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Modelos Epidemiológicos Acoplados para a Dinâmica da Transmissão da Dengue

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Modelos Epidemiol´ogicos Acoplados para a Dinˆamica da

Transmiss˜ao da Dengue

Ana Carolina Simoneto1 , Rog´erio Luis Rizzi1

1Colegiado do Curso de Matem´atica - Centro de Ciˆencias Exatas e Tecnol´ogicas da

Universidade Estadual do Oeste do Paran´a Caixa Postal 711 - 85819-110 - Cascavel - PR - Brasil anasimoneto@hotmail.com, rogeriorizzi@hotmail.com

Resumo. A Epidemiologia Matem´atica surge com o intuito de auxiliar no estudo quantitativo de fatos e formalizar o fenˆomeno de interac¸˜ao da doenc¸a e seu hospedeiro, explicando de forma precisa os acontecimentos observados, ajudando na interpretac¸˜ao de dados e nas estimativas de parˆametros e indicando poss´ıveis abordagens para con-trole de doenc¸as, al´em de avaliar seu impacto. Neste contexto, o presente trabalho visa sistematizar e organizar dados bibliogr´aficos referentes `a modelagem epidemiol´ogica da dengue, elaborando um texto did´atico, conciso e consistente sobre o tema abordado, al´em de sistematizar quest˜oes pertinentes `a epidemiologia matem´atica, enfocando sem-pre a dinˆamica de transmiss˜ao da dengue.

Palavras Chaves. Modelos epidemiol´ogicos, epidemiologia matem´atica, dengue, dinˆamica da transmiss˜ao da dengue.

1. Dengue: caracter´ısticas e aspectos principais

1.1. Sintomas, caracter´ısticas, aspectos biol´ogicos

A palavra dengue tem origem espanhola e significa “melindre”, “manha”, referindo-se ao estado de moleza e prostrac¸˜ao que acomete o doente. J´a a doenc¸a, designa uma infecc¸˜ao de curta durac¸˜ao, cuja gravidade ´e vari´avel. ´E causada pelo v´ırus da fam´ılia Flaviviridae e a transmiss˜ao se d´a pelo artr´opode do gˆenero Aedes. O desenvolvimento da doenc¸a ocorre de forma intr´ınseca, no ser humano, ou extr´ınseca, no vetor.

Quando o mosquito transmite a doenc¸a ao ser humano, surge ap´os o per´ıodo de incubac¸˜ao, a viremia. Neste per´ıodo, o Aedes Aegypti que picar o indiv´ıduo contami-nado tamb´em se contaminar´a, desencadeando o processo de incubac¸˜ao extr´ınseca, o qual vai desde a ingest˜ao do sangue infectado at´e o momento em que o mosquito ´e capaz de transmitir o v´ırus pela sua replicac¸˜ao nas glˆandulas salivares. Apesar de contaminado, a doenc¸a n˜ao se manifesta no mosquito. [YANG, 2003]

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dia anterior de aparecimento da febre e o sexto dia da doenc¸a. J´a no mosquito, o per´ıodo de incubac¸˜ao viral varia de trˆes a quinze dias. Apesar do mosquito transmitir a doenc¸a, ela s´o acomete o ser humano.

A dengue pode ser classificada como cl´assica, forma benigna e mais comum da doenc¸a, e hemorr´agica, que pode levar ao ´obito.

A dengue cl´assica inicia-se com febre, a qual se manifesta ap´os o per´ıodo de incubac¸˜ao de 5 a 8 dias. Usualmente esta surge acompanhada de cefal´eia frontal e dor retrorbital e mialgia generalizada. A artralgia, hiperemia conjuntival e a eritema facial se manifestam desde o in´ıcio. A partir do segundo dia, os sintomas digestivos se mostram mais significativos. Nesta fase, podem aparecer fenˆomenos hemorr´agicos de pouca inten-sidade, principalmente na pele e mucosa. [MACHADO, 2000]

Quando a pessoa se infecta pela segunda vez com o v´ırus da dengue, pode surgir o quadro de dengue hemorr´agica, na qual ocorrem febres e hemorragias. No in´ıcio, a sintomatologia assemelha-se com a da dengue cl´assica, no entanto, a partir do segundo ao s´etimo dia, o quadro do infectado agrava-se. Os sintomas neste per´ıodo s˜ao dores abdomi-nais, vˆomitos, queda brusca de temperatura, sonolˆencia ou inquietac¸˜ao, palidez, dispn´eia e cianose. Podem ocorrer casos de alterac¸˜ao dos n´ıveis de consciˆencia, convuls˜oes e sinais de d´eficit neurol´ogico. [MACHADO, 2000]

