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Academic year: 2021

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OS IMPACTOS AMBIENTAIS PERMANENTES EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL E A COMPENSAÇÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASOS PARA O ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

RESUMO

A compensação ambiental decorrente de obras e instalações de infra-estruturas em Unidades de Conservação de Proteção Integral no Estado de São Paulo, Brasil, é calculada aplicando-se um percentual sobre o valor total da obra. Essa compensação financeira não considera os impactos ambientais de natureza permanente resultantes do funcionamento contínuo do empreendimento. No presente trabalho foram analisadas as obras e instalações de infra-estrutura em três Unidades de Proteção Integral da região metropolitana de São Paulo. Constatou-se a necessidade de revisão dos termos de licenciamento desses empreendimentos, para adequá-los à legislação ambiental vigente, por meio da aplicação da Licença Retificadora, nos termos do Decreto no 4.340/2002; da celebração de Termo de Compromisso Ambiental - TCA administrativo, previsto pela Resolução SMA no 5/1997; ou do Termo de Ajustamento de Conduta - TAC, em procedimento instaurado pelo Ministério Público Estadual e Federal, consoante a Lei no 7.347/1985.

ABSTRACT

An environmental compensation resulting from workmanships and installation of infra-structures in Integral Protection Conservation Units in the State of Sao Paulo, Brazil, is calculated by a percentage of the total value of the workmanship. This financial compensation does not consider the permanent environmental impacts resulting from the continuous operation of the enterprise. The workmanships and infrastructure installations were analyzed in three UCs of Integral Protection in the metropolitan region of São Paulo. The need for a revision of the terms of licensing of these enterprises was evidenced to adjust them to the effective environmental legislation, by means of the application of the Rectifying License, in the terms of the Decree number 4.340/2002; or of the celebration of the Term of Environment Commitment - TEC, administrative, foreseen by Resolution SMA number 5/1997; or of the Term of Behaviour Adjustment - TBA, in procedure introduced by the State and Federal Public Ministry, based on Law number 7.347/1985.

INTRODUÇÃO

As Unidades de Conservação da Natureza - UCs são espaços territoriais especialmente protegidos, abrangendo seus recursos ambientais e águas jurisdicionais. Possuem características naturais relevantes e limites definidos e são instituídas pelo Poder Público com objetivos de conservação (MMA, 2004). Com a criação dessas áreas, busca-se preservar os ecossistemas no seu estado natural, de modo a compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico (IBAMA, 2002).

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Conforme a Lei nº. 9.985/2000-SNUC, nas Unidades sob o regime de Proteção Integral, é admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais, comportando somente atividades voltadas à pesquisa científica e ao uso público1.

Apesar da ampla legislação ambiental incidente, muitos empreendimentos de infra-estrutura pública, para atendimento das demandas por estradas, energia, água, telecomunicação e dutos, são instalados no interior dessas áreas especialmente protegidas, pois representam alternativas locacionais vantajosas sob os aspectos técnicos e/ou econômicos.

Com o advento da Lei no. 6.938/812, o art. 14 definiu a responsabilidade objetiva do poluidor-pagador. Essas obrigações começaram a ser exigidas no âmbito administrativo e judicial, consolidada posteriormente, com a Lei nº 7.347/853.

A Lei no 9.985/2000 prevê a destinação de recursos financeiros na ordem de um percentual igual ou superior a 0,5% do valor total da obra, para aplicação nas UCs, conforme a ordem de prioridade estabelecida no artigo 33 do Decreto nº 4.340/20024, que regulamentou seu artigo 36.

O presente trabalho, a partir de estudo de casos no estado de São Paulo, discute a necessidade da aplicação da compensação ambiental permanente para os impactos de natureza permanente que interferem com as áreas das UCs de Proteção Integral.

MATERIAIS E MÉTODOS

Localização da área de estudo

O Parque Estadual do Jaraguá, criado pelo Decreto Estadual no 10.877, de 30/12/1939, com área de 492,68 ha, localiza-se no município de São Paulo, e protege a Floresta Ombrófila Densa e os Campos de Altitude (São Paulo, 2000).

O P. E. da Cantareira foi criado pelo Dec. Est. nº 41.626, de 30/11/1963, e pela Lei nº 10.228, de 24/9/1967, com área de 7.916,5 ha. Situa-se nos municípios de Caieiras, Guarulhos, Mairiporã e São Paulo. Protege a Floresta Ombrófila Densa (São Paulo, 2000).

1

Lei Federal no 9.985, de 18/7/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.

2

Lei Federal no 6.938, de 31/8/1981, que dispôs sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.

3

Lei Federal no 7.347, de 24/7/1985, que disciplinou a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

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(3)

O P. E. do Juquery criado pelo Dec. Est. no 36.859, de 5/6/1993, com área de 1.927,7 ha, está inserido nos municípios de Caieiras e Franco da Rocha. Protege a Floresta Estacional Semidecidual e fitofisionomias do Cerrado (São Paulo, 2000).

