DESPACHO
Agravo de Instrumento Processo nº 2232280-11.2020.8.26.0000
Relator(a): SALLES VIEIRA
Órgão Julgador: 24ª Câmara de Direito Privado
Agravo de instrumento interposto em 28.09.2020, tirado de ação de execução, em face da r. decisão publicada em 30.09.2020, a qual indeferiu o pedido, formulado pelos executados, ora agravantes, de suspensão
do leilão designado, determinando que caso seja
reconhecida alguma nulidade, os atos expropriatórios
restarão prejudicados.
Sustentam os agravantes, em síntese, que foi deferida a penhora dos direitos dos executados sobre o imóvel situado na Avenida Ibijaú, n° 199, apartamento 101 e duas vagas de garagem, “objeto das matrículas não unificadas de n° 15.955 e 191.031, ambas do 14º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo”, as quais integram o Edifício Santa Maria di Castellabate, dos quais são titulares o Espólio de Tullio Amato, Espólio de Rosa Bambini Amato, Ângelo Rafaelo Amato e Artur Amato.
Informam que, após avaliação pericial dos bens, foi nomeado leiloeiro, o qual requereu a juntada do edital de
leilão com praceamento nos dias 02.10.2020, para primeira praça, e 07.10.2020, para segunda praça.
Aduzem os agravantes haver nulidade processual,
decorrente da ausência de intimação pessoal dos
coexecutados e ora interessados Artur Amato e Espólio de Tullio Amato para regularização de sua representação processual, diante da renúncia ao mandato por seu patrono.
Outrossim, também asseveram haver nulidade
processual oriunda da ausência de intimação do Espólio de
Rosa Bambini Amato, cotitular do domínio dos bens
constritos acerca da penhora do imóvel, tampouco acerca da designação das praças, sendo certo, ainda, que seu nome não consta no edital de leilão.
Ademais, afirmam existir vícios gravíssimos no edital em comento, que violam o disposto nos artigos 866, VI e 894, §2°, do NCPC, tais como ausência de indicação de débito de IPTU sobre o imóvel, atualização incorreta do valor do bem, erro material no nome e qualificação de alguns dos titulares do bem, além de ausência, nas matrículas dos bens, da construção do condomínio edilício
do qual são integrantes, e ausência de matrículas
individualizadas das unidades condominiais.
aduzindo estarem presentes os requisitos do artigo 300 do CPC para concessão da tutela de urgência pleiteada.
Requerem a concessão de efeito suspensivo e, ao final, o provimento do recurso, suspendendo-se as praças judiciais para a venda do apartamento 101 e duas vagas de garagem situados na Avenida Ibijaú, n° 199, Indianópolis São Paulo/SP, até que seja prolatada decisão pelo MM. Juiz “a quo” acerca dos vícios processuais e dos vícios no edital de leilão, bem como sejam referidos vícios sanados
e, só então, seja dado prosseguimento aos atos
expropriatórios.
No caso dos autos, verifica-se que, de fato, não houve a intimação do Espólio de Rosa Bambini Amato, cotitular do imóvel constrito nos autos principais (fls.
1021/1022 dos autos principais), que sequer foi
determinada na decisão que deferiu a penhora em comento (fls. 651 dos autos principais).
Por outro lado, houve a devida expedição de carta de intimação dos coexecutados e ora interessados Artur Amato e Espólio de Tullio Amato para regularização de sua representação processual, ainda que as mesmas tenham retornado negativas, com a informação “mudou-se” (fls. fls. 1080 e 1081 dos autos principais).
A par disto, constata-se a ausência de comprovação de débitos relativos ao IPTU do bem, na medida em que o imóvel penhorado de matrícula n° 15.955 é identificado como contribuinte de n° 041.163.0023-3 (fls. 1023/1027 dos autos principais), ao passo que o documento emitido pela Procuradoria do Município de São Paulo identifica o n° 041.163.0323-2 como devedor de débito tributário (fls. 1063/1064 dos autos principais).
Impende considerar, ainda, tratar-se de ação de execução com valor da causa de R$54.945,27 quando do ajuizamento da ação, em março de 2015 (fls. 01/07 dos autos principais), tendo o imóvel penhorado sido avaliado em R$815.750,00 (fls. 1004 dos mesmos autos).
Assim, presente a parcial relevância dos argumentos expostos, processe-se sem suspensividade, nos termos do art. 1.019, I, do NCPC, ficando obstada, entretanto, a prática de atos que resultem em alienação e transferência de propriedade do imóvel constrito (matrícula nº 15.955 e 191.031), até o julgamento definitivo de mérito deste recurso, ficando mantido, portanto, o leilão designado.
Intime-se a parte contrária para apresentação de contraminuta.
No mais, não sobrevindo oposição das partes, remetam-se os autos ao julgamento virtual.
Int.
São Paulo, 1º de outubro de 2020.
SALLES VIEIRA