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UTILIZAÇÃO DE DOXIFIN NO TRATAMENTO DA DIROFILARIOSE CANINA

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Academic year: 2021

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UTILIZAÇÃO DE DOXIFIN® NO TRATAMENTO DA DIROFILARIOSE CANINA

Aluna: Camila Almeida de Queiroz Orientadora: Alessandra Moreira Martins

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INTRODUÇÃO:

A Dirofilariose também conhecida como "doença do verme do coração" é uma antropozoonose de caráter crônico, causada pelo nematódeo Dirofilaria immitis, que pode ser encontrado em mais de 30 espécies, tendo os canídeos como seus hospedeiros definitivos habituais. É transmitida, principalmente, pelos mosquitos das espécies Culex spp., Aedes spp. e Anopheles spp. (1 e 2). É uma doença comum em diversas áreas do mundo, porém encontra-se mais difundida em regiões tropicais e subtropicais e, uma vez instalada, é de difícil eliminação (3 e 4).

O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um animal com Dirofilariose que foi tratado com Doxifin® e Ivermectina. Sendo o Doxifin® de grande relevância, devido à endossimbiose do parasita com a bactéria Wolbachia, microorganismo sensível à doxicilina (5).

RELATO DE CASO:

O animal, macho, da raça Rottweiller, com 6 anos de idade, foi trazido a Clínica Escola de Medicina Veterinária Dr. Paulo Alfredo Gissoni, na Universidade Castelo Branco, com quadro de hipofagia, prurido, queda de pelos e edema em bolsa escrotal. O animal pertence ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha Brasileira e é constantemente utilizado em treinamento e trabalho com cães. O canil encontra-se localizado ao lado de um rio com grande quantidade de mosquitos, tendo sua limpeza feita com cloro, água sanitária e desinfetante. Segundo os tratadores há cerca de 15 dias fora visualizado hematoquesia. Ao exame físico observou-se: mucosas normocoradas, linfonodos normais, turgor cutâneo normal, tempo de preenchimento capilar de 2 segundos, óculo atópico em ambos os olhos, pústulas e pápulas em região abdominal, presença de edema em bolsa escrotal e prepúcio, testículos íntegros e sem dor a palpação. Não foram detectadas alterações à ausculta pulmonar e cardíaca. Foi coletado sangue para realização de exames laboratoriais (anexo 1).

Para alívio dos sintomas, e enquanto não havia a liberação do resultado dos exames, foi prescrito Celesporin® comprimido 600mg (2 comprimidos/bid/21 dias), Clemastina comprimido 1,4mg (1 comprimido/bid/15 dias) e Dermotrat®

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creme (bid/15 dias). Também foi solicitado que a limpeza do ambiente fosse realizada apenas com água sanitária diluída em água na proporção de 1:30.

No hemograma foram revelados uma discreta anemia normocítica, normocrômica, leucocitose, neutrofilia absoluta, basofilia, eosinofilia, linfopenia relativa e monocitose absoluta. Foram observados microfilárias na amostra enviada. No exame bioquímico pode-se observar a uréia discretamente aumentada, creatinina dentro da normalidade, e hiperproteinemia por hiperglobulinemia (anexo 1). A partir deste resultado, o uso do Celesporin® foi suspenso e iniciou-se o tratamento com Doxifin® comprimido 200 mg (2 comprimidos e 1/4/sid/30 dias), Omeprazol cápsulas 40 mg (1 cápsula/sid/30 dias/pela manhã em jejum), Ivermectina injetável na dose de 0,012 mg/kg em aplicações subcutâneas mensais por 6 meses.

Foi requisitada radiografia torácica nas projeções dorsoventral e laterolateral, eletrocardiograma e ecocardiograma para melhor diagnóstico. O animal retornava a cada mês para a aplicação da ivermectina e avaliação de seu estado clínico. Com 15 dias de tratamento o edema e as lesões em pele já haviam melhorado. Após 3 meses de tratamento foi realizado um novo exame de sangue onde ainda foi detectado a presença de microfilárias, porém houve uma melhora significativa no exame pois as únicas alterações hematológicas ainda presentes eram a eosinofilia e a hiperproteinemia (anexo 2). O animal continuará com as medicações até o final do tratamento de 6 meses, onde serão realizados novos exames para acompanhamento.

