compostos fenólicos são altamente reativos e se oxidam com facilidade conferindo uma coloração escura ao açúcar. No processo de fabricação do açúcar os pigmentos Tabela 3 – Médias dos atributos sensoriais avaliados nas amostras de açúcares.*

Açúcar

A B C D E F G H DMS**

Aparência

Cor 3,7c 3,0cd 0,3e 5,6b 6,2b 2,3d 8,4a 1,1e 0,97

Umidade 3,4bc 2,5cd 1,2d 4,8b 3,7bc 1,5d 7,0a 2,5cd 1,89

Granulosidade 3,7b 3,1b 2,6b 6,8a 6,9a 2,2bc 0,8cd 0,4d 1,59

Aroma

Doce 1,7c 2,0c 1,0c 5,9b 5,6b 1,4c 7,8a 2,5c 1,67

Cana-de-açúcar 2,0b 1,9b 1,5b 5,5a 5,3a 1,6b 6,6a 2,3b 2,18

Sabor

Doce 3,8abc 5,2ab 2,6c 4,6abc 5,2ab 3,8bc 6,9a 2,6c 2,55

Cana-de-açúcar 3,5bc 3,4bc 1,8c 5,7ab 5,5ab 2,3c 7,0a 1,8c 2,37

Textura

Crocante 3,9b 3,6bc 3,0bc 7,1a 7,3a 2,1cd 2,4bc 0,7d 1,67

Arenoso 4,0b 3,8bc 2,9bcd 6,1a 6,7a 2,2cde 1,4de 0,8e 1,76

Médias na mesma linha, seguidas de letras iguais, não diferem signifi cativamente (p≥0,05) pelo teste de Tukey. **DMS = Dife-rença Mínima Signifi cativa.

*Açúcares cristal orgânicos (A, B), açúcar cristal convencional (C) açúcar demerara orgânico (D, E, F), açúcar mascavo orgânico (G) e açúcar refi nado convencional (H).

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e corantes, como os compostos fenólicos e fl avonoides que representam cerca de 2/3 da cor do caldo de cana, podem se oxidar com os polissacarídeos, conferindo cor indesejável ao produto fi nal (SANTOS, 2008).

A quantifi cação do atributo umidade também fi cou bem distribuída por toda a escala. A amostra G apresentou a maior média (7,0) e a amostra C a menor (1,2). Estudos sobre analise descritiva de açúcar mascavo descritos por Verruma et al.(2010), com amostras de açúcar mascavo para o atributo umidade, verifi caram variação de 1,3 a 7,0, sendo que 53% das amostras apresentaram valores abaixo de 4,5 em uma escala de 9,0 pontos.

Para o atributo aparência granulosa, os açucares apresentaram-se muito heterogêneos, com valores de 0,4 para o açúcar refi nado e 6,9 para os açúcares demerara or-gânico. Os açúcares demerara apresentaram médias altas, mas as amostras D e E e as demais amostras de açucares alcançaram médias abaixo de 3,7.

Para o atributo aroma doce o açúcar mascavo (G) e duas amostras demerara (D, E) (açúcares demerara or-gânico) com escores 7,8; 5,9 e 5.6 respectivamente, foram considerados os mais doces.

Na avaliação do aroma e sabor de cana-de-açúcar as amostras G, D e E foram signifi cativamente diferente das demais (p³0,05) e a mesma tendência com escores supe-riores a 5, enquanto que o açúcar cristal convencional (C) e açúcar refi nado convencional (H) apresentaram escores inferiores, ambas 1,8 para aroma de cana-de-açúcar os es-cores foram 1,5 para amostra C e 2,3 para H (Tabela 3). Rodrigues et al.(1998), relataram que o açúcar mascavo di-fere do açúcar branco principalmente pela coloração escura e pelo menor percentual de sacarose.

Segundo Chaves(1998), o açúcar mascavo é produ-zido a partir do caldo de cana extraído pelo esmagamento dos colmos maduros da cana-de-açúcar. Este açúcar não é submetido a processos mais elaborados de clarifi cação do caldo, ou seja, não há operação sufi ciente para remover impurezas que poderiam estar presentes no caldo. Assim,

o produto tem aspecto marrom claro a escuro, é denso e pesado, com sabor semelhante à rapadura moída.

