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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOPEDAGOGIA

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-UCAM

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM

PSICOPEDAGOGIA

A DISLEXIA E SUAS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

por

ANGELINA JULIÃO DA COSTA BRUM

PROFESSOR ORIENTADOR:

DIVA NEREIDA MARQUES MACHADO MARANHÃO

RIO DE JANEIRO / RJ

FEVEREIRO /2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM

PSICOPEDAGOGIA

A DISLEXIA E SUAS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

Monografia apresentada para Universidade

Candido Mendes por Angelina Julião da Costa

Brum, como requisito parcial à obtenção do

título de Especialista em Psicopedagogia.

Professor Orientador: Diva Nereida M.M.

Maranhão.

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FEVEREIRO / 2003

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho especialmente ao meu marido, que

durante muitos dias privou-se de minha presença por

algumas horas, me dando forças para alcançar mais essa

vitória.O companheirismo com amor e carinho em todos

os momentos desta jornada, foi acima de tudo, o estímulo

para uma melhor expectativa futura. Por isso, Mauricio

Brum,

(4)

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer especialmente a DEUS,

“Soberano e Onipotente, que estás no mais alto dos

céus...”

pois me deu proteção em todos os momentos deste

trabalho, principalmente nas longas viagens,

que DEUS faça com que os resultados conquistados até

aqui,

sirvam de equilíbrio para um futuro promissor.

(5)

EPÍGRAFE

“Educar todas as crianças não é tão importante quanto

despertar nelas o desejo de aprender.”

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO 1

DISLEXIA 10

CAPÍTULO 2

SINAIS CARACTERÍSTICOS DA DISLEXIA 17

CAPÍTULO 3

LEGISLAÇÃO E CONCEITOS

CAPÍTULO 4

O PAPEL DA ESCOLA 21 24

CONCLUSÃO

27 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29 BIBLIOGRAFIA CITADA 31 ÍNDICE 32 ANEXOS 33

(7)

INTRODUÇÃO

Pelas características culturais de nosso país, a Dislexia certamente é um de nossos mais sérios problemas de aprendizagem, com a agravante da desinformação de pais e de muitos dos educadores. Existem muitos obstáculos a serem vencidos, antes de passarmos a retórica para a prática. Uma multiplicidade de fatores envolve o problema, entre eles: a falta de apoio dos Governos, das Secretarias de Educação e também a falta de definição correta da dislexia dentro do âmbito da Legislação.

A grande incidência hoje do aumento dos diagnósticos precoces de dislexia se deve ao fato da educação infantil ter sido amplamente enfatizada. Acreditamos que existe uma consciência maior da importância da educação nos primeiros anos de vida, sabendo que o rápido desenvolvimento do cérebro de uma criança depende amplamente da estimulação ambiental. Existe um consenso crescente de que cuidados com a criança e a educação precoce são procedimentos inseparáveis. O direito de qualquer criança ao crescimento e desenvolvimento passa pelos aspectos: físico, cognitivo, social, emocional e moral.

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A organização neurológica, organização neural – segundo os estudiosos da área biomédica, é uma condição fisiológica que se completa unicamente no homem, como resultado de um desenvolvimento neural ontogenético ininterrupto; começa por ocasião do primeiro trimestre de gestação e termina aproximadamente aos seis anos e meio de idade em indivíduos normais e, dependendo do meio, pode se estender até os oito anos de idade.

A ciência tem se ocupado também com novas descobertas no campo neurológico. Os geneticistas trabalham arduamente na investigação das doenças e deficiências geneticamente transmissíveis, buscando soluções para cura, tentando impedir a incidência em futuras gerações.

Diante do extenso universo das dificuldades de aprendizagem a Dislexia sendo a de maior incidência merece toda atenção por parte dos gestores de política educacional, especialmente a de educação especial. A Dislexia pode ser definida como a incapacidade parcial de a criança ler compreendendo o que se lê, apesar da criança apresentar inteligência normal, audição ou visão normais e de serem oriundas de lares onde não passam privação de ordem doméstica ou cultural.

Os disléxicos não escolhem classe social para nascer. Estão entre os ricos e também entre os pobres. Enquanto as famílias ricas podem levar o filho a um psicólogo, neurologista ou psicopedagogo, uma criança, de família pobre, tende a asseverar a dificuldade e persistir com o transtorno de linguagem na fase adulta.

