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FILOSOFIA DAS ORIGENS: TESTANDO PARADIGMAS

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Academic year: 2021

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FILOSOFIA DAS ORIGENS: TESTANDO PARADIGMAS

Nahor Neves de Souza Jr.

UNASP/EC

O estudo das questões ligadas às origens envolve conhecimentos multidisciplinares, despertando o interesse tanto de cientistas, filósofos e teólogos, como de qualquer ser humano inquiridor, seja aquele motivado por uma simples curiosidade intelectual, ou mesmo, alguém que busca um significado maior para a sua própria existência.

Dentre as várias maneiras de se interpretar o mundo natural, no decorrer da história humana, com o objetivo de se compreender não apenas a realidade presente, mas também identificar e caracterizar possíveis eventos pretéritos (incluindo as origens), destacamos um quadro de possibilidades que abrange não apenas as principais estruturas conceituais, hoje identificadas, mas também uma relação (bastante simplificada) daquelas prováveis estruturas conceituais precursoras.

Dentre as estruturas conceituais atuais, mencionamos as seguintes: Evolucionismo Ateísta; Evolucionismo Panteísta; Evolucionismo Deísta, Evolucionismo Teísta, Criacionismo Progressivo; Design Inteligente; Criacionismo Islâmico e Criacionismo Bíblico. Esses oito modelos, por sua vez, podem estar vinculados, ou terem sido influenciados por pelo menos um dos seguintes modelos conceituais precursores: Empirismo (observação e experimentação); Teologia (bíblica ou filosófica), Naturalismo (ontológico ou metodológico); Herança Grega (aristotélica, neoplatônica, etc.) e Mecanicismo (teológico ou mecanicista). Todo este conjunto de esquemas conceituais, dentre outros, pertenceria ao campo de investigação da Filosofia das Origens.

No contexto da Filosofia das Origens uma conhecida frase (mais comumente utilizada pelos geólogos) revela-se bastante útil: O presente é uma chave para o passado (?) Quando nos deparamos com a realidade das transformações, que ocorrem no tempo e no espaço ao nosso redor, um confronto deverá também ser contemplado: a natureza em constante mudança versus leis fixas da natureza. Estes e outros intrigantes e desafiadores temas, com diferentes enfoques interpretativos (relacionados com as origens), são com relativa frequência considerados pelos pesquisadores da História Natural (Biologia, Paleontologia e Geologia).

O Biólogo, ao procurar decifrar a própria história da biodiversidade, terá à sua disposição a fantástica e exuberante distribuição global dos atuais biomas (presente). Qual teria sido a origem (passado) de todas essas comunidades biológicas? Neste sentido, o Paleontólogo poderá contribuir, pelo menos em parte, ao disponibilizar explicações sobre a distribuição global dos fósseis (seres que viveram no passado). No entanto, na tentativa de melhor caracterizar o próprio registro fóssil (passado), o Paleontólogo não poderá ignorar uma importante questão: estão se formando fósseis nos dias de hoje (presente)?

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No campo da Geologia, considerando-se as próprias rochas que compõem a coluna geológica fanerozoica (inclui o extraordinário e gigantesco registro fóssil) – originadas a partir de eventos geológicos pretéritos (passado) – que tipo de comparação pode ser feita com os atuais fenômenos geológicos (presente)? Assim, da mesma forma, o Geólogo também não poderá ignorar uma relevante questão: as atuais transformações geológicas (presente), se acumuladas, no futuro produzirão uma nova coluna geológica com um corresponde registro fóssil, de proporções globais? Apesar das dificuldades e limitações encontradas nesse estudo comparativo, existem interessantes possibilidades na utilização da referida questão – O presente: uma chave para o passado – à medida que esta for corretamente considerada nos vários procedimentos de investigação da Biologia, Paleontologia e Geologia.