Método

Procedeu-se um levantamento das obras e instalações de infra-estrutura nessas três UCs, situadas em área urbana, onde a demanda por infra-estrutura básica é crescente. Foram identificados os principais impactos diretos e indiretos de natureza permanente, em razão da existência e do funcionamento dessas estruturas. Analisou-se os documentos encartados em procedimentos administrativos, especialmente os expedientes que trataram do licenciamento e das permissões e autorizações para uso de próprio estadual, com vistas a uma proposta de adequação dos empreendimentos (Costa et al., 2004).

RESULTADOS

Parque Estadual da Cantareira

Neste Parque existem duas linhas de transmissão, uma vinculada a Furnas Centrais Elétricas, e outra à Companhia de Transmissão de Energia Paulista – CTEEP, com 3.265 e 5.530 metros de extensão, respectivamente.

Devido à passagem da linha de transmissão de Furnas Centrais Elétricas pela Unidade de Conservação foi celebrado em 1986, um convênio entre o Instituto Florestal e a Empresa, para o aporte de recursos de compensação ambiental, com a finalidade de implantação de projetos de proteção, prevenção e combate a incêndios florestais, programas de uso público e educação ambiental.

No período 2005/2006, a linha de transmissão - LT Guarulhos-Anhanguera que atravessa o Parque, administrada pela Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista - CTEEP, foi objeto de novo licenciamento para repotenciação, passando de 230 para 345 kV. A linha original instalada há cerca de 40 anos foi desativada, sendo que o novo traçado localiza-se nos limites do Parque. No entanto, não foram implementadas quaisquer medidas de compensação ambiental pela intervenção da obra, pois no processo de licenciamento entendeu-se que o empreendimento apresentava baixo impacto ambiental, dispensando, portanto, a exigência do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, previsto pela Lei no 6.938/1981, Resolução CONAMA n° 1/1986 e Resolução CONAMA n° 237/1997, o que suscitou o questionamento da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, sobre a dispensa da apresentação do EIA. A exigência restringiu-se à apresentação do Relatório Ambiental Preliminar – RAP e à implantação de medidas de mitigação dos impactos através dos programas de monitoramento de fauna e flora, de proteção e educação ambiental e a revegetação de áreas do Parque.

A instalação do novo traçado da LT resultou na supressão de 1,14 hectares de floresta, causando danos ao solo, à fauna e à flora; impacto cênico e paisagístico; e a facilitação da ocorrência de atividades irregulares no Parque, proporcionada pela abertura de acessos.

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Uma das especificações do projeto apresentada no RAP para o empreendimento, era a redução do número de torres no interior do Parque, de catorze para onze estruturas, o que contribuiu para o deferimento da autorização ambiental. No decorrer da obra, entretanto, verificou-se que foram instaladas três torres adicionais, em descumprimento ao estabelecido no licenciamento. Essa irregularidade foi objeto de adequação através de um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta Ambiental - TCCA, de caráter administrativo, firmado entre a SMA e a empresa, com a aplicação de medidas de compensação financeira pelo dano, reparação e mitigação ambiental, com base em indicadores contidos em laudo técnico-científico elaborado pelo Instituto Florestal. Posteriormente em procedimentos de monitoramento ambiental, foram constatadas outras irregularidades na obra, que foram objeto de vistoria, resultando na elaboração de um novo laudo, com proposta de nova adequação ambiental do empreendimento.

Parque Estadual do Jaraguá

O Estado de São Paulo em 1962 cedeu pelo prazo de 20 anos à Rádio Bandeirantes S.A. uma área de 1.400 m2 no interior do P. E. do Jaraguá. Na ocasião houve um parecer da Assessoria Técnica do Gabinete da Secretaria de Estado dos Negócios de Esporte e Turismo para remover as antenas do P. E. do Jaraguá para o P. E. da Cantareira, por entender ser esta a melhor localização para os referidos equipamentos. Esse local dispensaria o uso de torre de sustentação da antena, não comprometendo a paisagem e atributos cênicos do Parque. Nesse parecer foi destacado que os picos do Jaraguá deveriam ser preservados pelos seus aspectos cênico, histórico e paisagístico. A área para a implantação das torres foi cedida em regime de comodato, ou seja, a título gratuito e em caráter precário.

Pelo Decreto nº 25.556/1984, a mesma área foi concedida a Radio e TV Bandeirantes, também a título precário e gratuito, por mais cinco anos, autorizando a comodatária a permitir que outras empresas instalassem suas antenas na mesma estrutura.

Posteriormente, pelo Decreto nº 42.533/1997, formalizou-se o uso remunerado da área pelas empresas usuárias, em forma de condomínio, beneficiando várias empresas de tele e rádio comunicação. No entanto, todos esses procedimentos administrativos não consideraram os impactos ambientais de qualquer natureza, contemplando apenas o valor locatício do imóvel público que, até então, era usufruído pelas empresas sem nenhum ônus.

Somente a partir de 1997, após quase quatro décadas de ocupação do espaço protegido, é que foi instituída a cobrança pelo uso do imóvel público. As estruturas estão instaladas em áreas que são consideradas o principal atrativo do Parque, restringindo o acesso dos visitantes, e comprometendo o valor estético e paisagístico, com evidências de degradação aos campos do Pico do Jaraguá que são um ecossistema de extrema fragilidade.