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Essa pesquisa trata do papel da escola na vida da criança disléxica, sua responsabilidade e caminhos, tendo como abrangência crianças na faixa etária de 6 à 9 anos, estudantes da 1a. e 2a. séries do Ensino Fundamental.

Tenderemos por demonstrar que a dislexia é uma dificuldade para leitura que contrasta com a inteligência da criança, seu nível de escolaridade e a sua idade. Portanto, para se chegar a um diagnóstico de dislexia, deve ser feita uma avaliação de leitura e escrita. Sabemos que cabe a escola a responsabilidade de só iniciar a alfabetização quando a criança tiver atingido um nível de maturação do seu “sistema funcional da linguagem“, compatível com um satisfatório domínio do mecanismo da leitura.

Dentre os vários questionamentos que nos acompanharam no decorrer desse trabalho monográfico, o fato do disléxico aprender de forma diferenciada, me levou a pesquisar caminhos para a real melhoria do desempenho do disléxico em sala de aula. Veremos que uma das soluções aponta para a importância da escola em implementar modificações acadêmicas. Afinal, é na sala de aula que a dislexia se faz presente e o que é pior: de uma forma catastrófica e algumas vezes irreparável. As grandes dificuldades aparecem por volta dos 8 ou 9 anos de idade, quando a criança começa a enfrentar temas acadêmicos mais complexos.

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CAPITULO 1

DISLEXIA

O termo dislexia deriva de: DIS - distúrbio LEXIA - (do latim) leitura; (do grego) linguagem DISLEXIA - dificuldades na leitura e escrita. Sendo a definição mais usada, atualmente, a do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que diz: "Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem”.

É um distúrbio específico da linguagem, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico.

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Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em ralação a idade, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. Geralmente incluem-se os problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar.

Segundo o DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – a dislexia está classificada sob o código 315.00 -Transtorno da Leitura - na seção sobre os transtornos da Aprendizagem (anteriormente habilidades escolares), na categoria Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira vez na Infância ou Adolescência. Portanto, a dislexia afeta :

“Rendimento da leitura (correção, velocidade, ou compreensão), medidos por testes padronizados aplicados individualmente, substancialmente abaixo (ou por discrepante) ao esperado para a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade do indivíduo, educando.”

(APA,1994)

A dislexia não pode ser considerada uma doença, apesar de alguns estudos mostrarem que ela é congênita e hereditária, e seus sintomas possam ser identificados logo na pré-escola. Podemos dizer que a dislexia é um transtorno específico da linguagem e o cérebro do disléxico difere dos demais em relação à dominância cerebral, tal qual o destro e o canhoto. Os sintomas que a criança apresenta, podem ser aliviados ou contornados, com acompanhamento adequado, direcionado às condições de cada caso. Não podemos considerar como comprometimento sua origem neurológica, mas sim como uma diferença, que é mais notada em relação a dominância cerebral. Há dados que mostram diferenças entre os hemisférios e alterações chamadas de

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displasias e ectopias, do lado direito do cérebro. Isso implica, entre outras coisas, uma dominância da lateralidade invertida ou indefinida. Em contrapartida, justifica o desenvolvimento maior da intuição, da criatividade, da aptidão para as artes, do raciocínio mais holístico, de serem mais subjetivos e todas as outras qualidades características do hemisfério direito. Em hipótese alguma o disléxico tem comprometimento intelectual. Tal comprometimento identificaria outro quadro, como limítrofe, ou deficiência. Quanto ao emocional, é preciso que seja avaliado com cautela, pois, poderá haver um comprometimento do emocional como conseqüência das dificuldades da dislexia, sobretudo no período escolar.

Dislexia é um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples, gerando os distúrbios de aprendizagem. Em graus variados de severidade, se manifesta pelas dificuldades em compreender e expressar a linguagem. O processamento fonológico, que é a tomada de consciência dos sons na palavra, é fundamental na aquisição da leitura, da escrita e da ortografia. Outras dificuldades se fazem presentes na dislexia, tais como alterações na ortografia, letra mal traçada e nas operações aritméticas.

Em países do primeiro mundo como os Estados Unidos, as crianças disléxicas são reeducadas pelo processo fonológico e através de recursos multissensoriais. Independentemente do que os países de primeiro mundo atestam como a direção correta de reeducação, vemos em sala de aula que a criança aprende de acordo com suas características individuais. Quando fazemos uso do método fônico, que enfatiza a emissão do som das letras de forma lúdica durante o processo de alfabetização vemos que ao associar o som as figuras do cotidiano, a criança tende a aprender as letras de forma contextualizada, traduzindo para a escrita de forma correta.

