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A Técnologia Têxtil a Serviço da Moda.

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Academic year: 2021

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A Técnologia Têxtil a Serviço da Moda

. Silvio da Silva 1

Resumo: Qual a real importância do conhecimento das tecnologias têxteis para o designer de Moda?

Da matéria prima ao produto acabado confeccionado, o Designer2 de moda possui uma infinidade de opções que interferirão no desempenho do seu produto. Quanto maior for seu background3, maior será sua competência para traduzir as necessidades do seu cliente e conseqüentemente maiores suas chances de sucesso. “ Os melhores designers do futuro serão multifuncionais e se sentirão a vontade discutindo pesquisa de mercado, fazendo um redering a cores de um novo produto ou selecionando o tipo de material que deve ser usado no produto” (BAXTER, 1995). Aos educadores cabe a responsabilidade de tornar a disciplina atraente, fazer com que o aluno consiga perceber sua importância no contexto da sua formação.

I Introdução

“As indústrias têxteis e de confecção estão entre as atividades industriais mais antigas da humanidade, utilizam métodos e processos bastante conhecidos e tecnologia de uso universal” (FEGHALI, 2001).

A Disciplina de Tecnologia no curso de Moda, não pretende tornar os discentes especialistas nas técnicas têxteis, mais sim apresentá-los aos diferentes materiais disponíveis no mercado, suas características e aplicações, para que possam selecioná-los adequadamente no desenvolvimento das suas coleções, maximizando seus recursos disponíveis em consonância com as expectativas e necessidades de seus clientes.

O Designer de moda possui uma diversidade muito grande de materiais têxteis a sua disposição, saber selecionar o que melhor se aplica às suas necessidades, ao menor custo é uma competência desejada nos dias atuais.

A cadeia têxtil é reconhecidamente uma das mais complexas entre as indústrias de transformação, não necessariamente pelo nível de conhecimento técnico exigido, mais principalmente pela diversidade de etapas envolvidas; da matéria-prima ao produto acabado confeccionado.

“O Design Têxtil deve pois dominar a tecnologia da produção dos artigos em todos os seus aspectos, antes mesmo de se preocupar com as características estéticas, pois estas irão depender de fatores específicos dessa tecnologia, tanto quanto da sua capacidade criativa. Assim o conhecimento das diferentes fibras têxteis e suas características, quanto ao aspecto, reflexão a luz, qualidade dada as cores, finura, etc., é fundamental” (CASTRO, 1981).

1.1 - Fibras Têxteis

Por muitos anos os produtos têxteis eram manufaturados a base das fibras naturais. “A História das Fibras Químicas Sintéticas teve seu início no ano de 1913, quando Fritz Klatle requereu a patente para fabricar com o cloreto de polivinilo. Este pedido provocou um desenvolvimento tempestuoso no campo da pesquisa e economia têxteis. As fibras químicas possuem certas propriedades vantajosas que faltam às fibras naturais (ERHARDT 1975)”.

Nos últimos anos a participação das fibras químicas vem crescendo gradativamente no mercado, principalmente das fibras / filamentos de poliéster, conforme podemos perceber no gráfico da figura 1.

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Figura 1 – participação das fibras têxteis no mercado.

Desde o surgimento das fibras sempre existiu a disputa do conforto e apelo ecológico das naturais contra a durabilidade, estética e praticidade das químicas, as “man made 4”, Além de se ter sob controle propriedades físicas importantes como o comprimento, a resistência, a uniformidade, a finura, o lustro, cor, morfologia na produção das fibras químicas.

O homem, em todas as áreas, sempre se baseou na natureza para criar ou aperfeiçoar suas invenções a seu favor, no caso das fibras não são exceção, este vem buscando conferir às fibras químicas propriedades desejadas encontradas nas fibras naturais, sendo o conforto a principal delas.

A natureza sempre serviu de base para se criar ou inovar produtos que atendam as necessidades do ser humano.

“Para a elite das piscinas, a Speedo lança uma geração do tecido Fast-Skin, usado naqueles macacões dos nadadores de competição, (Veja março de 2004)”.

figura 2 – Com o foco em Atenas: macacão que imita pele de tubarão fica mais flexível e desliza melhor.