Dentre as várias contribuições de conceituados pesquisadores da História Natural, que procuraram desenvolver análises comparativas mais elucidativas (presente x passado), destacamos o Biólogo evolucionista Ernst Mayr (2006) e o Geólogo evolucionista Neville Price (2005). Mayr, divide a Filosofia da Biologia em dois ramos – Biologia Funcional (presente) e Biologia Histórica ou Evolutiva (passado). Na Biologia Funcional a experimentação é frequentemente utilizada (ciências naturais); já na Biologia Evolutiva utilizam-se narrativas hipotéticas e cenários imaginários (naturalismo ontológico?). O Geólogo Price, de forma também incomum, desenvolveu um consistente modelo geológico, da História Fanerozoica, em que prevalecem determinados Fenômenos Geológicos Globais pretéritos (passado), diferentes (em natureza, intensidade e abrangência) de quaisquer eventos geológicos atuais (presente), que teriam provocado mudanças catastróficas em toda a superfície da Terra.

Verificaremos, a seguir, a contribuição das ideias dos dois pesquisadores na construção de modelos das origens, sob a ótica das duas principais estruturas conceituais atuais – Evolucionismo Ateísta (paradigma das origens prevalecente, atualmente, no meio acadêmico secular) e Criacionismo Bíblico (principal paradigma das origens, nas principais universidades europeias e norte-americanas, no período entre os séculos XVII e XIX).

EVOLUCIONISMO

As principais áreas de atuação da Biologia Funcional (anatomia, fisiologia, genética, etc.), juntamente com outros princípios biológicos responsáveis pelas transformações microevolutivas (mutação gênica, recombinação gênica, seleção natural, etc.), deveriam, em princípio, contribuir na explicação das supostas mudanças macroevolutivas da Biologia Histórica (passado), a partir dos seguintes conceitos – abiogênese, adaptacionismo/exaptacionismo, homologia, teoria da endossimbiose, gradualismo, saltacionismo, etc. No entanto, é importante se ter em mente que estes e outros conceitos, da Biologia Evolutiva, são incompatíveis com a própria realidade do registro fóssil. Estes mesmos conceitos (ou cenários imaginários) também não devem ser confundidos com fenômenos ou processos naturais (âmbito exclusivo da Biologia Funcional).

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Na verdade, os conceitos e hipóteses (naturalismo filosófico), utilizados pela Biologia Evolutiva, impedem a visualização das indiscutíveis evidências de planejamento na natureza (neobiologia), dificultam a verdadeira interpretação do registro fóssil (paleobiologia), consequentemente, constituem um obstáculo intransponível para a correta utilização da frase “O presente: uma chave para o passado”. O inexplicável prevalecimento do paradigma evolucionista das origens, no meio acadêmico, certamente redunda em contínuos e incalculáveis prejuízos, para o avanço do próprio conhecimento científico. Neste sentido, é importante ainda considerar que a situação de um “Estado Laico” (no Brasil) requer um posição neutra, no que diz respeito às origens, portanto não se deve apoiar nem o teísmo nem o ateísmo. Tendo em vista que os conceitos da Biologia Evolutiva são fundamentados no ateísmo, evidentemente, estes jamais deveriam ser exclusivos e impostos nas universidades.

No que diz respeito ao campo de atuação da Geologia, também é possível dividi-lo em Geologia Mecanicista (ou Funcional) e Geologia Evolutiva (ou Histórica). A Geologia Funcional (rochas, minerais e fósseis; intemperismo e formação de solos; sistemas deposicionais atuais; etc.), em harmonia com o estudo dos principais agentes geológicos modificadores da superfície terrestre – desastres geológicos (erupções vulcânicas cataclísmicas; terremotos violentos; tsunamis; furacões; etc.), deveriam constituir, em princípio, os principais parâmetros ou fenômenos do presente então utilizados para explicar o passado (história geológica evolutiva, fundamentada no Uniformitarismo).

No entanto, o que se verifica é que o Uniformitarismo (prevalecem os longos períodos de calmaria geológica), associado ao Tempo Profundo (centenas de milhões de anos) – principais fundamentos da geologia convencional (ou evolutiva) – impede a correta análise e aplicação do presente (atuais desastres geológicos), do passado (Fenômenos Geológicos Globais e o próprio registro fóssil), bem como constitui um obstáculo intransponível para a verdadeira utilização da frase “O presente: uma chave para o passado”. Da mesma forma que na Biologia Evolutiva, os incalculáveis prejuízos decorrentes do prevalecimento da Geologia Evolutiva, nas universidades, afeta não apenas o progresso do conhecimento geológico, mas também a própria liberdade intelectual e acadêmica.