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Os métodos fonéticos favorecem a aquisição e o desenvolvimento da consciência fonológica que é, entre outras coisas, a capacidade de perceber que o discurso espontâneo é uma seqüência de sentenças e que estas são uma seqüência de palavras (consciência de palavra); que as palavras são uma seqüência de sílabas (consciência silábica) e que as sílabas são uma seqüência de fonemas (consciência fonêmica). tem por base privilegiar o estudo das correspondências entre os sons da língua -- os fonemas -- e sua representação escrita -- os grafemas. Isto se define como instrução fônica e leva o aluno a adquirir consciência fônica. Garantem ao aluno a leitura de qualquer palavra do idioma (inclusive pseudopalavras) porque privilegiam a rota fonológica que é aquela em que se chega à leitura a partir da conversão dos grafemas nos fonemas correspondentes.

O paradoxo está em que esses alunos disléxicos, que de início mostraram uma dificuldade específica para aprender a ler e a escrever em processo, sem método, revelam, com freqüência nos anos seguintes, um maior domínio da leitura e da escrita que os seus colegas não disléxicos. Mostram melhor desempenho na compreensão, interpretação, entonação e na velocidade da leitura, como também nos atributos aplicáveis à escrita e produção de textos. São reconhecidos por todos como pessoas que

sabem ler.

Condicionar o uso dos métodos fonéticos aos alunos disléxicos é uma grave distorção. Os métodos fonéticos são o caminho mais curto e seguro para a alfabetização em todos os casos, para os disléxicos e para os não disléxicos. É importante saber que nos países em que a educação básica é levada a sério, como Inglaterra, Cuba, Alemanha e Canadá por exemplo, o uso de métodos fonéticos está associado

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Restringir a aplicação de métodos fonéticos aos casos de dislexia é criar as condições para o desenvolvimento deste estranho paradoxo.

No Brasil, ainda há muita desinformação sobre a dislexia entre os professores, fonoaudiólogos e psicólogos e não existe uma pesquisa que possibilite levantamento dos dados. Vemos que a dislexia quando diagnosticada cedo pode ser superada na vida adulta. Alguns especialistas sugerem que a causa é um defeito no cromossomo número 15, enquanto outros sugerem ser a dislexia provocada pelos hormônios masculinos, já que, em cada grupo de cinco crianças disléxicas, quatro são meninos.

O que nós docentes precisamos saber é qual o método didático melhor para a criança disléxica. Sabemos, pela vivência diária em sala de aula que trabalhando intensamente as áreas: cognitiva, sensorial, psicológica e social de forma lúdica e criativa, possibilitamos a alfabetização do grupo como um todo de forma eficiente.

Segundo a AMACAD, 1998, DISLEXIA é :

“Um distúrbio hereditário do funcionamento cerebral que afeta o que se denomina de processamento fonológico da palavra. O processamento fonológico é a função cerebral que nos faz entender que a palavra escrita é composta de letras (os grafemas) e que cada letra corresponde a um som (fonema) e que a união destes forma a palavra.”

Mais importante do que definir dislexia e sua etiologia, no sentido de uma rotulação, é diagnosticá-la e tratá-la de modo adequado, a partir de seus sintomas, direcionando a intervenção de forma particular e procurando investigar o significado em cada caso.

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1.1- Dislexia e Transtornos Associados

Muitas vezes o disléxico apresenta sinais de desmoralização, baixa auto-estima e déficits nas habilidades sociais, que podem estar associados com os Transtornos da Aprendizagem. A taxa de evasão escolar para crianças ou adolescentes com Transtornos da Aprendizagem é de aproximadamente 40%, já os adultos podem ter dificuldades significativas no emprego ou no ajustamento social.

Existem evidências de que atrasos no desenvolvimento da linguagem podem ocorrer em associação com os Transtornos da Aprendizagem. Anormalidades subjacentes do processamento cognitivo, tais como: déficit na percepção visual, processos lingüísticos, atenção e memória; ou uma combinação destes freqüentemente precedem ou estão associadas com os Transtornos da Aprendizagem.