Existem quatro sorotipos causadores da dengue, 1, 2, 3 e 4, sendo que no Brasil ainda n˜ao h´a circulac¸˜ao do tipo 4. O tratamento ´e apenas sintom´atico e, ap´os a contaminac¸˜ao, o indiv´ıduo torna-se imune ao sorotipo pelo qual foi contaminado, por´em, ainda suscet´ıvel aos demais.

1.2. Vetor transmiss˜ao

O principal transmissor da dengue ´e o mosquito Aedes Aegypti, da fam´ılia Culicidae. Tem origem africana e ficou conhecido por transmitir a dengue e a febre amarela.

O Aedes Aegypti foi descrito pela primeira vez no Egito, em 1762 [LEITE, 2004]. De acordo com Gadelha (apud DOMINGOS, 2005), a dispers˜ao do mosquito ocorre, prin-cipalmente, pelo transporte de formas imaturas do Aedes Aegypti, principalmente ovos.

Assim, apesar de ter origem africana, este mosquito foi levado a outros pa´ıses. `

A Am´erica, foi trazido no per´ıodo colonial (Gadelha e Toda apud DOMINGOS, 2005), sendo introduzido no Brasil com o tr´afico de escravos. [LEITE, 2004]

Atualmente este mosquito est´a disseminado nas regi˜oes tropicais e subtropicais do planeta, dependente da concentrac¸˜ao humana. Estando bem adaptado ao meio urbano, necessita do domic´ılio humano para se procriar, onde encontra pequenas quantidades de ´agua limpa, pobre em mat´eria orgˆanica em decomposic¸˜ao e sais, para depositar seus ovos. Em func¸˜ao da procriac¸˜ao, a fˆemea necessita da substˆancia albumina, presente no sangue. Para tanto ela pica o indiv´ıduo para se alimentar e completar o processo de amadurecimento dos ovos. Ap´os se alimentar do sangue infectado, passa por um per´ıodo de incubac¸˜ao. S´o depois disso que o mosquito passa a transmitir a doenc¸a ao ser humano. As etapas de desenvolvimento do Aedes Aegypti compreendem o ovo, a larva, a pupa e o adulto.

Por n˜ao haver vacinac¸˜ao contra a dengue, a prevenc¸˜ao se d´a por meio da vigilˆancia epidemiol´ogica e controle do mosquito. Este controle pode acontecer mecˆanica ou quimi-camente. O controle mecˆanico se d´a pela eliminac¸˜ao de locais com condic¸˜oes para o desenvolvimento das larvas do mosquito, ou seja, locais com ac´umulo de ´agua pot´avel. O controle qu´ımico, no entanto, consiste na aplicac¸˜ao de produtos em locais de criac¸˜ao do vetor, a fim de elimin´a-lo.

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2. Modelos matem´aticos e modelagem epidemiol´ogica

Verifica-se uma iterac¸˜ao efetiva entre a Matem´atica e as Ciˆencias em geral, dentre es-tas a f´ısica, a qu´ımica e a biologia. Para tanto, se faz necess´ario, e ´e observada desde a criac¸˜ao de s´ımbolos num´ericos, a existˆencia de motivac¸˜ao para abstrair uma situac¸˜ao do cotidiano, formalizando e sintetizando id´eias. Assim, pode-se dizer que o objetivo da matem´atica aplicada ´e “extrair esta essˆencia e formaliz´a-la em um contexto abstrato, onde ela possa ser trabalhada intelectualmente, desenvolvida e absorvida como uma ex-traordin´aria economia de pensamento”. [BASSANEZI, FERREIRA JR, 1988].

Deste modo, o modelo matem´atico abstrair´a o fenˆomeno a ser explicado, con-ceitualizando e generalizando, e, modelando o problema, ter´a a miss˜ao de simplific´a-lo. Assim, a modelagem oferece-se como mecanismo para planejar o futuro e analisar tendˆencias. Para tanto, a precis˜ao do modelo depender´a da quantidade e qualidade de suas vari´aveis. Se houver muitas aproximac¸˜oes e simplificac¸˜oes no modelo, o resultado pode n˜ao ser confi´avel, tendo em vista que se distanciar´a da realidade. No entanto, um modelo que apresenta poucas aproximac¸˜oes poder´a ser de resoluc¸˜ao t˜ao complexa que seu resultado seria in´util. [COMCI ˆENCIA, 2008].