Quanto à textura crocante, os provadores utilizaram parte da escala próxima para as amostras de açúcar cristal orgânico e convencional (A, B e C), uma amostra de açúcar demerara (F), para açúcar mascavo (G) e o açúcar refi nado (H). O açúcar demerara destacou-se como o mais crocante (D, E). A Figura 3 mostra a posição dos atributos sensoriais e as amostras.

A textura arenosa foi distribuída por quase toda es-cala, sendo a amostra H (açúcar refi nado) considerada a menos arenosa em valores absolutos e as amostras D, E mais arenosas. As demais amostras fi caram na faixa entre 1,4 e 4,0. Verifi cou-se que os provadores avaliaram de for-ma similar o atributo aparência granulosa.

Avaliação da preferência da aparência global dos açú-cares

Para os resultados do teste de preferência da apa-rência global (8 amostras e 30 respostas) constatou-se que, para que haja diferença signifi cativa entre as amostras ao nível de 5% de signifi cância, a diferença entre o somatório de cada par de amostras deve ser igual ou maior que 58 (ABNT, 1994).

Observando-se os resultados da preferência da apa-rência juntamente com a análise sensorial descritiva em re-lação à cor verifi cou-se que os consumidores preferiram as amostras A, B (açúcar cristal convencional) e os açúcares D, E (açúcar demerara orgânico) (Tabela 4). Verruma-Ber-nardi et al.(2007), em estudos de preferência com açúcar mascavo quanto à aparência, verifi caram que os açúcares mascavos mais apreciados foram os que apresentaram cor marrom intermediária entre claro e escuro.

A atitude do consumidor é infl uenciada por fatores relacionados à psicologia que envolve o indivíduo, ao as-pecto sensorial do produto e ao marketing relacionado a ele (GUERRERO et al., 2000). Dessa forma, a otimização da aceitação de um produto requer não apenas a identifi -(a) atributos de aparência (b) atributos de aroma e sabor (c) atributos de textura

FIGURA 1 – Atributos sensorias de aparência avaliados nas amostras de açúcares. (a) Cor= cor, Umi= umidade, Gran= granulosidade; (b) Adoc= aroma doce, Acan= aroma de cana; Sdoc= sabor doce, Scan= sabor de cana; (c) Croc= crocancia; Aren= arenosidade.

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cação de propriedades sensoriais consideradas importantes para o consumidor, mas também de várias características externas, que podem aumentar ou diminuir o consumo do produto. Atributos como o rótulo e seu conteúdo (marca, preço, informação) podem gerar expectativa e alterar sua percepção (DANTASet al., 2004).

O crescimento da produção orgânica e do mercado consumidor ocorre em todo o mundo. A busca por quali-dade em produtos agroindustriais tem mostrado um cres-cimento constante e signifi cativo decorrente de mudanças nas preferências dos consumidores, motivadas, principal-mente, por preocupações com a saúde pessoal e da família. Nesse contexto existem consumidores dispostos a pagar um pouco mais por produtos que possuam alguns atributos desejados (LIMA, 2006).

Análise instrumental de cor

Na Tabela 5 encontram-se os valores médios de lu-minosidade dos oito açúcares estudados e verifi cou-se que as medidas LHunter variaram de 90, sendo a amostra H (açú-car refi nado) como a mais clara, a 27,4 para açú(açú-car mas-cavo G como a mais escura. A intensidade da tonalidade da cor verde (-aHunter) variou de -0,78 na amostra F (açúcar demerara) a 7,5 para açúcar mascavo G. Para a intensidade de cor amarela (bHunter), as amostras D e E (açúcar demera-ra) apresentaram-se mais amarelas.

Segundo Morgano(2005), o açúcar demerara não sofre a sulfi tação, não é lavado dentro da centrífuga e não é refi nado, portanto, o produto fi nal é mais escuro que o açú-car cristal e levemente úmido. De acordo com Lima(2005), um dos fatores que estão associados à cor do açúcar é a dimensão do seu cristal, quanto menor o cristal, mais claro e brilhante será o açúcar. De acordo com Durán Rojas et

al. (2012),o açúcar mascavo quando comparado a outros açúcares, é menos atraente ao consumidor devido ao fato de ser um produto de elaboração artesanal e não ter uma padronização. Em um estudo, os autores relataram que não existe um padrão de cor tanto ao nível dos produtores como das entidades que comercializam o produto no mercado.