As características essenciais do Transtorno da Leitura que afetam especificamente o rendimento do processo de ler são: correção, velocidade ou compreensão da leitura, substancialmente inferior ao esperado para a idade cronológica do aluno. A perturbação da leitura interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades da vida cotidiana que exigem habilidades de leitura. Os alunos que apresentam a Dislexia - Transtorno da Leitura, a leitura oral caracteriza-se por distorções, substituições ou omissões; tanto a leitura em voz alta quanto à silenciosa apresentam lentidão e erros na compreensão do texto.

A perturbação da leitura interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades da vida cotidiana que exijam habilidades de leitura.

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“A importância da escola é aqui fundamental, não só na solução como, sobretudo, na prevenção neste tipo de dificuldade. A aplicação do método analítico, onde a fase da decomposição é quase sempre negligenciada: a promoção automática que leva muitas vezes à 4a. série uma criança cujo domínio da leitura ainda não foi atingido; o grande efetivo de cada classe atingido por vezes mais de 10 crianças; a impaciência, a irritabilidade e a compulsão de muitos professores que se preocupam mais em informar do que formar os seus alunos e em vencer um programa a qualquer preço, do que ensinar aquilo que é fundamental; a quantidade “irracional”dos deveres de casa, em nível de alfabetização ou 1a. série, são alguns dentre outros inconvenientes que poderiam ser sanados pela escola.”

(AMACAD , 2001, p. 26.)

Podemos dizer que, o Transtorno da Matemática e o Transtorno da Expressão Escrita em geral estão associados a Dislexia - Transtorno da Leitura, sendo relativamente rara a apresentação de qualquer destes transtornos na ausência do Transtorno da Leitura. Torna-se difícil precisar a prevalência da Dislexia, pois, a maioria dos estudos se concentram na prevalência dos Transtornos da Aprendizagem, sem uma cuidadosa separação em transtornos específicos da Leitura, Matemática ou Expressão Escrita. O Transtorno da Leitura, sozinho ou em combinação com o Transtorno da Matemática ou Transtorno da Expressão Escrita, responde por aproximadamente quatro em cada cinco casos de Transtorno da Aprendizagem.

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CAPÍTULO 2

SINAIS CARACTERÍSTICOS DA DISLEXIA

Os transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do educando estão substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização e nível de inteligência. Os problemas de aprendizagem interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita. Variados enfoques estatísticos podem ser usados para estabelecer que uma discrepância é significativa.

Embora os sintomas de dificuldade de leitura, como exemplo a incapacidade de distinguir entre letras comuns ou de associar fonemas comuns com as letras, possam ocorrer já na Educação Infantil, a Dislexia raramente é diagnosticada antes do final desta ou no início da primeira série, já que a instrução formal da leitura geralmente não se inicia até este ponto na maioria dos contextos escolares. Em alguns casos, a Dislexia está associada com alto QI*1, a criança pode funcionar educacionalmente adequadamente ou quase tão bem quanto seus colegas durante os primeiros anos escolares, podendo a Dislexia, não se manifestar totalmente até a quarta série.

*1- QI – Quociente de Inteligência

Com a identificação e intervenção precoces, o prognóstico é bom em uma percentagem significativa dos casos. A Dislexia tende a persistir até a idade adulta.

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A Dislexia apresenta agregação familial, tendo maior prevalência entre parentes biológicos em primeiro grau de indivíduos com Transtornos da Aprendizagem - Dislexia.

“Cada vez que ensinamos prematuramente a uma criança alguma coisa que poderia ter descoberto por si mesma, esta criança foi impedida de inventar e, conseqüentemente, de entender completamente. Deve-se então, priorizar a autonomia e independência da criança na aprendizagem”.

(Piaget, 1977, p.64)

A privação da leitura interfere no desenvolvimento da personalidade. Os alunos que apresentam deficiência de leitura são tristes e deprimidos, agressivos e angustiados. Uma criança disléxica encontra dificuldade de lê e as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos anti-sociais, à agressividade e a uma situação de marginalização progressiva. Os pais, professores e educadores devem estar atentos a dois importantes indicadores para o diagnóstico precoce da dislexia: a história pessoal do aluno e as suas manifestações lingüísticas nas aulas de leitura e escrita.

Ao nos depararmos com crianças inteligentes, saudáveis, mas com dificuldade de ler e entender o que lê, devemos investigar imediatamente se há existência de casos de dislexia na família. A história pessoal de um disléxico, geralmente, traz traços comuns como o atraso na aquisição da linguagem,

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atrasos na locomoção e problemas de dominância lateral.