“Um problema real n˜ao pode ser representado de maneira exata, em toda sua complexidade, por uma equac¸˜ao matem´atica ou um sistema de equac¸˜oes. No entanto, se trabalharmos com as vari´aveis essenciais do fenˆomeno observado, o modelo matem´atico que simula tal fenˆomeno poder´a levar a soluc¸˜oes bastante pr´oximas daquelas observadas na reali-dade”. [BASSANEZI, FERREIRA JR, 1988]

2.1. Modelos Compartimentais

Como cita Gomes [GOMES, 2008], os indiv´ıduos que comp˜oem a populac¸˜ao hospedeira s˜ao divididos em:

• Suscet´ıveis: S˜ao os indiv´ıduos que podem contrair a doenc¸a;

• Latentes ou expostos: S˜ao os indiv´ıduos contaminados, mas que ainda n˜ao trans-mitem a doenc¸a;

• Infecciosos: S˜ao os indiv´ıduos transmissores da doenc¸a;

• Removidos: S˜ao os indiv´ıduos que n˜ao contraem a doenc¸a, seja por adquirir imu-nidade ou por ser isolado.

O processo infeccioso, portanto, se iniciar´a com o indiv´ıduo suscet´ıvel, o qual, em contato com o agente infeccioso, se contamina e entra no per´ıodo de latˆencia. Quando a quantidade viral em seu organismo aumenta, o indiv´ıduo passa a transmitir a doenc¸a, sendo denominado assim, infeccioso. Ap´os sua recuperac¸˜ao, ele passa a ser novamente suscet´ıvel ou se enquadrar´a na classe dos removidos, no caso podendo ter adquirido imunidade.

Considerando S = suscet´ıveis, E = latentes, I = infecciosos, R = removidos e N = populac¸˜ao total, podemos esquematizar da seguinte forma:

S + E + I + R = N

Pode-se, ainda, considerar as proporc¸˜oes dos indiv´ıduos em relac¸˜ao `a populac¸˜ao, e assim obter a express˜ao s + e + i + r = 1, onde, s = S/N , e = E/N , i = I/N , r = R/N .

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constante ou varia em uma escala temporal muito longa quando comparada com o tempo do processo infeccioso. No entanto, as classes individuais citadas n˜ao precisam neces-sariamente aparecer juntas no estudo da doenc¸a. [BASSANEZI, FERREIRA JR, 1988]

3. Modelos matem´aticos da dinˆamica da transmiss˜ao na populac¸˜ao

mosquitos

A populac¸˜ao de mosquitos ser´a estudada de modo a separar suas fases biol´ogicas, visto que essas etapas s˜ao importantes `a modelagem da dinˆamica da transmiss˜ao da dengue.

O estudo feito ´e baseado nos artigos de Hyun Mo Yang, Cl´audia Pio Ferreira e seus colaboradores, publicados, em sua maioria, pela revista TEMA - Tendˆencias em Matem´atica Aplicada e Computacional.

1. Fase ovo: Fase inicial da vida do Aedes Aegypti. O n´umero de ovos por per´ıodo de tempo, representado porE(t), aumenta de acordo com a taxa per-capita φ(t) de ovoposic¸˜ao por per´ıodo de tempo e leva em considerac¸˜ao o n´umero C de cri-adouros dispon´ıveis. A quantidade de ovos diminui com a sua inviabilidade, por morte (µe(t)) ou a medida que os mesmos eclodem (σe(t));

2. Fase larva: A medida que os ovos eclodem (σe(t)) surgem as larvas, representadas

porL(t). O n´umero de larvas inicial por per´ıodo de tempo diminuir´a com a mor-talidade das larvas, seja naturalmente (µl(t)) ou por controle mecˆanica e qu´ımico

(ml(t) e µl(t), respectivamente) ou pela sua transformac¸˜ao em pupa (σl(t))

3. Fase pupa: As larvas se transformam em pupas (P (t)) por meio da taxa per-capita σl(t). O n´umero inicial de pupas por per´ıodo de tempo ´e reduzido `a medida que as

pupas morrem (naturalmente (µp(t)) ou por controle) ou com a sua transformac¸˜ao

em mosquito adulto (σp(t));

4. Fase adulta: A quantidade de fˆemeas adultas por per´ıodo de tempo ´e dada por W (t) e esta quantidade se d´a pela transformac¸˜ao das pupas (σp(t)).