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“Há muito tempo, especialistas em ciência dos materiais vem procurando entender a biologia desses processos de fabricação para poder controlar as propriedades dos materiais sintéticos. O fio tecido pelas aranhas para fabricar suas teias, por exemplo, tem uma força e uma dureza nunca reproduzidos nas fibras sintéticas” (Ciência Hoje, 1996).

Esses são só alguns exemplos, do homem se espelhando na natureza para desenvolver novos produtos. Aliar durabilidade com conforto acreditamos ser a principal razão do sucesso na evolução das fibras químicas.

O conhecimento das propriedades físicas, químicas e biológicas das fibras, permite ao designer de moda conferir ao seu produto as características desejadas.

Igualmente importante para o Designer é ter o conhecimento do processo produtivo da indústria têxtil, no desenvolvimento da sua coleção.

1.2 - Fios Têxteis

Uma vez já definida a natureza da matéria-prima, o próximo passo é escolher o fio. O leque de opções se amplia a medida em que se avançava no fluxo produtivo da indústria têxtil, multiplicando-se as opções do processo anterior as inúmeras opções apresentadas pelo processo seguinte.

Utilizaremos para o desenvolvimento do nosso produto, um fio cardado, ou penteado? Um fio anel, Open – End ou anel compacto? Um fio singelo retorcido ou fantasia? Quais as suas propriedades em relação ao número de torções aplicadas? Qual o título ideal?

“De fios em entrelaçamento, foi possível ir modificando os aspectos dos fios, combinar textura e conseguir diversificar ao infinito o aspecto do próprio ato de tecer, muito antes de surgir técnica de estamparia”. (Vicent-Ricard, 1989).

1.3 - Tecidos.

“Os primeiros panos datam do início da idade do bronze e provém da arte dos cesteiros, (Vicent-Ricard, 1969)”.

Figura 3 - Da idade do Bronze até hoje, o conceito único de cruzamento de fios permite todo tipo de criação.

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O tecido é muitas vezes a fonte de inspiração do designer de moda, sua textura, seu caimento, sua estética dão asas à sua criatividade.

“Da pré-história à atualidade, a trama da história tanto dos homens como da moda é formado pela utilização de materiais e pelo fato de tecê-los” (Vicent-Ricard, 1989).

Também no processo de tecelagem o designer terá uma série de opções para escolher em função de sua necessidade. A primeira decisão a ser tomada é quanto ao tipo de tecido, conforme figura 4.

Figura 4 – Classificação dos tecidos quanto a estrutura ( Ribeiro, 1984 ).

“Ao propor uma matéria-prima que valorize o modelo e já apresente um impacto visual não há necessidade de grandes detalhes ou intervenções para a valorização da peça (Rigueiral, 2002)”.

Tendo feito a escolha, por exemplo, pelos tecidos comuns, o passo seguinte é determinar a padronagem, o tecido será produzido com uma das padronagem fundamentais (tafetá, sarja, cetim)? Com um tecido composto, derivado, ou especial?

1.4 – Beneficiamentos

As técnicas de beneficiamento já eram aplicadas mesmo nas últimas culturas paleolíticas (isto é, culturas em que as ferramentas e as armas eram feitas lascando-se pedras duras como o sílex).

“Houve um avanço quando se descobriu que o óleo ou a gordura de animais marinhos, quando esfregados sobre as peles, ajudava a conservá-la maleável por mais tempo, isto é, até que o “óleo secasse” (Laver, 1989).

Até os dias atuais muito se evoluiu, através do beneficiamento, um único substrato pode obter formas quase que infinitas aplicando técnicas de lavanderia, estamparia e acabamento diferenciados.

“ Há dez anos, o efeito “easy-care” 5 e a durabilidade dos materiais foram pontos mais pesquisados pelas novas tecnologias, bem como os tecidos inteligentes, com efeito antiestresse, antibacterianos, antimanchas e térmicos. ” (RECH, 2002)

TECIDOS LAMINADOS FILMES MALHA ESPECIAIS MALIMO JACQUARD LENO FELPUDOS COMPOSTOS SIMPLES COMUNS FOLHEADO FELTRO

NÃO TECIDOS LAÇADA

BORDADO

REDES TRAMA

MIXTO URDIMENTO

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1.5 – Considerações Finais.