Os dados históricos de dificuldades na família e na escola poderão ser de grande utilidade para profissionais como psicólogos, psicopedagogos e neuropsicólogos que atuam no processo de reeducação lingüística das crianças disléxicas. Numa sociedade cada vez mais globalizada, ler ou escrever bem é condição de superação da desigualdade social, haja vista a rede mundial de computadores revelando um mundo de novas ocupações fundadas na fluência verbal e na comunicação eficaz.

A criança disléxica é um mau leitor: é capaz de ler, mas não é capaz de entender eficientemente o que lê. O que nos chama atenção, é que uma criança disléxica é inteligente, habilidosa em tarefas manuais, mas nela persiste um quadro de dificuldade de leitura da educação infantil à educação superior. Podemos dizer que a dislexia é a maior causa do baixo rendimento escolar, tendo em vista que a linguagem é fundamental para o sucesso escolar. A maioria dos casos de problemas de aprendizagem da matemática está associada a falta de compreensão que o disléxico apresenta ao ler o enunciado do que ao processo operatório em si, para a solução do problema.

No plano da linguagem, os disléxicos fazem confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia como exemplo: "a-o", "e-d", "h-n" e "e-d". As

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crianças disléxicas apresentam uma caligrafia muito defeituosa, verificando-se irregularidade do desenho das letras, denotando, assim, perda de concentração e de fluidez de raciocínio. Os disléxicos apresentam confusão com letras de grafia similar, mas com diferente orientação no espaço como: " b-d". "d-p", "b-q", "d-b", "d-p", "d-"b-q", "n-u" e "a-e".

Na lista de dificuldades dos disléxicos, para o diagnóstico precoce dos distúrbios de letras, educadores, pais e professores, devemos voltar a atenção para as inversões de sílabas ou palavras como "sol-los", "som-mos", bem como a adição ou omissão de sons como "casa-casaco", repetição de sílabas, salto de linhas e soletração defeituosa de palavras.

“... a criança bem lateralizada apresenta na sua destricidade ou na sua sinistridade pontos de referência direcionais precisos e a criança mal lateralizada, ou que apresenta a lateralidade contrariada, perde os pontos de referência importantes para as suas condutas construtivas e organizadoras. ... É impossível aplicar essa regra a todos os casos de dislexia, pois encontramos disléxicos com ou sem distúrbios de lateralização, com ou sem distúrbios de linguagem, com ou sem desorganização temporo-espacial. Contudo, cada um destes tipos de disfunção pode desempenhar um papel muito importante na desorganização léxica e na maioria das vezes encontramos disfunções conjuntas.”

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Pelas características culturais de nosso país, a Dislexia certamente é um de nossos mais sérios problemas sociais, com a agravante da desinformação. Podemos imaginar como serão maiores os problemas e o sofrimento de uma família desinformada que tenha de lidar com uma criança disléxica. A desinformação dos pais e da escola brasileira, muitas vezes leva crianças e adolescentes a trilharem descaminhos perigosos que acabam por desestruturar as suas vidas e o próprio corpo social em que ela vive.

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CAPÍTULO 3

LEGISLAÇÃO E CONCEITOS

3.1- Carta Magna

A Carta Magna é a lei maior de uma sociedade política, como o próprio nome nos sugere. Em 1988, a Constituição Federal, de cunho liberal, prescrevia, no seu artigo 208, inciso III, entre as atribuições do Estado, isto é, do Poder Público, o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. A garantia constitucional resultava do compromisso liberal do Estado brasileiro de educar a todos, sem qualquer discriminação ou exclusão social e o acesso ao ensino fundamental, para os educandos, em idade escolar, sejam normais ou especiais, passou a ser, a partir de 1988, um direito público subjetivo, inalienável, sem que as famílias pudessem abrir mão de sua exigência perante o Poder Público.

No dispositivo da Constituição de 1988, há avanço e recuo jurídicos. Avanço quando diz que os portadores de deficiência devem receber atendimento especializado, preferencialmente na rede regular de ensino. Não obstante, há recuo quando traz ainda, no final dos anos 80, uma terminologia tacanha, excludente, ao fazer referência às pessoas com alguma necessidade especial, no âmbito escolar, como "portadores de deficiência”. A terminologia “portadores de deficiência” nos remete a um Brasil excludente que tratava seus doentes, deficientes ou não, como “portadores de moléstia infecciosa”. Este enfoque clínico, assim, perdurou até a Constituição Federal de 1988.