Tamb´em existe uma subdivis˜ao da fase adulta:

1. Mosquitos Suscet´ıveis: est˜ao suscet´ıveis ao v´ırus da dengue, denomina-seW1(t).

Neste per´ıodo a quantidade de mosquitos diminui `a medida em que eles se con-taminam pela doenc¸a (ηw(I)) ou morrem (naturalmente (µw(t)) ou por controle

qu´ımico (µ′ w(t)));

2. Mosquitos Infectados e n˜ao infectantes: Quando os mosquitos suscet´ıveis se con-taminam, passam por um per´ıodo onde est˜ao infectados, por´em, n˜ao transmitem a doenc¸a. A quantidade de mosquitos neste per´ıodo ´e representada por W2(t),

onde esta diminui `a medida em que estes mosquitos passam a infectar (γw) ou

morrem (naturalmente (µw(t)), por controle mecˆanico (µ′w(t)) ou pelo

envelheci-mento (µ2(t)));

3. Mosquitos Infectantes: Quando os mosquitos passam a transmitir a doenc¸a, estes passam a ser denominados infectantes (W3(t)). Neste est´agio sua quantidade

diminui `a medida que os mosquitos morrem, naturalmente (µw(t)), por controle

qu´ımico (µ′

w(t)) ou pelo envelhecimento (µ3(t)).

Com a disseminac¸˜ao da doenc¸a, medidas de controle s˜ao aplicadas a fim de reduzir a quantidade do vetor transmiss˜ao, o mosquito Aedes Aegypti.

• Controle Mec ˆanico: Este controle ´e feito por agentes de sa´ude p´ublica em visitas `a residˆencias ou pelos pr´oprios moradores quando da remoc¸˜ao ou inviabilizac¸˜ao

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dos criadouros. Neste caso s˜ao atingidas diretamente as fases aqu´aticas do Aedes Aegypti, onde as taxas per-capita de inviabilizac¸˜ao dos criadouros por per´ıodo de tempo s˜ao dadas porme(t), ml(t) e mp(t), referentes a ovos, larvas e pupas,

respectivamente. Al´em disso, neste controle deve ser considerada a quantidade C de criadouros, onde h´a a eliminac¸˜ao das frac¸˜oesfi, i = 1, 2, ..., k, de cada tipo

de criadouros, podendo estes ser de v´arios tipos e formas, desde grandes, como caixas d’´agua, at´e pequenos como tampas de garrafas. Assim, a quantidade dos criadouros removidos ser´a dado porPk

i=1fiCi e a capacidade remanescente dos

criadouros ser´a1 −Pk

i=1(1 − fi)Ci;

• Controle qu´ımico por larvicida: Este controle ´e realizado por meio da dissemi-nass˜ao de venenos atuantes nas fases de larvas e pupas. A taxa de mortalidade por tal m´etodo ´e representada porµ′

l(t) e µ′p(t), indicando as taxas adicionais de

morte por per´ıodo de tempos de larvas e pupas, respectivamente;

• Controle qu´ımico por adulticida: Este controle ´e realizado por meio da disseminac¸˜ao de venenos atuantes sobre mosquitos adultos, seja aplicado por equipamentos port´ateis (geralmente dentro de casa) ou pelo uso de pulverizadores (pulverizac¸˜ao nas ruas). A taxa de mortalidade por per´ıodo de tempo por este m´etodo ´e indicada porµ′

w(t).

A partir de estudos, obt´em-se o sistema de equac¸˜oes diferenciais ordin´arias para a dinˆamica de transmiss˜ao do v´ırus da dengue na populac¸˜ao de mosquitos Aedes Aegypti:

                                     d dtE(t) = ϕ(W ) h 1 − Pk E(t) i=1(1−fi)Ci i − E(t)(σe(t) + µe(t) + me(t)) d dtL(t) = σe(t)E(t) − L(t)(σl(t) + µl(t) + µ′l(t) + ml(t)) d dtP (t) = σl(t)L(t) − P (t)(σp(t) + µp(t) + µ′p(t) + mp(t)) d dtW1(t) = σp(t)P (t) − W1(t)(ηw(I) + µw(t) + µ′w(t)) d dtW2(t) = ηW(I)W1(t) − W2(t)(γw+ µw(t) + µ′w(t) + µ2(t)) d dtW3(t) = γwW2(t) − W3(t)(µw(t) + µ′w(t) + µ3(t)) (1)