Segundo Bourn & Prescott (2002), a ampla gama de fatores que pode afetar a composição dos alimentos (gené-ticos, práticas agronômicas, clima e condições de pós-co-lheita) faz com que as pesquisas sobre o valor nutricional de alimentos, produzidos orgânica e convencionalmente, se tornem difíceis de serem estabelecidas e seus resultados interpretados de forma consistente. No entanto, devido ao crescente interesse pelo tema e ao aumento da produção e do consumo de alimentos orgânicos, maior número de pes-quisas deve ser implementado neste sentido.

CONCLUSÃO

- Os atributos de aparência, aroma, sabor e textu-ra variatextu-ram signifi cativamente (p≤0,05) entre os açúcares analisados, ressaltando que amostras de açúcar demerara orgânico, duas amostras (D e E) apresentaram-se como as mais doces, com mais sabor de cana e com textura mais crocante e arenosa e aparência granulosa.

- As amostras de açúcares orgânicos (demerara e cristal)foram as mais aceitas pelos consumidores quando analisada a aparência global.

- A avaliação de cor instrumental também foi va-riável, confi rmando a heterogeneidade do produto, para a intensidade de cor amarela (bHunter) as amostras D e E (açú-car demerara orgânico) apresentaram coloração mais ama-relada.

Tabela 4 – Somatório da ordem de preferência em relação à aparência visual dos açúcares. Açúcares*

Somatório A B C D E F G H

Preferência

Aparência visual 188 166 72 172 157 100 128 94

Diferença na somatória para estabelecer diferença (p≤0,05) maior ou igual a 58.

* Açúcares cristal orgânicos (A, B), açúcar cristal convencional (C) açúcar demerara orgânico (D, E, F), açúcar mascavo orgâ-nico (G) e açúcar refi nado convencional (H).

Tabela 5 – Valores médios da cor instrumental dos açúcares estudados. Açúcares*

A B C D E F G H DMS**

Luminosidade 73,8d 74,0d 85,6b 58,1e 57e 80,5c 27,4f 90a 3,78

-aHunter 0,66d 0,17e -0,78f 3,82c 4,41b -0,77f 7,5a 0,08e 0,31

bHunter 16,69d 13,8e 1,48h 27,7a 26,5b 11,85f 21,1c 6,69g 1,19

Médias na mesma linha, seguidas de letras iguais, não diferem signifi cativamente (p≥0,05) pelo teste de Tukey. **DMS =Diferença Mínima Signifi cativa.

* Açúcares cristal orgânicos (A, B), açúcar cristal convencional (C) açúcar demerara orgânico (D, E, F), açúcar mascavo (G) e açúcar refi nado (H).

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FARIA, D.M.; SPOTO, M.H.F.; VERRUMA-BERNARDI, M.R. Sensory comparison between conventional and organic sugars. Alim. Nutr. = Braz. J. Food Nutr., Araraquara, v.24, n.2, p. 183-188, abr./jun. 2013.

ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the sensory characteristics of eight sugars, organic sugar crystal (A, B), sugar conventional (C) organic demerara sugar (D, E, F), brown sugar (G) and sugar (H). We used the Quantitative Descriptive Analysis (QDA) with 15 and 30 tasters trained tasters to evaluate the preference - global appearance. The instrumental analysis was performed by color refl ectance in the S & M Hunter Colour Computer system. The data were analyzed using the Tukey and the interpretation of data obtained in tests of visual preference ordering is according to ABNT (1994). The results of ADQ showed that are ADQ heterogeneity of the samples. For instrumental color refl ectance values showed that the measures LHunter ranged from 90 to sample lighter (H) and 27.4 for the sample darker (G), evaluated the intensity of yellow color (Bhunter), and samples D and E with yellowing. The sugars differ in all sensory attributes and can verify that the samples of organic sugar (demerara and crystal) were better accepted by consumers when analyzing the overall appearance.

KEYWORDS: Sensory analysis; sugar; color. REFERÊNCIAS

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Recebido em: 07/12/2011 Aprovado em: 19/05/2013

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