DISCUSSÃO:

O animal supracitado apresentava dois quadros distintos. A Dirofilariose, que até o presente momento estava assintomática, e uma dermatite alérgica por contato com produto de limpeza. Iniciou-se o tratamento para a dermatopatia e obteve-se a cura clínica. Após a detecção das microfilárias no exame de sangue que foi iniciado o tratamento para dirofilariose.

As alterações hematológicas encontradas no primeiro exame realizado, dentre elas: discreta anemia normocítica normocrômica, leucocitose, neutrofilia, basofilia, eosinofilia e hiperproteinemia por hiperglobulinemia, conferem com as relatadas por Almosny, 2002 (6) e Calvert e Ridge, 2008 (1).

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O tratamento adulticida de cães com dirofilariose é complexo devido, principalmente, ao ciclo de vida do parasita e as possíveis complicações deste tratamento, que podem levar ao tromboembolismo pulmonar e consequente morte do animal, portanto não foi utilizado neste paciente (2 e 7).

Optou-se apenas pelo tratamento microfilaricida que consiste na eliminação das microfilárias do organismo indo contra o descrito por Nelson e Couto, 2001 (7) e Rawlings e Calvert, 1997 (2), que não recomendam esta terapia a não ser que se efetue antes o tratamento adulticida. Conforme Aiello e Mays, 2001 (3), Calvert e Ridge, 2008 (1) e Nelson e Couto, 2001 (7); deve-se utilizar Ivermectina na dose de 50 µg/kg (0,05 mg/kg), por via oral ou subcutânea, em dose única, contudo existe um grande risco de reações anafiláticas ocorrerem devido à morte das microfilárias circulantes. Portanto este tratamento não foi utilizado e optou-se pelo uso da Ivermectina na dose de 6 a 12 µg/kg (0,006 a 0,012 mg/kg), por via subcutânea, mensalmente, por 6 meses, eliminando assim as microfilárias gradativamente. Apesar de ser a terapia mais longa, é a que tem melhor prognóstico (5, 8 e 9).

Concomitantemente à terapia microfilaricida, deve-se combater a bactéria Wolbachia, que é um agente endossimbionte encontrado no interior das dirofilárias. Esta bactéria interage com o organismo do hospedeiro durante as infecções caninas, participando no desenvolvimento da patologia e na regulação da resposta imune do hospedeiro. Uma vez combatida, não somente afeta a fecundidade e a sobrevivência do helminto, mas também diminui a patologia inflamatória. Por está razão optou-se por iniciar o tratamento com o Doxifin®, uma vez que a Doxiciclina na dose de 10 mg/kg/sid/30 dias é a antibioticoterapia de escolha para este caso (4, 5, 8, 9 e 10).

CONCLUSÃO:

A Doxiciclina na dose apresentada tem se mostrado uma importante droga auxiliar na terapia da Dirofilariose. O tratamento associado deste antibiótico com a Ivermectina tem possibilitado a cura dos animais sem submetê-los ao risco das reações indesejáveis que podem ocorrer no tratamento adulticida.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1- CALVERT, C. A.; RIDGE, L. G. Dirofilariose. In: BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders: Clínica de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. 152, p.1595-607.

2- RAWLINGS, C. A.; CALVERT, C. A. Dirofilariose. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. v. 1. 4. ed. São Paulo: Manole, 1997. cap. 98, p. 1447-76.

3- AIELLO, S. E.; MAYS, A. Dirofilariose. In:_____. Manual Merck de Veterinária. 8. ed. São Paulo: Roca, 2001. cap. 1, p. 76-9.

4- SILVA, R. C. da; LANGONI, H. Dirofilariose. Zoonose emergente negligenciada. Ciência Rural, v. 39, n. 5, p. 1614-23, ago. 2009.

5- GRANDI, G. et al. A combination of doxycycline and ivermectin is adulticidal in dogs with naturally acquired heartworm disease (Dirofilaria immitis). Veterinary Parasitology, v. 169, n. 3-4, p. 347-51, may 2010.

6- ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonoses. 1. ed. Rio de Janeiro: L.F. Livros de Veterinária Ltda., 2002. p.112-126.

7- NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Dirofilariose. In:_____. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. cap. 10, p. 127-39.