4. Modelos matem´aticos da dinˆamica da transmiss˜ao na populac¸˜ao humana

A dengue ´e transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti para a populac¸˜ao humana, onde a doenc¸a se manifesta de modo ben´ıgno em sua infecc¸˜ao pelo primeiro sorotipo. O in-div´ıduo infectado se torna, ap´os curado, imune ao sorotipo pelo qual se contaminou.

Para o estudo da populac¸˜ao humana, esta ´e subdividida, de acordo com a hist´oria natural da infecc¸˜ao, em suscet´ıveis, latentes, infectantes e recuperados, sendo que tais “classes” n˜ao se interceptam.

1. Suscet´ıveis (S): Indiv´ıduos n˜ao infectados, vulner´aveis a contaminac¸˜ao da doenc¸a; 2. Latentes (H): A medida com que os indiv´ıduos suscet´ıveis s˜ao picados pelos mosquitos infectantes, migram para a classe dos latentes, a qual designa in-div´ıduos contaminados em per´ıodo de incubac¸˜ao, ou seja, n˜ao infectantes;

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3. Infectantes (I): Com o t´ermino do per´ıodo de incubac¸˜ao, o indiv´ıduo passa `a classe dos infectantes. Neste per´ıodo, al´em de manifestar a doenc¸a, o indiv´ıduo a trans-mite ao mosquito suscet´ıvel que o picar;

4. Recuperados (R): Quando o per´ıodo de infecc¸˜ao chega ao fim, o indiv´ıduo est´a recuperado da doenc¸a.

Temos, ent˜ao, o sistema de equac¸˜oes diferenciais ordin´arias que descreve a dinˆamica de transmiss˜ao da dengue na populac¸˜ao humana:

                   d dtS(t) = µhN (t) − S(t)(ηh(W3) + µh) d dtH(t) = ηh(W3)S(t) − H(t)(γh+ µh) d dtI(t) = γhH(t) − I(t)(σh+ µh) d dtR(t) = σhI(t) − R(t)µh (2)

Considerando queS(t)+H(t)+I(t)+R(t) = N (t) ´e constante, podemos dividir o sistema (2) de equac¸˜oes da dinˆamica de transmiss˜ao da dengue na populac¸˜ao humana pelo valorN (t), obtendo um novo sistema de equac¸˜oes em termos da proporc¸˜ao de indiv´ıduos.

5. Estudo de casos

O estudo de casos foi realizado por meio da implementac¸˜ao dos modelos da dinˆamica da transmiss˜ao da dengue no software MATLABre no software Xmgrace.

Para a implementac¸˜ao, s˜ao escolhidos valores para os parˆametros que remetem situc¸˜oes reais, como clima e fatores biol´ogicos. Ap´os, o modelo foi implementado nos softwares citados. Em todo o estudo, ´e utilizado, para resoluc¸˜ao das equac¸˜oes diferencias ordin´arias, o m´etodo Runge-Kutta vetorial de 4a ordem de acur´acia.

A partir disso, ´e poss´ıvel realizar an´alises quantitativas e qualitativas dos resulta-dos obtiresulta-dos a partir da an´alise resulta-dos gr´aficos.

5.1. Populac¸˜ao humano livre de mosquitos

Uma an´alise inicial da dinˆamica da transmiss˜ao da dengue mostra o comportamento da populac¸˜ao livre do mosquito Aedes Aegypti.

Para este caso a reprodutibilidade dos mosquitos ´e pequena, o que leva a sua extinc¸˜ao. Com isso, ´e necess´ario que os parˆametros escolhidos satisfac¸am a raz˜ao de reprodutibilidadeR < 1, onde R = γwγhǫ 2β wβh ρ2ρ3ρhρi eρh = γh+ µh;ρi = σh+ µh

E ainda, a ovoposic¸˜aoφ < φth, onde φth=  σe ρe σl ρl σp ρp 1 ρw −1 eρe = σe(t) + µe(t) + me(t); ρl = σl(t) + µl(t) + µ′l(t) + ml(t); ρp = σp(t) + µp(t) + µ′ p(t) + mp(t); ρw = µw+ µ′w

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Neste caso, os resultados obtidos ser˜ao como os apontados na figura 1. 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 tempo (dias) populações E L P W1 W2 W3 s h i r

Figura 1: Populac¸ ˜oes de mosquitos e humana

No gr´afico apresentado na figura 1, nota-se que, com a extinc¸˜ao dos mosquitos, a populac¸˜ao humana se estabiliza como suscet´ıveis.