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3.2- LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases do Ensino

Nacional

A LDBEN é exemplo também de Lei Ordinária, abaixo, hierarquicamente, no ordenamento jurídico do país, da Lei Magna. Trata-se da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a chamada Diretrizes BaTrata-ses da Educação Nacional, uma lei derivada da Constituição Federal, que faz um acerto na terminologia “portadores de deficiência” para “educandos com necessidades educacionais especiais”. (artigo 4º, inciso III)

Pessoas em idade escolar são considerados “educandos com necessidades especiais”, o que pressupõe um enfoque pedagógico, mais precisamente, um enfoque psicopedagógico, em se tratando de atendimento educacional. O corpo e a alma dos educandos são de responsabilidade de todos os que promovem a formação escolar. O artigo 58, da LDB, no entanto, vai misturar um pouco os enfoques clínico e pedagógico ao conceituar a educação especial “como modalidade de educação escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educando portadores de necessidades especiais”.

A Resolução CNE/CEB*2 n.º 02, de 11 de setembro de 2001, no seu artigo 5º, nos remete a reflexão de que o disléxico e as crianças com dificuldades correlatas como: dislalia, disgrafia e disortografia, estão no

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grupo daqueles educandos com dificuldades “não vinculadas a uma causa orgânica específica”, enquanto as crianças desnutridas e com dificuldades de assimilação cognitiva, estão enquadradas entre “aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou

deficiências.

A inserção dos educandos, com necessidades educacionais especiais, no meio escolar é uma forma de tornar a sociedade mais democrática. Da mesma forma, a transformação das instituições de ensino em espaço de inclusão social é tarefa de todos que operam com a alma e o corpo das crianças especiais. Podemos dizer que “o disléxico não é uma criança portadora de deficiência e sim um educando que tem uma necessidade especial,” (Art. 4º, LDB). Diagnosticar, avaliar e tratar a dislexia, conhecer seu tipo, sua natureza, é um dever do Estado e da Sociedade e um direito de todas as famílias com crianças disléxicas em idade escolar.

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CAPÍTULO 4

O PAPEL DA ESCOLA

Os docentes que trabalham com crianças disléxicas devem ser aqueles que além da competência, habilidade interpessoal, equilíbrio emocional, tem a consciência de que mais importante do que o desenvolvimento cognitivo é o desenvolvimento humano e que o respeito às diferenças está acima de toda pedagogia.

O papel da escola, e de nós docentes deve primar por aprimorar o educando como pessoa humana, como ser social. Temos de educar nosso aluno para viver neste mundo tecnológico que se descortina cada vez mais a nossa volta, mas também povoado de dores, incertezas e inquietações humanas. Precisamos educar com a alma. A cidadania começa na escola, desde os primeiros anos da educação infantil e se estende à educação superior, nas universidades; começa com o fim do medo de perguntar, ao professor, de cogitar outras possibilidades do fazer, enfim, quando o aluno aprende quando se sente bem em sala de aula e acaba por construir o espaço de sua utopia no meio social.

Quanto mais a escola for democrática, mais transparente. Quanto mais a escola é democrática, menos erra, tem mais acerto e possibilidade de atender com eqüidade as demandas sociais. Quanto mais exercitamos a gestão democrática nas escolas, fortalecemos a solidariedade humana. Precisamos tratar o disléxico com tolerância, sem a qual nosso dever como educadores perde o sentido da verdadeira formação do educando. A tolerância começa na aceitação, sem reserva, das diferenças humanas, expressas na cor, no cheiro, no falar e no jeito de ser de cada educando.

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Nesse momento então, podemos dizer que o conhecimento não se faz apenas com metalinguagem, com conceitos a, b ou c, e sim, com didática, com pedagogia do desenvolvimento do ser humano, onde a mediação é fundamental. O zelo pela aprendizagem passa pela recuperação daqueles que têm dificuldade de assimilar informações, sejam por limitações pessoais ou sociais. Daí, a necessidade de uma educação dialógica, marcada pela troca de idéias e opiniões, de uma conversa colaborativa em que não se cogita o insucesso do aluno. Articular-se com as famílias das crianças é a primeira de nossa missão como docentes, inclusive para contornar situações desafiadoras em sala

de aula.