Arriscamos afirmar que recentemente a Moda se tornou Moda, o número de cursos abertos para atender a demanda do mercado comprovam isso. “ O surgimento de escolas deverá fazer com que o mercado Brasileiro de moda se desenvolva de uma forma mais eficiente e preparada, motivando a melhoria do nível de produtos oferecidos ao consumidor” ( FEGHALI, 2001).

Para o sucesso destes cursos e conseqüentemente do designer formado neles, exige-se uma constante releitura e conseqüentemente adequação.

O campo de trabalho do designer de moda possui uma forma espiral, que abrange praticamente todas as áreas, não se restringe simplesmente ao vestuário, são jóias, sapatos, comunicação, bolsas, cintos, artes plásticas, música, pintura...

Quanto maior for seu background, maior será o seu poder de resposta as necessidades do mercado.

O grau de interesse do aluno por esta ou qualquer outra disciplina do curso, dependerá do educador.

É importante que o designer conheça profundamente seu cliente e o que ele realmente valoriza, por exemplo: ele percebe como vantagem competitiva a aplicação de um biopolimento no produto? Ele visualmente avalia como valor agregado à sua marca, a aparência do tecido conseguida pela utilização do fio compactado? Caso contrário estará jogando fora seu dinheiro e, até quem sabe, seu cliente.

“No mínimo, deve-se estabelecer um compromisso entre os fatores que adicionam valor e aqueles que provocam aumento de custos”.(BAXTER, 1995)

Qualquer custo a mais no produto se justifica caso ele melhore uma característica importante desejada pelo seu cliente.

Se sua empresa produz “private label”6 e algum colaborador seu ter uma idéia para melhoria do produto, não faça alterações no projeto original sem antes consultar o cliente, pois aquela idéia que não resta dúvidas, para seus profissionais que irá melhorar o produto, pode ser na visão do criador um prejuízo à imagem e estilo do seu produto”.

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Referências

1 – BAXTER, Mike. Projeto de produto.São Paulo: Editora Edgar Blücker Ltda, 1995.

2 – CASTRO, E M. Manual de engenharia têxtil. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986. 3 – FEGHALI, Marta Kasnar. As engrenagens da moda. Rio de Janeiro : Ed. SENAC, 2001.

4 – LAVER, James. A roupa e a Moda: Uma história consisa. São Paulo: companhia das Letras, 1989.

5 – RECH, Sandra Regina. Moda: por um fio de qualidade. Florianópolis: UDESC, 2002. 6 – RIBEIRO, Luiz Gonzaga. Introdução à Industria Têxtil. Rio de Janeiro: Cetiqt/Senai, 1984. 7 – VICENT – RICARD, Française. As espirais da Moda. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. 8 – Ciência Hoje volume 21, nº 123, Agosto de 1996, pág 18.

9 – Revista Veja. Pág. 102, editora Abril, Rio de Janeiro, 2004. 10 - www.abit.org.br

11 – www.inmetro.gov.br

12 - : www.fusoes.com.br/

1

Técnico têxtil, Bacharel em Administração de empresas e licenciatura Plena em Programa Especial de Formação Pedagógica para Formadores da Educação Profissional, Pós-Graduação em Processos Têxteis, com 25 anos de experiência na indústria têxtil e de confecção, 19 no controle da Qualidade responsável pelas atividades de Controle dos Processos Têxteis e Implantação de Ferramentas de Melhoria nas empresas Teka, Hering e Dudalina. Professor e Consultor no SENAI desde 1995. Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Produção do Vestuário.

E-Mail: Silvio.silva1@sc.senai.br - Telefone comercial: 33219646/47 2

Designer: Pode ser traduzido como projetista, desenhista ou criador. 3

Background : Prática, experiência, conhecimento. 4

Man Made : Expressão inglesa utilizada para fazer referência as fibras químicas, tradução Literal – “ feita pelo homem ”.

5

Easy-Care : É a tecnologia aplicada no sentido de tornar prática a lavagem e a conservação dos tecido. São fáceis de lavar, secam rapidamente e não precisam da utilização do ferro de passar roupas. 6

Private-Label : Etiqueta particular, quando o fabricante coloca na etiqueta a marca ou razão social do cliente no produto, ao invés da sua.

Referências

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