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No P. E. do Juquery, a linha de transmissão - LT Cabreúva – Mairiporã, administrada pela concessionária CTEEP, foi implantada em 1970, com 6.500 m de extensão. O Parque foi criado em 1993 com a finalidade de proteger os Campos Cerrados, Cerrado e Florestas Estacionais. Na ocasião da instalação do empreendimento, não havia normas de licenciamento e nenhuma medida mitigatória ou compensatória foi adotada. Em 2002, a empresa celebrou um TCCA com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, para a adequação do empreendimento já existente. O Parque não foi contemplado com nenhum recurso adicional pelos impactos permanentes decorrentes do contínuo funcionamento do empreendimento. Em 2003, a CTEEP apresentou um requerimento para implantação de Torre adicional à Linha existente, objetivando a repotenciação do sistema.

Como impactos permanentes identificados nas três UCs em estudo foram encontrados a compactação do solo, destruição de habitats, seccionamento e impedimento à regeneração natural, impacto cênico e paisagístico, facilitação da ocorrência de atividades irregulares pela abertura de acessos e possível exposição da fauna e flora a campos eletromagnéticos.

DISCUSSÃO

No modelo de valoração econômica de impactos de empreendimentos de comunicação, rede elétrica e dutos considerou-se que a compensação deve ser paga pelo tempo que durar o funcionamento da instalação, sendo o valor corrigido anualmente, uma vez que se trata de impacto permanente. Os cálculos da compensação ambiental independem do valor estabelecido pela administração pública, a título locatício ou outros, quando se tratar de imóvel de domínio público utilizado para instalação do empreendimento (IBAMA, 2002). No caso do P. E. do Jaraguá somente foi considerado o valor do uso locatício.

Apesar das medidas compensatórias aplicadas nas UCs afetadas pelos empreendimentos em estudo, considera-se que os danos diretos e indiretos, advindos do funcionamento e operação contínua, são definitivos e irreversíveis, uma vez que as estruturas instaladas têm natureza permanente e necessitam de manutenção periódica, inviabilizando a possibilidade de recuperação ambiental.

Ante a impossibilidade da remoção desses empreendimentos face ao interesse público decorrente de sua utilização, faz-se necessária a aplicação de medidas mitigatórias e compensatórias. A compensação financeira, por danos ambientais e em razão da utilização de espaço territorial especialmente protegido, está prevista na legislação ambiental vigente, destacando-se a Constituição Federal, art. 225, § 3º; Constituição Estadual, art. 193, inc. XII e XX, a Lei nº 6.938/81, art. 4, inc. VII; a Lei no 9.985/00, art. 36, e o Decreto no 4.340/02, art. 34. O valor dessa compensação é calculado com base num percentual do valor total da obra, que compreende as intervenções para a implantação do empreendimento, deixando de compensar as UCs pelos impactos ambientais permanentes que decorrem dessa atividade. Assim, o valor da compensação ambiental deverá considerar os danos diretos e indiretos permanentes das instalações implantadas nas áreas protegidas.

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Os empreendimentos em questão são exemplos de instalações que foram implantadas e funcionam sem a adoção de medidas de mitigação e compensação pelos impactos ambientais permanentes. Constata-se a necessidade de revisão dos termos do licenciamento dessas infra-estruturas públicas, para análise da aplicação da compensação ambiental permanente e de valores locatícios, amparados em trabalhos técnicos científicos, em consonância com IBAMA (2002).

CONCLUSÕES

Para a adequação dos empreendimentos, as providências mais adequadas serão: a celebração de um Termo de Compromisso de Conduta Ambiental – TCCA previsto pela Resolução no5, de 7 de janeiro de 1997, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMA, ou um Termo de Ajustamento de Conduta – TAC em procedimento do Ministério Público, conforme prevê a Lei no. 7.347/85. Para aqueles empreendimentos anteriores às normas ambientais vigentes, caberá a aplicação da licença retificadora, prevista pelo Decreto no 4.340/2002.

REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS

Brasil. Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2004. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza –SNUC: Lei 9.985 de 18/07/2000 - Decreto 4.340 de 22/08/2002. MMA/SBF. Brasília.

Costa, S.D.; Oliva, A. & Soares, I.V.P. 2004. A atuação do Ministério Público Federal no licenciamento de empreendimentos que afetam Unidades de Conservação: o caso da duplicação da Rodovia Fernão Dias (BR 381) no P. E. da Cantareira, Estado de São Paulo. In: IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Anais, Curitiba. Pp. 591-600. Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação/ Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Curitiba.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 2002. Modelo de Valoração Econômica de Impactos em Unidades de Conservação – Empreendimentos de Comunicação, Rede elétrica e Dutos. Brasília: IBAMA. 64 p.

Pires, L. F. A. Gestão Ambiental da Implantação de Sistemas de Transmissão de Energia Elétrica Estudo de Caso: Interligação Norte/Sul I. 2005. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) - Universidade Federal Fluminense, Niterói.

São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. 2000. Atlas das Unidades de Conservação Ambiental do Estado de São Paulo. IMESP. São Paulo.

Referências

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