8- BAZZOCCHI, C. et al. Combined ivermectin and doxycycline treatment has microfilaricidal and adulticidal activity against Dirofilaria immitis in experimentally infected dogs. International Journal for Parasitology, v. 38, n. 12, p. 1401-10, oct. 2008.

9- MCHAFFIE, J. Dirofilaria immitis and Wolbachia pipientis: a thorough investigation of the symbiosis responsible for canine heartworm disease. Parasitology Research, v. 110, n. 2, p. 499-502, feb. 2012.

10-HOERAUF, A. et al. Doxycycline as a novel strategy against bancroftian filariasis – depletion of Wolbachia endosymbiontis from Wuchereria bancrofti and stop of microfilaria production. Medical Microbiology and Immunology, n. 192, p. 211-6, mar. 2003.

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ANEXOS:

Anexo 1: Exames laboratoriais realizados em: 24/07/2013.

Hemograma Valores de referência Hematócrito 36,2% (37-55) Hematimetria 5,32 x 106/µL (5,5-8,5) Hemoglobina 12,0 g/dL (12-18) VGM 68 fL (60-77) CHGM 33,2% (32-36) LEUCOMETRIA GOLBAL 27.200/ µL (6.000-17.000) Leucometria específica Basófilos 15 272/ µL Raros Eosinófilos 17% 4624/ µL (2-10%)/(100 a 1250/ µL) Metamielócitos 0% 0/ µL (0%)/(0/ µL) Mielócitos 0% 0/ µL (0%)/(0/ µL) Bastões 0% 0/ µL (0 a 3%)/ (0 a 300/ µL) Segmentados 70% 19040/ µL (60 a 77%)/(3000 a 11250/ µL) Linfócitos 7% 1904/ µL (12 a 30%)/(1000 a 4800/ µL) Monócitos 5% 1360/ µL (3 a 10%)/(150 a 1350/ µL) Plaquetometria 421.000/µL (180.000-500.000) Proteínas plasmáticas --- (5,8-8,0)

Pesquisa de hemocitozoários Não foram encontrados

Pesquisa de microfilárias Positivo para microfilárias Observações: Discreta anemia normocitica, normocromica.

Leucocitose. Neutrofilia absoluta. Basofilia. Eosinofilia. Linfopenia relativa. Monocitose absoluta.

Fonte: Laboratório de Patologia Clínica Veterinária da Universidade Castelo Branco.

Bioquimica: Valores de referência

Ureia 53 (15-40 mg/dL) Creatinina 1,3 (0,6-1,4 mg/dL) ALT 31 (4-91 U/L) Proteína Total 8,84 (5,4-7,1 g/dL) Albumina 2,0 (2,6-3,3 g/dL) Globulina 6,8 (2,7-4,4 g/dL)

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Anexo 2: Exames laboratoriais realizados em: 16/10/2013. Hemograma Valores de referência Hematócrito 42% (37-55) Hematimetria 6,26 X106/µL (5,5-8,5) Hemoglobina 14,0 g/dL (12-18) VGM 67 fL (60-77) CHGM 33,3% (32-36) LEUCOMETRIA GOLBAL 18.200/µL (6.000-17.000) Leucometria específica Basófilos 0% 0/µL Raros Eosinófilos 18% 3267/ µL (2-10%)/(100 a 1250/ µL) Metamielócitos 0% 0/ µL (0%)/(0/ µL) Mielócitos 0% 0/ µL (0%)/(0/ µL) Bastões 0% 0/ µL (0 a 3%)/ (0 a 300/ µL) Segmentados 61% 11102/ µL (60 a 77%)/(3000 a 11250/ µL) Linfócitos 20% 3604/ µL (12 a 30%)/(1000 a 4800/ µL) Monócitos 1% 182/ µL (3 a 10%)/(150 a 1350/ µL) Plaquetometria 486.000/µL (180.000-500.000) Proteínas plasmáticas 10,0 g/dL (5,8-8,0)

Pesquisa de hemocitozoários Não foram encontrados

Pesquisa de microfilárias Positivo para microfilárias Observações: Presença de Rouleaux eritrocitário. Leucocitose com eosinofilia. Presença de macroplaquetas. Hiperproteinemia.

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