A partir da breve explanação das principais premissas do Evolucionismo, que se sustentam sobre três grandes colunas epistêmicas (1 – Naturalismo Filosófico; 2 – Conhecimento Científico; 3 – Uniformitarismo/Gradualismo), podemos então apresentar sua própria definição (provisória): Paradigma (ou cosmovisão) em que são feitas tentativas de mútua conciliação entre o conhecimento científico e os conceitos e hipóteses derivados do naturalismo filosófico. Após mais de 150 anos, tempo mais do que suficiente para a aplicação dos mais variados testes científicos, o evolucionismo caracteriza-se como um paradigma das origens inconsistente e equivocado que, evidentemente, deverá ser abandonado.

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Utilizando-se a mesma classificação de Mayr (2006), tanto para a Biologia Criacionista como para a Geologia Catastrofista, bem como relevantes aspectos do modelo de Price (2005), verificaremos outra possibilidade de se aplicar a premissa “O presente: uma chave para o passado”. Na verdade, a principal diferença, entre os dois paradigmas em questão, é a utilização de distintas componentes não científicas, na construção de modelos das origens. Enquanto o Evolucionismo emprega o Naturalismo Filosófico, o Criacionismo valoriza o Conhecimento Bíblico-Histórico.

Assim, no contexto criacionista, a Biologia Funcional (presente) utiliza os mesmos parâmetros (princípios gerais e fatores microevolutivos) considerados anteriormente (contexto do evolucionismo). Já a Biologia Histórica (passado) é completamente distinta, tanto em termos gerais (biogênese; mecanismos biológicos conservativos; degeneração biológica/degradação ambiental; definição de “tipo básico”; complexidade irredutível; etc.), como mais especificamente, quando se refere à origem do próprio registro fóssil (mortandade em massa/rápido soterramento; zoneamento paleoecológico; mobilidade diferenciada, flutuabilidade seletiva; etc.).

O resultado final – quando confrontamos esta Biologia Histórica (passado) com a Biologia funcional (presente) – reflete harmonia, consistência e promissoras motivações. Ou seja, os conceitos e hipóteses, utilizados pela Biologia Criacionista (Bíblia & Ciência), favorecem a visualização das indiscutíveis evidências de planejamento na natureza (neobiologia), promovem a verdadeira interpretação do registro fóssil (paleobiologia) e, consequentemente, cooperam grandemente para a uma correta utilização da frase “O presente: uma chave para o passado”.

No que se refere à geologia, a mesma Geologia Funcional (presente), em seus aspectos gerais (rochas, fósseis, etc.) e específicos – fatores transformadores do meio ambiente (vulcanismo, terremotos, tsunamis, etc.) – quando confrontada com os principais eventos da Geologia Histórica (passado) ou Catastrófica (impactos de meteoritos e cometas; fragmentação da crosta e tectônica de placas; ação devastadora de grandes volumes de água; grandes províncias ígneas; bacias sedimentares fanerozoicas; etc.), constata-se uma impressionante harmonia e a compreensão da verdadeira história geológica fanerozoica.

Em outras palavras, o catastrofismo, associado aos Curtos Intervalos de Tempo Geológico (horas, dias, semanas e meses) – principais fundamentos da geologia catastrofista (fanerozoico) – favorece a correta análise do presente (atuais desastres geológicos), do passado (Fenômenos Geológicos Globais), bem como coopera grandemente para a correta utilização da frase “O presente: uma chave para o passado”.

Finalmente, com base no processo construtivo de modelos criacionistas, que se apoiam sobre três importantes fundamentos (1 – Conhecimento Bíblico-Histórico; 2 – Conhecimento Científico; 3 – Conhecimento de Deus), não é tarefa difícil definir (provisoriamente) o próprio significado de Criacionismo: Estrutura conceitual em que ocorrem associações intuitivas ou intencionais entre o conhecimento bíblico (historicidade de Gênesis 1 a 11...), o conhecimento de Deus (Criador, Mantenedor e Restaurador) e o conhecimento da natureza (nos seus aspectos funcionais, estéticos e

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científicos). Não chegou a hora de resgatarmos o mais consistente e confiável paradigma das origens?

Referências

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