5.2. Populac¸˜ao humana infestada por mosquitos livres da dengue

A populac¸˜ao humana pode estar infestada por mosquitos Aedes Aegypti, os quais est˜ao livres do v´ırus da dengue.

Neste caso,φ > φtheR < 1 e os resultados s˜ao como os apresentados na figura 2.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 0 5 10 15 20 25 30 35 40 tempo (dias) populações E L P W1 W2 W3 s h i r

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No gr´afico apresentado na figura 2, nota-se que, h´a a extinc¸˜ao dos mosquitos la-tentes (W2) e infectados (W3) e da populac¸˜ao humana portadora da doenc¸a, permanecendo

apenas indiv´ıduos suscet´ıveis (s).

5.3. Populac¸˜ao humana infestada por mosquitos contaminados pela dengue

Este caso ´e o mais completo, onde h´a populac¸˜ao de mosquitos contaminada pelo v´ırus da dengue, ou seja,φ > φtheR > 1 e, ent˜ao, tem-se:

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 tempo (dias) populações s h i r

Figura 3: Populac¸ ˜ao humana

O gr´afico apresentado na figura 3 representa a dinˆamica da populac¸˜ao humana. Nota-se que, ap´os a contaminac¸˜ao dos indiv´ıduos, h´a um pico de indiv´ıduos recuperados e uma grande baixa em indiv´ıduos suscet´ıveis. No entanto, com a mortalidade dos indic´ıduos recuperados, a curva dos indiv´ıduos recuperados passa a decrescer e dos suscet´ıveis comec¸a a crescer.

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0 500 1000 1500 2000 2500 3000 0 50 100 150 200 250 300 350 400 tempo (dias) populações E L P W1 W2 W3

Figura 4: Populac¸ ˜ao de mosquitos

J´a o gr´afico apresentado na figura 4 mostra a dinˆamica da populac¸˜ao de mosquitos. Nota-se que as curvas se alteram conforme a sazonalidade, a qual refere-se `a ´epoca do ano, de acordo com o clima e a umidade. Para as an´alises realizadas foram consideradas dois per´ıodos distintos, um desfavor´avel para o desenvolvimento das fases do mosquito e outro favor´avel, compreendendo um per´ıodo de 75 dias do ano de 360 dias.

Os resultados apresentados neste trabalho est˜ao de acordo com os apresentados nas literaturas t´ecnicas citadas.

Agradecimentos

Agradec¸o, em especial, a professora Dra. Cl´audia Pio Ferreira, pelo atendimento e disponibilidade, ajudando e sanando as d´uvidas em relac¸˜ao a modelagem apresentada neste trabalho.

Referˆencias

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FERREIRA, C.P., YANG, H.M. Estudo dinˆamico da populac¸˜ao de mosquitos Aedes Aegypti. Revista TEMA. 2003. p187-196

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FERREIRA, C.P., YANG, H.M. Estudo da transmiss˜ao da dengue entre os indiv´ıduos em interac¸˜ao com a populac¸˜ao de mosquitos Aedes Aegypti. Revista TEMA. 2003. p323-332

YANG, H.M., FERREIRA, C.P., TERNES, S. Dinˆamica populacional do vetor transmis-sor da dengue. Revista TEMA. 2003. p287-296

BARREIRA, J. A Matem´atica da Vida. Revista Ciˆencia Hoje. 2003. p8-12

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DOMINGOS, M. de F. Aspectos da ecologia de Aedes Aegypti (Linnaeus) em Santos. Universidade de S˜ao Paulo. 2005

LEITE, J.O. de C. Importˆancia da descentralizac¸˜ao das ac¸˜oes de epidemiologia e con-trole de doenc¸as na aplicac¸˜ao da vigilˆancia entomol´ogica do Aedes Aegypti, no Rio Grande do Sul, de 2000 a 2003. Boletim Epidemiol´ogico. 2004

Referências

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