Edgar Morin fala da importância da democracia do conhecimento que implica em não desatar esses laços com a família pelos docentes; significa unir as forças, combinar os recursos. A estruturação dos grandes eixos temáticos integradores, devem permitir que a comunicação colabore inter e transdisciplinarmente. A escola, o professor, os pais e mães, os recursos do Estado e dos particulares, as instalações, as tecnologias, os programas e os materiais de apoio, os sistemas didáticos e as teorias pedagógicas, tudo isso e mais, ainda não bastam para resolver o problema do disléxico se não estiverem articulados com o mesmo propósito. O mais importante está na interação que se pode lograr entre todo esse complexo de elementos do processo educativo, onde o importante é a articulação, não a recontagem periódica das peças soltas, que marcham cada uma em uma direção e por seus próprios interesses, obscurecendo o conjunto.

Sabemos que o respeito às diferenças não tem sido uma prática no nosso cotidiano, mas torna-se preciso que busquemos caminhos para minimizar esse e outros problemas que ainda assombram a sala de aula. Sabemos que a igualdade passa pelo respeito às diferenças ideológicas, às concepções plurais de vida, de pedagogia, às formas de agir e de ser feliz dos seres humanos. O disléxico aprende de forma diferenciada como

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vimos, então torna-se necessário buscarmos caminhos e didáticas diferenciadas que possibilitem trabalhar com essas crianças em nosso contexto educacional.

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CONCLUSÃO

Estima-se que, no Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas têm algum tipo de necessidade especial. Deste universo, acredita-se que, pelo menos, noventa por cento das crianças, na educação básica, sofram com algum tipo de dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem: dislexia, disgrafia e disortografia. Entre elas, a dislexia é a de maior incidência e merece toda atenção por parte dos gestores de política educacional.

Podemos dizer que a dislexia é uma doença basicamente da classe média, exatamente porque os pais conseguem diagnosticar a dificuldade e partir para intervenções médicas e psicopedagógicas, logo nos primeiros anos de vida da criança.

Aprendemos no decorrer desse trabalho que devemos sempre trabalhar o disléxico dando a ele a oportunidade de perceber nosso mundo através de seus melhores canais receptivos e expressivos, favorecendo o desenvolvimento das suas aptidões e do conhecimento de si mesmo e dos outros, ampliando sua capacidade simbólica.

Promover a reflexão à volta do conceito de dislexia à luz das teorias mais recentes seria repensar sobre as dificuldades específicas manifestadas pelos alunos na aprendizagem da leitura escrita e tentar desenvolver pedagogicamente formas de diagnóstico para essas dificuldades. Mas antes disso, torna-se preciso capacitar os docentes para o uso de metodologias e estratégias visando um ensino mais eficaz.

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Assim, vemos que é necessário uma atuação em âmbito mais amplo de pais, docentes, psicopedagogos, gestores educacionais e Governo como um todo, para que possam ser oferecidas melhores condições para a criança disléxica em sala de aula e em seu cotidiano, seja modificando a nossa didática, quer seja criando espaço de apoio ao disléxico e sua família, para que mais tarde tenhamos a chance de presenciar uma verdadeira transformação, onde os docentes abram mão de posturas didáticas radicais e primem por uma educação onde a ação multidisciplinar possa atuar efetivamente a serviço do ser humano.

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BILBIOGRAFIA CITADA

AJURIAGUERRA, J. de. Manual de Psiquiatria Infantil. Barcelona: Toray-Masson, 1977.

AMACAD. Associação Multiprofissional de Assistência à Criança e ao Adolescente Disléxico –. Apontamentos sobre dislexia, 1998.

PIAGET, J. A Construção do Real na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

DEDICATÓRIA

2

3 AGRADECIMENTOS 4 EPÍGRAFE 5

SUMÁRIO

6 INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO 1 DISLEXIA

1.1- Dislexia e Transtornos Associados

10 14 CAPÍTULO 2

SINAIS CARACTERÍSTICOS DA DISLEXIA 17

CAPÍTULO 3

LEGISLAÇÃO E CONCEITOS 3.1- Carta Magna

3.2- LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional

CAPÍTULO 4

O PAPEL DA ESCOLA 21 21 22 24

CONCLUSÃO

27 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29 BIBLIOGRAFIA CITADA 31 ANEXOS 33

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES- UCAM DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM PSICOPEDAGOGIA

ANGELINA JULIÃO DA COSTA BRUM

A DISLEXIA E SUAS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DE CERTIFICAÇÃO DO CURSO DE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

_______________________________________

Autor

Aprovado por:

(33)

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO / 2003

Referências

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